In Diário de Notícias (17/1/2007)
Susana Leitão
"Um mês depois de instalados os primeiros nove radares da Câmara de Lisboa já foram detectados mais de 71 mil condutores (71 029) em excesso de velocidade. A Radial de Benfica continua a ser estrada onde se circula mais rápido, sendo que a velocidade máxima ali registada foi de 218 quilómetros/hora, segundo dados da autarquia a que o DN teve acesso.
O cerco aos infractores vai apertar, já que hoje entram em funcionamento os restantes 12 aparelhos de controlo de velocidade (ver infografia). Os 21 equipamentos passam a funcionar em regime sancionatório a partir de Março. No entanto, e apesar de o sistema estar em fase de testes, verifica-se que a tendência é a de redução da velocidade. "No primeiro dia de testes (19 de Dezembro), os nove radares apanharam quase 13 mil infractores e no último (11 de Janeiro) apenas 1060", explicou ao DN Marina Ferreira, vereadora da Mobilidade. Ainda assim, admite, "é assustador imaginar que há pessoas que circulam em Lisboa a mais de 200 quilómetros/hora".
A Radial de Benfica (Benfica-Sete Rios) continua a ser a via da capital a registar mais infracções, ou seja, 19 962 entre o dia 19 de Dezembro e 11 de Janeiro. Foi neste sentido que o radar "caçou" uma moto a 218 km/hora, ou seja, 138 km/hora acima do permitido naquela estrada (80 km/hora). No sentido contrário foram detectados 17 387 condutores em excesso de velocidade, um dos quais conduzia a 203 quilómetros por hora. Em segundo lugar na tabela dos aceleras continua a Segunda Circular, na zona de Calvanas, sentido Benfica-Aeroporto. Ali foram detectados 14 019 aceleras, sendo a velocidade máxima registada de 204 km/hora.
Dúvidas
Para Manuel João Ramos, responsável da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M), "os radares não podem ser uma decisão pontual, pois só obrigam os condutores a reduzir a velocidade no local onde estão instalados". Já Marina Ferreira não concorda com esta ideia: "Optámos por instalar 21 aparelhos e não só um", frisa, explicando que todos juntos "têm um efeito de rede", obrigando os condutores a reduzir várias vezes a velocidade conforme vão percorrendo a cidade.
Outro problema, na opinião da ACA-M, é a aparente falta de articulação entre o Gabinete de Mobilidade e a PSP. "É bom que a PSP, nomeadamente a Divisão de Trânsito, e a autarquia voltem a ter um bom relacionamento. A falta de articulação entre as duas entidades pode ter como consequência o não cumprimento das regras de trânsito", sublinhou ao DN. Aliás, Manuel João Ramos frisa que "só assim haverá uma mudança nos comportamentos dos automobilistas". Por seu lado, Marina Ferreira garante não haver qualquer problema de articulação entre a autarquia e a PSP.
Multas
Para já, os 21 radares vão funcionar em regime "preventivo e pedagógico", explica a vereadora, mas a partir de Março as multas serão a doer (ver infografia). Nessa altura, e ao contrário do que acontece actualmente [com os radares calibrados para dar um tolerância de 20 km/hora acima do permitido na via], a tolerância será de zero.
A fiscalização é feita pela Polícia Municipal, que terá a responsabilidade de levantar o auto que depois será enviado para a Direcção- -Geral de Viação. O valor das coimas é o estipulado no artigo 27.º do Código da Estrada. Por exemplo, os 218 km/hora registados na Radial de Benfica equivalem a uma multa que pode ir dos 500 aos 2500 euros. A este valor acresce a sanção acessória, ou seja, inibição de conduzir que pode variar entre dois meses e dois anos, visto ser considerada uma contra-ordenação muito grave.
Semáforos
A par dos radares, que Marina Ferreira confessa não serem "solução para tudo", a autarca vai alterar o sistema de semáforos até ao final do ano, para criar melhores condições para os peões e reduzir o número de acidentes.
A autarquia está a estudar o alargamento do tempo dos semáforos para peões no eixo central: avenidas da Liberdade, Fontes Pereira de Melo e da República. "Para cada tipo de rua há uma maneira de agir, nomeadamente através de semáforos", explica a responsável pelo gabinete de Mobilidade, que aguarda a saída dos estaleiros da obra do Túnel do Marquês do Pombal, e das obras do prolongamento da Linha Vermelha do metro, no Saldanha, para repensar o sistema semafórico do centro.
"A mobilidade está sempre a fazer--se. É um processo que nunca pára. Nunca podemos dar-nos por satisfeitos", frisa Marina Ferreira."
São duas boas notícias, sobretudo a relacionada com o tempo de passagem dos peões. A ver vamos o que sai ...
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