In Diário de Notícias (21/5/2007)
ANA SÁ LOPES e PAULA SÁ
NATACHA CARDOSO (foto)
Porque não avançou para a candidatura à Câmara de Lisboa?
Vamos deixar de lado razões de ordem pessoal e vamos às políticas. Eu sou presidente da assembleia municipal, dirijo uma instituição que é estável e onde reconhecidamente existe um clima de exigência e de alguma vontade de inovar no relacionamento entre os cidadãos e a instituição. Não fazia nenhum sentido deixar a AML para me candidatar à câmara.
Mas o partido pediu-lhe?
Não vou comentar o que se passou. Sempre tive uma opinião sobre essa matéria e ela é conhecida há muito tempo.
Como é que um partido com figuras tão importantes acaba por não ter ninguém para avançar?
Isso é injusto. O dr. Fernando Negrão é uma candidatura fortíssima, com todas as qualidades e todos os requisitos de que Lisboa precisa. É alguém com uma cultura de exigência, com uma profissão que é uma mais-valia para a cidade e com um percurso que também o é, nomeadamente na área da solidariedade.
Atendendo ao candidato do PS, uma figura reconhecidíssima, Fernando Negrão não tem essa notoriedade pública.
Todos os candidatos são figuras fortes.
Uns são mais do que outros...
Não posso aceitar esse raciocínio. Isso leva-nos à perversão: têm que ser sempre os mesmos.
Mas o PSD precisa de ganhar a Câmara de Lisboa. É Negrão que o vai conseguir?
O PSD tem um candidato ganhador. Com um perfil ganhador, que motivou e envolveu, como foi público no acto de apresentação da candidatura, o PSD. Ao contrário, o que foi notório na candidatura do dr. António Costa, que eu prezo pessoalmente, é que o Governo, numa tentativa de funcionalização e de domínio total, não hesitou um segundo em desfazer-se do número dois. Há outra perspectiva algo irónica: há problema para o País numa perspectiva institucional, mas como eu penso que o Governo não tem feito mais do que uma gestão virtual, se calhar não tem muita importância.
Mas Fernando Negrão não foi a primeira escolha.
O dr. Fernando Negrão é a escolha do PSD.
Mas houve outros potenciais candidatos que vieram dizer que recusaram, nomeadamente Fernando Seara.
Não vou comentar afirmações públicas desse teor. Limito-me a dizer que, no caso que estão a citar, eu nunca tive nenhuma conversa.
Na sondagem publicada pelo DN sobre as eleições em Lisboa, Fernando Negrão aparecia em 4.º lugar. Não é preocupante para o PSD?
Não. Porque essa sondagem é publicada dois dias depois do anúncio da sua candidatura. Não pode reflectir um conhecimento generalizado da própria candidatura. O que eu já acho preocupante e pouco encorajador do dr. António Costa são os 25% que lhe são imputados, porque é um percentual muito abaixo do que as sondagens a nível nacional dão ao PS.
Sentiu-se aliviada com a desistência de Carmona Rodrigues?
Não. O professor tem toda a liberdade em se candidatar.
Mas seria mais difícil para a campanha do PSD?
O PSD tomou a posição que é conhecida, que é corajosa. A existência de outras candidaturas terá a resposta que os cidadãos entenderem.
Se o resultado do dr. Fernando Negrão for fraco, isso poderá pôr em causa a liderança de Marques Mendes?
O dr. Marques Mendes é líder do partido, candidato a primeiro-ministro. Não é candidato à CML.
Se o PSD tiver mau resultado, a oposição vai pedir a cabeça do líder.
O dr. Marques Mendes quando ascendeu à liderança herdou um partido que tinha saído de um desaire eleitoral. Depois ganhou as autárquicas, quando parecia impossível. A estratégia para as presidenciais estava correcta, como esteve agora para a Madeira. Acresce que ganhou eleições no partido e apresentou-se a directas com a demissão dessa oposição interna. Penso que em matéria de legitimidade estamos falados. |
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