In Público (29/4/2008)
«Um avião foi ontem desmantelado junto à Segunda Circular. A aeronave nada tinha a ver com o habitual movimento do Aeroporto da Portela, mas sim com o conhecido bar O Avião, que foi desmontado em cumprimento de uma determinação da Câmara Municipal de Lisboa, depois do seu proprietário, José Gonçalves, ter morrido em 2 de Dezembro de 2007, na sequência da explosão de uma bomba na sua viatura.
O desmantelamento daquele que era o único bar do país a funcionar dentro de um avião começou ontem de manhã e está a cargo da empresa Ecoproject - Gestão de Resíduos, de Setúbal, contratada pela filha de José Gonçalves. Durante o dia de hoje ainda poderão ser vistas no local as gruas encarregadas de demolir o famoso bar de alterne. Os apreciadores de aviação que pretenderem tentar a sua sorte e recolher partes do avião poderão fazê-lo dentro das próximas duas semanas, tempo estimado para a limpeza do local.
O nariz e o cockpit, as únicas zonas do avião que serão mantidas intactas, estão já reservadas para a TAP, que demonstrou interesse em expor no seu museu os restos daquele que con-
sidera ser um importante marco "para a presença da aviação em Portugal", segundo António Monteiro, porta-voz da transportadora aérea. José Pedro Domingues, director técnico da Ecoproject, disse que a Associação Portuguesa de Inspecção e Prevenção Ambiental está a acompanhar o processo para garantir que todos os materiais sejam reciclados. Um aterro no Pinhal Novo vai receber materiais como lã de vidro, alumínio, madeira, borrachas e plásticos.
Dois especialistas da PSP na inactivação de explosivos estiveram também no local. Fonte da PSP, citada pela Lusa, garantiu que a recolha de material "não tem nada a ver com as investigações da morte do empresário". O proprietário do bar morreu na madrugada de 2 de Dezembro de 2007, na sequência do rebentamento de uma carga explosiva colocada debaixo do lugar do condutor da sua viatura. José Gonçalves era testemunha de acusação no caso Passerelle, que ainda está a ser julgado no Tribunal de Leiria, e sócio de Jorge Chaves, um dos arguidos do processo, num bar de strip-tease na ilha de São Miguel, nos Açores.»
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