09/04/2008

Museu do Oriente espera vir a ser um centro cultural

In Diário de Notícias (9/4/2008)
MARIA JOÃO PINTO

«Adaptação do edifício já se encontra concluída

Espaço, muito espaço, para áreas expositivas e técnicas, reservas, zonas complementares e de estar. Quadro raro nos museus portugueses, o Museu do Oriente terá à disposição 15,5 mil metros quadrados de área útil para desenvolver as suas actividades. Um espaço que a instituição-mãe, este ano a celebrar o 20.º aniversário, espera venha a ser "vivido" e "um centro cultural" no mais amplo sentido do termo.

O resultado da intervenção será, recorde-se, conhecido a 8 de Maio, quando as portas do antigo Edifício Pedro Álvares Cabral, a Alcântara - projecto inicial do arquitecto modernista João Simões, em 1939/40 -, se abrirem para a inauguração oficial do museu da Fundação Oriente.

Esse dia "há muito esperado, será um passo grande para nós", como referiu ontem, em visita de imprensa, Carlos Monjardino, presidente da instituição. Instituição que, volvidos 18 anos de espera, marcados por sucessivas vicissitudes de localização, assim dá também um sinal contra a corrente, ao abraçar como escolha definitiva um edifício pré-existente que se encontrava ao abandono para instalar as suas colecções.

Já concluídos, os trabalhos de adaptação do complexo visaram essencialmente os interiores, nos quais "houve que vencer constrangimentos" decorrentes do programa original - armazenamento, em frio, de grandes quantidades de pescado e de frutas. Entre eles, a compartimentação das instalações - "que se assemelhavam a uma sementeira de pilares" - e, em algumas áreas, "pés-direitos muito baixos" , como referiu, por seu turno, João Calvão, responsável pelas colecções de arte da fundação.

Nas fachadas, a intervenção levada a cabo procurou ser o menos intrusiva possível, sendo a principal, virada a Norte, agora acompanhada pelo pequeno jardim que o arquitecto-paisagista Gonçalo Ribeiro Telles criou expressamente para o museu. Jardim que operará também como barreira contra o ruído da Avenida 24 de Julho e da linha férrea e que, tal qual um biombo oriental, assegurará a transição entre o exterior e a entrada e o amplo foyer do museu.

Dadas as características de origem do edifício, o museu viverá em larga medida de luz artificial. Circunstância que, aliada à sua dimensão - piso a piso, sete no total, corredores há, por exemplo, com cem metros de extensão -, será gerida numa perspectiva de controlo e poupança de energia, em particular no sistema de climatização.

Em matéria de programação de espectáculos e de conferências - os meses de Maio e Junho estão já definidos -, música e cinema serão as principais propostas, aliando participações nacionais - como Mário Laginha e Ana Moura - à participação de artistas e companhias orientais. O estabelecimento de parcerias, nomeadamente com os vários festivais de Lisboa - Doc, Alkantara, de Marionetas, de Cinema de Animação, entre outros - será também fomentado, transitando as vertentes orientais da sua programação para o auditório do museu.

Encarando o projecto "com grande optimismo", Natália Correia Guedes, directora do museu e responsável também pelo seu serviço educativo, lembrou existirem já "marcações de escolas" para visitas orientadas. Já constituída está igualmente a associação de Amigos do Museu do Oriente, cuja primeira assembleia-geral se realizará hoje. »

Ora aí está uma boa notícia para Lisboa, que faz toda a diferença numa cidade em que todos os dias lhe dão más notícias ou lhe jogam areia aos olhos. Finalmente!

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