«A Escola Oficina nº 1 situa-se no Largo da Graça nº 58 em Lisboa. O local não tinha construção até aos anos setenta do século XIX, sendo então uma quinta murada. A 29 de Junho de 1876 foi fundada a Sociedade Promotora de Creches, estando ligados a ela nomes como José Rosa de Araújo ou António Dias Ferreira, homens da política nacional e da gestão camarária. Ainda em 1876 a Sociedade Promotora de Creches inaugurou a sua primeira creche no Largo do Outeirinho da Amendoeira, em S. Vicente de Fora. O edifício da Escola Oficina começou a ser construído em 1877, tendo o terreno sido cedido pela Câmara Municipal de Lisboa, sendo então Rosa Araújo o presidente da edilidade. O projecto foi elaborado e cedido gratuitamente pelo arquitecto Domingos Parente da Silva, também ele membro fundador, tendo para a construção do edifício sido necessário contrair um empréstimo de dez contos de réis, divididos em mil acções de dez mil réis cada uma e pagas em prestações mensais consecutivas de mil réis.
O edifício, tal como o conhecemos hoje, ficou pronto em 1878. Para lá foi transferida a creche do Largo do Outeirinho da Amendoeira, passando a designar-se de Creche de Santa Eulália em homenagem à mãe de Rosa Araújo, e ali funcionou até 1903, altura em que as dificuldades económicas determinaram o aluguer à Provedoria do Asilo Municipal. A 26 de Abril de 1904 é realizada uma Assembleia Geral que aprova novos estatutos e altera a designação de Sociedade Promotora de Creches para Sociedade Promotora de Asilos, Creches e Escolas, sendo a sua sede instalada na Rua de S. João da Praça 83 - 2º, onde é inaugurada a Escola-Oficina nº 1 no dia 1 de Janeiro de 1905. Em 1906 a Escola-Oficina transfere-se para as suas antigas instalações no Largo da Graça, atingindo então projecção nacional e internacional em matéria de ensino, com um projecto de ensino por muitos considerado bastante avançado para o seu tempo, baseado numa escolaridade laica, gratuita e obrigatória.
Iniciativa das Lojas maçónicas Sementeira e José Estevão, ligadas ao Grande Oriente Lusitano, tinha por objectivo dotar a sociedade de bons profissionais sendo preferencialmente destinada às crianças do bairro da Graça. É também um curioso exemplo de colaboração entre maçons e anarquistas portugueses, ainda que enquanto entidade tivesse sempre estado na esfera de influência da Maçonaria portuguesa. O ensino ali praticado privilegiava além de um plano curricular dividido entre a teoria e a prática oficinal, a relação adulto-criança, sendo também marcantes as inovadoras formas de avaliação. O primeiro plano de estudos data de 1904, elaborado antes da inauguração, contando com o ensino do português e da aritmética, da escultura em madeira, do desenho e da marcenaria. Em 1907 possuía já uma educação geral primária com disciplinas como Francês, Ginástica, Física, Química, Botânica, Zoologia, Higiene, Aritmética, Sociologia e, naturalmente, o Português. Quanto à parte oficinal era composta pelo desenho, construção de mobiliário e talha. A Escola inseria-se na vivência social e política do bairro da Graça, um bairro essencialmente operário onde coexistiam republicanos, socialistas, anarquistas, carbonários e maçons, muitos deles pertencendo cumulativamente a mais do que uma organização.
É ainda de sublinhar o carácter “enciclopédico” do ensino ministrado, designado então de “educação integral”, como que preparando o aluno para a abordagem de vários assuntos teóricos ou várias actividades práticas, numa semelhança com a prática maçónica. É neste contexto, e a propósito do curriculum, que merece referência a atenção dada à preservação e ao contacto com a natureza, onde por influência maçónica foi introduzida a comemoração do Dia da Árvore, que coincide com o equinócio da primavera comemorado na Maçonaria. De referir ainda que a escola era gratuita e suportada pela Maçonaria através das Lojas ou pelas contas do próprio Grande Oriente Lusitano, o que era extensível ao material didáctico necessário ou à existência de uma biblioteca própria.»
O edifício, tal como o conhecemos hoje, ficou pronto em 1878. Para lá foi transferida a creche do Largo do Outeirinho da Amendoeira, passando a designar-se de Creche de Santa Eulália em homenagem à mãe de Rosa Araújo, e ali funcionou até 1903, altura em que as dificuldades económicas determinaram o aluguer à Provedoria do Asilo Municipal. A 26 de Abril de 1904 é realizada uma Assembleia Geral que aprova novos estatutos e altera a designação de Sociedade Promotora de Creches para Sociedade Promotora de Asilos, Creches e Escolas, sendo a sua sede instalada na Rua de S. João da Praça 83 - 2º, onde é inaugurada a Escola-Oficina nº 1 no dia 1 de Janeiro de 1905. Em 1906 a Escola-Oficina transfere-se para as suas antigas instalações no Largo da Graça, atingindo então projecção nacional e internacional em matéria de ensino, com um projecto de ensino por muitos considerado bastante avançado para o seu tempo, baseado numa escolaridade laica, gratuita e obrigatória.
Iniciativa das Lojas maçónicas Sementeira e José Estevão, ligadas ao Grande Oriente Lusitano, tinha por objectivo dotar a sociedade de bons profissionais sendo preferencialmente destinada às crianças do bairro da Graça. É também um curioso exemplo de colaboração entre maçons e anarquistas portugueses, ainda que enquanto entidade tivesse sempre estado na esfera de influência da Maçonaria portuguesa. O ensino ali praticado privilegiava além de um plano curricular dividido entre a teoria e a prática oficinal, a relação adulto-criança, sendo também marcantes as inovadoras formas de avaliação. O primeiro plano de estudos data de 1904, elaborado antes da inauguração, contando com o ensino do português e da aritmética, da escultura em madeira, do desenho e da marcenaria. Em 1907 possuía já uma educação geral primária com disciplinas como Francês, Ginástica, Física, Química, Botânica, Zoologia, Higiene, Aritmética, Sociologia e, naturalmente, o Português. Quanto à parte oficinal era composta pelo desenho, construção de mobiliário e talha. A Escola inseria-se na vivência social e política do bairro da Graça, um bairro essencialmente operário onde coexistiam republicanos, socialistas, anarquistas, carbonários e maçons, muitos deles pertencendo cumulativamente a mais do que uma organização.
É ainda de sublinhar o carácter “enciclopédico” do ensino ministrado, designado então de “educação integral”, como que preparando o aluno para a abordagem de vários assuntos teóricos ou várias actividades práticas, numa semelhança com a prática maçónica. É neste contexto, e a propósito do curriculum, que merece referência a atenção dada à preservação e ao contacto com a natureza, onde por influência maçónica foi introduzida a comemoração do Dia da Árvore, que coincide com o equinócio da primavera comemorado na Maçonaria. De referir ainda que a escola era gratuita e suportada pela Maçonaria através das Lojas ou pelas contas do próprio Grande Oriente Lusitano, o que era extensível ao material didáctico necessário ou à existência de uma biblioteca própria.»
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por António Lopes in site do GOL
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É pois com pesar que se vê património histórico-cultural, que teve um papel pioneiro num dos métodos do ensino em Portugal, poder vir a ser destruído por questões meramente especulativas isto, independentemente das opções políticas, associativas ou religiosas de cada um, que não são para aqui chamadas ...
Obrigado Arq. Marques da Silva por esta notável notícia sobre a Escola-Oficina Nº 1 no Largo da Graça 58,que atrás passou sem o devido relevo.
ResponderEliminarJulgo urgente chegar esta notícia á Câmara Municipal de Lisboa,pois não parece credível que saibam da imensa importância Histórica desta Escola e que,sabendo,ainda queiram DEMOLI-LA !! Relembro que o Arq.Domingos Parente,autor desta Escola é também o autor do edifício da CML...e que arquitectónicamente é muito correcta e tem mais valor do que os outros dois casos.
Reparo agora,no blogg anterior,aonde se diz REJEITADO e se bem entendo, a demolição proposta desta Escola foi Rejeitada.!? Haja...que assim seja!
Ainda assim,é a segunda vez que intentam a sua demolição (diz-se q é o 2º projecto...).
Era bom indagar quem foi o autor da proposta...pois diz o povo que não há duas sem três!
Quanto á moradia de Ventura Terra,era de relembrar aos ilustres deputados que ele é o autor do Parlamento...
24-7-08 Lobo Villa
E caros amigos....é continuar atentos, pois parece que o "rejeitado" hoje, pode ser o "aprovado" amanhã.
ResponderEliminarJA