28/08/2008

A noite a Oriente



"Durou pouco o amor dos lisboetas pela noite da Expo.

Passa agora uma década desde que Lisboa ganhou a zona do Parque das Nações. E como em qualquer zona viva da cidade a diversão nocturna não ficou esquecida.

Foi, aliás, a primeira promessa da exposição universal: deixar aos lisboetas uma nova área de animação nocturna, com boas instalações, espaços ao ar livre e o toque de modernidade que fazia falta à cidade. E no entanto... dez anos depois o encanto esmoreceu. E hoje em dia o ambiente da noite na Expo não é só fraco. Chega mesmo a ser pouco recomendável.

Para se ter uma ideia do ostracismo a que a Expo foi votada basta referir que uma das grandes referências da noite no Parque das Nações, desde a inauguração, já fechou as suas portas. Muitos irão lembrar-se: chamava-se Bugix e ficou conhecido por se poder dançar em cima das mesas (que era uma maneira inteligente de sobrelotar ainda mais este bar).

Neste momento, continua a existir uma correnteza de bares e restaurantes na denominada Rua da Pimenta. Os espaços, para além de recentes, até são espaçosos, bem decorados e beneficiam de uma localização privilegiada em frente ao rio, suficientemente afastados das zonas residenciais e com estacionamento fácil. Ou seja, reúne óptimas condições para ser um local de eleição dos alfacinhas. E no entanto... não é nada disso. Não atrai a beautiful people lisboeta, não atrai qualquer people lisboeta. Aliás, não atrai sequer os residentes da Expo.

A grande distinção entre os bares é a presença (ou não) de um porteiro bem dimensionado na porta. Nos bares onde tal acontece é sempre exigido consumo mínimo e todas as pessoas são obrigadas a passar pelo detector de metais quando não mesmo revistadas a duas mãos. Uma coisa... pouco agradável.

Quem se passeia pelo exterior (e até há famílias com carrinho de bebé ou avozinhos com os netos a fazê-lo), tem direito a assistir a uma competição, levada muito a sério, para ver quem tem a música mais alta (numa espécie de o meu bailarico é melhor do que o teu). Com filas de entrada em muitos dos bares (alguns inclusive com bar aberto até determinada hora), faz lembrar a feira popular, em que cada um passeia até encontrar a diversão que mais lhe apraz.

Mas como é que se chegou a esta situação? Filomena Salvação, do bar Cais da Tartaruga, aponta o dedo à segurança: “Desde que deixou de haver o policiamento de outros tempos, esta zona ficou muito menos segura”. Ou seja: de que serve o metro ou o táxi se corremos o risco de ser assaltados?

De facto, o ambiente parece tudo menos seguro. Mas para conseguir conquistar novamente os lisboetas que a deixaram, a Expo (e os seus bares) vai precisar de muito mais do que polícias. Necessita, acima de tudo, de definir que público deseja e o que deve oferecer para o atrair (e não é preciso inventar ‘novos’ conceitos). Mais uma vez, Filomena Salvação é pragmática: “Enquanto cada casa tiver uma estratégia individualista nada mudará. A solução passa por uma união entre as gerências de todos os espaços.” Caso contrário, será mais do mesmo."

fonte - TimeOut
terça-feira, 26 de Agosto de 2008

5 comentários:

  1. A zona precisa de criar uma marca, redireccionar o público, ter gestão conjunta e publicidade.

    Também as Docas passaram passaram uma fase má, depois da novidade.

    Mas depois de um novo impulso o publico foi de novo captado.

    Numa ciodade como Lisboa em que a noite é um negócio altamente rentável e havendo turismo direccionado para isso, há que criar alternativas ao saturadíssimo bairro alto.

    Aliás, o Bairro Alto vai acabar por ser vítima do seu próprio sucesso, pois entrou na moda assim que a 24 de Julho, Santos e as Docas perderam a dinâmica.

    Se a Rua da Pimenta continuar a funcionar ao estilo dos bares sem alma ou distinção, como a Oura no Algarve, não duram muito.

    A Câmara de Loures, Lisboa e o Parque das Nações devem olhar com atençºão para este fenómeno.

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  2. o bairro alto esteve sempre na moda, pelo menos nos últimos 20 anos. a grande vantagem é que atrai todo o tipo de gente

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  3. porque o "bairro" é como uma "marca". "é" qualquer coisa, "representa" qualquer coisa, ir ao bairro é "ser" qualquer coisa.

    ir ao parque das nações não é nada.

    e por culpa dos próprios.

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  4. Já agora, alguém me pode explicar para onde é que vão as pessoas com dois dedos de testa, ou seja, que não fumam e gostam mais de conviver com os seus amigos do que aturar música aos berros?
    Não haverá um único sítio em lisboa com ambiente requintado e poucos putos?
    Grazie mille.

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  5. Em lisboa há muitos sitios, mas não tantos como em qualquer sitio civilizado.

    Acontece que os sitios "barulhentos e com fumo" são os maiores, mais disseminados e que geram mais dinâmica. Para já.

    Quanto aos dois dedos de testa, é preciso tê-los para se ser tolerante com as várias opções existentes, mesmo que não seja a nossa.

    Nisto como em mais coisa...

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