In Público (27/1/2009)
Inês Boaventura
«A Parque Expo defende a manutenção do trânsito no Terreiro do Paço, mas com metade das vias e a aproximação da praça ao passeio ribeirinho
A Parque Expo desenvolveu para a Sociedade Frente Tejo uma proposta de circulação para a zona entre Santa Apolónia e o Cais do Sodré que não introduz restrições "tão penalizantes" ao tráfego automóvel como a solução apresentada pela Câmara de Lisboa, mas proporciona "um considerável alargamento e melhoria dos espaços pedonais" e "uma melhoria das condições de operação dos transportes colectivos". A conclusão é do especialista em transportes Fernando Nunes da Silva, que comparou as duas propostas.
Segundo o catedrático do Instituto Superior Técnico (IST), a principal diferença entre as duas soluções é a supressão da circulação nas vias laterais do Terreiro do Paço, que é defendida apenas pela autarquia. Por sua vez, a sociedade Parque Expo propõe que continue a ser permitido o atravessamento da praça pelo transporte individual, mas com a redução "para menos de metade" da largura dos corredores viários de sentido único existentes já que, explica Nunes da Silva, passaria a haver apenas "duas vias por sentido, ao contrário das quatro vias e do estacionamento marginais actuais".
Para o corredor formado pelas avenidas Ribeira das Naus e Infante D. Henrique o estudo encomendado pela Sociedade Frente Tejo prevê a manutenção de duas vias por sentido a nascente da Praça do Comércio e para poente desse ponto a restrição a um total de três vias, "com distribuição variável pelos dois sentidos de circulação, no sentido de mitigar o efeito de barreira criado por este corredor face ao rio". Deste modo, resume Nunes da Silva, "a separação entre a Praça do Comércio e o passeio ribeirinho é fortemente reduzida para uns escassos 10,5 metros, ao invés da faixa asfaltada com mais de 20 metros que hoje ocupa esse espaço".
O especialista alerta ainda, no estudo comparativo que desenvolveu para o Automóvel Clube de Portugal, para o facto de a proposta da Câmara de Lisboa acarretar a necessidade de eliminar parte do estacionamento lateral nas ruas da Alfândega e da Madalena e de reduzir alguns passeios. Por exemplo na Rua da Madalena os passeios passariam a ter "apenas um metro de largura", o que Nunes da Silva sublinha ser "manifestamente insuficiente" para "uma via com estabelecimentos comerciais e um importante percurso pedonal de ligação à Praça do Comércio e à Baixa", além de constituir "uma forte penalização (tanto em conforto, como em segurança) para o tráfego de peões".
O especialista do IST concluiu ainda que o cenário proposto pela Parque Expo "é o que apresenta maior capacidade de acomodação do tráfego que circulará na zona após a introdução das medidas de reordenamento". Se a solução da autarquia avançar, avisa, "é previsível que se venha a verificar uma redução dos utentes totais da Baixa", além de ser expectável um impacto negativo na qualidade dos transportes colectivos»
Nesta coisa dos estudos é preciso ter cuidado. Cada estudo é um estudo, isto é, tem um autor e uma encomenda. Ao executivo da CML compete a decisão política, com base num só critério: interesse público. Neste caso, o objectivo deve ser só um: diminuir o trânsito automóvel nesta zona da cidade, que é como quem diz, a poluição, o estacionamento selvagem, o barulho, os obstáculos à circulação pedonal, os obstáculos à fruição da frente-rio pela população. Decidir inequivocamente. Contra os lóbis, sejam eles quais forem, que sempre os haverá.
Ele está a ver mal a coisa: então os utentes dos carrinhos nos tais estacionamentos marginais iam deixar de os pôr lá, MESMO COM O IMPEDIMENTO TOTAL DO TRÂNSITO AUTOMÓVEL INDIVIDUAL?
ResponderEliminarA Parque Expo deveria se preocupar com o caos do parque das nações e o seu jovem projecto em vez de projectar para um pedaço de cidade com mais de 250 anos.
ResponderEliminarE tem muito com que se entreter, pois brevemente terá (e esperemos que não) o mega apeadeiro que pretendem chamar de estação central para ajudar à festa.
os projectos são bons
ResponderEliminaros lisboetas têm é de perceber que a cidade não aguenta com os seus e os habitantes dos arredores.
há que restringir, sem prejuízo de acabarmos com a cidade e ela tornar-se intransitável: na defesa dos direitos de cada um, acaba por prejudicar todos
concordo com ambos os planos
Lisboa não aguenta com os seus? Quais? Os de milhares de fogos e mesmo de edifícios ao abandono?
ResponderEliminarhabitantes
ResponderEliminarOs projectos são todos bons. Os carros, os peões, os TPs, os comércios, os habitantes, os turistas, etc, é que teimam em estragá-los...
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