In Público (24/2/2009)
«Espécies exóticas adaptam-se bem a Lisboa
A bióloga Isabel Zilhão, de 39 anos, fala das árvores de Lisboa com a naturalidade de quem conhece bem o assunto. Explica que esta adaptação das espécies exóticas se deve à suavidade do clima nesta zona do país - "Muitas delas não resistem a temperaturas negativas, especialmente enquanto jovens." No seu discurso pontificam os nomes científicos das espécies, uma regra entre especialistas, para evitar confusões quando não partilham a mesma língua-mãe.
Mas há nomes em latim que não fazem tanta justiça às árvores de que falamos como a sua denominação comum. Junto à Igreja dos Anjos, uns quarteirões mais abaixo, dois impressionantes troncos erguem-se, um de cada lado do pequeno terreiro que ladeia o templo. Parecem castiçais, porque a sua base é maciça e gigantesca, suportando um labirinto de braços superiores cobertos de ramos e folhas.
Numa delas, um grupo de jovens, alheados do que os rodeia, parece estar bastante entretido a enrolar alguma substância ilícita em mortalhas de cigarro.
Na outra, um grupo de homens mais velhos debate acaloradamente um assunto que parece dividir opiniões, mas que não se percebe imediatamente qual é. Nome científico comum destas espantosas árvores: Phytolacca dioica. Nome comum: Bela-sombra. O povo percebe disto.
É claro que nem só de espécies exóticas se faz o roteiro das árvores de Lisboa. Pelas suas capacidades de adaptação ao meio urbano, pela rapidez de crescimento, ou ainda pelo seu porte (altas e esguias em espaços mais apertados, largas e frondosas quando se pretende criar uma sombra, por exemplo), algumas das árvores mais utilizadas em Lisboa são os choupos (negro e branco, conforme a coloração do tronco), o plátano ("há um extraordinário, no interior do Hospital Pulido Valente", alerta Isabel Zilhão) ou o lódão-bastardo, o freixo, o bordo-comum.»
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