21/06/2009

ATENAS inaugura hoje: NEW ACROPOLIS MUSEUM


UM NOVO MUSEU DA ACROPOLIS?

Inaugura hoje em Atenas o novo Museu da Acropolis. Vale a pena comparar o processo de construção deste novo equipamento cultural com o caso lisboeta «Novo Museu dos Coches».

O velho museu da Acropolis, fundado no topo da famosa colina em 1886, era uma construção simples e pequena. Em 1964 foi erguido um novo museu no mesmo local, sendo este uma estrutura também pequena, humilde e sem qualquer mérito arquitectónico. Dez anos depois o Estado Grego determinou a construção de um novo museu que fosse capaz de acolher todo o rico espólio da Acropolis. Os primeiros concursos de ideias (internacionais) ocorreram em 1976 e 1979 mas ambos sem resultados práticos. Em 1989 a Grécia lança um novo ambicioso concurso internacional que apesar de bem sucedido acabou por ser anulado pelo Conselho de Estado. Finalmente em 2000 é organizado com total sucesso o quarto Concurso Internacional sendo a proposta vencedora da autoria do famoso Arquitecto Bernard Tschumi. E foi com certeza por ter saído de um concurso de ideias que o museu hoje inaugurado é de uma qualidade arquitectónica superior à do novo Museu dos Coches que o Ministério da Economia quer impor à cidade de Lisboa.

LOCAL DO NOVO MUSEU?

O Bairro de Makriyianni, a 300 metros da base da Colina da Acropolis, foi o local escolhido para o novo museu. A cerca de 2 km do centro de Atenas e estratégicamente localizado junto da estação de metro "Acropolis". A entrada principal do museu fica no início de uma grande via pedonal - Dionysiou Aeropagitou - constituindo o eixo principal que liga a rede de vias pedonais da zona arqueológica central. Nenhum edifício com valor artístico, científico ou histórico foi demolido para a sua construção. Antes pelo contrário. Um grande edifício do séc. XIX foi preservado assim como uma parte da cidade de Atenas do periodo da Antiguidade posto a descoberto durante os trabalhos preparatórios. Grande cuidado foi também dedicado à envolvente do novo edifício. Mais de 7000 metros quadrados de espaços verdes ocupados, em grande parte, por um novo Olival.

QUEM ORGANIZOU A CONSTRUÇÃO DO NOVO MUSEU?

Uma sociedade privada, formada por pessoas de reconhecido mérito, escolhidas e supervisionadas pelo Ministério da Cultura:
DIRECTORES:
Dimitrios Pandermalis (President) Professor of Archaeology
George Agapitos (Vice-President) Professor of Economics, Former Minister of Finance
Nikolaos Damalitis (Director, Technical Project Team) Civil Engineer
MEMBROS:
Konstantinos Alavanos (Lawyer, Former General Secretary of the Ministry of Culture)
Panayiotis Carydis (Civil Engineer, Emeritus Professor of the Technical University of Athens)
Angelos Delivorrias (Professor of Archaeology, Director, Benaki Museum)
Julia Iliopoulos-Strangas (Professor of Law)
Ioannis Loulourgas (Architect, Representing the Ministry of Public Works)
Manuella Pavlidou (General Secretary of the Melina Mercouri Foundation)
O custo total do projecto foi de cerca de 130 milhões de euros, co-financiado pelo Estado Grego e a UE. O museu estará aberto todos os dias, excepto 2ª feira, das 8h às 20h. Até ao final do ano o bilhete de ingresso custará apenas 1 euro.

NOTA: Recapitulando os factos do projecto para um novo Museu dos Coches: pretendem retirar uma colecção histórica de coches de um edifício de grande valor patrimonial que tem uma ligação lógica com a colecção; não houve concurso público de ideias (nem nacional, nem internacional); não houve discussão ou consulta pública; a ideia não é organizada por profissionais da área da cultura; o projecto não é supervisisonado pelo Ministério da Cultura mas antes pelo Ministério da Economia! Apesar de todas as complicações (e foram muitas!) obrigado Atenas pela lição de como se deve construir um novo museu nacional na Europa! Para saber mais: http://www.theacropolismuseum.gr/

13 comentários:

  1. Bic Laranja11:24 da manhã

    Escreve-se Acrópole em português. O verbo 'inaugurar' a abrir o artigo é pronominal. Inaugura-se hoje em Atenas...
    Cumpts.

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  2. Resumindo: o ze tuga também acabou por pagar com fundos europeus, e se quiser entrar ainda paga. Brilhante. Precisamos de mais elefantes brancos.

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  3. Quando voltei a Lisboa depois de ter estado em Atenas tenho de confessar que me senti numa cidade suíça...Atenas é uma das cidades mais caóticas que conheço!

    Porém, nesta questão do novo museu da Acrópole ficam a ganhar-nos...

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  4. tinha de vir a este blog para ouvir dizer que as cidades suíças são caóticas

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  5. Não tenho a menor dúvida que se algo semelhante se tentasse fazer em Portugal, este blogue estaria na primeira linha dos opositores ao projecto. Seriam contra, violentamente contra, fariam petições, montagens para ver o absurdo do choque de uma construção moderna num local 'património', gritariam contra o atentado urbanístico.

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  6. caro Filipe,

    experimente viver em Atenas...

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  7. E esta que soube apenas na 6ª feira, na TVI: três milhões de euros pelo projecto da treta do novo museu previsto para os coches?
    Está tudo doido?

    Assim se vê porque estamos tão mal e o Brasil até já financia o FMI!

    Se o Brasileiro tivesse investido aí 100.000 dos euros todos que recebe, em reanálise do programa, e teste do organigrama funcional do projecto, tinha logo feito uma obra dez ou quinze vezes mais pequena, que fosse minimamente viável no ordenamento daquela zona, que devia ser apenas área verde exterior.

    E tinha logo previsto deixar o museu dos coches onde está, pois só quem for palerma ou desonesto, é que quer tirar os coches de um edifício daqueles, da respectiva época.
    Um casamento tão bem feito não se desfaz.

    Grande Helena Roseta, que tem a coragem de enfrentar essa tropilha, e dizer duas verdades a estes oportunistas sem escrúpulos.

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  8. Estive em Atenas com o museu ainda em construção, mas já com a sua volumetria completa.

    Se vocês que tanto clamam pelo respeito pelo património arquitectónico, fossem em vez de lisboetas fossem atenienses... não o viriam citar como exemplo para o que quer que fosse. Este museu é um autêntico BAJOLO no meio da acrópole que vêm interferir gravemente com a sua leitura de conjunto. Quer quando estamos dentro da acrópole, quer quando a lemos do quadrante sul.
    Rompe completamente com a escala da envolvente e se vocês vissem os edifícios do século XIX, XVIII e anteriores que o rodeiam e os que foram demolidos para lhe dar lugar, cuspiam em cima de quem citasse isto como exemplo do que quer que seja.
    Quanto à qualidade do projecto de arquitectura nem sequer vale a pena comentar… é terrível, não há mais nada a dizer sobre isso.

    Quanto ao processo que seria o mais louvável por ter havido vários concursos públicos pelo meio, apesar disso parece me que um processo que leva mais de 30 anos a ser concluído não pode ser nunca dado como um exemplo.

    Este é um Post que é claramente um tiro no pé.

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  9. Pelo que se lê, mais um caso em que, em vez de reabilitar o património, andaram com contornos de fazer marcação no território.

    Devemos aprender e evoluir com os erros dos outros, pois esses erros nunca justificarão os nossos!

    Salvemos o actual museu dos coches.

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  10. Meus Caros,

    Atenas que conhecemos hoje e faz o grosso do seu construído é dos finais do séc. XIX em diante; tem algumas igrejas medievais e nada mais realmente antigo. É claro que as ruínas e sitios arqueológicos são importantes mas são, chocantemente, pouco presentes numa cidade como Atenas - procurem a academia de Sócrates e vão encontrar uma escola primária com pouco mais de 60 anos construída em cima do sítio arqueológico.
    É claro que a Acrópole e outras ruínas são de magna importância mas não nos entram nos olhos como em Roma com os edifícios da época Romana, Renascentista e Barroca.
    Construir-se um edifício destes em Atenas não é a mesma coisa que o fazer em Lisboa que preserva mais edificado antigo que Atenas simplesmente porque teve mais edificado nos últimos séculos.
    Atenas é uma cidade recente, apesar do seu núcleo histórico milenar.

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  11. Excelente post este sobre o novo museu em Atenas:
    Tudo direitino como manda a tabuleta, com concurso público internacional e tudo. É assim mesmo que se faz!!!
    Por cá, os novos "velhinhos do Restelo", agarrados que estão aos seus privilègios, ainda não perceberam que tem mesmo que ser assim em democracia.
    Parabens pelo excelente exemplo.

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  12. Então e o barracão que há anos serve de guarida ao teatro romano. Aí já não há pressa?

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  13. Concordo! O Teatro Romano de Lisboa está completamente esquecido pelos autarcas da cidade! Aquilo é uma vergonha!

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