Martinho fecha em Dezembro se trânsito não mudar
Novo modelo de trânsito imposto pela autarquia afastou clientes do Martinho da Arcada, o café de Fernando Pessoa. Proprietário disse ao DN que, se situação não mudar, fechará as portas.
"Se o trânsito continuar assim o Martinho da Arcada fecha portas até ao final do ano. "O desabafo é de António Sousa, proprietário do histórico café da Praça do Comércio, onde amanhã haverá uma conferência de imprensa que incidirá sobre esta possível "morte anunciada".
A menos de um metro de distância da mesa onde habitualmente se sentava Fernando Pessoa, António Sousa explica que "a crise piorou o negócio e novo modelo de trânsito da Baixa veio dar a machadada final". O proprietário do mítico café acrescenta que "os clientes já não conseguem estar na esplanada com a poluição e o ruído dos 150 autocarros, por hora, que aqui passam".
António Sousa garante que o apelo que vai ser dado na conferência de imprensa de amanhã não é fingidor, como o poeta. "Isto não é uma ameaça, o Martinho corre o risco real de fechar e não voltará a abrir", lamenta o comerciante.
Nos promotores da iniciativa que se realiza amanhã está Luís Machado, autor do livro Era uma vez um café, que relata a história do Martinho da Arcada. Luís Machado não quer abrir o jogo para "não queimar a conferência", mas revela que serão apresentados depoimentos de "grandes vultos da cultura."
Luís Machado quer evitar a todo o custo que este "local mítico de Lisboa" feche. O escritor faz um apelo: "não podemos deixar que o Martinho acabe".
Lembrando os danos que a passagem dos autocarros tem no número de clientes da esplanada, Luís Machado acusa a Carris de "sacudir a água do capote", ao ter dito publicamente que nada pode fazer por não ser a entidade que regula o trânsito.
Os defensores e proprietário do Martinho da Arcada têm feito reptos sucessivos junto da autarquia para esta situação. António Sousa foi mesmo à Assembleia Municipal expor a situação. Porém, segundo conta: "O presidente António Costa estava lá, eu questionei-o e ele ainda se riu, dizendo que ia tentar pôr todos os autocarros movidos a gás."
O proprietário do Martinho da Arcada lamenta ainda que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa nunca tenha ido ao estabelecimento nessa qualidade. "Ele tinha a obrigação de conhecer o Martinho", adverte.
No entanto, António Sousa diz que o café "não faz qualquer discriminações partidárias" e tem "amigos" de várias forças políticas.
Enquanto falava com o DN, o proprietário foi mostrando aos turistas o espólio de Fernando de Pessoa, como se fosse um guia de um museu. "Faço isto de borla, nunca cobrei nada porque acho que é um dever, mas se ficar sem clientes não aguento."
Apesar das divergências quanto ao modelo de trânsito, as portas do Martinho da Arcada estão também abertas para a António Costa, a quem António Sousa terá todo o gosto de "pagar um café".
Tal como alerta Luís Machado, seria um "escândalo nacional" o Martinho fechar. O promotor da conferência de imprensa espera que um rol de personalidades se insurja contra o encerramento.
Luís Machado lembra que um edifício com a história do Martinho da Arcada tem "muitos amigos", como se pode comprovar pelo livro de visitas.
Desde figuras nacionais como José Saramago e Manoel de Oliveira (que têm mesa reservada no café), passando pelos últimos quatro presidentes da República (de Ramalho Eanes a Cavaco Silva), até figuras estrangeiras como o ex-chanceler alemão Gerhard Schröder ou o escritor Antonio Tabucchi, todos passaram no espaço. A estes junta-se um infindável lista de nomes da cultura de onde certamente sairão apelos para que o Martinho da Arcada não feche as portas.
A história do espaço poderá ser preponderante numa altura em que o seu futuro é incerto, assentando, tristemente, na última citação atribuída a Pessoa:"I know not what tomorrow will bring" ("Não sei o que o amanhã trará").
Vou fazer o possível para ir à conferência e tentar almoçar, se conseguir mesa! :)
mas existe algum local em Lisboa onde passem 150 autocarros por hora?
ResponderEliminarnem que sejam 75 em cada sentido
acho que nem a saída de um deposito\estação da carris...
grande coisa... deve haver centenas de sítios por onde pessoa parou sem merecerem toda esta atenção mediática e apoios financeiros de pessoas como cavaco e outros
ResponderEliminarnuma cidade com tantos problemas, cuja câmara é estruturalmente tão incompetente, e com tantas zonas no limiar do habitável, este problemazeco do empresário que explora esse café parece-me coisinha muito pequena.
Eu não sei se hei de rir ou chorar com o que o Antonio Costa diz!!!!
ResponderEliminar"Lembrando os danos que a passagem dos autocarros tem no número de clientes da esplanada, Luís Machado acusa a Carris de "sacudir a água do capote", ao ter dito publicamente que nada pode fazer por não ser a entidade que regula o trânsito."
ResponderEliminarO que é que a Carris pode fazer???? Realmente a culpa é da Câmara. Mas há alguem que não veja isso?!!!!!!!!!!!!!
"Os defensores e proprietário do Martinho da Arcada têm feito reptos sucessivos junto da autarquia para esta situação. António Sousa foi mesmo à Assembleia Municipal expor a situação. Porém, segundo conta: "O presidente António Costa estava lá, eu questionei-o e ele ainda se riu, dizendo que ia tentar pôr todos os autocarros movidos a gás."
ResponderEliminarComo se os autocarros a gás não fizessem barulho também? O barulho que as pessoas se queixam não é do motor, é dos travões a descomprimir o ar! Dah
"O proprietário do Martinho da Arcada lamenta ainda que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa nunca tenha ido ao estabelecimento nessa qualidade. "Ele tinha a obrigação de conhecer o Martinho", adverte."
ResponderEliminarO Costa é um saloio que vem lá de Sintra, tem lá interesse em ir ao Martinho!!!
Por acaso estou agora a ver o debate na sic noticias e o Costa tem ca uma cara de parvo!
Anónimo disse...
ResponderEliminarmas existe algum local em Lisboa onde passem 150 autocarros por hora?
nem que sejam 75 em cada sentido
acho que nem a saída de um deposito\estação da carris...
12:55 AM
Passam 150 autocarros por hora no eixo entre a Baixa, Saldanha e o Lumiar.
Tambem deve andar à volta desse numero o eixo Marquês de Pombal-Amoreiras.
A estrada de Benfica tambem não deve andar longe.
O mesmo na Estação do Oriente.
Só entre as 5AM e as 6AM tem quase 300 autocarros a sair duma estação de recolha da Carris.
Excepção feita à Est. Cabo Ruivo, claro.
ResponderEliminarAbra-se uma sucursal numa lateral da praça que vai ter muito espaço para esplanadas sem trânsito...
ResponderEliminarAcabei de ver no debate das aberrações que se candidatam à camara, o Costa a dizer que o ar no T. do Paço era muito poluído maneira que resolveu limitá-lo a transportes publicos. Tomem lá o resultado! LOL
ResponderEliminarO Santana mesmo assim está a ganhar o debate, tambem não é dificil!
É espantoso como existam pessoas com alguma cultura que não se importem que o Martinho da Arcada vá fechar.
ResponderEliminarPouco a pouco destrói-se Lisboa, o seu Turismo Cultural, a sua identidade. Os bárbaros estão no poder e os portugueses transformados em abjectos novos-ricos.
Portugal é pior que 3º Mundo, onde isto nãoo se faria.
A. Costa ultrapassa tudo o que há de mais lesa-cultura. Nem ouviu os proprietários ?!
Deve preparar-se depois para autorizar aí um MacDonalds, é de esperarar tudo.
Alguém já foi ao Martinho recentemente, que possa confirmar se as reclamações do dono são mesmo de levar a sério?
ResponderEliminarMesmo sabendo que um autocarro é bastante mais ruidoso que um carro, e que emite mais fumo, o trânsito efectivo é substancialmente menor.
Parece-me surpreendente que as coisas estejam piores.
Alguém confirma?
Sim confirmo.
ResponderEliminarTodas as carreiras da Carris que por ali passam demoram agora mais tempo a fazer o percurso. Algumas tiveram que ser reforçadas.
Diga-se que o piso na zona é de excelente qualidade!! Uma mistela de calhaus, terra batida, ferros e remendos de alcatrão. Óptimo para amplificar a acústica.
ResponderEliminaro Martinho não vai fechar. basta a que os preços no interior passem a ser os mesmos da esplanada em vez de serem o dobro.
ResponderEliminarPolítica à parte, só um cego não vê que as alterações ao trânsito no Terreito do Paço e arredores são um escândalo! Uma desgraça para a cidade a todos os níveis, prejudica toda a gente sem excepção, os moradores, os comerciantes, os automobilistas, os trabalhadores e até os turistas que se deparam com uma praça caótica, poluída e barulhenta. Por isso, tenham um pingo de humildade e assumam o que está à vista de todos: volte-se ao que era (4 faixas junto ao rio) já!
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarO Santana falou neste problema no debate questionando as opções tomadas relativas ao trânsito naquela Zona da cidade. Mas parece que a zona ribeirinha foi tomada de assalto por uma empresa "Frente Tejo" (= mais tachos) em relação à qual a Câmara não tem qualquer poder. será possível?
ResponderEliminarPodiam começar por colocar barreiras tipo vasos grandes debaixo ads arcadas, sempre ajudava!
ResponderEliminarCom o respeito que esse estabelecimento comercial privado merece, não posso deixar de observar:
ResponderEliminar1) há centenas ou milhares de CASAS, onde vivem famílias, que sofrem tanto ou mais com o tráfego rodoviário. Não se vê comoção nenhuma por parte da intelectualidade lisboeta perante este grave problema de saúde pública
2) este empresário chegou a receber donativos do Presidente da República para remodelar o espaço.
3) este empresário quer condicionar a organização do trânsito da cidade de acordo com os seus interesses particulares.
4) este estabelecimento é um espaço elitista, cujos preços são proibitivos para mais de 95% dos lisboetas.
Toda a razão, Brc.
ResponderEliminarmas este quer (mais) um subsídio para manter a sua pastelaria de luxo aberta ou quer estabelecer um acordo com a CML para que no terreiro do paço só passem coches?
ResponderEliminarBastava reporem o esquema de circulação anterior, melhor para todos os agentes implicados.
ResponderEliminarmelhor para todos mesmo. este esquema não lembra a ninguém. primeiro confere-se uma determinada lógica à cidade e habitua-se as pessoas a viver e circular de determinada maneira. fundam-se negócios, compram-se casas, escolhe-se empregos etc.
ResponderEliminardepois vem um maluquinho de um presidente de câmara e corta os acessos todos sem alternativas tornando a vida das pessoas num inferno.
O Filipe Melo Sousa tem piada.
ResponderEliminarEle, que está aqui sempre a defender o direito à algazarra e ao ruído nocturno no Bairro Alto e em Santos (tendo até chegado a insinuar que os moradores é que incomodam os bares!), de repente mostra-se solidário com este pobre empresário afectado pelo ruído da Carris e com as inúmeras famílias que moram no Terreiro do Paço.
Muito bem.
Matias, com todo o respeito, sugiro-lhe que fale com um especialista em História acerca de Lisboa para compreender a importância deste estabelecimento. História não são só livros e monumentos, tal como o Terreiro do Paço não é apenas um local para passear ou um ponto de passagem.
ResponderEliminarCaso não aprecie a História de Lisboa, sempre pode, antes de qualquer comentário ignorante, experimentar no local o Bife à martinho ou os pasteis de nata. Certamente que elevará as capacidades cognitivas.
ResponderEliminarMenezes:
ResponderEliminarCom todo o respeito, não preciso de receber lições de história de Lisboa. Sei muito bem o que o Martinho representa e o que é (para citar Santana) o "espaço sagrado" do Terreiro do Paço.
Não é isso que aqui está em questão. Trata-se, sim, de um empresário que reclama (mais) privilégios, que evoca a "história" para exigir medidas de excepção que não são aplicadas em casos muito mais graves de saúde pública (história contemporânea), e que espera usar os "amigos" e a "cultura" para defender o que é, para todos os efeitos, um negócio privado que hoje apenas serve os lisboetas e turistas mais privilegiados.
Desde quanto mais carros trazem mais comércio??? Só se for um drive-in! Que eu saiba o Martinho nunca teve estacionamento à porta. O comércio nas ruas só vai prosperar com menos carros. Com mais carros, então mais vale ir para os centros comerciais, lá não há carros.
ResponderEliminarA questão público / privado foi amplamente debatida em 1975 com os resultados que se conhecem. O espaço é ou não merecedor de uma atenção especial ? É preferivel uma solução "à Manuel Pinho" demonstrada no imóvel relacionado com Almeida Garrett em Campo de Ourique ? Preserva-se a História apenas no que é público ? Lamento mas a "dor de corno" com o sucesso dos outros não é bem vinda. A Baixa tem perdido nos últimos anos negócios centenários que fizeram eles próprios a Baixa. Devem ou não ser apoiados ? Ou preferem a proliferação de Chineses, indianos e tipos do Bangladesh que nem sequer pagam Impostos ?
ResponderEliminar"Ou preferem a proliferação de Chineses, indianos e tipos do Bangladesh que nem sequer pagam Impostos ?"
ResponderEliminarhmmmmmmm....
Aí está uma boa solução: pode-se fazer daquilo a sede do PNR.
...esta cidade resiste tanto às mudanças e nada ao "deixa andar"!!!
ResponderEliminarEstive no Martinho da Arcada hoje e vou escrever qualquer coisa que será publicada em breve.
ResponderEliminarDe uma coisa estou certo: vamos contribuir para manter o Martinho da Arcada vivo. É o mínimo que se espera de quem tem gosto pela preservação do património, que não é só de Lisboa, é nacional.
Há aqui uns politicozinhos ou candidatos a politicos que anseiam diariamente pela..como é que dizem ? ...conspiração... O que tem o Martinho a ver com o PNR ou BE ou PS ou PSD ?
ResponderEliminarestive ontem no martinho da arcada. serviram-me um café vulgar com um preço invulgar.
ResponderEliminarouve-se ali tanto ruído como em qualquer outra esplanada de beira-estrada de lisboa. ou como em minha casa.
não percebo as queixas.
O homem estava habituado a ter mais sossego, agora está a estranhar o barulho ter aumentado. Compreende-se que se queixe.
ResponderEliminarNum país livre todos têm o direito de se queixar, não têm é o direito de ter as suas queixas resolvidas da forma como querem.
Mas o homem tem razão que o actual esquema de circulação é estupido, só o estupido do António Costa é que não vê porque entra e sai da câmara pelo lado contrário (Cais Sodré)!
almocei hoje no martinho.
ResponderEliminaro local é e sempre foi barulhento.
portanto, não notei diferença.
se por acaso o piso fosse melhorado, não fazia tanto barulho.
e se o café não fosse tão caro e a comida de melhor qualidade, talvez enfrentasse a crise de uma melhor forma.
ao tempo que o dono se queixa do pouco movimento. devia lembrar-se que é o unico estabelcimento comercial daquela praça tão grande, que é basicamente zona de passagem e não de estadia.
como outros, deve assumir o risco....
é pena que acabe, mas não culpe o barulho que sempre existiu...
daqui a pouco, os cafes de alvalade queixam-se também...
O proprietário devia achar que o Pessoa pagaria tudo e que os amigos da cultura valeriam mais que tudo o resto. Como se diz aqui, o local é barulhento e sempre foi. Se aquilo está a dar prejuízo, azar. Trespasse o espaço, que é o que muitos empresários fazem quando os seus cafés de charme não dão lucro. Adapte-se às circunstâncias, mude de estratégia, de menu, de clientela. Agora estar à espera que a Carris mude os seus itinerários porque não lhe dá jeito e estar a chamar ao caso a cultura e o património, isso é que não!
ResponderEliminarEsta musica agora adapta-se ao Martinho da Arcada:
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=Gta8YeFFVmM&NR=1
Um espaço comercial, qualquer ele que seja, inaugurado no Séc. XVIII (neste caso 1782), deve ser alvo de uma atenção especial, independentemente de quem seja o dono. É uma parte do Património da cidade que está em causa. Quem tem origens em Lisboa, ou gosta da cidade entende o que digo.
ResponderEliminarA falta de transito diminui clientela? bom remédio: juntem-se e ensinem os que não têm coragem de levantar o rabo da lata a andar a pé.
ResponderEliminarSim a história deve ser conservada mas arranjar desculpas no trânsito para fechar é que não.
E se não gosta do plano da baixa pressione a camara para aceitar sugestões CONSTRUCTIVAS e IMPARCIAIS.
Não me incomóda absolutamente nada, que se corte o trânsito no Terreiro do Paço; em Veneza, em Viena, em Praga e, por aí fora, as principais praças só beneficiaram com a falta de "pópós" a atravessá-las.
ResponderEliminarPelo contrário, a Praça deolvida ás pessoas, é uma mais valia.
Veja-se quais das três ruas principais da Baixa, Ouro, Augusta e da Prata, tem mais pessoas e qual delas tem mais comércio e esplanadas...
E o que está a acontecer nos centros históricos das pricipais cidades portuguesas? Cidades como Viana do Castelo, Braga, Guimarães, têm os seus centros exclusivamente para peões. Só cá na capital é que há toda esta crispação:
Interesses, pois então!
Porra, deixem aquele café piolhento fechar, isso seria excelente para depois um novo STARBUCKS abrir, não acham.
ResponderEliminarJá me vem saliva a boca em pensar tomar um café XL num copo de plástico.
Arq. Luís Marques da silva disse...
ResponderEliminarNão me incomóda absolutamente nada, que se corte o trânsito no Terreiro do Paço; em Veneza, em Viena, em Praga e, por aí fora, as principais praças só beneficiaram com a falta de "pópós" a atravessá-las.
Pelo contrário, a Praça deolvida ás pessoas, é uma mais valia.
Veja-se quais das três ruas principais da Baixa, Ouro, Augusta e da Prata, tem mais pessoas e qual delas tem mais comércio e esplanadas...
E o que está a acontecer nos centros históricos das pricipais cidades portuguesas? Cidades como Viana do Castelo, Braga, Guimarães, têm os seus centros exclusivamente para peões. Só cá na capital é que há toda esta crispação:
Interesses, pois então!
3:41 PM
Aqui está-se contra os autocarros, não contra ligeiros! Logo segundo muitas cabeças o que está a mais são os transportes publicos.