02/09/2009

Santana Lopes convida 15 blogs para conferência no Martinho da Arcada

Santana Lopes sugere um museu pombalino na Baixa
Por Diogo Cavaleiro

O candidato do PSD quer dar "vida" ao Parque Mayer e devolver o "sossego" ao Terreiro do Paço


Para Pedro Santana Lopes, as obras na Praça do Comércio, a cargo da Frente Tejo, são "inaceitáveis". O candidato social-democrata à Câmara Municipal de Lisboa pediu "serenidade" para a zona, naquele que foi um encontro com vários bloggers, realizado ontem ao fim da tarde no café Martinho da Arcada.
Na conferência, Santana interrogou-se como serão tomadas decisões caso a lista socialista seja eleita para a autarquia, referindo-se ao facto de esta englobar candidatos com diferentes ideias, algumas delas tornadas públicas, sobre assuntos da capital.
"Nenhum lisboeta sabe ao certo o que a sociedade Frente Tejo planeia", respondeu Santana Lopes a uma questão lançada por João Campos, do blogue Jardim dos Micróbios, um dos 16 bloggers que se encontravam no BlogTúlia. Para a Praça do Comércio, o candidato do PSD disse que uma unidade museológica, como por exemplo um museu sobre a obra de marquês de Pombal, era essencial para levar para a área um novo pólo de atractividade, ao mesmo tempo que adiantou que tem de haver um parqueamento em altura na Baixa, pois defende que há pessoas que não a visitam por problemas de estacionamento.
A pergunta sobre que posição tomará Santana Lopes se for eleito face ao contrato do terminal de contentores de Alcântara foi colocada por Margarida Lopes, do blogue PsicoLaranja, e a resposta foi que a temática não iria ficar "nem adormecida nem esquecida". Seguiu-se um ataque àquele que diz ter sido um modo "infeliz" de tratamento do assunto e ao facto de, de acordo com o que entende, a câmara ter sido "conivente com o projecto".
Foi com este assunto que o candidato do PSD se referiu à ideia de que a lista socialista tem várias pessoas que já mostraram alguma objecção a decisões autárquicas, dando o exemplo de Helena Roseta se mostrar contra a ampliação do terminal e também aos desentendimentos políticos entre a líder dos Cidadãos por Lisboa e o vereador Manuel Salgado.
A temática de Alcântara foi ainda aproveitada pelo antigo presidente da autarquia para afirmar que lhe fazia "confusão" que houvesse quem temesse a entrada de carros em Lisboa, na altura da construção do túnel do Marquês, e que agora não mostrava preocupação com a entrada de camiões para o terminal, referindo-se ao vereador José Sá Fernandes.
Jorge Santos Silva, do Fórum CidadaniaLx, levantou o tema da terceira travessia do Tejo, em que o social-democrata disse "ser preferível outra localização", defendendo a não-aposta na componente rodoviária, embora salientando que não quer ter uma "atitude de hostilidade radical" relativamente à autoridade central.
Já sobre a divisão territorial das freguesias no município, Pedro Santana Lopes admitiu que "não faz sentido nenhum manter-se aquela que existe", dizendo que os próximos quatro anos, se for eleito, são suficientes para o fazer.
O Blogtúlia serviu ainda para Santana Lopes se mostrar reticente a uma candidatura portuguesa, e de Lisboa, à realização de Jogos Olímpicos nas próximas décadas.


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O Fórum Cidadania Lx, representado por 2 dos seus membros(número máximo de acordo com as regras), esteve presente nas pessoas de Jorge Santos Silva e António Branco de Almeida. À questão por nós colocada sobre a preservação do património edificado de finais do séc. XIX, princípios do XX até Modernismo (Chiado, zona Avenida Liberdade, Avenidas Novas, etc.), tem sido uma batalha do Fórum Cidadania Lx, designadamente na luta contra demolição de interiores, aumento das cérceas (os célebres 2 andares para receita da CML), esventramento dos logradouros, etc. PSL vai permitir a continuação da "reabilitação" em vez do restauro? (ex. Palacete Saldanha/Helena Rubinstein, Edifícios defronte à maternidade Alfredo da Costa, edif. Avenida República, Elias Garcia, Campo Grande, Av. 5 Out., Pinheiro Chagas, António Cândido, Duque de Loulé, Rosa Araújo, Duque de Palmela, Cinema Odéon, claro).
Santana Lopes afirmou-se claramente contra este tipo de intervenções e ao longo do debate, em resposta a outras questões, frisou sempre a necessidade de restaurar e recuperar em detrimento de fazer construção nova. Se há casos em que não choca por ex. o alinhamento das cérceas, como seja para alinhar um determinado quarteirão, o facto é que cada caso é um caso afirmou.
A segunda questão partiu do outro membro deste fórum e prendeu-se com a terceira travessia do Tejo, e que questionava o candidato que, se defende no seu programa uma travessia rodoviária em túnel no eixo Algés-Trafaria e como nós Cidadania Lx achamos que o impacto paisagístico e sistema de vistas da TTT, Chelas-Barreiro, mesmo que só ferroviário é tão importante, que trazer mais carros, construção de acessos etc. com tudo o que isso implica, porque não defende uma TTT ferroviária em túnel, se a engenharia é a mesma, se poupa na especulação imobiliária dos terrenos previstos para pilares, nós e acessos, e com efeitos mais benéficos para Lisboa.
Santana Lopes disse que o assunto não está encerrado afirmando de fonte segura saber que o novo aeroporto vai ser deslocado por razões de interesses latifundiários pelo que a ponte, a ser só ferroviária, uma vez que não vê necessidade de outra rodoviária para já embora não a exclua, pode ser no eixo Chela-Barreioro, como Beato-Montijo. A construir uma nova ponte rodoviária entende ser mais útil fazê-la no eixo Algés-Trafaria com ligação à CRIL.

Em resposta ao Duarte Calvão do blog Corta-Fitas que questionou o candidato se pretendia reapresentar o projecto dos arquitectos Valsassina/Aires Mateus para o Largo do Rato, aprovado no seu mandato e que o Cidadania tanto se bateu e que ganharia um grande adepto no actual vereador Manuel Salgado, que disse em sessão de Câmara que ele (projecto) iria “melhorar” o Largo do Rato, enquanto António Costa se ficou pelos direitos adquiridos dos investidores. O que é facto é que o projecto foi rejeitado das duas vezes, inclusive com o voto de Sá Fernandes, com votos favoráveis do PS.
Em resposta Santana Lopes afirmou que o projecto lhe tinha merecido alguma reserva e que se houvesse um referendo sobre ele (solução que lhe parece plausível para diversos projectos mais polémicos), votaria “não”. E que é contra esses projectos de “contraste”, porque considera que quem foi eleito para quatro anos não tem o direito de destruir o que permanece há séculos na cidade.


Jorge Santos Silva e António Branco de Almeida

9 comentários:

  1. Uma coisa é certa: o actual executivo veio provar que Santana Lopes não era tão mau assim. Santana e Carmona e Soares e Sampaio e Abecassis e todos os que contribuiram para a desgraçada Lisboa que temos.

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  2. ora cá está o caso do maerinho da arcada explicado.
    se bem se recordam, o proprietário veio queixar-se de que há demasiado ruído no terreiro do paço (quando todos sabem que o sítio sempre foi ruidoso) para poder acusar antónio costa de lhe destruir o negócio e, por tabela, de ser responsável pelo encerramento de um espaço cultural simbólico da cidade.
    a colagem de santana a esta questão ilumina muita coisa.

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  3. Rui desculpe mas essa montanha pariu um rato; pode até ser um "fait divers", mas de muito pouca importância, comparativamente com o que se extrai da notícia...

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  4. estar a discutir a TTT neste momento é irrelevante. nada vai ser feito no próximo mandato a esse respeito. para mim pareceu-me desperdiçar uma pergunta. porque não perguntar antes ao candidato se tem coragem de atacar o estacionamento sem lei que se vê por todo o lado? não precisamos de mais parqueamento em altura na baixa, precisamos sim de fiscalização para que quem estaciona à porta do parqueamento e nos passeios fique convencido que pagar para estacionar num dos parqueamentos que já existem fica mais barato que pagar as coimas. eu nunca tive problemas em arranjar lugar no estacionamento da Praça da Figueira por isso não me parece que precisamos de mais...

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  5. Será que ninguém percebe que o PSL é um troca tintas, um fala barato....
    Temos o que merecemos enquanto povo e o PSL perante a falta de cultura e educação reinantes no país é realmente o que merecemos.
    Não priveligia a componente rodoviária na TTT - leia-se faz-se na mesma, devolver a serenidade ao Terreioro do Paço - leia-se fazer um silo e trazer mais carros para a baixa, fazer um museu pombalino - leia-se ainda abandonar mais o triste museu da cidade do Campo Grande e licenciar mais uns centros comerciais, priveligiar as pessoas - leia-se esventrar ainda mais a Av.da República com túneis, recuperar o Parque Mayer - leia-se fazer um centro comercial lá dentro e uma via de acesso pelo Jardim Botânico.
    Será que os eleitores deste município são assim tão burros e imbecis para votar num gajo com tantas incongruências e atentados à inteligência....

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  6. Vamos por partes.

    1. Mono do Rato
    Foi a vereadora do urbanismo de PSL quem aprovou os primeiros passos do mono. Não acredito que o tenha feito sem o acordo do seu presidente.

    2.Ao contrário do que PSL disse, em termos de construção em altura, esventramento de edifícios, logradouros e quarteirões do séc. XIX-XX, não se trata de "cada caso é um caso" mas sim de opções claras em termos de urbanismo e reabilitação urbana, sem cedência a lobis e muito menos à especulação imobiliária. PSL defendeu no seu mandato o aumento de cérceas e tem que ter uma posição clara sobre este assunto.

    3. Sobre a TTT em túnel não disse absolutamente nada.

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  7. Uma coisa é certa: o actual executivo veio provar que Santana Lopes era MESMO MUITO mau. Santana e Carmona e Soares e Abecassis e todos os que contribuiram para a desgraçada Lisboa que temos.
    escapou o sampaio mais pela visão estratégica do que pela gestão concreta.
    devemos dar uma hipotese ao costa, o único que se aproveita dos candidatos actuais.

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  8. Perguntas: Como se pacifica o Terreiro do Paço e a Baixa com silos automóveis?
    Transformar edificios históricos em silos na zona melhor servida por transportes públicos é preservar a baixa e dinamizá-la?
    O monóxido de carbono é conservante de fachadas?
    Qual a política de mobilidade deste senhor?
    Porque não é dito nada sobre transportes públicos?
    Qual a ligação entre o Martinho da Arcada e a candidatura de PSL?

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  9. Caro Anónimo

    Limitei-me a confirmar uma suspeita que já alimentava sobre o caso Martinho. é tão fait-divers quanto qualquer outro.

    Discordo que haja grande substância programática no post. Aparentemente, Santana limitou-se a repetir alguns eixos fundamentais da sua candidatura e parece que ninguém conseguiu extrair do Sr. Túneis nenhuma resposta sobre assuntos de que não tenha já falado.
    Fica por explicar, por exemplo, o que pretende fazer sobre o Bairro Alto e Santos - esses, sim, locais gravemente afectados pelo ruído. Ficamos sem saber se alguma vez pensou em atacar o estacionamento caótico de Lisboa. Etc, etc.

    Ressalvo, portanto, a confirmação de que o caso Martinho tem, afinal, um fundo partidário.

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