09/10/2009

Hoje, bem cedo, na Almirante Reis ao Intendente II

A loja Moinho do Lis fechou hoje, definitivamente, as suas portas, depois de as ter abertas durante mais de 50 anos, com chás e cafés de todas as partes do mundo, chocolates de todas as formas e feitios, biscoitos caseiros e latinhas de bolachas com os mais lindos desenhos, sortidos de amêndoas de todas as cores vendidos ao peso e acondicionados em cartuchos de papel, rebuçados peitorais e drageias coloridas...

A Loja Moinho do Lis, fundada em 1956, era uma loja gourmet, antes de existirem lojas gourmet... Mas como não fica numa qualquer zona chique de Lisboa, como Campo de Ourique, não aparece nos roteiros da Time Out...

Na porta, a gerência afixou uma breve nota a agradecer a todos os clientes que durante décadas ali passaram, explicando, também porque, apesar dos esforços dos últimos anos, tornou-se impossível mantê-la aberta. Sucumbiu à crise, ao desinteresse dos lisboetas pelo comércio tradicional.

Hoje, a minha avenida ficou mais pobre... E eu estou profundamente triste.

8 comentários:

  1. Jorge Silva Melo, numa antiga crónica que titulou “Já Fechou a Livraria”, contava que uma pequena livraria abrira em Campo de Ourique, “livraria pequena, não especializada. Livraria de bairro como eu queria que as houvesse em todos”, mas que não chegou a estar aberta um ano. E interrogava-se “Por que não fui lá procurar e encomendar os contos de Edith Wharton que acabei por comprar na FNAC. Por que não fui interlocutor solidário daquela senhora que efectivamente ousou e foi vencida? Por que hei-de perdoar-me a mim? Não foi isso mesmo que eu disse àquela pequena livraria? Que não a queria? Que não me servia para nada? Que lhe prefiro a Internet e as fnacs?”
    E a crónica terminava:
    “Se a pequena livraria fechou, fui também eu que a fechei”.
    Quando leu a crónica, lembrou-se de uma frase de Orson Welles em que ele dizia que neste tempo demoníaco das grandes superfícies, ainda havemos um dia de ter saudades do merceeiro da nossa rua.

    diasquevoam.blogspot.com

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  2. Esta é de facto uma triste notícia!
    Tem que haver uma educação dos Lisboetas a frequentarem de novo as lojas de rua.
    As lojas de rua devem ter apoios fiscais (e constituirem-se em associações dinâmicas), e os Centros Comercias penalizados. As lojas de rua contribuem para maior segurança e uma cidade sustentável.

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  3. chic, Campo de Ourique? não seja tonta menina, e saia quanto antes da Almirante Reis....

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  4. eu cresci na avenida almirante reis.
    de eixo principal da cidade passou a traseira imunda de terceiro mundo.
    como é possível ter chegado a este ponto de abandono, criminalidade, e sujidade?

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  5. Diana, não fique triste.
    Como diz o actual presidente da câmara em relação ao café martinho da arcada: "ninguém tem a menor dúvida de que é um estabelecimento que só não se salva se for mal gerido. Não falta investidores interessados em manter o Martinho da Arcada vivo".
    Percebeu? A loja Moinho do Lis fechou por má gestão.

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  6. Os lisboetas frequentarão as lojas de rua quando viverem na cidade. Quando a cidade for habitada e viva. As câmaras podem ajudar.

    Podem limpar as cidades do lixo e de graffitis. Podem facilitar o licenciamento na recuperação de imóveis. Podem deixar-se de tontices e permitir que os interiores das casas sejam modernizados em vez de exigirem, como tantas vezes fazem, a manutenção de tabiques. Podem tirar os carros de cima dos passeios e promover estacionamentos para residentes em toda a cidade e para visitas nas principais praças que se queiram comerciais. Podem reduzir o IMI e o IMT nas casas antigas. Podem pressionar o governo e as polícias para acabarem com a vergonha do tráfico e consumo de droga à vista dos filhos. Podem ter mais cuidado no licenciamento dos espaços de diversão nocturna lembrando-se que quem trabalha precisa de dormir.

    Lisboa é a antítese de tudo isto. Desertifica-se, vão-se as pessoas e o comércio. Nem outra coisa seria de esperar.

    md

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  7. É realmente pena, mas é por essas e por outras que faço questão em "comprar no meu bairro". Dá-me prazer ter tudo ali perto, gosto que os donos das lojas me perguntem pela família,dá-me segurança as portas dos estabelecimentos abertas. Enfim é tão bom sentirmo-nos em casa.

    Fernanda Cunha

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  8. LOBO VILLA ,
    Aqui, há lágrimas de crocodilo! Muitas .
    Silva Melo sabia,todos sabemos o que se está a passar neste assassinato do pequeno comércio em favor das grandes superfícies , em Portugal!
    É tudo uma hipócrisia pegada !!
    Todos conhecemos a burrocracia das autarquias e a estupidez das "ASAE's" (em favor das grandes superfícies que lhes dão mais lucro!), e não FAZEMOS NADA em favor da tasquinha e da merceearia da esquina...
    Mas quando vamos a França e as vemos lá,lamentamos que desapareçam por cá...como se fosse uma fatalidade portuguesa,de cá...
    Diana : se está triste (eu tb estou) faça qualquer coisa para além disso ! Eu alinho !

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