16/10/2009

Mais um atentado à mobilidade sustentável em Lisboa

Ao mesmo tempo que os lisboetas são "convidados" a usar bicicletas nas suas deslocações, aos residentes da Grande Lisboa são oferecidas condições para acederem ao centro da cidade de automóvel, por auto-estrada, sem semáforos e sem cruzamentos.
A inaguração há poucos dias da A16 vem demonstrar que os habitantes de Lisboa são o elo mais fraco em todo o sistema de mobilidade da área metropolitana.
Os residentes nas freguesias mais populosas da cidade, Benfica, Carnide, Lumiar, são as que mais sofrerão com a A16, que lançará - quando o nó da Pontinha for aberto - milhares de automóveis diariamente na Av. Lusíada, Av. dos Condes de Carnide, Av. Cidade de Praga e Estrada da Luz.
Lembra-se que a A16 nasce junto a Cascais, servida por caminho de ferro, atravessa o Concelho de Sintra, servido por caminho de ferro, atravessando ainda o Concelho da Amadora, servido por caminho de ferro e metropolitano.
Urge por isso aprovar em definitivo a "Carta da Mobilidade e Transportes" no âmbito da revisão do PDM, permitindo assim que as vias rodoviárias sob gestão camarária possam conter elementos de dissuasão do trânsito pendular como semáforos, cruzamentos e atravessamentos pedonais ao nível da via e não em pontes.
Por fim, fica aqui a sugestão: as vias sob gestão camarária devem ser, no máximo, de 2.º nível, não sendo por isso admissível que a Radial de Benfica e a Calçada de Carriche sejam consideradas vias de 1.º nível, verdadeiras auto-estradas.

21 comentários:

  1. "cruzamentos e atravessamentos pedonais ao nível da via e não em pontes."

    Exactamente! E não só pelo efeito disuasor, mas para acabar com essa estranha hierarquia de atribuir a superfície ao automóvel em exclusivo e o "resto que se amanhe".

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  2. os milhares de automóveis serão facilmente contidos com uma política que obrigue a ter conta os custos de estacionar em Lisboa. quando o "free for all" do estacionamento nos passeios acabar e as pessoas se virem obrigadas a pagar pelo estacionamento a visão exposta aqui deixa de acontecer.

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  3. A A-16 é na maioria do seu percurso para servir Amadora, Sintra e Cascais. Acho um pouco arrogante dizer que não se devia construir toda uma nova auto-estrada devido ao concelho de Lisboa. Quanto muito não faziam a ligação entre o nó da CRIL e a rotunda perto do cemitério de Benfica.

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  4. Ao anónimo das 2.23,
    sei que é um pouco ao lado, mas talvez enquadre o post: sabia que Lisboa é a região de toda a Europa com maior densidade de auto-estradas? E bem longe do segundo lugar, diga-se.

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  5. Miguel Carvalho, isso é devido à forma como são classificadas as estradas em Portugal e na restante Europa. Situação facilmente verificável pelo Google Maps por exemplo.

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  6. Se legalmente é uma AE ou uma IP com perfil de auto-estrada, nada altera a questão central.

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Continua a sobranceria:
    Política da hegemonia do automóvel.
    Enquanto as soluções encontradas forem as de tentar fazer com que todos possam entrar e sair de Lisboa com o seu automóvel, resolvendo-se a ferida e não a causa da mesma, nunca chegaremos a lado nenhum.
    Tudo passa por deslocarmo-nos de transportes públicos e para isso, há que criar uma verdadeira politíca de transportes metropolitana e abrangente.
    Ganha a eficiência, a comodidade das pesoas e o ambiente.

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  9. Lisboa é a area urbana com mais vias rápidas porque o desordenamento do territorio assim obriga. A maioria das cidades europeias é rasgada por grandes avenidas desde o centro até à periferia. Em Lisboa apenas há a avenida da liberdade, fontes pereira de melo, republica e campo grande, e acabou. A Alameda das Linhas de Torres é uma estrada, não é uma avenida. Obvio que teria que ser feita a Avenida Padre Cruz e a Segunda Circular.

    Porquê que a Avenida A. A. Aguiar não começa no M. Pombal? Logo por aí tudo começa mal. Estrada de Benfica está longe de ser uma avenida. Estrada da Luz idem. Para escoar o transito que era mais que muito logo nos anos 80, e ainda nem havia metro para esses locais, tiveram que ser feitas avenidas/vias rapidas. Alguem discorda que o Eixo NS, A CRIL, a CREL, o IC16, a A5 e o IC22 fazem falta? Só quem só anda no centro de Lisboa e deve estar convicto que os bens nascem nas prateleiras das lojas.
    A AML tem quase 3 milhões de habitantes com um desordenamento do território enormissimo. Em Portugal não há avenidas quase, há ruas tortas e estreitas, e azinhagas.
    Vão a um forum de motoristas e de transportes defender as vossas teorias e depois venham me dizer o que ouviram.

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  10. "sei que é um pouco ao lado, mas talvez enquadre o post: sabia que Lisboa é a região de toda a Europa com maior densidade de auto-estradas? E bem longe do segundo lugar, diga-se."

    Obviamente que não é. Até é um pouco ridículo fazer uma afirmação desse tipo que só se pode basear em confusão de conceitos sobre o que é uma auto-estrada.

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  11. Viva a A16. Viva. Até que enfim foi construída. Ao fim de quase duas décadas os residentes da área de Sintra têm uma via alternativa ao IC19 e à A5 para se deslocarem por exemplo para a A1. Mobilidade sustentável não é por certo as longas filas de trânsito que diariamente temos pela frente para ir trabalhar. Os transportes públicos não estão articulados e é necessária apostar mais no comboio e no metropolitano para transportar os residentes da Área Metropolitana de Lx.
    Em Lisboa o problema é de facto os responsáveis pelos transportes e em particular pelo trânsito da CML que oferecem poucas ou nenhumas soluções inteligentes à circulação e estacionamento. Para quando parques de estacionamento dissuasores?

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  12. Caro Anónimo,
    Não se trata de arrogância. Se reparar no mapa, do nó da A16 saem 3 vias de 2.º nível, o que significa que as mesmas estarão já bastante preenchidas quando atravessarem os bairros. O que significa também que este pdm dá prioridade ao trânsito pendular sobre o trânsito "nativo" da cidade.
    E isso não é correcto.

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  13. É preciso ter o rabinho muito sentado no centro de Lisboa, para se fazer um post destes.

    Ignorância absoluta sobre a realidade das pessoas que moram na periferia.

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  14. Este blog é perito nisso Imm. Têm todos empregos ao lado de casa, não têm necessidade de deslocação, senão não diziam barbaridades.

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  15. Estará porventura "tristemente" certo LMM: este post poderia chamar-se os "escravos do asfalto" ou os "desgraçados do asfalto". Essas auto-estradas vão encher-se de casas em seu redor e rapidamente saturarão para depois vir pedir-se outras variantes e outras, e mais outras. Tem sido assim. Algueirão já tem 120 mil pessoas e não vai parar por aqui!

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  16. Continuamos na senda do progresso do Dr. Cavaco.
    Mais e mais auto-estradas e subúrbios, caminhando no modelo Americano de cidade.
    Os Estados Unidos caminham a passos largos para a falência por isso seguimos como sempre os exemplos bons.
    O petróleo está quase nos 80 dólares, e a electricidade cada vez mais cara - começem a comer menos para poupar para o combustível e electricidade...
    Vamos concentrar-nos na produção de auto-estradas e que se lixe a pesca, agricultura, bens manufacturados, linhas de combóio para escoar a produção.
    Como somos ricos, quando aumentarem os custos do transporte rodoviário, vamos facilmente absorvê-los....

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  17. Então o que dirá o Sr Engº Nunes da Silva agora Vereador da CML ?

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  18. G. Henriques10:57 da manhã

    LMM, se calhar você optou por comprar uma casa a 1/3 do preço da minha e 3x maior, algures na Linha de Sintra, e agora quer (e precisa) do pópo para todo o lado e vem sacar os meus impostos para isso! O ordenamento do território não pode permitir que se faça construção em qualquer lado, para depois TODOS nós virem resolver o problema de mobilidade. Já tinha pensado nisto?

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  19. Até me podem conseguir convencer que era importante construir a A16, mas era prioritário? Senão vejam, a A16, paga, desloca alguns carros da ic19, mas não a sua maioria, aliás, é olhar para a ic19 de manhã para ver que está na mesma.
    O que me pergunto é, era mesmo importante fazerem a A16 AGORA? Tendo em conta que os 120000 habitantes do Algueirão mais uns cerca de 100000 de Rio de Mouro (sem contar com o resto da linha de Sintra) continuam a ter como transporte para Lisboa, apenas o comboio? Não era tempo de se fazer uma alternativa? Até porque quando se fala em criar melhores acessos para a capital, esquecem-se que essas pessoas vão ter de estacionar em algum lado o que constitui outro problema.

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  20. Poderíamos estar aqui eternamente a argumentar sobre o PDM (de Lxª e outros),o IC 19, a nova A16 e enfim ...o transporte público/privado que nunca chegaríamos a conclusão nenhuma !
    Como disse atrás Xico 205, a questão é o DESORDENAMENTO DO TERRITÒRIO, que é total, não há nenhum Plano de OT actuante para a região de Lisboa, o caos é absoluto.
    Caos que interessa á Administração(local e central) que o fomenta.
    A entrega das auto-estradas,por 70 anos,á iniciativa privada diz tudo: o MOP deixou de ser das "Obras Públicas" , passou a ser da "Obras Privadas",as quais constróiem á medida das portagens e dos lucros e não das necessidades das populações.
    Esta A16 aqui em causa,que desventra o Parque Natural Sintra Cascais,que passa em cima da Qtª da Beloura , do Autódromo do Estoril,dos vários bairros anexos,de um hotel,do Cascais Shopping,que tudo devassa ,incluindo a Vila de Alcabideche com oito mega-rotundas (!) é uma pura especulação privada/para portajar e nada mais.
    É totalmente inútil esta A16 : as comunicações viárias entre Sintra(Ramalhão) e Alcabideche(Cascais),eram amplas e insaturadas.

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  21. A A16 faz falta. Não diga isso António Munhoz. A estrada de Cascais para Sintra via autodromo estava cheia de transito. Não era suficiente, tem que ficar apenas para transito local uma vez que é toda ela cheia de casas, stands e armazens nas bermas.

    Alternativa ao IC19 tambem faz falta para as urgências. A A16 não vai ter transito uma vez que é caríssima, no entanto quando se trata duma urgência a alternativa existe.
    Quanto à linha de Sintra, de facto ficou saturada. Têm que começar a construir uma nova linha paralela junto ao IC16 a servir as urbanizações da Brandoa, São Brás, Casal de Cambra, Pendão, Carenque, Belas, Massamá Norte, Colaride, Mira-Sintra, Rio de Mouro, Cavaleira e Mem Martins.

    Quanto a alternativas à linha de Sintra em transportes publicos, a Vimeca tem ligações do Cacém para Belém, de Massamá, Belas, Queluz, e Amadora para Benfica e Colegio Militar. De São Marcos, Idanha, Belas, Queluz e Amadora para o Mq. Pombal e tambem da Amadora para Belém.

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