In Público (29/1/2010)
Por Inês Boaventura
«Segundo a empresa, os fornecedores têm de pedir um dístico, com um custo anual de 12 euros, para entrar nos bairros com trânsito condicionado
O presidente da Associação de Comerciantes do Bairro Alto acusa a Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa (EMEL) de promover a desertificação desta zona e a morte do comércio tradicional, ao obrigar os fornecedores a adquirir um cartão que lhes permita o acesso ao bairro, mesmo que seja apenas para cargas e descargas.
Belino Costa garante que desde a semana passada, "sem sequer anunciar que seria assim", a EMEL começou a "barrar a entrada dos fornecedores em todos os bairros históricos", com o argumento de que não o podiam fazer sem terem o cartão Viva Viagem Bairros Históricos. Segundo o porta-voz dos comerciantes, esse cartão teria um custo de 25 euros, valor que, em seu entender, é incomportável para pequenos comerciantes ou para quem faz entregas pontualmente. "É mais um contributo oficial para a desertificação comercial diurna do Bairro Alto, mais um ataque ao comércio de proximidade", acusa a associação de comerciantes num comunicado divulgado ontem. "Passámos a trabalhar num gueto", criticam os representantes dos lojistas.
Já a EMEL explica, através do seu porta-voz, que como "houve uma série de abusos ao longo do tempo" no acesso aos bairros com trânsito condicionado, se verificou a necessidade de "utilizar uma ferramenta que fosse mais clara". Essa ferramenta é o cartão Viva Viagem, que de facto tem um custo de 25 euros e é recarregável para permitir o estacionamento por um período máximo de cinco horas consecutivas, entre as 7h e as 20h. Mas Diogo Homem garante que esse formato se aplica apenas aos visitantes. Já os fornecedores têm de "comprovar que fazem cargas e descargas" num determinado bairro e requerer à EMEL um dístico, com um preço anual de 12 euros, explica, contrariando as declarações do presidente da associação de comerciantes. Esse dístico é entregue juntamente com o cartão Viva Viagem, que nestes casos "não tem de ser carregado".
Tal como até aqui, as cargas e descargas podem ser feitas entre as 7h e as 10h e entre as 15h e as 17h. Diogo Homem garante que os comerciantes foram avisados das alterações, mas Belino Costa diz que a única informação que teve foi um panfleto sobre o cartão Viva Viagem, no qual se dizia: "Uma versão especial deste cartão para comerciantes, garagens e cargas e descargas será progressivamente implementado".»
Desertificação não é de certeza. Quanto muito é despovoamento.
ResponderEliminar12 € por ano (1 € por mês) é mesmo um valor que faz com que os comerciantes desistam do negócio... escandoloso! coitadinhos!
ResponderEliminarAinda estou para ver o dia em que os comerciantes digam qq coisa de positivo. São dos principais causadores do trânsito caótico de Lisboa com o estacionamento abusivo em 2ª linha para cargas e descargas. Como se diz no comentário das 2:32, € 12 por ano é de facto um preço "escandaloso" e "incomportável" para a bolsa de um comerciante.
ResponderEliminarOs comerciantes não têm só um fornecedor, têm muitos, e por vezes os distribuidores apontam para uma hora a descarga e acabam por não conseguir chegar nessa hora, ou porque demoraram mais noutro cliente ou porque apanharam uma interrupção de estrada, ou porque lhes bateram na carrinha, ou porque os mandaram regressar à base, etc; e tudo isso acaba por complicar a vida aos comerciantes. A rodovia não consegue manter horários ao segundo como a ferrovia.
ResponderEliminarQuantas vezes não vejo eu camiões presos em ruas de Lisboa devido a mau estacionamento em esquinas, aqui nas proximidades da minha casa acontece quase todos os dias com os camiões do Pingo Doce. No caso das proximidades do Bº Alto, eléctricos que apanham um carro estacionado em cima da linha e para tras não passa nada. Por vezes estas situações duram horas...
Se alguem aqui já trabalhou em transportes, sabe que é um trabalho e não um emprego, em transportes sabe-se a hora do começo mas nunca se sabe a que horas termina o serviço, os imprevistos são mais que muitos.
para vcs nada é escandaloso quando aplicado aos outros, mas já acham escandaloso quando por consequência de TODOS os custos que os comerciantes têm de suportar, os preços sobem. Depois já são chulos e querem enriquecer. Quem fala assim não faz a mínima ideia da quantidade de encargos e taxas que um comerciante tem de suportar hoje em dia. Sim, as dificuldades são muitas!
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