In Público (26/1/2010)
Por Inês Boaventura
«Tarifa sobe em cerca de 40 por cento da cidade e tem "descida ligeira" noutras áreas. Tempo máximo será reduzido a metade nas zonas de maior rotação. EMEL estuda ainda um novo dístico
Experiência-piloto
Estacionar nas zonas a cargo da Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa (EMEL) vai sair mais caro. O novo tarifário deverá entrar em vigor até Abril e dividirá a capital em três áreas distintas, nas quais haverá diferenciação de preço e do tempo máximo de paragem permitido. Segundo o presidente do conselho de administração da EMEL, esta alteração traduzir-se-á num aumento do custo do estacionamento em cerca de 40 por cento da cidade e numa "ligeira redução" nas restantes áreas.
"Estamos a preparar tudo para apresentar a proposta à Câmara de Lisboa o mais rapidamente possível", disse o responsável da EMEL em entrevista ao PÚBLICO, explicando que a intenção é que o novo tarifário vigore já "em Março" ou "no máximo a partir de dia 1 de Abril".
Em princípio, nas zonas com maior rotação, vai ser mais caro estacionar e o limite de tempo de permanência descerá de quatro horas para duas.
A proposta ainda não está fechada, e o presidente da EMEL considera prematuro adiantar quais serão os limites de cada uma das três zonas ou os preços em vigor em cada uma delas. Como princípio pode dizer-se que as tarifas mais baixas serão praticadas na periferia da cidade, as intermédias em áreas centrais - como a Avenida da Liberdade e da República - e as tarifas mais elevadas aplicar-se-ão no coração de Lisboa, por exemplo na Baixa.
Selo para casa e trabalho
Mas há mais novidades para 2010. Em discussão com a autarquia está a criação de um dístico que garanta aos residentes a possibilidade de estacionarem, sem limite de tempo e sem tarifa acrescida, não só na zona do seu domicílio mas também na zona de Lisboa em que trabalham.
A ideia é reforçar uma espécie de discriminação positiva de quem mora na cidade e a principal dificuldade está, segundo António Júlio de Almeida, em encontrar "um preço de equilíbrio". Isto porque, segundo o mesmo responsável, a EMEL quer "privilegiar" os residentes, sem com isso "promover o trânsito na cidade".
António Júlio de Almeida sublinha que Lisboa "é uma das poucas cidades" em que são atribuídos até quatro dísticos por fogo, uma realidade que vai, aliás, ser avaliada por causa da escassez da oferta e do facto de haver "zonas em que o número de residentes supera o número de carros".
Este ano, a empresa propõe também "reduzir a uma mancha muito curta" as chamadas "zonas cinzentas", isto é, aquelas que lhe estão atribuídas mas que efectivamente não fiscaliza, continuando assim o "esforço muito grande" realizado em 2009.
Ganhar 4000 lugares
Na prática, segundo o líder da EMEL, isto significa um ganho de 4000 lugares, nas áreas da Lapa e Campo de Ourique, Campolide, Quinta de Luz, Bairro dos Actores, Praça do Chile e Alvalade, e na zona entre a Avenida da Liberdade e o Príncipe Real.
Diversificar os meios de pagamento ao dispor dos seus clientes é outro dos objectivos da EMEL, que vai apostar naquilo que designa como parquímetros individuais. Estes dispositivos electrónicos, com um custo de 32 euros, serão transportados pelos utilizadores, que os activam com um cartão pré-carregado de cada vez que pararem o carro numa zona de estacionamento de duração limitada.
António Júlio de Almeida adianta que o carregamento dos aparelhos poderá ser feito nos parques de estacionamento e lojas da empresa, decorrendo neste momento negociações com quiosques e os CTT para alargar a rede de vendas. O responsável destaca que se trata de um sistema "muito cómodo e prático", que elimina a necessidade de as pessoas se deslocarem aos parquímetros.
Os parquímetros individuais deverão estar em funcionamento "dia 1 de Fevereiro", sendo certo que os interessados na aquisição destes dispositivos já constituem "uma lista de espera com algum relevo", com cerca de duas centenas de nomes, sobretudo de empresas. Os interessados podem fazer uma pré-inscrição no site da empresa.»
Enquanto a CML não utilizar o estacionamento para gerir o trânsito - proibindo por exemplo o recarregamento de parquímetros - o problema manter-se-á. Estamos num país em que mais pessoas preferem ter automóvel a ter aquecimento em casa.
ResponderEliminarPelo que descreve o artigo, o congestionamento vai ser incentivado. Ao aumentar o preço, haverá maior rotação, a expectativa de encontrar lugar aumenta, os moradores de Lisboa não pagam em lado nenhum... Não há mesmo noção do ridículo pois não?
ResponderEliminarE depois a fiscalização vai ser a doer.
ResponderEliminarPelo menos é o que é sempre anunciado.
Mas basta ver as fotos que Carlos Medina Ribeiro tem sistematicamente colocado n' O Carmo e a Trindade para constatar como é sempre só ladaínha para enganar pategos.
Não parece fazer sentido que quem more em Lisboa tenha direito a estacionamento junto ao local de trabalho também em Lisboa.
ResponderEliminarQuem mora em Lisboa tem transportes públicos à disposição, ainda com mais facilidade que quem não mora.
Mas eles é que sabem...
Corvo
"a criação de um dístico que garanta aos residentes a possibilidade de estacionarem, sem limite de tempo e sem tarifa acrescida, não só na zona do seu domicílio mas também na zona de Lisboa em que trabalham."
ResponderEliminar.....e mais abaixo.....
"a EMEL quer "privilegiar" os residentes, sem com isso "promover o trânsito na cidade"."
Não percebi bem esta equação!?
e a par disso que aumentem o numero de agentes a bloquear carros nas zonas onde ha parques subterraneos mas constamente vazios, e onde os passeios andam constantemente cheios
ResponderEliminarhá "zonas em que o número de residentes supera o número de carros"! nem sei do que pensar disto...
ResponderEliminarÉ a chamada lógica da batata...
ResponderEliminarDevíamos estar a promover habitação junto do local de trabalho.
ResponderEliminarDísticos duplos, para residência e trabalho só promovem habitação longe do local de trabalho e trânsito automóvel entre eles.
Não há volta a dar.
Dístico apenas para os residentes, e em número limitado pelo número de lugares de estacionamento (em vez de limitado por nºfogos x 4).
Já agora gostava de saber se as taxas de contribuição autarquica vão baixar aos residentes que não vivem no centro, é que se no centro faz sentido pagar mais de estacionamento, os residentes do centro que paguem mais tambem de impostos municipais, já que a CML assume publicamente que faz destinção de municipes.
ResponderEliminarAlias qq pessoa repara que há bairros ao abandono à decadas!