In Público (12/2/2010)
Por Inês Boaventura
«Antigos muretes corta-fogo terão impedido que as chamas que atingiram um imóvel na Rua Nova do Almada alastrassem a outros edifícios
A existência de muretes (pequenos muros) corta-fogo pombalinos no topo do número 24 da Rua Nova do Almada, em cuja cobertura deflagrou na madrugada passada o incêndio que fez uma vítima mortal e deixou duas pessoas desalojadas, terá sido determinante para evitar a propagação das chamas aos edifícios contíguos. O prédio atingido tinha sido, segundo a vereadora da Habitação da Câmara de Lisboa, alvo de obras recentes e o proprietário já se prontificou para "de imediato" colocar uma protecção no telhado.
O alerta foi dado às 5h10 por uma moradora de um edifício vizinho. O incêndio foi combatido por cerca de 50 homens e dado como extinto quase duas horas depois. Durante o combate às chamas e nas horas seguintes, os responsáveis do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa foram garantindo que não havia qualquer registo de feridos e que tinham sido realizadas diversas buscas, mas a meio da manhã o vereador da Protecção Civil acabou por confirmar a existência de uma vítima mortal do sexo feminino.
A vítima, octogenária, vivia sozinha no quinto e último andar de um prédio sem elevador e, de acordo com a vereadora da Habitação, "era uma pessoa muito dependente". "Essa é uma situação de grande risco seja em que sítio for. Sabemos que existem na cidade muitas pessoas com faculdades reduzidas que vivem sozinhas", lamentou Helena Roseta, salientando que as causas do sinistro vão ser investigadas pela Polícia Judiciária.
A vereadora considerou, em declarações ao PÚBLICO, que houve dois factores determinantes para evitar a propagação das chamas aos edifícios contíguos: o facto de estes se encontrarem habitados, o que permitiu que um dos seus moradores se apercebesse do incêndio e alertasse os bombeiros, e a existência de muretes corta-fogo de construção pombalina no topo do número 24 da Rua Nova do Almada.
Segundo Helena Roseta, o prédio tinha sido requalificado recentemente, tanto no interior como no exterior, e "estava em boas condições". Ao fim da manhã, representantes da Câmara de Lisboa participaram numa reunião com os inquilinos, na qual o proprietário comunicou que se encontra neste momento a fazer um levantamento das obras necessárias, preparando-se para avançar desde já com a substituição da cobertura, que aluiu.
Terá sido aliás o abatimento da cobertura que justificou a dificuldade dos bombeiros em localizar a moradora vitimada pelas chamas, apesar de as vizinhas do andar de baixo terem alertado para a sua presença na habitação no momento em que foram evacuadas. O vereador da Protecção Civil, Manuel Brito, explicou que a idosa acabou por ser encontrada carbonizada sob os escombros, já durante a fase de rescaldo, e "deve ter falecido nos primeiros minutos do incêndio".
Só os dois últimos andares do prédio sinistrado, todo ele propriedade do mesmo senhorio, se encontravam habitados, estando os restantes ocupados com serviços e comércio. As duas irmãs gémeas de 80 anos que moravam há mais de 70 anos no quarto andar vão ficar provisoriamente em casa de familiares. Apesar de este piso não ter sido afectado pelas chamas, ficou muito danificado com a água do combate ao incêndio, não tendo sido necessário recorrer aos alojamentos de emergência da Protecção Civil. Durante a madrugada, os dois edifícios contíguos ao número 24, nos quais vivem sete famílias, foram evacuados por precaução.»
Parabéns à arq. Helena Roseta por trazer ao conhecimento público mais um resultado prático, efectivo ainda hoje, da magnífica obra da Baixa Pombalina, que são os muretes corta fogo nas coberturas.
ResponderEliminarHá 250 anos, houve este cuidado.
Agora, a legislação de segurança contra incêndios obriga à execução
desses muretes corta-fogo desde 1991.
São muito raras as excepções onde os vemos aplicar nos edifícios novos...
A culpa será dos técnicos autores? Será da fiscalização?
Parece-me ser de ambos, já que a legislação actual criou um meandro que não responsabiliza de facto ninguém!!! e deixa o construtor navegar na leviandade...
há 250 anos os barrotes eram de madeira. é possível que os muretes não estejam a ser aplicados mas também é verdade que barrotes de madeira já são raros...
ResponderEliminarEste último comentário vem directo de outro blog, concerteza, já que não se compreende a sua relevância para a discussão aqui.
ResponderEliminarCaro anónimo, navegue um blog de cada vez para não acontecer confundir-se como aconteceu aqui!
O comentário do último anónimo das 1:11 PM ou anda perdido, ou tem que mudar de lentes.
ResponderEliminarLeia o 2º e 5º parágrafos para perceber a pertinência dos comentários.