29/04/2010

Defesa vende Convento da Graça para hotel e câmara vai construir um parque urbano


In Público (29/4/2010)
Por Carlos Filipe


«Presidente da autarquia de Lisboa sublinha que a zona verde da cerca com 1,7 hectares é um dos melhores espaços e com melhores vistas da zona histórica para a fruição pública

É um acto exemplar, no cumprimento de uma obrigação constitucional, segundo a qual as Forças Armadas devem colaborar para a melhoria da qualidade de vida das populações, disse, em síntese, o ministro da Defesa, Augusto Santos Silva. Na resposta, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, serviu-se do mesmo adjectivo para qualificar o acto, acrescentando-lhe que "é muito bom". E, assim, passaram ontem para a posse camarária 1,7 hectares de terrenos (equivalente a quase dois campos e meio de futebol) da cerca do Convento/quartel da Graça, instalações que o Ministério da Defesa colocará à venda, ainda este ano, para ali nascer um hotel.

Há tempo que se falava na possível utilização daquele espaço para a edificação de um hotel, mas só em 2009 ficou decidido, entre a Defesa e a autarquia, o novo uso a dar ao edifício, através do protocolo que só ontem foi posto em prática. Em Setembro do ano passado, o Conselho de Ministros aprovou a suspensão do Plano Director Municipal de Lisboa para a viabilização da mudança de uso das instalações, resolução que carecia do parecer prévio camarário, que tardou a ser emitida, e que contou com os votos contra do PSD e a abstenção do PCP.

Dos 7200 metros quadrados de área coberta do antigo convento, apenas cerca de 1200 estavam ocupados em 2001. Actualmente, alguns serviços do Exército e da GNR repartiam o espaço do convento, cuja origem remonta a 1291, tendo sido reedificado em meados do sec. XVI. Está classificado como monumento nacional por decretos de 1910 e 1918.

Segundo o ministro da Defesa, o destino do imóvel será hoteleiro, social e cultural - e objecto de concurso público -, ao abrigo do "processo de modernização e qualificação da Defesa nacional". "Temos hoje um sistema de forças mais preparado para a capacidade de projecção em tempo útil, em qualquer teatro de operações (...), e em consequência disso, muito do riquíssimo património da Defesa deixou de ter servidão militar, e estas instalações inscrevem-se nesse caminho, não necessitamos mais delas", disse Augusto Santos Silva

No imediato, a cidade vai ganhar um parque urbano. Segundo António Costa, estará pronto dentro de um ano. "Trata-se de património de valor histórico e cultural que será reafectado a um uso de interesse turístico, o que significa também valorizar a base económica da cidade. Estamos a falar da maior área verde de toda a zona histórica, transformada num parque urbano, especialmente para as zonas da Graça e Mouraria. E faremos a sua ligação ao miradouro da Graça, hoje Sophia de Mello Breyner."

António Quadrado Afonso, presidente da Junta de Freguesia da Graça, acha que o destino a dar ao convento não é o melhor, mas admite que "pior seria um condomínio fechado". O autarca espera agora que a câmara viabilize um espaço na Calçada do Monte para a construção de um parque automóvel, que ajudaria a resolver alguns dos muitos problemas de trânsito da freguesia».

...

Trata-se de uma boa notícia, mas essa história do velho projecto do parque na Cç. do Monte é que não. Antes libertar a antiga parada do quartel (foto: Público) para o efeito ou demolir o obsoleto e inqualificável mercado de Sapadores, fazer um parque subterrâneo e depois um mercado por cima. Mas a notícia da encosta verde do quartel/convento ser um parque para todos é uma EXCELENTE notícia e velha aspiração de muitos. O edifício ser um hotel, não vejo mal, desde que não haja destruição de património, construção de anexos "contemporâneos" (como contrapartida da cedência da encosta verde) e afins. A ver vamos.

7 comentários:

  1. Caro Paulo Ferrero,

    Se bem me lembro um dos que mais força fez por este desfecho foi o actual vereador Sá Fernandes. ou estou errado? Acho que a referência lhe ficava bem.

    Em relação ao mercado de sapadores, face às dificuldades financeiras da CML, que são públicas, e mesmo que não fossem, como assessor da CML deveria saber, parece de difícil concretização.

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  2. Caro "anónimo", ainda depende de mim elogiar quem entendo que o deve ser. No caso vertente, amor com amor se paga. Mas se se refere a uma certa acção popular para consulta de processo, não sei que fim lhe foi dado. Se souber, avise. No caso de Sapadores, é bom que se diga que a CML aprovou obras de reabilitação daquilo, e se me diz que não há dinheiro para o demolir, esventrar e voltar a construir, isso não parece acontecer no caso do Mercado de Arroios (que como sabe é o nosso melhor exemplo modernista), onde a vontade da CML é demoli-lo. Sempre ao dispor.

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  3. Olha se era no tempo do Santana Lopes.

    Já tinha caído o Carmo e a Trindade estava quase...

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  4. No anterior mandato autárquico, existia planos para a construção de um silo na Rua Damasceno Monteiro. Será o mesmo a que se refere o Presidente da Junta, uma vez que a Calçada do Monte e a referida rua são adjacentes?

    E o que aconteceu ao projecto do silo?

    Cumprimentos,


    Pedro Jesus

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  5. É uma boa notícia sempre que a cidade ganha uma (grande) área verde.
    Venham mais destas e parabéns a quem por ela lutou, luta e continuará a lutar.
    A cidade e os cidadãos agradeçem.

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  6. e que mal tem o silo na cc do Monte?
    sempre é melhor que aquela nojeira que por lá existe....
    e parque urbano, diz o Costa???

    deve ser giro ver a população da graça a vencer o desnivel existente entre o fundo do parque e o miradouro da Graça!!
    talvez com o parque urbano, venha um posto de atendimento com ventilação e oxigénio a colocar no adro da igreja....

    isto anda tudo doido!!!!

    um gil-vicentino

    e o Ferrero é assessor da CML???
    então falta pouco para ser o que faz falta!!!

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