Exma. Senhora Administradora
Dra. Andreia Ventura
Vimos por este meio agradecer à APL, na pessoa de V.Exa. a audiência simpática da passada Sexta-feira, facto que, apesar da ausência de última hora da Sra. Presidente, Engª Natércia Cabral, registámos com bastante agrado uma vez que no passado recente, designadamente sob a anterior Administração, o Fórum Cidadania Lx jamais teve oportunidade de dialogar directamente com a APL.
É também com agrado que registamos que a APL e este Movimento partilham de uma preocupação: não queremos uma cidade asséptica.
Contudo, serve ainda o presente para reafirmarmos a V.Exa. o que expusemos presencialmente: a nossa preocupação maior é o longo prazo, i.e. os efeitos perniciosos que poderão advir para Lisboa e para as futuras gerações ao decidir-se a APL pela prorrogação da exploração do terminal de Alcântara enquanto terminal de contentores, prorrogando por várias décadas uma exploração que, recordamos, é “provisória” desde 1984, em vez de o fazer apenas quando estivesse na posse de todos os estudos (a nosso ver indispensáveis) sobre o assunto, com respostas objectivas a questões como:
1. Não seria obrigação do(s) Governo(s) a implementação de um Plano Estratégico claro e objectivo sobre as reais necessidades do país em termos de terminal de contentores para as duas margens do Tejo, envolvendo as autarquias respectivas e decidindo em conformidade?
2. Não será o chamado fecho da Golada o investimento certo em termos de visão de longo prazo, relativamente ao terminal de contentores adequado para o Tejo, sabendo-se da possibilidade de escoamento por via ferroviária?
3. Qual a melhor solução para Alcântara, cruzeiros e náutica de recreio ou contentores?
4. Não deveria um país como Portugal, com a frente marítima que possui, investir com força, determinação e saber, à semelhança de Espanha e França, na indústria da náutica de recreio, cujas inúmeras potencialidades económicas para a cidade e o país, obviamente, estão por explorar (desde a construção de barcos – vide exemplo da Turquia – à organização de regatas) e que por isso estatisticamente esse sector “não existe”, de molde a ser melhor sopesada uma decisão de longo prazo sobre Alcântara e a Doca do Hespanhol? (a este propósito, porquê investir-se de raiz na Docapesca quando na Doca do Hespanhol se trataria de requalificar os equipamentos existentes?)
5. Por outro lado, a justificação para o prolongamento da concessão e ampliação da exploração do Terminal de Contentores de Alcântara sem concurso foi a previsão da breve saturação da capacidade actualmente instalada do TIR, face à procura prevista. Contudo, todos os cenários de crescimento futuro na movimentação de contentores em que se basearam as decisões para a urgência do investimento em Alcântara estão actualmente errados face à crise económica mundial. Consideramos, por isso, que a necessidade de ampliação do TCA deixou de ser urgente.
Face aos dados disponíveis, a concretização da ampliação do Terminal de Contentores de Alcântara e obras conexas deixou de ser prioritária face a outras intervenções em Lisboa. Estas condições que retiram a alegada pressão temporal permitem reponderar a necessidade do investimento previsto, permitindo também o estudo comparado da alternativa de localização, caso seja necessária face a novos cenários a definir, nomeadamente na chamada "Golada" na margem sul do Tejo.
Por último, não podemos deixar de referir, mais uma vez, que nada nos move contra a APL, as suas Administrações, ou, muito menos, contra a actividade portuária relativa aos contentores mas, unicamente, gostaríamos que quem de direito mudasse de paradigma e, antes de decidir, estudasse todas as possíveis opções e só depois optasse por aquelas consideradas as melhores a longo prazo, em termos económicos, mas também urbanísticos, estéticos, ambientais e de mobilidade.
Na expectativa de que estas nossas observações sejam bem acolhidas, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos.
Paulo Ferrero, Luís Serpa, António Prôa e Rui Valada
C.C. Imprensa
Terminal de Contentores versus Terminal de Cruzeiros
ResponderEliminarEste post esta exactamente antes de a moradia de Alcolena, ainda bem.
1º Num temos paineis insubtituiveis de Almada Negreiros noutro temos paineis de Azulejos (removiveis se caso fosse necessário).
2º Num o edificio é do Estado o outro Privado
3º Manda o bom senso, que quando se visita uma casa entremos pela porta da frente. Colocar o Terminal de Contentores na entrada da Cidade é perfeita estupidez, é a mesma coisa que entrar pela porta das trazeiras.
Lisboa e o turismo vai pagar caro a leviandade de muitos decisores influenciados por obras patéticas proporcionado por arquitectos sem escrúpulos que a única coisa que pretendem é em ascender ao pódio mais alto.
Obras como a Fundação Champalimaud, Hotel Altis Belem, Futuro Museu dos Coches, Agencias Europeias, têm vindo a destruir o recorte da cidade, ou melhor não contribuindo no seu todo.
Os edifícios foram pensados como elementos únicos descontextualizados onde a vaidade e egocentrismo do seu autor se sobrepôs ao bem comum.
Uma pequena delegação do Fórum Cidadania Lx foi recebida na sexta-feira por uma administradora da APL. A nota oficial está aqui.
ResponderEliminarPara a história, ficam duas ou três coisas que ouvimos: "o nosso core businesss são os contentores" (e nós que pensávamos que o core business da APL era o Porto de Lisboa); "estamos a desenvolver um plano integrado de náutica de recreio com os municípios ribeirinhos" (e nós que pensávamos que este tema devia ser tratado a nível nacional); vamos investir em duas docas de recreio - a Docapesca e... - Qual é a outra? - Não digo, acabou o tempo dedicado à Náutica de Recreio".
Isto pode parecer uma brincadeira, mas é grave. Que o país é avesso à mudança já se sabe; que se exiba essa aversão e dela se faça estandarte, sobretudo da parte de um organismo que devia estar atento às evoluções possíveis e desejáveis para o Porto de Lisboa é inadmissível.
Luís Serpa
Não sei se deva agradecer ao anónimo que aqui pôs o meu post no meu blog pessoal. Penso que sim. Obrigado.
ResponderEliminarNa verdade tento separar aquilo que são as minhas opiniões pessoais das do Fórum.
Contudo, a verdade é a mesma, seja ela "pessoal" ou "institucional". e o que ali está escrito é verdade. Isto é: pelo menos, as coisas que ouvimos. A minha interpretação é, naturalmente, discutível.
Mas o que está entre aspas foi transcrito verbatim. Interprete-se como se quiser.