08/06/2010

O LADO POSITIVO DA CRISE

Boa notícia é a provável revogação na AR do aditamento que, entre outras vantagens, prolongou por 27 anos a concessão de parte do Porto de Lisboa à Liscont, que terminaria em 2015.

Assim se evita uma solução ruinosa para o estado, péssima para a qualidade de vida em Lisboa e que apenas servia os interesses da concessionária. A responsabilidade de eventuais consequências será daqueles que precipitadamente decidiram.

Antes de Lisboa ter uma estratégia portuária, é o país que precisa de identificar que papel quer ter neste contexto.

O anúncio da anulação do concurso para a construção da nova travessia do Tejo é outra boa notícia.

Talvez noutro contexto e com outros protagonistas, possamos evitar um erro colossal para a qualidade de vida da cidade de Lisboa e para o desenvolvimento equilibrado da área metropolitana de Lisboa.

Talvez, quando forem outros que não aqueles cujo negócio é a alta velocidade a decidirem, as opções sejam equilibradas, sem a necessidade de despejar mais de 40.000 carros por dia no centro de Lisboa, talvez se perceba que existe alternativa que serve a população do Barreiro sem pôr em causa a cidade de Lisboa.

Talvez um dia (ainda a tempo) se compreenda que a ligação rodoviária na área metropolitana de Lisboa em falta é primordialmente o fecho da ligação entre Algés e a Trafaria.

Talvez se aposte na modernização do transporte ferroviário de mercadorias, vital para Portugal ter uma actividade portuária concorrencial que nos ligue à Europa e não só a Espanha.

A alta velocidade também é importante. Sim. Mas de forma racional. Já agora, que haja coragem para não fazer depender o traçado e a profusão de paragens das pressões locais e dos favores partidários.

Quando não há bom senso, só a penúria nos salva de más decisões. Esta é, infelizmente, a razão que, para já, salva o país de um conjunto de erros.


texto publicado no "Jornal de Lisboa"

4 comentários:

  1. totalmente de acordo com o que escreveu este senhor.

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  2. Talvez este fosse um bom artigo se o autor apresentasse mais substância em vez de se ficar pelos talvezes...

    A ideia de que faz sentido económicamente um navio atracar em Sines e depois enviar as mercadorias por via ferroviária para a Europa em vez de atracar em Bordeus, Roterdão ou Hamburgo precisa de muita justificação. Talvez o autor pudesse escrever outro artigo a explicar isso...

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  3. Um artigo deste tipo torna-se difícil de ler pela falta de coerência ao longo do texto.

    É referido que a ligação Lisboa-Barreiro não faz falta, apesar de se sonhar com ela há mais de 150 anos, fazendo sim falta a Algés-Trafaria para fechar a rede rodoviária.
    Por outro lado, assumindo que não há ponte, refere-se ainda que o que faz falta é potenciar o caminho de ferro...

    Hum... ou sofre de falta de memória ou então desconhece que o caminho de ferro precisa de infraestruturas para circular. E não são as rodoviárias da ponte Trafaria-Algés.

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  4. Subscrevo, Filipe.

    Secalhar um comboio navegador ou voador é que era!!!

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