In Público (29/6/2010)
Por Patrícia de Oliveira
«Abate de árvores, demolição de estufas e destruição de troços da cerca pombalina são alguns dos problemas apontados pela Liga dos Amigos do Jardim Botânico ao plano de pormenor do Parque Mayer.
Apesar de reconhecer a urgente necessidade de intervir neste espaço, o movimento cívico considera o plano "muito nefasto" e critica a prevista "demolição de infra-estruturas vitais a um jardim botânico". "A estufa de exibição daria lugar a uma galeria comercial", exemplifica, condenando o desaparecimento de herbários, laboratórios e oficinas de carpintaria.
A construção de um novo edifício de entrada no jardim, no alinhamento do final da Rua Castilho, ocupando e impermeabilizando "a totalidade da actual área dos viveiros", é também repudiada por esta associação. Tal como a proposta do plano de passar as estufas para cima deste edifício. Quanto à ideia de criar um percurso para peões ligando a Rua da Escola Politécnica à Rua do Salitre e ao Parque Mayer, "implicaria a destruição de largos sectores da cerca pombalina e retiraria áreas de colecção viva". O trecho inicial deste percurso "subtrairia um corredor de jardim, com espécies internacionalmente protegidas, apenas para dar acesso a uma galeria comercial".
Alvo dos reparos da Liga dos Amigos do Jardim é ainda o estacionamento subterrâneo previsto para o subsolo do jardim, em toda a área da entrada sul: "Esta intervenção pesada, com abertura de caves, implicaria o abate de várias árvores da colecção viva. Compromete, também, a viabilidade de espécimes devido à limitação de desenvolvimento de raízes".
Por fim, a associação alerta para o perigo de aumentar a altura dos prédios que cercam o jardim, o que criaria "um efeito de muro em quase todo o seu perímetro". Resultado: "A circulação de ar ficaria impossibilitada e a temperatura do interior do jardim aumentaria significativamente." Muitas espécies não resistiriam a um recinto não só mais quente como mais seco.
"A verificarem-se estas alterações, o actual contributo do Jardim Botânico na amenização do clima de Lisboa, assim como a sua contribuição para o sequestro de carbono e partículas poluentes ficariam gravemente comprometidos", avisa a liga.
Segundo informações do gabinete do vereador do Urbanismo da Câmara de Lisboa, Manuel Salgado, as objecções dos Amigos do Jardim Botânico foram reencaminhadas para os arquitectos que têm o projecto em mãos, do atelier Aires Mateus. Ontem este arquitecto não conheciam ainda o teor destas críticas.»
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Convenhamos que a imagem final do projecto (foto abaixo) diz bem do nível de construção que será uma realidade se este PP for avante tal como está - parece mais um "Plano de Urbanização dos Logradouros da Alegria e do Salitre"-, aliás sem ter tido em conta os contributos/críticas remetidos à CML aquando do período legal de discussão públicas (i.e., participação pública para inglês ver), e que da nossa parte foram estas; pelo que o futuro ali passa por construir betão "amigo do ambiente", ou seja, edifícios com coberturas em relva.
As fotos não são elucidativas.
ResponderEliminarEsperemos que tenham atenção à escala dos edificios.
Procurar introduzir numa malha interior de um quarteirão uma escala demasiadamente comprida (na horizontal) pode desiquilibrar todo o conjunto.
Esperemos que os arquitectos tenham sensibilidade necessária, para reconstruir e renovar.
Mamarachos e mono como o do Largo do Rato podem ser muito negativos.
As fotos não NADA são elucidativas.
ResponderEliminarO chão do Parque Mayer fica muito abaixo do nível do jardim botâncio e os edificos a construir aí sobem só até esse nível, portanto não há nenhum "muro" a envolver o jardim.
santa cegueira! não percebe que não é só uma questão de superficial de muros mais altos ou mais baixos?
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