In Diário de Notícias (21/12/2010)
por INÊS BANHA
«O projecto do polémico edifício para o Largo do Rato, em Lisboa, vai a votação amanhã, pela terceira vez, na reunião da Câmara Municipal de Lisboa (CML). A aprovação poderá levar o promotor imobiliário da obra a desistir da acção judicial que interpusera após a autarquia ter chumbado o pedido de licenciamento do imóvel.
O edifício é da autoria dos arquitectos Frederico Valsassina e Manuel Aires Mateus e tem provocado muita polémica, desde que foi aprovado, em 2005, pela CML. Na altura, o projecto foi aprovado sem ser discutido em reunião de câmara, já que a então vereadora do Urbanismo, Eduarda Napoleão, tinha uma prerrogativa que o permitia.
No entanto, a 30 de Julho de 2008, o pedido de licenciamento da obra, localizado no gaveto formado pela Rua do Salitre, a Rua de Alexandre Herculano e o Largo do Rato, foi chumbado pela CML, com onze votos contra e seis a favor. Na base da decisão terá estado o impacto visual do imóvel, bem como a exigência de um plano de pormenor para a zona em questão.
O chumbo voltou a acontecer em Novembro do mesmo ano, levando a promotora imobiliária do projecto, a Aldiniz, a interpor uma acção judicial contra os onze vereadores que votaram contra, exigindo uma indemnização de aproximadamente 18 milhões de euros. Em causa estariam direitos adquiridos que não poderiam ser revogados.
Agora, com o regresso do processo à estaca zero, o requerente da acção judicial admite desistir da mesma em tribunal, caso a proposta seja aprovada pelo executivo camarário. Esta terceira votação deve-se ao facto de, nas vezes anteriores, a decisão tomada em reunião de câmara não ter sido comunicada ao requerente do processo, sendo, por isso, anulada.
O projecto que amanhã vai ser votado contempla algumas modificações relativamente à proposta anterior, nomeadamente a redução do número de caves e de lugares de estacionamento previstos e da cércea do edifício em cerca de meio metro. Também as fachadas foram redesenhadas, embora mantenham os materiais inicialmente propostos (lioz e vidro).
Foram igualmente alteradas as cotas de pisos e pés-direitos e apresentadas novas soluções relativas à promoção da acessibilidade e outras relacionadas com as tipologias e número de fogos.»
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Ei-lo, ao Mono do Rato em todo o seu esplendor, espelho de uma cidade em autofagia permanente, mas que apesar disso continua deprimente. A ver vamos o que este caso ainda irá dar. A mim, pessoalmente, tudo isto me mete nojo.
Pois, mete nojo tudo isto e também mete a coacção exercida sobre os senhores vereadores; ou aprovam ou levam com um processo??? Mas que raio de estado de direito é este? E que raio de senhores vereadores serão aqueles que, perante esta inconsequente ameaça, que já todos percebemos tratar-se de um mal cheiroso bluf, se agacham e humilham, dizendo ámen?
ResponderEliminarTodo este processo revela estupidez.
ResponderEliminarÉ totalmente absurdo que um promotor imponha o seu edificio à cidade.
Revela estupidez do promotor porque teima em fazer um projecto desde 2004 que provocou a ira dos cidadãos.
Revela estupidez dos autores em insistirem, ofendidos no seu hipotetico acto criativo,revelador de vaidade e egocentrismo.
Estupidez de quem aprova pois sem entenderam os impactos negativos que um projecto com este impacto revela, o precedente que provoca, de aos poucos se estar a consumir a zona historica o nosso patrimonio. Mas também revelador da ignorância dos governantes numa ânsia de quererem ser modernaços.
É de facto uma autofagia, não chega os mamarrachos já construídos para verificar que estes têm impactos negativos na cidade.
Leva a pensar que se tivéssemos sofrido com a guerra como muitas cidades sofreram se calhar tinhamos outra atitude.
Andará já alguém a fazer contas para financiamento do próximo acto eleitoral???
ResponderEliminarOu ainda pior que isso???...
...estamos num país onde a CORRUPÇÃO marca demaiado o território...
Lisboa faz a diferença pelo seu património urbano.
Mas querem acabar com todo esse património... e depois dizem querer mais valias do turismo; e que querem rentabilidade na economia nacional...
AFINAL, A ÚNICA ECONOMIA QUE FAZEM É A DOS PRÓPRIOS BOLSOS, DOS BOLSOS DOS AMIGOS, OU DO SACO DO PARTIDO...
Esta obra nova, sem qualquer carácter de reabilitação ou integração no espaço urbano em que se insere, O LARGO DO RATO, é um escândalo mundial.
Pois é anónimo das 12:08....
ResponderEliminarSe umas bombitas lá para 1943 tivessem destruído algumas partes de Lisboa, hoje os cuidados com a cidade histórica eram outros. A autodestruição do património edificado é um atestado a quem nos governa....e esta história no Rato é mais um vómito na democracia.
Fazer cidade assim? É isto que os "mestres escola" das faculdades, ensinam aos seus discípulos?
ResponderEliminarE ensinam também que, antes de voltarem á carga com intervenções deste carisma, se deve dar uma entrevistazeca, com ar cândido e carinha de bébé chorão, em revista da especialidade (côr de rosa), fazendo a apologia da vida casta e dedicada á arquitectura? Preparar o terreno?
Estes senhores só pensam no seu umbigo; nos seus proveitos e dividendos. Querem marcar a cidade com as suas obras, como os cães marcam o território com urina.
Num Largo de confluência de várias artérias, sobrecarregadas de trânsito, põem a carroça á frente dos bois; constroem um "mono" destes, antes de pensarem no espaço e na sua requalificação.
Alinham a cércea pelo edifício que mais lhes convém; não de acordo com a pendente da rua nem em relação a toda a cércea envolvente do Largo:
Esmagam a escala do Largo do Rato.
Nisto, como em tudo na vida, deve ser-se como a mulher de César; não basta ser sério, é preciso parecê-lo e, neste caso, nem parece, nem é!
Este Largo, depois desta intervenção, vai dar uma fantástica "Mono"grafia...
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