22/01/2011

Vamos deixar que o Estado mate Miguel Bombarda?

Miguel Bombarda, no Hospital de São José, antes da operação para a extracção das quatro balas disparadas por um doente seu, tenente Aparício Rebelo, que acabaram por o vitimar. Miguel Bombarda foi um dos principais mentores da revolução republicana. Nascido em 1851, viria a falecer no dia 3 de Outubro de 1910, apenas a dois dias da implantação da República. Não deixa de ser uma triste ironia que o Governo da República tenha encerrado esta histórica unidade hospitalar, e de modo bastante irresponsável, no ano do centenário da República.

Esta fotografia de Joshua Benoliel é bem simbólica da situação em que o Estado colocou o conjunto patrimonial do Hospital Miguel Bombarda. Primeiro vende o conjunto como se fosse apenas mais um terreno para urbanização. Agora está fechado e sem garantias de que o rico património será salvaguardado para as futuras gerações. E agora? Cabe aos cidadãos, debater, reflectir, e decidir o futuro. Afinal, estamos perante coisa pública, bens móveis e imóveis de valor nacional indiscutível. Até quando será o Estado autista, ignorando os apelos dos cidadãos?

Que esta seja a casa do Museu de Pintura de Doentes e das Neurociências e que se transfira para aqui os Arquivos Municipais de Lisboa! Estes dois equipamentos, tão necessários a Lisboa e ao país, constituiriam um polo cultural que dinamizaria toda a Colina de Santana - muito mais que qualquer hermético condomínio de luxo com os seus túneis e parqueamentos obesessivos.

Foto: Arquivo Fotográfico Municipal

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