14/02/2011

Livro revela segredos de Monsanto e sugere caminhos para desvendar biodiversidade

In Público (14/2/2011)
Por Inês Boaventura


«A Câmara de Lisboa lança hoje um guia para aproximar os cidadãos do pulmão da capital, dando a conhecer a sua história e as espécies que o habitam

Nove propostas para uma visita
Parque desde 1934

Estacione o automóvel e venha conhecer a pé ou de bicicleta os segredos escondidos nos bosques de Monsanto, incluindo a grande diversidade de espécies animais e vegetais que povoam o parque florestal. Esta é a proposta da Câmara de Lisboa, que hoje lança um guia dedicado ao pulmão da cidade.

Ao longo de quase 170 páginas, este guia, que se segue a outro editado em 2009 sobre os parques, jardins e geomonumentos de Lisboa, dá a conhecer a história de Monsanto, a sua geomorfologia, clima e hidrologia, bem como a evolução da vegetação. Especial destaque têm também a flora, a fauna e os fungos existentes neste parque florestal, criado em 1934.

Segundo o vereador do Ambiente e Espaços Verdes da Câmara de Lisboa, José Sá Fernandes, o objectivo fundamental do guia é promover "uma aproximação" dos cidadãos a este "património absolutamente extraordinário". Nesse sentido, esta publicação inclui um mapa que assinala os locais de referência, os caminhos de terra e ciclovias, as zonas de merendas, parques infantis, circuitos de manutenção, miradouros e equipamentos de restauração.

Nos capítulos consagrados à fauna e à flora não faltam fotografias e ilustrações que, como diz Sá Fernandes, permitirão a quem se aventurar por Monsanto usar esta informação para procurar e identificar as espécies com que se for cruzando. Seja de árvores, de arbustos ou subarbustos, de orquídeas, de aves, de mamíferos, répteis e anfíbios ou de cogumelos.

Menos 200 hectares

A coordenação editorial da obra é de David Travassos, que na introdução lembra que séculos de intensa ocupação agrícola tornaram a serra de Monsanto numa "paisagem praticamente despida de árvores". Uma realidade que, lembra o investigador auxiliar do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, se alterou com a campanha de arborização iniciada em 1938, que permitiu criar o "mosaico de bosques contínuos com uma grande diversidade de espécies" que ainda conhecemos.

Essa arborização, recorda-se no guia, "não foi tarefa fácil". No capítu- lo consagrado à história do parque flo- restal explica-se a esse respeito que "o trabalho, quase todo manual, recorreu a mão-de-obra variada, desde trabalhadores rurais a soldados e prisioneiros do Forte de Monsanto".

Neste guia, David Travassos menciona ainda algumas das "dentadas" que o parque florestal sofreu, "sobretudo com a implantação de alguns bairros residenciais". Já o vereador Sá Fernandes sublinha que "as grandes dentadas foram há muito tempo" e garante que "o risco" de novas am- putações "não existe". Em 2009, quan- do o Governo determinou a suspensão do Plano Director Municipal para permitir a implantação de uma subestação eléctrica, a Associação dos Amigos e Utilizadores de Monsanto fez as contas e chegou à conclusão que já se tinham perdido cerca de 200 hectares da sua área inicial. Entre outras obras devido à construção da A5, da CRIL, da Radial de Benfica e do Pólo Universitário da Ajuda.»

...

Uma boa iniciativa, sem dúvida. Apenas 2 perguntas:

1. Por que razão, como alguém já disse, se publica o guia no Dia dos Namorados (por mais namorados que namorem em Monsanto) e não no Dia da Árvore (21 de Marco) ou no Dia da Água (22 de Marco)?
2. Será que o Guia diz o que se preparam para fazer na envolvente do antigo Restaurante Panorâmico?

1 comentário:

  1. Perguntas pertinentes as do Paulo.É sem dúvida uma boa iniciativa, de aplaudir, mas é realmente curioso que este guia seja lançado no dia dos namorados e não no mês que vem.Talvez porque a vertente do ambiente não seja a que verdadeiramente interesse quando se fala de Monsanto.
    O lançamento deste guia e a marcação de um percurso são importantes mas mais importante seria a defesa efectiva do parque.As dentadas fazem parte do passado? Infelizmente não.Este departamento apoiou entusiasticamente muito recentemente uma dentada de 5 mil metros quadrados e o abate de mais de 500 árvores para a sub-estação da REN, sem estudo de impacte ambiental ou alternativas.Como se pode falar com tanto despudor.O hospital de S. Francisco Xavier continua a fazer das suas.Para a zona do Panorâmico de Monsanto afiguram-se projectos sombrios que só não estão mais adiantados e não foi dada mais uma dentada devido à oposição e atenção da Plataforma por Monsanto.O trânsito continua por regular com constante excesso de velocidade , falta de passadeiras e sinalização etc.Continuam projectos como o DeltaTejo e o campo de tiro, que saía mas que afinal não sai, continua ilegalmente a funcionar.
    Guias e marcações de percursos são de louvar mas temo que funcionem mais como markting do que verdadeiramente com elementos efectivos para a preservação do parque.
    Quanto ao guia em si reservo uma opinião para quando o vir.

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