02/02/2011

Obra abre fissuras em prédio classificado

In Jornal de Notícias (2/2/2011)
Telma Roque

«O prédio pombalino onde nasceu o pintor Carlos Botelho, situado na Avenida da Liberdade, em Lisboa, está a ficar com dezenas de fissuras na fachada e no interior dos apartamentos. Os moradores dizem que as fendas começaram com uma obra num imóvel contíguo.

Há um descontentamento crescente entre os números 63 e 67 da Avenida da Liberdade. As paredes brancas e lisas do prédio pombalino, que sofreu obras profundas nos últimos três anos, ostentam agora muitas dezenas de fissuras, algumas delas muito profundas, assim como infiltrações.

Antonieta Nascimento, que gere uma das lojas situadas no rés-do-chão, até anotou num pequeno caderno a data em que as fendas começaram a aparecer em catadupa. Foi no dia 2 de Julho do ano passado. Desde então, "a situação só tem piorado", garantiu, acrescentando que o agravamento de deveu ao facto de terem sido iniciadas, ao lado, escavações com recurso a máquinas que causaram um ruído ensurdecedor e abalaram a estrutura do prédio.

A empreitada que está a inquietar os moradores do imóvel da Avenida da Liberdade decorre num prédio contíguo com entrada pela Rua da Conceição da Glória, que será a ser reabilitado e convertido em edifício de escritórios e retalho. O Grupo Libertas, que é o promotor imobiliário, espera concluir a obra em Agosto e garante que irá reparar os prejuízos.

Quem vive no prédio da Avenida espera e desespera pela prometida solução. No terceiro andar esquerdo, além de infiltrações e de fendas no apartamento, também a pedra de uma das varandas ganhou uma fissura em todo o comprimento.

No primeiro andar, ocupado por uma galeria de arte, as preocupações são acrescidas pelo facto de ser uma casa aberta ao público. "Como é que posso passar uma boa imagem? Esta situação é uma barbaridade e é incompatível com uma casa aberta ao público. Eu tenho exposições calendarizadas. Como é que vai ser", questiona Maria de Lurdes Ferreira, proprietária da galeria de arte.»

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