In Público (12/9/2011)
Por Inês Boaventura
«Salgado diz que a decisão da assembleia municipal pode pôr em causa um investimento de 38 milhões
A Assembleia Municipal de Lisboa rejeitou, ontem, o Plano de Pormenor do Aterro da Boavista Nascente. A oposição acusou Manuel Salgado, vicepresidente e vereador do Urbanismo, de tentar chantagear os deputados e de estar "ajoelhado perante o capital".
Salgado (PS) afirma que o chumbo pode comprometer um investimento de 38 milhões de euros na construção da nova sede da EDP.
A altura excessiva dos edifícios previstos para a área entre a Rua da Boavista e a Avenida 24 de Julho – numa extensão de 7,45 hectares –, a construção no subsolo numa zona de aterro e a alegada falta de equipamentos foram as críticas mais recorrentes. Houve também deputados a lamentarem a fraca aposta na preservação da memória industrial do local. Abundaram ainda as vozes de protesto por o plano nada dizer sobre a disponibilização de fogos a custos acessíveis.
Diogo Moura, do CDS, Ricardo Robles, do BE, e Modesto Navarro, do PCP, alertaram para o facto de este plano de pormenor poder levar a uma descaracterização da zona da Boavista. Já o deputado independente Filipe Lopes disse, exaltado, que se recusava a aprovar um documento "que não dê garantias de que as pessoas não morram se houver um maremoto".
Manuel Salgado refutou todas as críticas, defendendo, aliás, que este "é um excelente plano". Quanto à possibilidade de um maremoto afectar as novas construções previstas para a área deste plano de pormenor, o vere
ador reconheceu que esse risco existe mas garantiu que estão a ser tomadas medidas. "Estamos a desenvolver um programa de alerta de tsunami em conjunto com a Protecção Civil. Entre sensores e mecanismos de alerta custa cerca de 400 mil euros. Já dissemos à EDP que tem de ser uma das entidades a participar no custo."
O mesmo responsável avisou que a empresa estava disposta a adjudicar a construção da sua nova sede, projectada pelos irmãos Aires Mateus para a zona da Boavista Nascente, "no dia 15". "Tenho de criar condições para este vultuosíssimo investimento num momento em que a cidade está parada", afirmou Salgado, sublinhando que um chumbo do plano podia colocar essa intenção em risco.
Em reacção João Bau, do Bloco de Esquerda, acusou o vereador do Urbanismo de chantagem e o social-democrata António Prôa foi mais longe e disse que o vereador estava "ajoelhado perante o capital". Manuel Salgado recusou as sugestões de adiamento da proposta e forçou a votação. O resultado foi o chumbo em bloco, com os votos de todos os partidos, excepto do PS e dois deputados independentes.»
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A curiosidade é ver que a sede da EDP avança à revelia da decisão da AML. Que tristeza de país.
É preciso coragem para recusar este plano. Não podemos esquecer que o edificio já está a ser construido.
ResponderEliminarCoragem!