23/01/2012

Histórica Livraria Portugal vai encerrar


A Livraria Portugal, a funcionar há sete décadas na Rua do Carmo, no Chiado, em Lisboa, vai encerrar devido à quebra nas vendas, revelou um dos sócios, António Machado. A histórica livraria, que faria 71 anos em Maio, chegou a ter 50 funcionários, restando hoje cerca de uma dezena.
A livraria é propriedade da Dias & Andrade Lda, que deverá ceder o espaço a outro negócio dentro de dois meses. António Machado, que trabalha na Livraria Portugal há 40 anos, afirmou que a situação começou a tornar-se "insustentável com as grandes alterações no mercado livreiro, a quebra das vendas e a insuficiência de meios para pagar as despesas".
"Os livros vendem-se hoje em todo o lado: nas grandes superfícies, na Internet, nos correios, a preços e com condições que não podemos acompanhar", referiu o livreiro, citado pela Lusa. Dado o agravamento da situação económica, e após os maus resultados nas vendas durante o período do Natal, os sócios decidiram há poucos dias, em reunião da assembleia geral, ceder o espaço a outra empresa.
A Livraria Portugal é uma livraria generalista, que vende desde romances e livros técnicos a dicionários. Com dois pisos no centro histórico de Lisboa, o espaço foi frequentado por escritores portugueses de renome como Fernando Namora, Aquilino Ribeiro e Jaime Cortesão.
"O que me dói mais é que contactámos livreiros para tentar deixar este espaço a quem continue no mesmo negócio, mas nenhum se mostrou interessado", lamentou António Machado.
Os funcionários serão indemnizados, mas a empresa não irá ser dissolvida, mantendo em sua posse o nome registado de Livraria Portugal.
In Público
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"O que me dói mais é que contactámos livreiros para tentar deixar este espaço a quem continue no mesmo negócio, mas nenhum se mostrou interessado", lamentou António Machado.
Mais um caso preocupante ...
Escrevia eu ontem aqui mesmo :
"O Chiado está em transformação determinada por ciclos económicos e sociológicos …Outrora Zona Chic de Comércio de Alta Qualidade e de Identidade Local em dialéctica permanente com sinergias Literárias e Culturais … Zona de Cafés e Clubes … de Tertúlias e compras Bon Chic Bon Genre … está agora a substituir esta Identidade Centenária por um novo ciclo comercial conduzido por cadeias internacionais dispostas a pagar quantias altíssimas por alugueres.
São as “leis do mercado”dirão muitos … e é verdade que a dinâmica financeira da Oferta-Procura-Oferta determina as transformações …
No entanto, em todas as Cidades Europeias existem Zonas onde estão situados estabelecimentos de valor Patrimonial-Arquitectónico insubstituível, e que precisamente, no seu conjunto, garantem e contribuem para o Carácter e Identidade - Prestigio que definem a Zona e o seu Valor Comercial."
Ora … é aqui que entra como factor determinante o conceito de uma Visão Estratégica, aquilo que se chama Internacionalmente , Urbanismo Comercial.
Não se trata de substituir ou apropriar-se das sinergias comerciais … mas, de estratégicamente aconselhar, estimular pedagógicamente, acompanhar com verdadeiro interesse , ao mesmo tempo que se garante e salvaguarda o Património de interiores e exteriores de importantes e insubstituíveis estabelecimentos Históricos."
António Sérgio Rosa de Carvalho.

7 comentários:

  1. Pois é....mas a livraria também fecha porque, nós consumidores, preferimos comprar livros uns metros nais acima no mesmo lado da rua.

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  2. Ao contrário da Baixa, cujo estado afugenta qualquer um, ao Chiado ainda vou de vez em quando.

    Todavia, deslocar-me lá para deparar com todas as mesmas cadeias de lojas que noutro lado qualquer torna a ida desinteressante.

    Mas também é verdade que passei a ir uns metros mais acima (à FNAC, passe a publicidade, muito mais acolhedora e com maior variedade de escolha e bancos para poder folhear).

    Enfim, muito difícil a solução para estas lojas tradicionais nos tempos que correm.

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  3. Até na FNAC é raro eu comprar livros, pois as publicações internacionais leio na língua original, compradas online na Amazon muitas vezes a um terço do preço.

    Estas livrarias tradicionais têm que saber adaptar-se ao presente, oferecendo mais que livros, sendo também espaços culturais, com produtos diferenciadores, espaços de leitura, de café, etc. É pena terem que fechar, mas é a realidade.

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  4. se temos de atribuir culpas é sempre aos consumidores.a fnac acabou com as livrarias e lojas de discos que haviam porque as pessoas optaram por ir a essa plataforma.

    mas tambem o chiado nunca foi das partes mais interessantes de lisboa. nunca tive dinheiro para entrar na maioria daquelas lojas...

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  5. Pois é... mas esta livraria também é um simbolo de imobilismo. Sempre igual, sem fazer nenhum esforço para se adaptar aos tempos em que existe. Poucas vezes lá fui. Simplesmente porque era um sítio desagradável.

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  6. Verdade seja dita que a Portugal de agora está a anos-luz da Portugália do antigamente. Em termos de espaço, vale pelo 1º andar. Que venha algo de que Lisboa se orgulhe, e não mais bugigangas e afins, esses são os meus votos. A Lello, mais abaixo deve estar tb com os dias contados. Lá mais acima, a Sá da Costa vive tb dias de angústia, e talvez volte a ser o que era antes de o ser: um café. Vamos ver.

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  7. Estas livrarias deixaram-se ultrapassar. Serviço antipático, pouco interesse pelo cliente, até pouca vontade de colocar ao serviço do cliente os conhecimentos que têm e que poderia ser uma mais valia em relação aos ignorantes que trabalham na Fnac e que apenas servem para ver no computador se "a porra" do livro existe em stock. Mas a verdade é que a diversidade atrai. Ainda gosto de ir à Bertrand do Chiado, mas também é melhor não precisar dos empregados. Quanto a estas e outras idênticas como a Buckholz, o final é sempre o mesmo, porque apesar de antigas ainda não perceberam que existem para servir o cliente e não para receber clientes que não chateiem.

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