A assim chamada “Reabilitação Urbana” na Baixa continua …
Na Rua Ivens, com conhecida “receita” BES permitida e apoiada pelo Vereador do Urbanismo, com total betonização ( reparar no pormenor de cornija e mansardas) , destruição de ‘gaiola’ e interiores, num fachadismo triunfante, que ilustra bem a burla e o cinismo quando se continua a afirmar que, com este tipo de intervenções, se mantém a intenção de candidatar a Baixa a Património Mundial …
À Unidade de Projecto foi-lhe neutralizado o seu carácter Local-especializado e as vistorias são cada vez menores ou inexistentes …
Vale a pena ler esta parcela de texto, onde o antigo e saudoso N.E.P. descrevia a essência da sua actividade … entretanto o núcleo residente /consultivo do PDM vai também desaparecer … Pudera ... se eram estes orgãos que em resultado das suas vistorias,se 'atravessavam' e procuravam salvaguardar através dos seus pareceres, as características Históricas e Patrimoniais …
( … )"Por isso, para cada processo em análise é feita uma
visita pormenorizada ao edifício para avaliar o seu
estado de conservação, as alterações a que foi sujeito,
o seu valor patrimonial intrínseco e identificar os elementos decorativos existentes – azulejos, estuques,
pinturas, mobiliário (no caso de estabelecimentos
comerciais). Dá-se também particular atenção ao
enquadramento urbano, para que se possa avaliar o
impacto das alterações exteriores no próprio imóvel
e sua inserção na respectiva frente de rua
. Pela parte do NEP, e tendo como fundamento teó-
rico os princípios emanados das cartas, recomenda-
ções e convenções internacionais sobre a salvaguarda do património arquitectónico e arqueológico
houve a preocupação em definir critérios de intervenção muito rigorosos e equitativos, mas adaptados
a cada situação particular, para evitar uma eventual
dualidade de critérios na apreciação dos processos.
Para o NEP, são pontos fundamentais para garantir a qualidade das intervenções na área da Baixa:
● integridade estrutural dos edifícios, incluindo
o sistema de estacarias que os suporta e os
pilares e abóbadas dos pisos térreos;
● manutenção na íntegra dos núcleos de escadas,
dos átrios de entrada e dos saguões;
● respeito pela compartimentação original dos
fogos, com possibilidade de pequenas alterações para melhoria das condições de habitabilidade;
● manutenção in situ dos azulejos das escadas e
dos espaços de habitação, assim como de
outros elementos decorativos existentes;
● preservação das chaminés das cozinhas, assim
como de pavimentos, tectos de saia e camisa ou
de masseira, portas, aduelas, portadas e rodapés;
● reposição, sempre que possível, da métrica
pombalina nas fachadas, ao nível do piso térreo;
● integridade morfológica das coberturas,
excepto em casos de descaracterização ou
existência de dissonâncias;
● ampliações apenas em casos excepcionais;
● cuidados especiais ao nível dos acabamentos
exteriores, nomeadamente caixilharias – desenho e material –, tipo de reboco, tipo de telha
e paleta cromática;
● reposição dos logradouros com demolição de
construções precárias, por forma a melhorar a
salubridade e qualidade ambiental dos interiores de quarteirão."
A gestão urbanística e a salvaguarda do património. A Baixa Pombalina –
tendências e práticas
Hélia Silva
Rita Mégre
in ‘Baixa Pombalina: Bases para uma intervenção de salvaguarda’, pags 165-179,CML, 2005.
Entretanto, em frente, na Rua Ivens, outro edifício aguarda a mesma sorte …. E tudo leva a crer … a mesma ‘receita’.
Ou ainda no largo de S. Carlos …
Na Rua dos Correeiros … total betonização e destruição de ‘gaiola’ e interiores, progressivamente e sistemáticamente ... num fachadismo triunfante.
Recordo-me dos pareceres prévios que foram feitos antes da última grande borrada na Av. da Republica, demonstrando que existe gente muito competente na área da conservação e restauro de imóveis. Infelizmente....o poder de decisão está noutras mãos
ResponderEliminarlogo a 1ª fotografia está cheia de logotipos de empresas pertencentes a um grupo financeiro. Coincidência ?
ResponderEliminarEngraçado como vai tudo parar às relações de Manuel Salgado? Quando não é o BES, neste caso atelier Daciano Costa sócio de Manuel Salgado....
ResponderEliminarmantenho o que defendo para a Baixa. Um projecto a três dimensões, nomeadamente a possibilidade de :
ResponderEliminar1. Recuperação destinada ao segmento Médio/Alto, prevendo a inclusão de zona para estacionamento;
2. Recuperação destinada ao segmento Médio/baixo, sem previsão de zona de estacionamento, e com máximo respeito pelas caracteristicas dos edificios;
3. Recuperação destinada ao mercado de arrendamento, com máximo respeito pelas caracteristicas dos edifícios, e com a criação de um tribunal especialmente destinado a gerir os processos da área em causa.
Só assim se conseguirá revitalizar o parque imobiliário da Baixa. Já repararam que não há uma única iniciativa imobiliária no local ? Os últimos que tentaram foram espanhóis, na Rua da Prata, e correu tão mal, que desistiram e retiraram-se de Portugal.