Vimos dar-lhe conta do nosso protesto pela remoção há poucos dias dos elementos que ainda restavam do valioso interior da outrora Padaria Taboense, sita na Rua D.Pedro V, nº 79-83, onde agora funcionava uma galeria de arte e que doravante terá outro inquilino; lamentando que não tenham sido tidas em conta na obra de alterações as "boas práticas" a nível da adaptação inteligente de espaços com memória e tradição aos novos mercados, de que até em Lisboa há já bons exemplos.
Lamentamos que tanto a Eastbank, empresa proprietária do espaço e a que V. Exa. preside, como o novo inquilino revelem esta falta de sensibilidade, tendo escolhido apagar a memória da nossa cidade. Não compreendemos como uma empresa que se esforça por transmitir a ideia de "heritage friendly", tenha descartado a responsabilidade de exigir ao novo inquilino as boas práticas de gestão do seu/nosso património de interiores.
Recodamos que este processo já tinha começado no dia 4 de Fevereiro de 2007, altura em que a CML foi alertada para obras no interior da antiga padaria, durante as quais o belo revestimento de pedra lioz trabalhada do interior estava a ser parcialmente destruido - já o antigo balcão de pedra lioz não sobreviveu, tendo desaparecido nessa data.
No dia 23 de Abril de 2007 a Unidade de Projecto do Bairro Alto e Bica respondeu a informar o seguinte:
«1- O representante da entidade proprietária da fracção em referência, esclareceu ter sido efectuada a limpeza dos entulhos existentes a tardoz na fracção, não pretendendo proceder à execução de novos trabalhos a curto/ médio prazo.
2- Inserindo-se o presente imóvel no tecido consolidado do Bairro Alto, conjunto em vias de classificação desde despacho de 2004/12/29, qualquer alteração a ser executada carecerá de licenciamento pelo IPPAR e pela CML.»
Algum tempo depois o espaço reabriu como galeria de arte tendo sido possível confirmar as destruições descritas em cima. Esta galeria de arte encerrou as suas portas em 2011.
No dia 29 de Fevereiro de 2012, passados 5 anos desde a primeira campanha de destruição do espaço, foi por nós verificado in loco a destruição final desta notável padaria Romântica do início do séc. XX: o revestimento interior em cantaria de lioz trabalhada foi removido e a parede e vão que dividia o espaço de venda ao público do espaço de fabrico/fornos foram demolidos na íntegra. Lisboa perdeu mais um interior original e de grande qualidade.
De referir que o imóvel faz parte da Carta Municipal do Património e é parte integrante do conjunto "Em Vias de Classificação" do Bairro Alto.
Com os melhores cumprimentos
Fernando Jorge, Virgílio Marques, Júlio Amorim, Bernardo Ferreira de Carvalho, Luís Marques da Silva, António Araújo, António Sérgio Rosa de Carvalho, José Morais Arnaud, José Soares, João Filipe Guerreiro, Jorge Pinto, João Oliveira Leonardo
Cc. CML, AML, Media.
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