10/01/2013

Visitas à "âncora" do Terreiro do Paço estão muito aquém do previsto.




Visitas à "âncora" do Terreiro do Paço estão muito aquém do previsto
Por Inês Boaventura in Público

Inaugurado em Setembro de 2012, o Lisboa Story Centre teve cerca de 150 visitantes diários até ao fim de Dezembro, contra os 830 previstos. A Associação Turismo de Lisboa baixou agora o preço dos bilhetes


A expectativa anunciada era de que por lá passassem 300 mil pessoas por ano, 25 mil por mês, 830 por dia - mas o Lisboa Story Centre, apresentado pelo presidente da câmara como a "âncora" para atrair turistas ao Terreiro do Paço, teve apenas 150 visitantes por dia em quase quatro meses de funcionamento. Com a esperança de "gerar mais fluxos", a Associação Turismo de Lisboa (ATL) baixou o preço das entradas, reduzindo ao mesmo tempo as suas previsões de visitantes.
Ao contrário dos 300 mil iniciais, a ATL prevê que o centro de interpretação dedicado à história de Lisboa seja visitado em 2013 por 180 mil pessoas (15 mil por mês), 30% das quais estrangeiras. Estes números foram adiantados ao PÚBLICO pela directora executiva da ATL, Paula Oliveira, numa resposta escrita onde não há qualquer referência aos 300 mil visitantes anuais estimados em Setembro do ano passado, quando o Lisboa Story Centre foi aberto. Entre 11 de Setembro e 31 de Dezembro, de acordo com a mesma fonte, o equipamento, situado na ala nascente do Terreiro do Paço, recebeu "17 mil pessoas". Apesar de o PÚBLICO ter solicitado esses dados, a directora da ATL não revelou quantos foram os bilhetes vendidos a adultos, a seniores ou estudantes, a crianças e a famílias, mencionando apenas aquele número.
Desde o início deste mês, o custo das entradas no Lisboa Story Centre sofreu uma redução significativa: o bilhete de adulto desceu de nove para sete euros, o de sénior e estudante de sete para cinco euros, o de criança de cinco para três euros e o de família (dois adultos e duas crianças) de 25 para 18 euros. Questionada sobre o porquê do novo tarifário, e sobre se tinha havido queixas relativas aos preços, Paula Oliveira respondeu que a decisão foi tomada "tendo em conta a situação económica nacional e internacional".
A directora executiva da ATL acrescentou que se pretende também "facilitar" a ida de escolas ao centro de interpretação, dado que "o equipamento é também bastante vocacionado para visitas escolares", admitindo ainda que "obviamente o valor mais reduzido será mais atractivo, podendo gerar mais fluxos".
Ao fim da manhã da passada segunda-feira, o Lisboa Story Centre estava praticamente vazio. Além das funcionárias que deambulavam pelos seus dois andares, e das que prestavam serviço na recepção, eram apenas duas as pessoas que lá se encontravam.
Vindos da Irlanda, mas nascidos na Roménia, Tiberiu Coroliuc e a sua mulher descobriram o centro de interpretação recentemente inaugurado num guia da cidade e decidiram que visitá-lo seria uma boa forma de "perceber como é Lisboa". Depois de uma hora a percorrer o piso térreo, onde pôde fazer uma viagem de vários séculos pela história da capital portuguesa, o casal elegeu como locais a visitar a Torre de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos e a Igreja e Mosteiro de São Vicente de Fora.
Questionado sobre o preço do bilhete, o fotógrafo romeno considerou que sete euros "é um valor muito bom para tanta interactividade". Menos entusiasmada estava a sua mulher, que optou por se deitar a descansar nos assentos disponíveis no segundo piso enquanto Tiberiu Coroliuc despendia largos minutos a observar um ecrã no qual se pode seleccionar acontecimentos marcantes da vida de Lisboa e conhecê-los através de desenhos ou fotografias.
A poucos dias de se assinalarem quatro meses desde que o Lisboa Story Centre abriu as portas, o olisipógrafo José Sarmento Matos, que foi o consultor histórico do projecto, diz que tem tido "um feedback altamente positivo". "Têm-me dito que fazia falta, que as pessoas não sabem nada da história da cidade", afirma, concluindo que "tem havido uma óptima receptividade". Quanto à descida do preço dos bilhetes, o olisipógrafo aplaude a medida, argumentando que "estamos numa época complicada".
José Sarmento Matos admite que "com o passar do tempo" venha a ser necessário introduzir "pequenas correcções ou retoques" nos conteúdos do centro de interpretação. Já a directora executiva da ATL afirma que "não se pode considerar o Lisboa Story Centre um projecto acabado". "Aliás, nunca o será, porque haverá sempre a preocupação de melhorar conteúdos e renovar experiências e exposições", conclui Paula Oliveira.
O equipamento custou três milhões de euros, dos quais 975 mil foram financiados pelo Turismo de Portugal e o restante pela ATL - a associação de interesse público que explora o espaço e é financiada, sobretudo, pela Câmara de Lisboa.

4 comentários:

  1. Mais um elefante branco, como estava bom de prever.

    Frequentador dos Museus de Lisboa, não tenciono, no entanto, por ali os pés. Interactividades da treta decididamente não me levam lá.


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  2. Mesmo 7 euros parece-me um preço demasiado elevado tendo em conta o rendimentos dos portugueses! Acredito que poucas pessoas trocarão o preço de um almoço por uma visita; por outro lado, depois de uma família lá deixar 20 euros provavelmente já não poderão fazer consumos no comércio local! grande âncora.....

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  3. Este local tem interesse, especialmente o filme sobre o terramoto, simplesmente o preço dos bilhetes é muito caro, 7 euros é um pouco exagerado...

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  4. 7 euros é caro para o tuga para quem "interactividades da treta não interessam". Já não é caro para jogar todas as semanas no euromilhões, ir almoçar fora ou levar o carrinho para tudo o que é sítio. Metam uma coisa na cabeça, os preços no terreiro do paço são para turistas com maior poder de compra, e é bom que assim seja. Metessem lá um quiosque com cerveja a 50 cêntimos, iam ver a fauna que lá se concentrava.

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