28/02/2013

LISBOA, Capital do Azulejo? PISAL? SOS AZULEJO!







Rua da Palma nº 288: um "exemplo" de como Lisboa trata do seu património azulejar, a 50 metros do novo gabinete do Senhor Presidente da CML... Imaginemos agora o que se passa a 500m ou 5000m de distância do Sr. Presidente da Câmara.

Imagens de Marca - Lisboa/Portugal (continuação)



Na sequência do programa Imagens de Marca – Travel Brands emitido pela SIC e que me levou a começar esta série de artigos, podemos perceber que o que faz da marca “França” uma das mais importantes e poderosas no mundo é uma conjugação de tradição, qualidade e rigor da sua oferta. E a tradição, qualidade e rigor espelha-se claramente na capital Paris, a Cidade-Luz, fazendo desta cidade uma anfitriã de milhões de turistas anuais.
Bem sei que Paris é praticamente inigualável na sua arquitetura e na forma como esta foi usada para transmitir filosofias e ideologias no passado, mas ainda hoje usada como forma de prestígio pelos seus habitantes - quem tem história tem prestígio, e é respeitado… e recebe mais valias desse prestígio.
Sem que as suas artérias tivessem sido mantidas arquitetonicamente coesas, mesmo as mais simples com as casas mais humildes, onde o Barão de Haussmann não pôs o seu lápis reformador, não teríamos uma cidade como Paris que, como um todo, é uma jóia.
Sim, claro que houve projetos contemporâneos que criaram celeuma e extremaram posições – a Pirâmide do Louvre, a Ópera da Bastilha, o Centro Pompidou, a Biblioteca Nacional, mas nenhuma destas obras ofusca a verdade de que Paris é uma cidade de sonho.
E Lisboa? Desde a década de 60 que as ânsias modernizadoras levaram à subtração de edifícios de maior ou de menor importância (o Hotel Aviz, por exemplo); já que a ação modernizadora não chegava às mentalidades, teve especial expressão na arquitetura. Artérias arquitetonicamente coesas, como a Avenida Pascoal de Melo ou a Duque de Loulé, viram paulatinamente desaparecer imóveis e nascer outros de maior porte, e perderam, irremediavelmente a estrutura burguesa romântica que as distinguiam. Vieram os anos 70, os 80 e finalmente os 90 e o “caterpiler” não descansou. Entra-se num novo século, numa nova década mas os “velhos vícios” mantêm-se. Hoje Lisboa não conta com uma rua integralmente preservada, nem no “santo dos santos” que é a Baixa Pombalina. E o saldo, isto é, com que cidade ficamos depois dos nossos representantes camarários permitirem aos promotores imobiliários e simplesmente aos proprietários de exercerem o seu livre arbítrio sobre o património imaterial e material de todos?

Este edifício na Avenida João Crisóstomo apresenta-se como um bom exemplo de inserção em envolvente consolidada mas uma observação atenta percebe que é uma amálgama de referências desestruturadas que engana o olho mais distraído, mas mesmo só esse. E lá está a linda esplanada com mobiliário de plástico.
Também na Av. João Crisóstomo, este tipo de arquitetura lembra o que se constrói nas zonas de expansão urbana. É completamente indigno para estar numa avenida desta importância
Na Rua Sousa Martins vemos esta peça ao lado de dois exemplos elegantes de arquitetura do séc. XIX. Más companhias...
Esta Caixa de Betão e Vidro fica no gaveto da Avenida João Crisóstomo. O que estaria lá antes?


É nos subúrbios? Não, é na Rua Sousa Martins, ao lado da Praça Duque de Saldanha

 Que estilos têm? Valha-nos Sousa Martins que são na rua com o seu nome!


O estilo inconfundível de Tomás Taveira já foi inovador (?), já criou espanto, agora é mais do mesmo. Na Praça Duque de Saldanha. Antes estavam edifícios per si não expressivos, mas essenciais para um todo (ou o que resta de um todo porque ou dois centros comerciais lá estão a "canibalizar" tudo à sua volta.

Este edifício é matéria de estudo - estou a falar de estudo para a antropologia e não arquitetura, ja que para esta última é pouco mais do que lixo. Esta preciosidade cobriu um palacete que se encontra agora por baixo, esmagado.
Av. 5 de Outubro.


Também na Avenida 5 de Outubro, uma das mais sacrificadas da cidade. O ónus visual que impõe neste gaveto advém do fato de ser uma peça medíocre de arquitetura. Não tem uma ponta de imaginação e do ponto de vista do diálogo com a envolvente é um desatre.
Que me desculpem aqueles que vivem em alguns deste prédios mas se serve de algum consolo, estes vossos "lares" são somente um pequeno (mau) cheiro do panorama arquitetonico e urbanístico de Lisboa.

Parabéns, S.O.S. AZULEJO! 5 Anos em defesa do Património Azulejar


Exmos. Senhores


No dia em que o projecto S.O.S. AZULEJO celebra 5 anos de existência, o Fórum Cidadania Lx não podia deixar de vos dar os parabéns pelo trabalho desenvolvido em defesa do nosso património azulejar.

Como sabemos, ainda há muito a fazer para que a sociedade portuguesa esteja preparada para, técnica e culturalmente, saber como salvaguardar, cuidar e apreciar o Azulejo.

Nesta data simbólica escolhemos, de entre os inúmeros atentados ao azulejo que observamos diariamente por toda a capital, um caso paradigmático dos desafios que temos pela frente:

Na RUA DA PALMA, nº 288, foram aplicados, com parafusos, 3 grandes painéis publicitários sobre a fachada de azulejo do prédio (registado na Carta Municipal do Património anexa ao PDM). Os referidos reclames foram, certamente, colocados sem licença da CML, como já vai sendo habitual. O facto deste tipo de situação ainda ocorrer, em pleno centro da capital - e apenas a 50 metros do Gabinete do Sr. Presidente da Câmara Municipal - é prova mais do que suficiente da desconsideração por que passa este tipo de património. Esperamos que este nosso alerta contribua para a reposição da legalidade e a redução dos danos patrimoniais já causados a estes azulejos.

Fazemos votos de continuação do bom trabalho em defesa desta forma de arte tão intimamente ligada à identidade cultural de Portugal, e de Lisboa em particular.

Com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Fernando Jorge, Bernardo Ferreira de Carvalho, João Mineiro, Luís Marques da Silva, Virgílio Marques, Júlio Amorim, Ana Alves de Sousa, Nuno Caiado

CC: CML, AML, PISAL, DGPC

Manuel Salgado desmente carta que ele próprio assinou



A carta assinada por Salgado não deixa dúvidas sobre o caso

In Público (28/2/2013)
Inês Boaventura

«Notícia do PÚBLICO foi ontem desmentida pelo autarca, mas Salgado pediu mesmo o nome dos sindicalizados da EPUL


O vice-presidente da Câmara de Lisboa negou ontem, em sessão pública de câmara, ter solicitado à Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL) a identificação dos trabalhadores sindicalizados e o nome dos sindicatos a que pertencem, acrescentando que tal informação “é completamente irrelevante”. A carta em que o pedido foi feito àquela empresa municipal, datada de 17 de Janeiro de 2013, não deixa, porém, quaisquer dúvidas de que Manuel Salgado é o seu autor e que foi ele quem a assinou. Conforme o PÚBLICO ontem noticiou, a Comissão Nacional de Protecção de Dados, a pedido da administração da EPUL, emitiu um parecer sobre aquele pedido, concluindo que a lei “prescreve uma proibição geral” do tratamento de elementos relativos à fi liação sindical, elementos esses que são considerados “dados sensíveis”. Na reunião camarária de ontem, Salgado foi questionado sobre o assunto por Victor Gonçalves (PSD) e Helena Roseta (Cidadãos por Lisboa), tendo esta última classificado o pedido de identificação como “completamente ilegal”. “Isso não se pediu”, reagiu Manuel Salgado, garantindo que tinha apenas perguntado quais as estruturas representativas dos trabalhadores, para que estas fossem contactadas a propósito da “internalização” dos funcionários da EPUL, que vai ser extinta, na autarquia. Mas na carta, a que o PÚBLICO teve acesso, o vice-presidente da câmara pede explicitamente a “identificação dos trabalhadores sindicalizados e em que sindicato”. ...»

Uma Lisboa assim....


Rua Dr. João de Barros
 
..simples, tratada, fachadas de origem !

Imagens de Marca - Lisboa/Portugal (continuação)

Tinha-me ficado, no meu último artigo (aqui), pela análise da trindade árvores/fontes/esplanadas e quão importante é em dias de calor mas mais importante ainda numa cidade com história, visitada por milhares de turistas, e que se quer amiga e atrativa para quem aqui vive ou espera viver.
E se sobre os temas árvores e fontes muito pouco de bom se pode constatar, resta-nos a última parte da equação, na esperança que aqui sejamos um exemplo.
É este o panorama geral das esplanadas da cidade, ainda que as fotografias sejam meramente indicativas porque a realidade é bastante mais...pitoresca!

No Largo do Conde Barão as espalanadas são, em tudo, condizentes com o edificado: decrépitas. Esta zona, com exemplos únicos de arquitetura pombalina, industrial e comercial, a decrepitude espalha-se por todo o lado... e o potencial de ser um bairro exemplar e chique é enorme, nas mãos de outro povo.

Estas malogradas esplanadas eram somente indescritíveis; aqueles toldos, aqueles sofás e até o porco a rodar no espeto tinham um quê de surreal, com a Praça de Touros por trás. E a julgar pelos protestos quando foram desmanteladas havia quem as achasse dignas. Coisas...

Quando estas estilosas cadeiras não estão a ser usadas ficam empilhadas assim na via pública. E no entanto a localização poderia fazer deste espaço um dos mais concorridos da zona. Dá Deus nozes...

No Largo do Carmo alguns bancos públicos estão a atrapalhar o normal funcionamento das esplanadas. Isto prova que Portugal não é amigo das empresas.

Diretamente saídas do catálogo 2012/13 Esplanadas de Áreas de Alimentação de Centros Comerciais. Mas como são versáteis e o público parece não saber a diferença, também podem ser usadas no mais importante espaço público do país.

O vermelho é uma cor ótima para esplanadas. Passa com uma enorme quantidade de marcas patrocinadoras de mobiliário de esplanadas. Brrr! Arrepiei-me!
Sendo verdade que nos últimos tempos têm surgido esplanadas de qualidade por todas a cidade, principalmente em terraços de hotéis, o fato é que o panorama é bastante mau. Mesmo as novas esplanadas da Avenida da Liberdade estão transformadas em pequenas feiras com música alta e luz neon. A da Praça Camões causa uma grave problema de limpeza na praça.

Mas como deveria ser? Vamos ver como fazem lá por Atenas, o tal país que é muito pior que nós:
Os gregos têm esplanadas em qualquer espaço, por mínimo que seja, nem que seja uma mesa e duas cadeiras. Mas não vejo mobiliário de plástico e com publicidade

Esta é uma daquelas esplanadas que se pode ver por qualquer lado na cidade. Esta, sem importância nenhuma e numa área de escritórios, é limpa e ordenada.

Na zona da Plaka, uma espécie de Alfama, encontram-se muitos espaços como este. Quanto ao estacionamento das motas, acreditem que nem lá eles estacionam como em Lisboa, apesar das aparências.
Não podia deixar de fazer referência a outra cidade, porventura a mais verde da Europa: Berlim.
Raramente uma rua, por mais inexpressiva que seja, não tem uma fileira de árvores, frondosas e antigas. E aquelas infindáveis ruas residenciais estão cobertas de esplanadas agradabilíssimas. Se têm problemas com o barulho? Sim, têm, mas gerem-no com avisos pendurados, avisos verbais e pedidos educados para abandonarem o espaço. É um prazer, verdadeiro, percorrer essas ruas à noite. As esplanadas estão onde devem estar: onde vive gente, onde gente.

Continua...

Câmara queria que EPUL identificasse os trabalhadores sindicalizados



A maior parte do pessoal da EPUL trabalha na sede da empresa (na foto). Manuel Salgado queria saber quais eram os sindicalizados NUNO FERREIRA SANTOS

In Público (27/2/2013)
Por Inês Boaventura

«A Comissão Nacional de Protecção de Dados pronunciou-se contra o pedido de Manuel Salgado, que se seguiu a outros feitos pelo então presidente da empresa Gebalis, que entretanto transitou para a EPUL

O vice-presidente da Câmara de Lisboa solicitou à anterior administração da Empresa Pública de Urbanização de Lisboa (EPUL) que lhe fornecesse um conjunto de informações sobre os trabalhadores desta empresa municipal, incluindo a identificação daqueles que fazem parte das suas estruturas representativas e dos que estão sindicalizados.

A Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) pronunciou-se contra o pedido, sublinhando que estão em causa “dados sensíveis” e que não se encontram preenchidas as “garantias de não discriminação” sem as quais a proibição de tratamento desse tipo de dados não pode ser objecto de excepção.O pedido de informações de Manuel Salgado não foi no entanto o único, nem sequer o primeiro, a chegar à EPUL. Em Novembro e em Dezembro de 2012 também Luís Natal Marques, que na altura era presidente do conselho de administração da Gebalis (uma outra empresa da Câmara de Lisboa) e que em Fevereiro deste ano renunciou àquele cargo sendo então nomeado presidente da EPUL, tinha feito dois pedidos de conteúdo semelhante.

No primeiro pedido, Luís Natal Marques solicitava que lhe fosse remetida informação “quanto à existência de estruturas representativas de trabalhadores (comissão de trabalhadores, comissão sindical ou delegados sindicais)”, e que lhe fosse dada a “indicação das pessoas que fazem parte das mesmas” e a “identificação dos trabalhadores sindicalizados e em que sindicatos”. O então presidente da Gebalis queria também que lhe fossem enviados os contratos estabelecidos com alguns trabalhadores e um esclarecimento sobre a antiguidade de um outro.

Num segundo pedido, segundo a deliberação da CNPD, Natal Marques — que em 2001 foi subdirector-geral das Autarquias Locais por nomeação do então ministro José Sócrates e antes fora vereador em Torres Vedras — dizia que não lhe interessava tanto apurar o nome de quem é sindicalizado, mas se existem trabalhadores sindicalizados. Depois disso foi a vez de Manuel Salgado solicitar vários elementos, incluindo mais uma vez o nome dos sindicalizados e dos que faziam parte das estruturas representativas dos trabalhadores, os contratos de três pessoas ao serviço da EPUL e a nota biográfica, nota cadastral, curriculum pormenorizado e portfólio dos funcionários da empresa municipal.

Luís Augusto Sequeira, então presidente do conselho de administração da EPUL (que apresentou a sua demissão em Janeiro deste ano depois de ter sido anunciada e aprovada pela câmara a extinção da empresa), não só não respondeu a Salgado e a Natal Marques como solicitou à CNPD que se pronunciasse, por ter dúvidas sobre a conformidade do pedido com o regime jurídico da protecção de dados.

Numa deliberação datada de 19 de Fevereiro, a CNPD afirma que “os dados relativos à filiação sindical são expressamente considerados dados sensíveis, nos termos do n.º 1 do artigo 7.º da LPD [Lei de Protecção de Dados Pessoais], que prescreve uma proibição geral do seu tratamento, tal como imposto pela Constituição da República Portuguesa”. Esta entidade sublinha que nem a Gebalis nem a Câmara de Lisboa indicam “os motivos e os fi ns para que querem aceder aos dados pessoais dos trabalhadores”. No caso da Gebalis, a CNPD destaca que, “sendo uma pessoa colectiva distinta sem qualquer relação jurídica com a EPUL, não se encontra qualquer fundamento legal que permita tal acesso”. Confrontada com esta situação, Helena Roseta (que tutela Gebalis) considerou que solicitar a identifi - cação dos trabalhadores sindicalizados “é completamente contra o direito das pessoas”. “É evidente que é informação privada que não pode ser relevada”, diz a vereadora, acrescentando que os pedidos de Manuel Salgado e Luís Natal Marques “só poderão ser um lapso por desconhecimento da lei”. Já Vítor Reis, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa, diz que tudo isto “é um abuso”. “Repudiamos veementemente. Eles não têm o direito de fazer estas perguntas”, salienta. “Alguns serviços da Câmara já nos têm perguntado quantos associados temos e nós não dizemos nada”, acrescenta. Pela Comissão de Trabalhadores da EPUL, Fernando Salgueiro diz que foi informado desta situação pelo anterior conselho de administração e acrescenta que se esse órgão não tivesse recorrido à CNPD teria sido a comissão a fazê-lo. Manuel Salgado e Natal Marques não responderam às perguntas do PÚBLICO sobre este assunto


Administração da empresa dividida
A vogal da administração da EPUL diz que está em causa uma violação da lei e condena a atitude do vice-presidente da câmara. “Admito que Luís Natal Marques não estivesse dentro destes assuntos, mas estranho que o vereador Manuel Salgado tenha reiterado o seu pedido. Está num cargo público e tinha obrigação de saber que esses dados não se pedem”, critica Margarida Saavedra. “Espero que a situação nunca mais se repita”, diz a arquitecta, que já foi vereadora pelo PSD, referindo que é sindicalizada.»

Três jardins que a EDP devia ter feito em Lisboa ainda estão no papel



Jardim da Quinta do Zé Pinto, inaugurado em Dezembro, foi o único que avançou, mas ainda está em obrasO jardim previsto aqui, na Ajuda, é um dos três que estão na gaveta Miguel Manso

In Público Online (26/2/2013)
Por José António Cerejo «Empresa não dá explicações, mas a câmara assume a responsabilidade do atraso. Dos quatro jardins que tinham abertura prevista para o Verão passado, só um está quase feito. Os outros ainda estão só no projecto

Lisboa podia ter mais quatro jardins abertos ao público, dois desde Julho de 2012 e outros dois desde Setembro desse ano. Para isso, o município não teria gasto um cêntimo, bastar-lhe-ia ter cumprido a sua parte no protocolo que celebrou com a EDP em Julho de 2011. Mas não, a câmara reconhece que não cumpriu. E dos espaços verdes projectados para Marvila, Alto da Ajuda, Alto de São João e Palhavã, só este último, na Quinta do Zé Pinto, ultrapassou a fase de projecto e está perto da conclusão.

A obrigação de a EDP criar estes quatro jardins, com um custo total de 1,7 milhões de euros, resulta da negociação efectuada entre a empresa e o município com vista à construção de outras tantas subestações eléctricas. De acordo com o protocolo celebrado, a autarquia vendia-lhe os terrenos para as subestações (no total de 8478m2), por dois milhões de euros, e a empresa encarregava-se, "num quadro de responsabilidade social", de "executar os trabalhos de enquadramento urbanístico e integração paisagística das áreas envolventes e/ou de influência" das suas futuras instalações. ...»

26/02/2013

Mais uma pergunta acerca do «Centro de Artes da EDP»:


A CML pode aprovar um projecto (falo deste novo, o tal que é igual ao primeiro mas...) sem o parecer vinculativo formal da DGPC? Ou seja, se esse parecer vier, mesmo que positivo, após esta aprovação recente da CML não tornará esta última ilegal? Só perguntei.

Rua da Prata

Janelas abertas para a destruição!

Quem pode impedir?

Imagens de Marca - Lisboa/Portugal (continuação)



Sendo Lisboa uma cidade com enorme exposição solar e embora não assolada pelas temperaturas escaldantes que se fazem sentir em cidades do sul de Espanha, por exemplo, temos ainda assim daqueles dias onde andar na rua é uma prova de resistência física ao calor. É nessas alturas que a trindade árvores/fontes/esplanadas fica acima na nossa lista de prioridades e só pensamos onde ir para desfrutar uma bebida fresca numa esplanada acomodada numa zona arborizada.
As árvores
Já se denunciou aqui neste espaço qual é a relação que os lisboetas têm com as suas árvores, que enviam para os serviços da CML pedidos de abate de árvores porque, espante-se, sujam a rua, fazem alergia, tiram-lhes o sol das janelas. E a CML faz-lhes a vontade porque afinal árvores são objetos a julgar como são tratadas – vide o processo de intervenção no Jardim do Príncipe Real, no Campo Grande, jardim na placa central na Praça de Londres, e…
É claro que os cidadãos que enviam tais pedidos negligenciam o fato de que o que suja as ruas é o lixo que deixam por lá, os contentores que ficam os dias inteiros na rua e depois são revirados por sem-abrigo, as centenas de caixotes que as lojas deixam à porta em vez de se fazer uma recolha personalizada e onde nunca se ocupasse o espaço público e os dejetos dos seus cães que não são apanhados segundo as regras de boa conduta. E já todos leram aqui o que tem acontecido com as árvores plantadas no Bairro Azul, mortas por ácidos por moradores porque sujam os carros!
Quanto à luz, ajuda bastante abrir as persianas durante o dia; nunca percebi como é possível que a maioria das janelas desta cidade têm as persianas corridas durante todo o dia, de inverno a verão mas, por outro lado, a exposição solar é um argumento quando se compra uma casa o que leva à situação bizarra de se pagar mais por uma casa com exposição solar que depois se combate com as persianas corridas o dia inteiro. Alguém compreende?
Quanto às alergias, esse fator deveria ter sido ponderado quando as pessoas decidiram mudar-se para determinada artéria.
Não hajam ilusões: Lisboa não é uma cidade verde!
Fontes, fontanários e lagos
Alguns exemplos que não espelham nem 1% da situação:

O Chafariz do Intendente. Datado de 1824, é encimado pelas armas do Reino Unido Portugal e Brasil, um momento muito fugaz da história comum dos dois países. Está seco e é um banco para pessoas desocupadas.

Fontanário do Largo Agostinho da Silva. Seco, arruinado.

As mais importantes fontes da cidade: os deuses aqui representados sofrem de uma doença de pele terrível que nem eles conseguem curar.

Chafariz de Dentro - Alfama. Um chafarz desta importância não passa agora de uma "chafarica", sendo que a chave para aceder ao interior é guardada por um senhor que mora acolá, e ...

O Chafariz d'el Rey, que remonta ao rei D. Dinis é uma peça escultórica e arquitetónica de altíssima qualidade, conferindo-lhe uma aura italianizante de extremo valor patrimonial. A sua conservação envergonha-nos.


 Como deveria ser?

Fontana dela Chiesa Nuova, em Roma

Fontana di Piazza Colonna, Roma


Fontana del Nettuno, Roma

 Estas fontes, como aliás todas nesta cidade, estão funcionais e estão conservadas.
Como é que vamos educar os nossos cidadãos e políticos a ter este grau de exigência e sensibilidade?

Continua...

Fechado por falta de pagar a luz...



Incrível, o Londres está fechado por não pagar a conta da electricidade! http://expresso.sapo.pt/cinemas-encerrados-por-falta-de-pagamento-da-luz=f789521


Foto: blog choose a royal

MyNeighborhood. A vizinhança de proximidade está de regresso à Mouraria


In I Online (26/2/2013)
Por Catarina Falcão

«Projecto para criar Facebook local arrancou ontem, com mais três cidades europeias, e investimento de 5 milhões de euros

Quatro cidades europeias querem provar que a tecnologia não é sinónimo de isolamento e para isso estão apostadas em criar uma nova rede social para aproximar bairros e tornar vizinhos em amigos.

O projecto MyNeiborhood – co-financiado pela Comissão Europeia – vai investir 5 milhões de euros para aproximar as pessoas através das novas tecnologias, criando redes de suporte locais para combater os problemas das grandes cidades. Da solidão à poluição, passando pelo de-senvolvimento sustentável, a aposta do programa é ajudar os cidadãos a construir a sua cidade em conjunto.

O MyNeighborhood – idealizado e coordenado pela empresa portuguesa Alfamicro – quer, através da utilização das novas tecnologias, reconstruir as relações de proximidade que existiam nas vizinhanças de antigamente, primeiro no mundo virtual, trazendo numa fase posterior os laços criados entre vizinhos para o mundo real: de algo tão simples como ir de férias e não ter a quem deixar o animal de estimação a ajudar um idoso que já não consegue ir às compras, este projecto vai criar plataformas online nas cidades – algo que se assemelhará a um Facebook de bairro – que não só resolva através da internet a situação embaraçosa de já não se dizer “olá” ao vizinho do lado, mas também permita sinalizar idosos doentes ou pessoas desaparecidas....»

25/02/2013

Imagem de Marca - Lisboa/Portugal

Acabado de assistir ao programa "Imagens de Marca - Travel Brands", produzido e emitido pela SIC Notícias tenho de confessar o amargo de boca que me deixou o programa mas que, na realidade, não é um sentimento novidade para mim. Acontece sempre que passo uns dias por fora e regresso a Lisboa, cheio de saudades, porventura. Quando chego, depressa sou relembrado do que têm sido as últimas décadas de urbanismo e conservação do património, ainda que nunca me esqueça, verdadeiramente.
O amargo de boca não veio, garanto-vos, por algo que estivesse a "trincar" enquanto via o programa. Vejam o programa (aqui) e perceberão o que quero dizer. Mas caso não, deixo aqui algumas considerações com ilustrações.
Quando estamos a preparar-nos para mais umas eleições autárquicas e vamos, garantidamente, ouvir falar sobre o urbanismo e as suas óbvias soluções, o trânsito e as suas óbvias soluções, a preservação do património e as suas óbvias soluções, o tratamentos dos resíduos sólidos e a limpeza e as suas óbvias soluções, assalta-me a pergunta: porque é que os efeitos dessas soluções não são óbviamente sentidas? Não poderá ser uma questão de partidos porque nos últimos trinta anos todos os partidos, da direita à esquerda, tiveram responsabilidades governativas na edilidade da capital.
Ficam, então, alguns exemplos daquilo que têm sido as opções dos responsáveis políticos, técnicos ou somente dos cidadãos que acham, numa grande maioria, totalmente aceitável o estado das coisas - ou nem sequer vêem o que aqui, neste espaço, tanto se denuncia.

 A Praça do Comércio é a mais importante praça de Portugal, pela sua grandeza, qualidade arquitetónica e significado histórico. Depois da mais recente intervenção que sofreu, tão criticada por pessoas com total autoridade na área do património e história da arte, esta iconográfica praça é hoje uma amálgama de história, preservação e de inovação pouco criteriosa e muito, muito autista.

As colunas de iluminação clássicas (e lindíssimas) foram retiradas e substituidas por estas "coisas", no batido e nefasto movimento de misturar elementos modernos em envolventes antigas. Já outros lá fora não fazem isto, aqui andamos cheios de orgulho a mostrar o "design made in portugal". Aqueles"toldos" nas arcadas são do pior gosto possível, num estilo centro comercial assumido.
 
As esplanadas desta praça estão longe de ser elegantes, parecem antes uma tentiva de parecerem elegantes mas sem deixar de agradar ao gosto dos "balcãs" que a generalidade da população portuguesa demonstra ter. O "gelado" é a cereja em cima... do gelado!
Mas se pensam que o "modelito" aqui aplicado foi um devaneio solitário de quem não tem capacidade demonstrada para intervir em locais históricos mas que, com o título de arquiteto pensa que está habilitado para o fazer - como diz a minha avó, a ignorância é muito atrevida - desengane-se:

No Largo do Intendente repete-se o autismo de quem desenhou esta praça sem planos de alguma vez lá pôr os pés. Muita pedra, bancos que não convidam ao uso - mas são design - e candeeiros periscópio. Porventura esta não será uma praça com um nome de um homem que viveu no século XVIII, e com edificado que vai desde a idade média ao século XIX? Procurem saber o que se tem feito das praças românticas por esse país. O panorâma é assustador.
O que podia ter-se feito? Respondam vocês depois de ver algumas imagens que guardei para vós.

Praça de São Marcos, em Veneza. As colunas são clássicas, o pavimento é clássico. Não é de estranhar porquê: a praça é clássica!

Mesas e cadeiras simples mas ordenadas.

Os toldos das arcadas imprimem e sublinham um toque de elegância, embora discretos.


Place Vendome, em Paris
 
A Praça Vendome durante o Natal.
 Continua...