Esta é talvez uma das mais feias fachadas de Lisboa. Não só pela fachada em si mas pelo seu local de implantação: o centro histórico da cidade.
Era difícil de acreditar que naquele local, depois de ter sido permitida a construção de dois dos mais paradigmáticos exemplares do que não fazer no centro histórico de uma cidade europeia - os dois centros comerciais do Martim Moniz - (na verdade, o que não fazer em lado algum), tenha sido permitido que o acrescento ao Hotel Mundial tenha sido este.
Aliás, basta olhar para o lado e ver o exemplo das residências EPUL (não falando na sua atribulada construção), que têm uma integração quase perfeita no casco urbano.
Muitas vezes defendemos a demolição destas excrescências urbanas mas haverá que admitir que não são soluções exequíveis na maior parte dos casos. E existem outras soluções, como a mudança/refrescamento de fachadas, pela substituição do seu revestimento por algo mais condigno.
Aproveitaria para falar na impensável substituição do Teatro Monumental pelo atual centro comercial – talvez o maior crime urbanístico desta cidade – mas o facto de se tratar de uma zona mais recente não lhe atribui o carácter mais urgente de uma construção no centro histórico.
Aliás, Lisboa tem visto vários exemplos, em que o refrescamento de edifícios produz bons resultados, sobretudo nas Avenidas Novas e bairros adjacentes, em que edifícios de escritórios têm sido convertidos em edifícios de habitação, com claras melhorias em termos de enquadramento urbano. Ou o exemplo da sede do BIC, em S. Sebastião, em que o revestimento em mármore (que me fazia lembrar uma campa de cemitério – Mais ou menos a fachada do El Corte Ingles) está a ser agora substituído por pedra semelhante a pedra lioz, melhorando consideravelmente o aspeto do edifício e, consequentemente, a sua integração urbana e a sua “durabilidade” enquanto marco ou património da cidade.
Não se trata de uma questão menor. A existência deste tipo de edifícios, sobretudo em pleno centro histórico e que pretende ser património mundial muda significativamente a percepção de habitantes e turistas sobre a própria cidade.
No caso do Martim Moniz, não fosse a recente dinâmica multicultural, que deve ser preservada e apoiada, e seria impossível passar naquela praça sem se achar que estamos no pior dos subúrbios de Lisboa.
Olhando para cima, vendo a proximidade do Hotel Mundial e daqueles dois centros comerciais, com aquele aspecto, relativamente ao Castelo, duvidamos que tal tenha sido possível no centro histórico de uma cidade Europeia.
Por outro lado, tendo o recente plano de intervenção da Colina de Santa feito considerações deste tipo sobre edifícios nesta localização e tendo até alargado o seu raio de ação à Praça Martim Moniz, custa a creditar que esta questão não tenha sido sequer levantada.
A autarquia pode e deve evitar estes erros e intervir no licenciamento dos edifícios mas também após construção dos mesmos.
Julgo que são se trata apenas uma questão estética mas de uma questão fundamental de construção e preservação da cidade, ao nível físico e mental de quem a habita e visita e também para a (re)qualificação do espaço público. Esta não passa apenas pelo arranjo de passeios ou plantação de árvores.
Estas questões não são um principal factor mas são determinantes na hora de escolha de fixação de habitantes, atividades comerciais ou inclusão em roteiros turísticos e culturais.
Concordo com tudo o que foi escrito neste post
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