23/11/2015

Bairros históricos de LISBOA: apenas para entretenimento e consumo do Turista?




Neste espaço existiu até há poucas semanas uma das mais belas lojas de antiguidades da zona da Sé de Lisboa. Mas tal como outros estabelecimentos do género também este acabou por encerrar. A mudança drástica dos números, e do perfil, do turismo que nos visita assim parece obrigar. Agora é o turismo de massas que manda - e a cidade se ajoelha oferecendo tudo o que houver de mais barato, reles, pobre e vulgar. No eixo que vai do Largo de Santo António da Sé, Rua de Augusto Rosa e o Limoeiro, uma a uma as lojas de velharias e antiguidades colapsam face à pressão agressiva do novo turismo. Mas neste eixo fecharam também, nos últimos anos, uma padaria e uma farmácia - estabelecimentos essenciais para os moradores da zona. Actualmente já existem 18 lojas de souvenir e afins entre a Sé de Lisboa e o miradouro de Santa Luzia! Este tipo de turismo, que Lisboa acolhe de braços abertos e olhos fechados, tem levado à abertura descontrolada de lojas que servem exclusivamente a necessidade do souvenir ou da cerveja barata. Nenhuma outra ambição para além disso. A forma como monopolizam os pisos térreos é claramente nefasta para a saúde de qualquer bairro. Paralelamente, também os pisos superiores vão sendo subtraídos para serviço do Turismo: não há semana em que não apareça no mercado mais um apartamento «AL» - numa verdadeira epidemia de alojamento local. É cada vez mais difícil encontrar uma casa para alugar nos bairros históricos centrais - apenas para nós claro, porque para o "turista" há cada vez mais oferta, escolha! Os preços das casas sobem velozmente expulsando progressivamente cada vez mais moradores para as periferias. A CML, em vez de actuar, tem contribuído para a aceleração deste fenómeno com a venda em hasta pública dos seus imóveis - porque a grande maioria deles acaba metamorfoseado em mais «AL», «Hostel» ou «Hotel»! O que está pois a nascer nesta colina da Sé/Castelo e Alfama? Um bairro reduzido ao entretenimento e consumo do turista? E assim se vai matando a fábrica física e social dos bairros históricos de Lisboa. Até quando a inércia da CML face a este problema crescente? 
Fotos: Rua de Augusto Rosa 1 a 3

3 comentários:

  1. O que está a acontecer é exatamente o contrário daquilo que o autor do post descreve, sem prejuízo de concordar em alguns pontos e nalguma escala. No que não concordo é na afirmação de que os "AL", "Hostels" ou "Hóteis" estão a matar os bairros históricos. Veja-se como era Alfama À 10 anos atrás e veja-se agora. Um bairro renovado e com vida. Seria desejável que o bairro tivesse maior quantidade de moradores em vez de turistas? Seria. Mas sem os turistas e sem os AL's" o que teríamos em Alfama e noutros bairros de Lisboa, seria uma cidade morta, cristalizada, à espera que os velhos morram, e com um ímpeto renovador que não se aproximaria daquele que existe agora. As escolhas práticas acabam sempre por conduzir às melhores soluções e não às soluções ideais.

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  2. Ainda não mudaram o nome do blog para "até quando?!", que desilusão.A Rua Augusto Rosa era um ermo de vida e gente onde era perigoso andar à noite. Da minha parte prefiro ver gente na rua. Essa loja de antiguidades não tinha negócio, e isso não é derivado a morar pouca gente na zona.

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  3. Ainda não existia praticamente turismo já tava tudo abandonado, as pessoas não foram expulsas para a periferia, as pessoas escolheram a periferia. Obviamente que os hoteis e lojas tiveram e têm a vida facilitada, estava tudo devoluto. Quantas pessoas moravam no centro historico nos anos noventa e quantas moram hoje sabe-me dizer sabe dizer? Parabéns aos comentários anteriores.

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