Antigo cinema Paris vai ser demolido
Doze anos depois de Santana Lopes ter tentado mandar abaixo o antigo cinema Paris, na Rua Domingos Sequeira, em Campo de Ourique – decisão que, em 2003, foi suspensa pelo então autarca -, a única solução agora encontrada para o edifício passa, novamente, pela sua demolição, uma vez que o imóvel “infelizmente, já não é recuperável”. Está assim também afastada a possibilidade de uma tomada de posse administrativa da sala por parte da Câmara Municipal de Lisboa.
“Temos de constatar o evidente e não nos podemos agarrar àquilo que, infelizmente, já não é possível, nesta altura: a recuperação do cinema Paris. Estamos convictos de que, rapidamente, será encontrada uma solução para a reabilitação urbanística do terreno, mas não do edificado”, afirmou o presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Luis Newton, na semana passada, perante a Assembleia Municipal de Lisboa, onde o Movimento do Partido da Terra (MPT) apresentou uma recomendação à câmara apelando à salvaguarda do antigo cinema.
Já em Janeiro de 2015, o Partido Ecologista “Os Verdes” tinha questionado a câmara a este respeito e inquirido a autarquia sobre o estado de conservação do painel do pintor Paulo Guilherme, que decorava a sala de espectáculos. Mas, na altura, não houve respostas.
Em declarações ao Corvo, Luís Newton salienta que, já antes, o vereador responsável pelo Urbanismo, Manuel Salgado, lhe afirmara que qualquer operação de requalificação a realizar na área do antigo cinema Paris não passaria pela manutenção do edifício – há três décadas votado ao abandono e que, actualmente, é uma ruína.
Apesar de considerar válidos alguns dos argumentos invocados pelo MPT, que apelava à salvaguarda do Paris – entre eles o facto de o edifício projectado pelo arquitecto Victor Piloto, em 1931, se incluir na área de protecção da Basílica da Estrela, o que justificaria alguma protecção -, o presidente da Junta de Freguesia da Estrela vê agora com bons olhos a sua demolição, tendo em conta os problemas suscitados pelo abandono a que o imóvel foi sujeito.
“Há seis anos, talvez ainda fosse possível recuperar o antigo Paris, mas agora é tarde. Para nós, junta, o que nos preocupa não é só a insegurança da estrutura, que ao longo do tempo tem vindo a deteriorar-se muito, mas também o problema grave da insalubridade de toda aquela zona, que está infestada de ratos, baratas e todo o tipo de bichos, estando transformada num potencial de pragas”, salienta Luis Newton.
Para o presidente da junta da Estrela, qualquer projecto que venha a desenvolver-se na área do antigo cinema terá de abranger não só o edifício como os terrenos onde ele está implantado. Até porque o imóvel é “vizinho” de uma bomba de gasolina e de uma creche.
Na origem do impasse verificado em torno do edifício, que deixou de funcionar como cinema em meados dos anos 80, está um litígio entre os proprietários do imóvel – a Sociedade Geral de Cinemas – e a Câmara Municipal de Lisboa, conflito que se arrastou ao longo de vários anos, mas que estará agora sanado.
Um dos sócios da Sociedade Geral de Cinemas, António Martins de Freitas, era simultaneamente funcionário do Departamento de Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa e sócio de uma empresa de construção, Novas Construções, o que suscitou um conflito de interesses que, no mandato de António Costa, em 2008, chegou a determinar uma pena de 90 dias de suspensão ao seu funcionário.
Mas a correr em tribunal permanecia ainda o pedido de indemnização solicitado à autarquia pela Sociedade Geral de Cinemas, no valor de 4 milhões de euros, por não lhe ter sido permitido, em 2003, avançar com a demolição pretendida.
“O vereador Manuel Salgado disse-me que essa questão está resolvida, permitindo que, em breve, possa avançar ali um projecto de requalificação, que não passará, no entanto, pela manutenção do edifício”, sublinhou o autarca.
A concretizar-se a demolição, desaparecerá assim da cidade a obra projectada pelo arquitecto Victor Piloto onde foram rodadas algumas cenas do filme “Lisbon Story”, de Wim Wenders.
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A Rua Domingos Sequeira é uma via estruturante.
ResponderEliminarSe for encerrada ao trânsito como será?
Esta pergunta terá de ser feita a Manuel Salgado e Fernando Medina.
Porquê?
Porque se fizerem um silo para automóveis com a mesma volumetria do Paris, os carros estacionados naquela Rua desaparecerão e tornarão o trânsito mais fluido, inclusive passando a existir uma faixa de cada lado para bicicletas.
Se construírem habitação como acontecerá e está no pensamento de Manuel Salgado, a situação tornar-se-á ainda mais caótica, ainda com a gasolineira ao lado.
A Cidadania tem que fazer entender isto.
Onde está a Cidadania da Estrela, Lapa e de Campo de Ourique ?
O SOS Cinema Europa já não existe?
E agora o CampoVivo?
Uma vergonha
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