29/03/2016

O fim da Drogaria S. Pereira Leão


In Diário de Notícias (29.3.2016)
Por Inês Banha

«Mais de cem anos de história à venda em forma de móveis e frascos

Drogaria S. Pereira Leão, que ocupa desde 1964 um espaço na Baixa que desde o século XIX alberga estabelecimentos daquele ramo, fecha definitivamente na quinta-feira para dar lugar a hotel. Até lá, está em liquidação total

Maria Rodrigues até nem estava a pensar em comprar ontem sais de banho, mas mudou logo de ideias quando, do balcão da Drogaria S. Pereira Leão, Dina Miguel lhe garantiu que tinha 80% de desconto. Desde a semana passada que, no número 223 da Rua da Prata, na Baixa de Lisboa, o recheio está todo à venda a preços mais baixos, incluindo móveis, frascos de há décadas e até uma calculadora que de tão antiga quase parece uma minimáquina de escrever. O espaço, que funciona desde 1964 num local que desde o século XIX é drogaria, fecha definitivamente na quinta-feira para dar lugar a um hotel.

"Ainda tentámos impedir o encerramento durante um ano, mas agora vamos mesmo fechar", desabafa Fernanda Silva, 69 anos e há 53 funcionária na S. Pereira Leão. Na altura, o ambiente que se vivia na drogaria era bem diferente. "Era uma maravilha. Víamos as marquesas passar", recorda, acrescentando que, quando entravam na loja, se sentavam nas cadeiras que ainda hoje ali existem enquanto eram atendidas. Os produtos eram depois entregues nas suas casas.

Mais de cinco décadas depois, já não há marquesas a passear na Baixa Pombalina e o mobiliário que então encantava está hoje à venda. Um dos móveis de madeira e pedra de qualidade, por exemplo, foi adquirido por um interessado por 280 euros. Fernanda Silva não esconde que os preços são bastante abaixo do valor real dos bens. [...]»

4 comentários:

  1. Quanto é que o Sr. Pereira Leão pagava de renda?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É bem provável que pagasse menos de 50 euros. Segundo os censos 2011, apenas 8% dos lisboetas paga mais de 500 euros de renda. 60% pagam menos de 60 euros. Ha casos de valores inferiores a 4 euros mensais.

      Eliminar
  2. Filipe pode fazer o favor de indagar.
    Os turistas ficam em Hotéis na Baixa e depois vão fazer compras ao Colombo e às Amoreiras.
    Não percebi qual o modelo que o Filipe quer para a desertificação de Lisboa.

    ResponderEliminar
  3. Eu percebo a sua confusão: a liberdade dos outros de fazer compras onde querem é para si "ausência de modelo"

    ResponderEliminar