Um blogue do Movimento Fórum Cidadania Lisboa, que se destina a aplaudir, apupar, acusar, propor e dissertar sobre tudo quanto se passe de bom e de mau na nossa capital, tendo como única preocupação uma Lisboa pelos lisboetas e para os lisboetas. Prometemos não gastar um cêntimo do erário público em campanhas, nem dizer mal por dizer. Lisboa tem mais uma voz. Junte-se a nós!
09/02/2017
Artigo sobre habitação
Chegado por e-mail:
«Meus Caros,
Porque tem interesse junto trabalho jornalístico sobre habitação publicado no Jornal I.
Fica ao critério de cada um a respetiva apreciação.
António Machado»
Isto é inadmissível. Não há apartamentos renovados no Castelo para todos os 500 mil habitantes de Lisboa. São empurrados, imagine-se, para Xabregas (que fica à mesma distância do Rossio, que a Praça do Chile, ou Campo de Ourique).
Se eu pretender arrendar um T2 são pedidos valores que rondam entre os 1.500€ e os 3.000€. Porquê? Porque o senhorio pretende apenas e só arrendamentos curtos (6 meses a 1 ano). Compreendo que os senhorios pretendam ressarcir-se de anos a fio, de rendas abusivamente baixas, de fraco rendimento, mas não consigo entender a voragem das rendas e o retirar gente da cidade. Isto é apenas para quem tem dinheiro, para turistas e para quem pode manter uma casa em lisboa e outra fora. Os bairros são agora guetos finos. Quando acabar o turismo, as casas voltam a ficar devolutas? M. Lopes
Disse bem, M. Lopes, "as casas VOLTAM a ficar devolutas"? Porque está mais do que claro que o turismo não expulsou ninguém de lisboa, simplesmente tem ajudado na recuperação de milhares de casas que estavam devolutas, sem ninguém que se dispusesse a investir nelas. Uma grande parte da população há muito tinha saído de Lisboa, procurando casas em melhores condições (impossíveis de serem providenciadas por senhorios a receber rendas de 5 euros) na periferia. O que eu não consigo compreender é como alguém considera que viver em Xabregas é viver longe do centro da cidade.
Há freguesias de Lisboa que tiveram aumentos consideráveis de população entre 2001 e 2011 (Ameixoeira e Carnide por exemplo, com aumentos na casa dos 20%) e outras com aumentos mais modestos (Mártires com 9,1% ou São Nicolau com 4,8%).
Não sei se por "...há muito tinha saído de Lisboa" referia-se a uma tendência de esvaziamento do chamado "centro histórico" para freguesias mais periféricas. Se for este o caso, há de facto uma maior tendência para redução de população no centro histórico, com algumas excepções notáveis como o caso de Santa Justa que teve um aumento de cerca de 27% ou mesmo São Nicolau que aumentou 4,8%. É importante considerar que este cenário refere-se ao período entre 2001 e 2011, antes dos anos mais graves da crise e do boom da cidade de Lisboa. Acho que o período 2008 a 2011 trazia um bom prenúncio para a cidade de Lisboa, que foi entretanto travado.
Concordo quando me diz que o centro da Lisboa foi tendo gradualmente menos população, mas houve dinâmicas e tendências que na minha opinião foram sintomáticas de uma retoma de população essencialmente mais jovem. Quando verificamos por escalão etário vemos que as principais reduções de população no chamado centro histório dão-se nos escalões "Mais de 65 anos" e "0 aos 15 anos" ... o que sugere que a baixa natalidade e morte de habitantes mais velhos também possa ter contribuido consideravelmente para a redução da população.
Em relação à procura de melhores casas, também concordo, a lei das rendas dificultou a capacidade dos senhorios em terem as casas em condições. Mas não me parece que a cidade não fosse atractiva ou que não houvesse gente a querer viver em Lisboa como algumas pessoas afirmam. Sempre houve gente a querer viver em Lisboa, não é de agora.
O turismo não foi responsável obviamente por estes fenómenos e dessa forma concordo em parte quando diz que "O turismo não expulsou ninguém de lisboa" mas actualmente está a expulsar, ainda com um impacto relativamente despercebido mas que poderá escalar para uma situação grave. A actualização da lei das rendas permitiu a "expulsão" de inquilinos com aumentos incomportáveis de rendas. A subida do preço das casas não pode ser dissociada também da elevada procura de operadores turísticos por apartamentos para alojamento local. Eu moro em Santa Maria Maior e é muito comum receber cartões e folhetos de imobiliárias a quererem vender a minha casa a investidores estrangeiros ... já tive inclusive uma pessoa que de alguma forma conseguiu entrar no prédio e bateu-me à porta (2º andar).
Eu sou apologista e sempre fui do turismo, acho é que não deve ser conduzido de uma forma selvagem e pouco sustentada ... preocupa-me ver uma hiperespecialização da actividade económica de Lisboa no turismo ... basta haver 2 anos seguidos de menor fluxo turístico e as consequências serão graves.
Referiu também a questão da reabilitação de edificado ... é uma faca de dois gumes, pois há uma reabilitação focada exclusivamente no turismo (muitos estudios, t0´s com kitchenette, etc). Não se cria habitação real, apenas habitação temporária .... casas que não estão preparadas para albergar por exemplo famílias. Verdadeira reabilitação tem uma preocupação com algum património histórico, coisa que não está a acontecer em muitos casos.
Resumindo, não sou apologista de diabolizar o turismo mas também não posso considerar que o fenómeno está a correr totalmente bem, há necessidade de tornar as coisas mais sustentáveis e integradoras.
Bom texto, johny lucas, A questão é que as pessoas que supostamente se preocupam com a qualidade de vida dos lisboetas, normalmente não conseguem não diabolizar o turismo. Atente-se na questão da "expulsão" dos residentes. Quantos casos existem em que os inquilinos foram "expulsos" pelos senhorios para fazer alojamento local? Até agora só vi "diz que disse", "ouvi um vizinho dizer", etc. Considera que receber um flyer na caixa de correio é ser intimidado e pressionado pelas agências imobiliárias? Relativamente ao caso do tamanho dos apartamentos, concordo em alguns casos com o que disse, por outro lado veja o caso do estúdio que conheço, que é explorado como AL em alfama: Fica num prédio renovado, de 4 andares, com um estúdio de 30 metros quadrados em cada andar. Como moradia familiar só faria sentido se fosse o prédio inteiro. Acho que alguma família de classe média poderia comprar um prédio inteiro no centro de alfama? Se não fosse o AL, aquele prédio NUNCA seria renovado.
O leitor anterior desconhece que dezenas de milhar de apartamentos, poe exemplo em Amsterdam, são HABITADOS e têm áreas de uns 60 m2, com pequena cozinha duche juntos. E são habitados por muitos casais jovens. Aqui ... a tal família ideal ... só com um PRÉDIO INTEIRO ...
Isto é inadmissível. Não há apartamentos renovados no Castelo para todos os 500 mil habitantes de Lisboa. São empurrados, imagine-se, para Xabregas (que fica à mesma distância do Rossio, que a Praça do Chile, ou Campo de Ourique).
ResponderEliminarSe eu pretender arrendar um T2 são pedidos valores que rondam entre os 1.500€ e os 3.000€. Porquê? Porque o senhorio pretende apenas e só arrendamentos curtos (6 meses a 1 ano). Compreendo que os senhorios pretendam ressarcir-se de anos a fio, de rendas abusivamente baixas, de fraco rendimento, mas não consigo entender a voragem das rendas e o retirar gente da cidade. Isto é apenas para quem tem dinheiro, para turistas e para quem pode manter uma casa em lisboa e outra fora.
ResponderEliminarOs bairros são agora guetos finos.
Quando acabar o turismo, as casas voltam a ficar devolutas?
M. Lopes
Disse bem, M. Lopes, "as casas VOLTAM a ficar devolutas"?
ResponderEliminarPorque está mais do que claro que o turismo não expulsou ninguém de lisboa, simplesmente tem ajudado na recuperação de milhares de casas que estavam devolutas, sem ninguém que se dispusesse a investir nelas. Uma grande parte da população há muito tinha saído de Lisboa, procurando casas em melhores condições (impossíveis de serem providenciadas por senhorios a receber rendas de 5 euros) na periferia.
O que eu não consigo compreender é como alguém considera que viver em Xabregas é viver longe do centro da cidade.
Caro Luis,
ResponderEliminarHá freguesias de Lisboa que tiveram aumentos consideráveis de população entre 2001 e 2011 (Ameixoeira e Carnide por exemplo, com aumentos na casa dos 20%) e outras com aumentos mais modestos (Mártires com 9,1% ou São Nicolau com 4,8%).
Não sei se por "...há muito tinha saído de Lisboa" referia-se a uma tendência de esvaziamento do chamado "centro histórico" para freguesias mais periféricas. Se for este o caso, há de facto uma maior tendência para redução de população no centro histórico, com algumas excepções notáveis como o caso de Santa Justa que teve um aumento de cerca de 27% ou mesmo São Nicolau que aumentou 4,8%. É importante considerar que este cenário refere-se ao período entre 2001 e 2011, antes dos anos mais graves da crise e do boom da cidade de Lisboa. Acho que o período 2008 a 2011 trazia um bom prenúncio para a cidade de Lisboa, que foi entretanto travado.
Concordo quando me diz que o centro da Lisboa foi tendo gradualmente menos população, mas houve dinâmicas e tendências que na minha opinião foram sintomáticas de uma retoma de população essencialmente mais jovem. Quando verificamos por escalão etário vemos que as principais reduções de população no chamado centro histório dão-se nos escalões "Mais de 65 anos" e "0 aos 15 anos" ... o que sugere que a baixa natalidade e morte de habitantes mais velhos também possa ter contribuido consideravelmente para a redução da população.
Em relação à procura de melhores casas, também concordo, a lei das rendas dificultou a capacidade dos senhorios em terem as casas em condições. Mas não me parece que a cidade não fosse atractiva ou que não houvesse gente a querer viver em Lisboa como algumas pessoas afirmam. Sempre houve gente a querer viver em Lisboa, não é de agora.
O turismo não foi responsável obviamente por estes fenómenos e dessa forma concordo em parte quando diz que "O turismo não expulsou ninguém de lisboa" mas actualmente está a expulsar, ainda com um impacto relativamente despercebido mas que poderá escalar para uma situação grave. A actualização da lei das rendas permitiu a "expulsão" de inquilinos com aumentos incomportáveis de rendas. A subida do preço das casas não pode ser dissociada também da elevada procura de operadores turísticos por apartamentos para alojamento local. Eu moro em Santa Maria Maior e é muito comum receber cartões e folhetos de imobiliárias a quererem vender a minha casa a investidores estrangeiros ... já tive inclusive uma pessoa que de alguma forma conseguiu entrar no prédio e bateu-me à porta (2º andar).
Eu sou apologista e sempre fui do turismo, acho é que não deve ser conduzido de uma forma selvagem e pouco sustentada ... preocupa-me ver uma hiperespecialização da actividade económica de Lisboa no turismo ... basta haver 2 anos seguidos de menor fluxo turístico e as consequências serão graves.
Referiu também a questão da reabilitação de edificado ... é uma faca de dois gumes, pois há uma reabilitação focada exclusivamente no turismo (muitos estudios, t0´s com kitchenette, etc). Não se cria habitação real, apenas habitação temporária .... casas que não estão preparadas para albergar por exemplo famílias. Verdadeira reabilitação tem uma preocupação com algum património histórico, coisa que não está a acontecer em muitos casos.
Resumindo, não sou apologista de diabolizar o turismo mas também não posso considerar que o fenómeno está a correr totalmente bem, há necessidade de tornar as coisas mais sustentáveis e integradoras.
Bom texto, johny lucas,
ResponderEliminarA questão é que as pessoas que supostamente se preocupam com a qualidade de vida dos lisboetas, normalmente não conseguem não diabolizar o turismo. Atente-se na questão da "expulsão" dos residentes. Quantos casos existem em que os inquilinos foram "expulsos" pelos senhorios para fazer alojamento local? Até agora só vi "diz que disse", "ouvi um vizinho dizer", etc. Considera que receber um flyer na caixa de correio é ser intimidado e pressionado pelas agências imobiliárias?
Relativamente ao caso do tamanho dos apartamentos, concordo em alguns casos com o que disse, por outro lado veja o caso do estúdio que conheço, que é explorado como AL em alfama: Fica num prédio renovado, de 4 andares, com um estúdio de 30 metros quadrados em cada andar. Como moradia familiar só faria sentido se fosse o prédio inteiro. Acho que alguma família de classe média poderia comprar um prédio inteiro no centro de alfama? Se não fosse o AL, aquele prédio NUNCA seria renovado.
ResponderEliminarO leitor anterior desconhece que dezenas de milhar de apartamentos, poe exemplo em Amsterdam, são HABITADOS e têm áreas de uns 60 m2, com pequena cozinha duche juntos. E são habitados por muitos casais jovens. Aqui ... a tal família ideal ... só com um PRÉDIO INTEIRO ...
Eu falei de 30m2, você falou do dobro.
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