27/07/2017

Requiem pelos Palácios lisboetas

Palácio Barberini em Roma

Palácio de La Consulta (Tribunal Constitucional) em Roma

Palácio do Correio-Velho, Marim-Olhão em Lisboa. Arruinado, fechado à excepção da leiloeira que lá funciona. A escadaria berniana está entaipada.

Palácio Sanches de Baena (?) antigas instalações do A.R.C.O.. palácio do século XVII em estado de pré-ruína. O jardim,exemplar típico das residências nobres de Lisboa está em completo abandono, os bancos azulejados estão à mercê dos roubos.  Nada há que o defenda, nem sequer o facto de estar no centro do centro histórico.

Palácio Alvito, irá ser um condomínio chamado à la Novo-Rico. "condomínio da baronesa". Uma designação que nada diz. Entaipado, arruinado e incendiado.

Palácio Costa-Lobo "do Patriarcado". Um dos mais notáveis prédios de Lisboa. fachada barroca de grande aparato. Vazio, abandonado, vidros partidos. Será um hotel e será para sempre adulterado, tal como o foi o Palácio da Anunciada

Palácio da Praça da Alegria, vendido que foi a um grupo, parece que de sauditas, e foi todo destruído. Só restou a fachada. escadarias, estuques, portas, foi tudo levado pela estupidez e incultura com que se geram os destinos de uma das cidades mais interessantes da Europa.

Galeria de entrada do palácio Almada-Carvalhais, monumento nacional. Vítima da especulação e da "lata" com que as autoridades comercializam o património da cidade.


Não há em Roma um único palácio que não tenha a informação histórica colocada próxima da fachada, um único que não seja valorizado e dado a conhecer. Dirão que a qualidade é outra. Argumento falacioso que nos permite destruir e pactuar com a extinção do nosso legado histórico.

Em Lisboa os exemplos são inúmeros e são todos prova da maior incúria por parte da tutela, a famigerada DGPC que nada faz nem quer fazer. da CML que deixa que estas casas únicas sejam alvo de especulação, sejam divididas, trucidadas, abastardadas.

A lista é longa. Aos que aqui estão acrescentem-se a Quinta das Águias, o palácio Ribeira Grande, o palácio dos Patriarcas, dos Távoras,  da Anunciada, da Rosa, Mesquitela, Murça, Silva Amado, Povolide, etc.


Seriam  necessários outra visão, outro cuidado, outra gestão da cidade.

Os palácios de Lisboa são hoje a triste prova da imensa negligência e do letal torpor em que a DGPC e a CML vivem e nos destroem, pela incúria, Lisboa.

24/07/2017

LPN promove visita gratuita ao Corredor Verde de Monsanto, Sábado 29/7/2017 9h30

Por ocasião do 69º aniversário da LPN-Liga para a Protecção da Natureza, irei guiar uma visita ao Corredor Verde de Monsanto no próximo Sábado, 29 de Julho de 2017, com início às 9h30. A visita é gratuita mas carece de inscrição obrigatória até 5ª-feira, 27/7/2017.

É sempre um prazer fazer este percurso que de maneira fácil, rápida e segura nos transporta para o interior do maior e mais natural espaço verde de Lisboa.

23/07/2017

Pedido de esclarecimentos à AML sobre eventual venda do Palácio Pombal

Exma. Senhora
Presidente da Assembleia Municipal
Arq. Helena Roseta


C.c. GPCML, AML e media

No seguimento de informação chegada até nós dando conta da venda do Palácio Pombal, sito na Rua de O Século, a um cidadão alemão, facto que, aparentemente, terá servido de justificação à Câmara Municipal de Lisboa (CML) para dar ordem de saída à associação Carpe Diem para, até 31 de Agosto, sair do palácio;

E uma vez que a CML ainda não esclareceu devida e publicamente este assunto, somos a solicitar a V. Exa. que nos informe se a venda de património municipal não terá sempre que ser aprovada por essa Assembleia, publicada em Boletim Municipal, e, cremos, objecto de hasta pública.

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, José Filipe Toga Soares, Inês Beleza Barreiros, António Araújo, José Amador, Maria de Morais, Júlio Amorim, Fátima Castanheira, Rui Martins, Jorge Pinto, Ana Celeste Glória, Fernando Jorge, Miguel de Sepúlveda Velloso, Maria do Rosário Reiche, Bruno Palma

Foto: Carpe Diem

22/07/2017

Câmara de Lisboa integra nova associação para preservar calçada portuguesa


In Público/LUSA (22.7.2017)

«A Associação Calçada Portuguesa tem como objectivo salvaguardar o património cultural da calçada portuguesa. [...]»

...

Olha que boa notícia. Espero que seja produtiva e, sobretudo, que ainda vá a tempo de evitar a substituição ad-hoc de calçada que por aí vai em nome do tal piso confortável, que a calçada simples branca tb é "calçada portuguesa", não é só a artística (com desenhos) que o é... a ver vamos...

21/07/2017

Ora digam lá se isto não foi uma poda bem achada?


Ficaram assim as árvores do Largo da Achada, na Mouraria, depois da poda da JF, porque, atenção, havia pessoas que batiam com a cabecinha nos ramos das árvores e se queixavam a quem de direito. Maravilhoso!

Att. Senhor Primeiro-Ministro/ Pedido de introdução de taxa sobre copos de plástico


Exmo. Senhor Primeiro-Ministro
Dr. António Costa


Cc. AR, PCML, AML e media

​Vimos pela presente sugerir a V. Excelência e ao Governo que lidera, para que estude a criação de uma taxa para a utilização de "copos de plástico" (bem como pratos e talheres), semelhante aquela que já existe e se aplica a sacos de plástico.

Esta taxa seria cobrada pelo Estado/autarquias (por quem já cobra a taxa relativa aos sacos de plástico) e permitiria financiar o esforço público de limpeza urbana, reforçar a intensidade do mesmo nos locais onde se regista grande produção e abandono de copos de plástico na via pública, aumentar a fiscalização sobre ​os ​prevaricadores e aumentar a reciclagem de plástico por forma a alcançar as metas de reciclagem a que Portugal se obrigou a já ​para​ 2020 (50%​, contra as a​c​tuais de 29%).

​Esta taxa sobre os sacos de plástico mostrou-se muito eficaz na redução d​o​ consumos ​dos mesmos, em Portugal e noutros países europeus (p.ex. na Irlanda​ passou-se de uma média de 328 sacos/pessoa/ano para apenas 14)​, pelo que a introdução da taxa sobre os copos de plástico, permitiria contribuir para o fim​, por exemplo,​ do ​"​espectáculo​"​ diário de jardins ​e espaços públicos repletos ​com copos de plástico.

​Com efeito, estes copos descartáveis de plástico​,​ distribuídos a título gratuito pelas várias cervejeiras aos estabelecimentos comerciais​,​ fazem multiplicar a quantidade de resíduos urbanos​, pelo que uma taxa sobre os mesmos criar​á​ condições para o regresso aos copos de vidro de plástico mais duradouro e com depósito/desconto em devolução.

Um sistema deste tipo está em vigor há alguns anos na Austrália com um apreciável grau de sucesso. Uma taxa semelhante (aplicável a garrafas e copos de plástico) está também a ser avaliada no Reino Unido e já foi aplicada na Escócia como forma de ​se ​reduzir a deposição de plásticos nos sistemas de resíduos urbanos e a sua entrada no Oceano (onde levam entre 50 a 80 anos a decomporem-se!) ​.

A introdução desta taxa poderia ser acompanhada pela proibição, inclusive, da entrega destes copos em locais (espaço público) e junto a locais considerados sensíveis e facilmente sujeitos a excesso de carga, como sejam miradouros e quiosques, por exemplo; e, eventualmente, pela imposição ou discriminação positiva de copos reutilizáveis, à imagem do que já se faz nos festivais de música.

Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos


Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Rui Martins, Fernando Jorge, Luís Mascarenhas Gaivão, Mariana Carvalho, José Filipe Soares, Inês Beleza Barreiros, Virgílio Marques, Cristiana Rodrigues, José João Leiria, Jorge Lima, Jorge Pinto, João Oliveira Leonardo, Bernardo Silveira Godinho, Pedro Henrique Aparício, Irene Santos, Miguel de Sepúlveda Velloso, José Amador, Beatriz Empis, Alexandra Maia Mendonça, Maria do Rosário Reiche, Maria Helena Barreiros, Fátima Castanheira e Filipe e Bárbara Lopes

Foto em TaraRecuperavel.org

17/07/2017

Campanha Crowdfunding (Círculo das Lojas): TORNE POSSÍVEL O NOSSO LIVRO COM OS URBAN SKETCHERS

Participe! Não se arrependerá!

Campanha Crowdfunding (Círculo das Lojas):

TORNE POSSÍVEL O NOSSO LIVRO COM OS URBAN SKETCHERS

(desenho de Teresa Ruivo)

16/07/2017

Pois é, se ninguém travar o Montepio e a CML a Gôndola vai abaixo ...


© coisas [in]fungíveis

«Praça de Espanha, em Lisboa
Posted on Julho 14, 2017 by coisasinfungveis


[...]

Praça: s. f., lugar público e amplo geralmente rodeado de edifícios e onde desembocam várias ruas; largo; rossio.

Praça (de Espanha): espaço urbano desarticulado e desconexo para a qual o Município elabora sucessivos planos que não conclui, mas vai parcialmente executando, ao mesmo tempo que o aproveita para resolver necessidades circunstanciais.

Um acaso da vida que proporcionou o encontro com a proprietária do Restaurante La Gondola, levou-me a querer saber um pouco mais sobre esse edifício no final da Avenida de Berna, cuja demolição é o destino provável, e, por extensão, sobre a Praça de Espanha.

O restaurante fica no atual número 64 da avenida que já foi Rua Martinho Guimarães[1], e passou a Rua de Berne, logo em novembro de 1910 em homenagem a uma das três cidades europeias que à data eram capitais de uma república (Berna, Paris e, desde 5 de outubro desse ano, Lisboa)[2].

O projeto do edifício será de 1928 e o seu autor o construtor Júlio Salustiano (?) Rodrigues[3]. Em 1929, na sequência do parecer do Conselho de Arte e Arquitetura da Câmara Municipal de Lisboa, o desenho da fachada principal foi alterado e substituído por este:

© Arquivo Municipal de Lisboa, Obra n.º 33604, processo n.º 9523/SEC/PG/1928, fl. 14 [...]»

14/07/2017

Esplanadas da praça D. Luis I


Chegado por e-mail:

«Boa tarde,

Gostaria alertar para o facto das esplanadas da praça D. Luis I junto ao Mercado da Ribeira ocuparem a quase totalidade do passeio, dificultando a passagem de peões e impedindo a passagem de carrinhos de bébé que são obrigados a passar pela estrada.

Obrigado,

Jorge Rosmaninho»

As lojas tradicionais que (ainda) existem em Lisboa reunidas em colecção de postais


POR O CORVO, Samuel Alemão (13 JULHO, 2017)

«O crescimento acelerado do turismo e as alterações verificadas, nos últimos anos, no mercado imobiliário e na legislação que sob ele incide têm-se apresentado como desafios enormes para muitos dos mais antigos estabelecimentos comerciais de Lisboa. O fecho de dezenas de lojas com décadas de existência – e algumas mesmo centenárias – veio fazer tocar as campainhas de alerta para o alegado perigo de descaracterização acelerada da cidade. A Câmara Municipal de Lisboa tem mesmo sido acusada, por alguns, de pactuar com tal dinâmica negativa, sobretudo por ausência de resposta capaz e atempada na protecção dos estabelecimentos mais icónicos da cidade. Críticas que, prevê-se, se deverão reduzir substancialmente com a existência de um novo enquadramento legal, entrado em vigor a 24 de junho, conjugado com o projecto municipal Lojas com História.

Lançado pela autarquia em Fevereiro de 2015, com o objectivo de distribuir e apoiar as mais icónicas casas comerciais da capital, o Lojas com História apenas agora deverá começar a ter eficácia pretendida. Algo permitido pelo novo Regime de Reconhecimento e Protecção de Estabelecimentos e Entidades de Interesse Histórico e Cultural ou Social Local, que outorga aos municípios a responsabilidade de os classificar e apoiar através de uma protecção especial no arrendamento urbano e em caso de obras. Em Lisboa, e depois do novo enquadramento legal nacional, a câmara reconfirmou, a 28 de junho, o estatuto de excepção de 82 lojas às quais já havia sido reconhecido um valor excepcional, em julho do ano passado e fevereiro deste ano. E muitas delas fazem parte do conjunto já abrangido pelo Círculo de Lojas de Tradição e Carácter de Lisboa, uma iniciativa do grupo cívico Fórum Cidadania LX.

Surgido no começo de 2015, o Círculo tem feito campanha pela preservação destes estabelecimentos, alertando para a necessidade de serem tomadas medidas de protecção, denunciando os casos de encerramentos e promovendo a imagem das lojas tradicionais. É neste contexto que se insere a nova colecção de postais por si promovida, em conjunto com a editora Althum, lançada a 7 de julho, na Ourivesaria Sarmento, na Rua do Ouro. A primeira de duas edições previstas abrange 56 estabelecimentos, divididos em três maços de postais, com cada um destes a representar uma loja, todas fotografadas por Artur Lourenço, dinamizador do blog Diário de Lisboa (lisboadiarios.blogspot.pt). O Corvo publica aqui uma amostra desta primeira edição, que confirma a imensa riqueza do comércio tradicional da cidade – testemunho de uma herança cultural, por muitos apreciada, apesar das naturais alterações dos padrões de consumo.

Fotografias: Artur Lourenço
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Pode ser que se safe, pode ser, a pobre da Tabaqueira:


Câmara de Lisboa discute alterações no loteamento dos Jardins Braço de Prata

In Diário de Notícias/LUSA (10.7.2017)

«O município de Lisboa aprecia na quinta-feira, em reunião privada, alterações pedidas pelo promotor ao loteamento dos Jardins Braço de Prata, como o aumento da área habitacional e do número de lugares de estacionamento público.

De acordo com a proposta assinada pelo vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, o pedido de alteração à licença foi feito pelo Fundo de Investimento Imobiliário Fechado -- LISFUNDO e abrange o empreendimento agora denominado "Prata" (ficou conhecido por "Jardins Braço de Prata"), nas ruas de Cintura do Porto de Lisboa, da Fábrica de Material de Guerra, Fernando Palha e do Telhal, na freguesia de Marvila. O documento, a que a agência Lusa teve hoje acesso, especifica que "a proposta de alteração ao loteamento visa, essencialmente, concentrar o uso de terciário" num dos lotes, reduzir a volumetria de um outro lote e "retificar alguns dos parâmetros urbanísticos aprovados". Entre as matérias a retificar estão o aumento da área habitacional (2.186 metros quadrados) por redução da área destinada ao uso terciário, o aumento da superfície de pavimento destinada a átrios e salas de condomínio (3.985 metros quadrados), a redução de área de alguns lotes (num total de 2.760 metros quadrados) e o aumento do número máximo de fogos (de 481 para 499). [...] A autarquia questionou a Estrutura Consultiva Residente e a Divisão de Estudos Urbanos, que emitiram pareceres favoráveis condicionados, solicitando um "estudo aprofundado em maior detalhe e grau de pormenorização" relativamente ao lote que abrange o edifício "A Tabaqueira", de forma a garantir a "reconstrução e o restauro do antigo pavilhão". [...]»

05/07/2017

Uma nova fachada para salvar um velho largo


Por Pedro Cassiano Neves, in Público (4.7.2017)

«Esta nova fachada constitui um precedente valioso para os inúmeros casos semelhantes que pululam por toda a Lisboa e que urge corrigir.

Numa Lisboa que está na moda e em que o desejável boom turístico e “invasão” de exóticos habitantes anda de mão dada com a descaracterização acelerada da cidade e uma destruição patrimonial que parece não ter fim; em que reabilitação é confundida com fachadismo, condenando o que resta dos interiores oitocentistas, mas também, pasme-se, os pombalinos da Baixa; em que a extraordinária Rua das Janelas Verdes não pára de ser “bombardeada” e a também esplêndida das Portas de Santo Antão viu nascer uma enorme cratera que deixa “preso por arames” o que resta do Palácio da Anunciada; em que um outro palácio, o de São Miguel, na belíssima Praça da Alegria, viu o seu interior integralmente demolido de um dia para o outro e a emblemática Casa Pombalina da Rua da Lapa desapareceu num fim-de-semana, fazendo tábua rasa da classificação camarária e da zona de protecção patrimonial a que estava sujeita; em que a típica e integralmente conservada Praça das Flores pode ser cirurgicamente abatida por um mamarracho e a quinhentista Rua do Bemformoso, que escapou milagrosamente à hecatombe do Martim Moniz nos anos 40, se prepara para ser esventrada, ignorando alternativas, para a construção de uma mesquita e em que até, sacrilégio dos sacrilégios, o coração dessa jóia que é Alfama está teimosamente ameaçado por um “móno” indescritível para albergar o Museu Judaico; o anúncio de que um outro “móno”, já velhinho, se prepara para ser intervencionado com o fim de restaurar a imagem perdida de um largo histórico, constitui uma feliz novidade!

Edificado nos meados da passada década de 1970, o edifício em causa faz a curva do Largo Rafael Bordalo Pinheiro para a Rua da Trindade, e o seu impacto na envolvente constitui como que uma antevisão do “pesadelo” que espera os esplêndidos largos das Flores e de São Miguel de Alfama, acima referidos, caso os sinistros projectos para aí previstos sejam concretizados.

Uma fachada com superfícies envidraçadas que contrasta violentamente com as sete e oitocentistas que a rodeiam; uma cobertura em terraços que deve ser caso único na Zona Histórica em que se insere e um escusado e provocador revestimento de azulejos que, independentemente do seu valor “per si”, constitui uma tremenda agressão à extraordinária fachada azulejar do famoso “Prédio do Ferreira das Tabuletas” que lhe fica defronte, fazem com que este edifício seja desde o inicio apontado no ensino como aquilo “que não deve ser construído” nos centros históricos e esteja há muito presente em inventários patrimoniais como uma chaga urbana que urge corrigir.

A fachada prevista, embora não recupere a do edifício original do século XIX do qual existe registo fotográfico, uma prática recorrente em “países atrasados” como a Alemanha, a França, a Itália ou a Espanha, mas que a inteligência nativa cá do burgo insiste em desvalorizar como “pastiche”, recupera no entanto a imagem do mesmo, acrescentando-lhe um andar e uma mansarda que alinha com a do belíssimo “Prédio das Marquises” contínuo, que faz gaveto com a Rua Nova da Trindade, incluído no mesmo projecto.

Estão, pois, de parabéns a empresa construtora (atenção ao interior do segundo prédio!), a Câmara Municipal de Lisboa, numa excepção à catastrófica política de protecção patrimonial a que nos têm habituado, e a Direcção-Geral do Património Cultural, tantas vezes “distraída” ou até conivente com os atentados que a cidade tem sofrido, que, empenhadas numa solução de consenso que demorou mais de um ano, nos oferecem a recuperação da imagem deste recanto de eleição do nosso Chiado.

E, importantíssimo, esta nova fachada constitui um precedente valioso para os inúmeros casos semelhantes que pululam por toda a Lisboa e que urge corrigir. A começar, logo ali no mesmo largo, um pouco mais a baixo, no gaveto com a Travessa da Trindade, com a inenarrável cobertura que acrescentaram ao histórico edifício onde em tempos foram as “Conferências do Casino”!»

Porque o sonho comanda a vida...


In Público, por João Pedro Pincha (1.7.2017)

«Afinal havia outro (projecto para a frente ribeirinha)

E agora algo completamente diferente. A Praça do Comércio calcetada com motivos astronómicos, o Campo das Cebolas muito mais pequeno, dezenas de prédios à beira do rio. Eis um projecto da Lisboa que podia ter sido. Ainda será? [...] Na gaveta dos irremediavelmente condenados parece estar Building on the Edge of Tagus River: The New Lisbon Riverfront, um projecto de 2003 que Gonçalo Cornélio da Silva, arquitecto da Câmara Municipal de Lisboa, desenvolveu como tese de um mestrado de Arquitectura nos Estados Unidos. É fácil perceber porque é que o desenho urbano que ele propõe está no lote dos desesperançados: as obras que a autarquia tem promovido entre o Cais do Sodré e o Campo das Cebolas estão nos antípodas dos princípios defendidos por Cornélio da Silva. [...]

O arquitecto sabe disso, mas não vacila. “Estou convicto de que um dia Lisboa será assim!”, diz com entusiasmo. Alguns dias depois de visitar a exposição A Lisboa Que Teria Sido – que, no Museu de Lisboa, mostrou quase 200 projectos que nunca saíram do papel –, Gonçalo Cornélio da Silva decidiu tornar público o seu próprio projecto que também não passou disso mesmo. “As cidades, muitas vezes, trocaram facilmente a sua imagem projectada ao longo dos séculos por um ganho económico de curto prazo, com uma diminuição lenta da qualidade da experiência urbana”, critica. É isso que considera ter acontecido em Lisboa nas últimas décadas. Era isso que queria corrigir. [...]

A proposta de Cornélio da Silva, diz o próprio, “resulta de uma visão humanista e de uma compreensão da verdadeira função da Praça do Comércio”. É a partir desse local central que se desenvolve todo o projecto, desde o Corpo Santo a Santa Apolónia. “Somente na última metade do século XX é que se circula ao longo do Tejo, numa marginal, com uma vista sobre a cidade só habitual a quem navegava no rio”, lembra. Olhando a partir de um barco ou mesmo da Outra Banda, a dimensão da Praça do Comércio destacava-se na paisagem e impressionava o visitante. Mas “na Lisboa que conhecemos existem dois espaços urbanos em conflito” com aquele espaço, diz o arquitecto: o Campo das Cebolas e o Arsenal da Marinha, junto à Ribeira das Naus. “Não só retiram grandeza e monumentalidade, como ainda diminuem a verdadeira função da Praça do Comércio, que é a de celebrar a vida.” [...]
[...] “As cidades são as maiores oportunidades que temos para projectar a nossa imagem, de nós mesmos ao mundo e para a posteridade”, diz o arquitecto. “As grandes cidades do passado que ainda habitamos falam dos sonhos e aspirações das suas sociedades e devem entender a memória não como uma nostalgia de glórias vãs, mas como inspiração para qualquer realização contemporânea e dinâmica”, remata. »

Rua Barata Salgueiro, 21


É bonito, não é? e está genuíno, calculem. Vai à vida muito em breve, também, i.e, cresce para cima e para trás, fica fachada e vestíbulo e já não é mau.
Fotos de FF

Enquanto isso, na Av. Defensores de Chaves:


Fotos de Rui Martins

Algo que não é nada de novo, pois foi aprovado há "séculos", não sem que tenhamos dado disso conta oportunamente, desde 2009... Lisboa, capital da demolição, perdão, da reabilitação urbana.