Dr. Basílio Horta
C.C. DGPC, AM Sintra, ICOMOS Portugal e media
Constatada a existência de obras de reabilitação do Palácio da Quinta de Ribafria (Imóvel de Interesse Público desde 1943, DL nº 32973 de 18 de Agosto), congratulamo-nos com o facto de a Câmara Municipal de Sintra, finalmente, ter avançado com obras de recuperação daquela que é uma magnífica e importantíssima quinta histórica de Sintra: Ribafria.
Contudo, observada a obra no local, temos sérias dúvidas se a intervenção em curso respeitará as boas práticas em matéria de restauro e conservação de fachadas de edifícios históricos.
Assim, e no âmbito do artigo 2º da Fórum Cidadania Lx - Associação ("A Associação tem como objecto a promoção e a defesa da qualidade de vida, ambiente, urbanismo, cultura, tempos livres e património material e imaterial na área geográfica correspondente ao Distrito de Lisboa, e em defesa do património edificado, espaço público e património arbóreo respectivos"), permita-nos apresentar o seguinte protesto:
A tinta já utilizada naquele monumento de verdadeira raridade e excepcionalidade no país, será plástica e não em cal com pigmentos naturais, como se impunha no caso.
As telhas novas colocadas em todas as coberturas do conjunto classificado, apesar de serem em canudo, não são as mais indicadas para um edifício como o presente, que exigia telhas artesanais (idealmente telhas de canal, à romana) e as que foram colocadas, mais apropriadas a edifícios corriqueiros contemporâneos.
Isto leva-nos a crer que a empresa encarregue das obras desconhece em absoluto estas práticas, ou seja, que será uma mera empresa de construção civil e não uma firma especializada em restauro e conservação, como, mais uma vez, se impunha aquando da adjudicação feita pela CM Sintra.
Por outro lado, também grave, não consta que tenha havido até ao momento, desde que a obra se iniciou, qualquer presença de técnicos da DGPC no local, contrariando assim o expectável dadas as atribuições legais que aquela instituição detém em matéria de acompanhamento de obras em edifícios classificados Imóvel de Interesse Público. Mais uma vez não podemos aceitar que a CM Sintra não tenha envolvido a DGPC.
Pelo exposto, não podemos deixar de lamentar termos de afirmar que estamos perante uma obra de reabilitação "faz-de-conta", o que é grave dada a valia do edificado em apreço. Julgávamos que semelhantes práticas estariam ultrapassadas pela CM Sintra.
Apresentamos, pois, o nosso protesto ao seu Presidente, dando conta do mesmo à DGPC, à AM Sintra e ao ICOMOS Portugal.
Na expectativa, apresentamos os melhores cumprimentos
Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Virgílio Marques, Maria Teresa Goulão, Maria do Rosário Reiche, António Araújo, Rui Martins, Gustavo da Cunha, Helena Espvall, Inês Beleza Barreiros, Carlos Boavida, Fátima Castanheira, Irene Santos
Em Sintra cada um faz o que quer. A Câmara não foge à regra. Património Mundial? Que chatice!
ResponderEliminarRecomendo aos subscritores desta carta que leiam a ficha técnica da tinta de base siloxânica e o seu âmbito de aplicação sobre rebocos de base de cal. É de lamentar a ignorância nas intervenções em património, mas também é de lamentar a ignorância da soberba.
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