In Público (29/1/2007)
«O Cais das Colunas, um marco emblemático da Praça do Comércio, desapareceu há dez anos devido às obras do metro de Lisboa. Desmontado em 1997, muitos perguntarão onde estão guardados os dois pilares seculares. Uma fonte do metro garantiu que "todas as pedras do Cais das Colunas estão catalogadas e acondicionadas" no parque de material e oficinas da empresa. "Serão colocadas no mesmo sítio, assim que as obras estejam concluídas", acrescentou. Para o olisipógrafo Carlos Consiglieri, "não há outra solução se não repor o Cais das Colunas, que faz parte integrante da cenografia, da funcionalidade e da tradição" da cidade. "A praça ficará incompleta se não levar o Cais das Colunas", sustentou. "Certamente Cesário Verde e outros poetas, como Fernando Pessoa e talvez o próprio Eça de Queiroz, foram ali ver o Tejo, as gaivotas, cheirar a maresia, ver os cacilheiros, as fragatas e a outra margem do rio". Mas o Cais das Colunas ainda povoa a imaginação de muitos lisboetas, como Carlos Almeida, 37 anos, que contou: "Quando era pequeno ia passear para a Baixa com a minha avó e o passeio não terminava sem ir molhar os pés ao Cais das Colunas", com a maré baixa e os degraus da escadaria à mostra. Para Sandra Maria, 36 anos, trata-se de um espaço "que assistiu ao crescimento de gerações": "Foi um local onde passeei com os meus pais, partilhei segredos com amigas e namorei". A designação deve-se aos dois pilares monolíticos nos extremos da praça recuperada com projecto do arquitecto Eugénio dos Santos, após o terramoto de 1755. Não existe certeza quanto ao ano da construção. Sabe-se apenas que foi concluído nos finais do século XVIII e aparece numa gravura colorida de Noel e Wells, A view of the Praça do Commércio at Lisbon, de 1792. O Ministério das Obras Públicas informa que a extensão do metro entre o Chiado e Santa Apolónia estará concluída no terceiro trimestre de 2007. Na mesma altura, fica pronto o interface do Terreiro do Paço e será reposto o Cais das Colunas, até meados de 2008. Lusa»
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