A Sua Excelência o Senhor Presidente da Assembleia da República
1. O Arq. Gonçalo Ribeiro Telles foi o autor do projecto do Parque Periférico, com o objectivo, entre outros, de ligar Monsanto até ao vale da Ameixoeira, passando por Benfica, unindo todas as quintas do Paço do Lumiar e acabando na Alta de Lisboa, aproveitando o Parque Oeste, projectado pela Arq. Isabel Aguirre de Urcola.
2. Para permitir a continuidade da área verde, tornando-a transitável em toda a sua extensão, o projecto do Eixo Norte-Sul, contíguo ao Parque Oeste, inclui um pequeno troço em viaduto à saída dos túneis sob o qual passará o Parque Periférico.
3. Acontece que são várias e diversificadas as notícias que surgiram nos últimos meses nos órgãos de comunicação social sobre a hipotética construção, no local, de uma pista de ski, sendo que a sua aventada implantação se iria estender desde o Forte da Ameixoeira até à recentemente inaugurada, apesar de não se encontrar ainda concluída nem, muito menos, utilizável, pista de atletismo Moniz Pereira.
4. Ora a verdade é que já a própria pista de atletismo, independentemente da sua mais-valia desportiva, que não se contesta, representou um corte na área verde que se previa inicialmente para o Parque Oeste, motivando o desagrado da autora do projecto do Parque, a Arqta. Isabel Aguirre de Urcola, mas, a confirmar-se agora a criação da referida pista de ski, o que as imagens até agora apresentadas sugerem é, não só a ocupação do que resta de todo o braço norte do Parque Oeste, como também o decepar definitivo do Parque Periférico, perdendo-se mais área verde em Lisboa e tornando-se esbanjadora e inútil a opção de ter construído o troço suspenso no eixo Norte-Sul por cima da Av. Padre Cruz e uma parte substancial da Freguesia do Lumiar.
5. Efectivamente, na revista “Arquitecturas”, nº 17, datada de Outubro de 2006, saiu um pequeno texto sobre a “futura pista de Ski da Alta de Lisboa”, no qual se pode ler que «Lisboa vai receber a maior pista de neve da Península Ibérica, a qual «vai ficar situada na zona da Alta do Lumiar e estará aberta 365 dias por ano». A autoria do projecto é atribuída ao Arq. Luís Teixeira, em consonância com as indicações do Briton Engineering Developments.
6. Diz ainda a referida publicação que o projecto para a construção de uma pista de ski em Lisboa «partiu da SnowWorld, que prevê para o com plexo uma utilização regular de 65 mil clientes.» A pista foi projectada pela SnowFlex, empresa do Briton Engineering Developments, responsável pela execução de setenta pistas do género em todo o mundo, e terá, no mínimo, 260 metros de comprimento por 50 de largura, com quatro percursos diferentes de descida.
Será composta por tapetes com seis metros de comprimento e um de largura, interligados e feitos à base de um composto de polímeros, com uma base condutora de fibra em mono filamento. Por baixo terá uma espécie de colchão, menos duro que o gelo real, que garante a segurança e o conforto. Está também prevista a construção de uma segunda pista, de apoio, com 50 metros de comprimento por 50 de largura, para aprendizagem», pode ainda ler-se na publicação citada.
7. Pretensamente a nova pista irá «situar-se na freguesia da Charneca do Lumiar, abrangendo ainda um pouco da Ameixoeira, zona da cidade gerida pela UPAL (Unidade de Projecto da Alta do Lumiar)», entidade esta que, de acordo com um responsável da referida empresa «acolheu a ideia de braços abertos» (!!!)
8. Refere ainda a publicação que «a maior pista de neve da Península Ibérica poderá estar concluída em 2008» e que, de acordo com o responsável da UPAL, Rosado Sousa, «o estudo prévio já foi aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa“.
Nestes termos,
Vem o Deputado abaixo-assinado ora requerer ao Senhor PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA, ao abrigo das disposições aplicáveis da Constituição da República Portuguesa e do Regimento da Assembleia da República, que lhe seja prestada integral informação sobre:
1. Está a Câmara Municipal de Lisboa em condições de confirmar ter sido aprovado o estudo prévio referente à pista de ski supra referida? Em caso afirmativo, quando se deu tal aprovação e que órgão a aprovou?
2. A existir a referida autorização, contactou a Câmara Municipal de Lisboa o autor do Projecto do Parque Periférico no sentido de obter deste a concordância com a alteração ao projecto ora autorizada?
3. Quais são os benefícios para o Município de Lisboa, quer a nível ambiental, quer financeiros que a Câmara Municipal entende o referido projecto pode trazer para a cidade?
4. Não entende a Câmara Municipal de Lisboa que a (eventual) aprovação deste projecto irá comprometer e inviabilizar totalmente a finalização do Parque Periférico com claro prejuízo para o ambiente e para os habitantes da cidade de Lisboa?
Assembleia da República, 10 de Abril de 2007
O DEPUTADO
PEDRO QUARTIN GRAÇA
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