27/08/2007

Tapada das Necessidades, pérola a porcos!

No seguimento deste post e deste outro, resolvi ir atè às Necessidades há uma semana e ver o que temia ver, e se confirmou: a Tapada das Necessidades é a prova provada da máxima popular «pérolas a porcos».

Imagino que os Sr.Ministros dos Negócios Estrangeiros tenham vergonha de levar a passear os seus ilustres visitantes até ao muro e ao portão que fazem fronteira entre o jardim (de buxo mal aparado, aliás!) do Palácio das Necessidades e a Tapada homónima. É realmente uma vergonha aquilo que desde ai se avista para a tapada.

Mas parece que quem de direito não se importa minimamente com o facto pois, à semelhança do que acontece com o Arco da Rua Augusta, as diversas entidades (MNE, M.Defesa - um seu instituto, inclusive, já derrubou um naco a nordeste da tapada para ali construir estacionamento! -, M.Educação - existe por lá uma escola, vedada a arame!, etc.) que tutelam o espaço não se entendem sobre o quando começam a restabelecer a tapada como local de lazer e fruição de ar puro e descanso. Senão, veja-se:

Os caminhos estão intransitáveis de tanto pedregulho, salvo para jeeps e outros todo-o-terreno, sendo os do topo norte e nordeste verdadeiramente inenarráveis. A antiga estufa de D.Estefânia, que podia ser uma daquelas «orangeries» vienenses, transformadas em belas casas-de-chá, ou ateliers de artistas, está para ali fechada, ao deus-dará. Do antigo complexo de mini-zoo e campo de ténis (miniatura do próprio Palácio) está tudo uma lástima, de tão roubado, partido e estropiado. Canteiros com flores, não há praticamente nenhum em todo o jardim. Os nichos estão vazios e alguma estatuária está mutilada. Os lagos são poças estagnadas, salvo o que está junto ao relvado central (já cá faltava o relvado!), que ainda tem uns 2-3 patinhos, vivos!

Das árvores e flores exóticas plantadas por D.Fernando, hoje está tudo completamente camuflado, ora por espécies infestantes ora por matagal, seco e anárquico, à espera de fósforo, presumo. O pavilhão de D.Amélia, que tanta polémica originou aquando da OPA feita pelo ex-PR, esse para ali continua sem uso algum, apesar de «restaurada» (tem vários acrescentos de pura originalidade portuguesa ...), mas com o canal que desagua na fonte completamente abandonado, bordejado por vasos sem flores, e muros com estuque a cair.

Efectivamente, esta Tapada das Necessidades poderia ser um espaço de eleição, um oásis de Lisboa, mas não é. Parvos foram D.João V, que construi o palácio, e D.Pedro V, D.Fernando e D.Carlos, que lhe acrescentaram a tapada. Não merecemos!

Ah!, já me esquecia de dizer que ao longo do percurso junto ao Palácio, fui continuamente seguido pelo feijão-verde de serviço à guarita do portão daquele, presumo que com medo que eu, desde o meio do matagal da tapada, lançasse alguma bazookada, que era o que todos precisavam.

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