14/09/2007

Ainda os Radares

Entrevista no DN a Fernando Penim Redondo, AUTOR DA PETIÇÃO 'RADARES 50-GT;80';

"O limite de velocidade dos radares em Lisboa ser de 50 (e não de 80) incomoda-o tanto ao ponto de fazer uma petição?

O que me incomoda mais é sentir que há uma atitude fundamentalista em penalizar a generalidade dos condutores em vez de punir os comportamentos de risco.

Quando começou a recolha de assinaturas e quantas conta já?

A 24 de Julho e, neste momento, tenho 9689 aliados nesta luta.

Considera mesmo, como diz na petição, que a ideia dos radares é a da "caça à multa" por parte da Câmara de Lisboa (CML)?

Não posso garantir que a ideia fosse essa, mas a posteriori acaba por ser. Em menos de dois meses detectaram mais de 90 mil infracções, das quais terão notificado 30 mil. Isso gera receitas e parte delas vão para os cofres da autarquia.

O vereador da Mobilidade, Marcos Perestrello (PS), diz que a ideia é tornar a cidade mais segura. Concorda?

Acho muito bem, mas este método de "disparar" contra uma infracção à lei não me parece o melhor. Até porque muitos radares estão a 200 ou 300 metros do semáforo. O condutor pode passar por eles a 50 e depois acelerar e passar logo adiante num sinal vermelho sem ser multado.

Tem 62 anos e quantos de carta de condução?

Há 43 que tenho permissão legal para guiar.

Diz já ter feito milhões quilómetros sem nunca ter tido uma multa ou um acidente. Qual a receita do sucesso?

Sim, já conduzi para aí um milhão de quilómetros e considero que a atenção permanente do condutor é a receita para não ter acidentes. Já evitei alguns por estar muito atento a tudo à minha volta. É também essencial contar com o bom senso do condutor. Sem ele, não há radar que resolva nada. Não se podem tratar as pessoas como irresponsáveis, colocando radares onde já se sabe que milhares de distraídos vão cair.

Na petição diz que a instalação de radares em certas zonas é uma verdadeira aberração...

Eu considero os 50 km/h aceitáveis no casco velho da cidade ou em ruas com muitos peões e atravessamentos, como a Avenida de Roma. Mas noutras vias rápidas não se justifica andar a esta velocidade pois quase não há peões. E, noutros casos, há peões onde não deveria haver. Aí é transferida a responsabilidade para o automobilista.

Como assim?

Na Avenida Marchal Gomes da Costa, junto à RTP, por exemplo, há uma passagem aérea e os peões teimam em esgueirarem-se pelos intervalos do separador central.

O que tem a dizer das coimas aplicadas nas contra-ordenações referente aos radares?

São muito elevadas. Muitos lisboetas não terão como as pagar. As multas deveriam ser suspensas enquanto decorrerem os estudos que, segundo me disse hoje (ontem) o vereador da Mobilidade, vão conduzir a alterações nos radares. Assim sendo, muitos vão sentir-se defraudados."

13 comentários:

  1. "Até porque muitos radares estão a 200 ou 300 metros do semáforo. O condutor pode passar por eles a 50 e depois acelerar e passar logo adiante num sinal vermelho sem ser multado.".....?

    Se calhar então só com radares a cada 10 metros ?

    "...é também essencial contar com o bom senso do condutor."...?

    Parece que este senhor conduz há 43 anos fora de Portugal...?
    Bom senso nas estradas e ruas de Lisboa.... praticado por alguns, claro.
    Por a maioria....nem de perto.

    JA

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  2. Aumentar (ainda mais) a velocidade dos automóveis???
    Não chegam ainda os 550 mortos e mais de 2000 feridos graves nas estradas portuguesas este ano? (acho que morrem menos americanos no Iraque do portugueses na estrada...)

    O que está errado não são os limites de velocidade. O que está errado é termos avenidas com 6 faixas de rodagem, tipo auto-estrada, em vez de passeios, logradouros e espaços verdes.
    Onde se morre bastante menos, diga-se.

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  3. "punir os comportamentos de risco"?

    Eu não sei quantos especialistas em transportes serão necessários para convencer este senhor, que conduzir a 60 ou 70 numa cidade É UM COMPORTAMENTO DE RISCO?!

    E subscrevo o que o JA diz. É ridículo criticar uma fiscalização apenas porque ela não é global. TODAS AS FISCALIZAÇÕES SÃO PARCIAIS. A ASAE pode multar um café por más condições de higiene e escapar um ao lado. A PSP pode apanhar um carteirista, mas falhar o carteirista ao lado. Será isso argumento para acabar com a PSP e a ASAE?

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  4. Perante esta Petição, resta fazer uma Petição com o objectivo de aumentar o número de radares na cidade. É a única forma deste tipo de cidadãos perceber que a sua forma de pensar está errada.

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  5. Acho que os radares devem mudar de sítio:
    A saída da ponte 25 de Abril entre o viaduto Duarte Pacheco e o Aqueduto das Águas Livres é um local com curvas e contracurvas, o limite de velocidade é de 80 Km e deve ser controlado, porque há aí muitos acidentes. Colocava ali um radar;
    Retirava o radar da Av. das Descobertas porque está junto ao semáforo. Aí os veículos devem parar ao sinal vermelho ou passar o mais rapidamente possível durante o amarelo se não for seguro parar.
    Uma coisa é circular-se nas vias centrais das Av. do Campo Grande, da Av. República ou da Av. Liberdade; outra é circular-se nas vias laterais à direita dessas Avenidas. Retirava os radares das vias centrais e colocava-os nas vias paralelas à direita em cada um dos sentidos, regulados para 50 Km (ou menos);
    Em vez de controlar a velocidade na Radial da Buraca, optava por fazê-lo na rua paralela do outro lado da linha do comboio, na rua Conde de Almoster;

    No túnel do Campo Pequeno, em vez do radar estar na recta, colocava-o nas saídas, principalmente junto à que dá para a Av. Gago Coutinho;
    No túnel da Amoreiras colocava o controlo de velocidade apenas na descida, mas regulado para 70 km ou nas saídas em curva, então regulados para 50 Km.
    Em vez de colocar o controlo de velocidade na extensão da Avenida E.U.A., colocava-o na parte antiga da mesma Avenida, regulado para 50 Km.
    Nos restantes vias agora controladas não referidas aqui, porque são as principais avenidas de entrada e saída de Lisboa, admitia uma velocidade de 80 Km e para aumentar a sua segurança colocava-lhes barreiras de protecção que impedissem os peões de atravessar nos locais impróprios, por vezes até com passagens aéreas por perto. Continuava com o esforço de substituição dos cruzamentos de nível por cruzamentos desnivelados nessas avenidas.
    Zé da Burra o Alentejano

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  6. As passagens aéreas para peões são um perigo, e há estudos que o demonstram.

    Primeiro, porque enviam ao automobilista uma mensagem errada: "este espaço é só teu, nunca haverá peões a atravessar aqui".

    Isto, sabemos na prática, é falso.

    Segundo, porque exigem um esforço adicional ao peão (muitas vezes multiplicando por várias dezenas a distância a percorrer, ou orbigando-o a usar escadas), o que efectivamente desencorajando o seu uso.

    Não há aqui lugar para julgamento moral - a promoção da segurança rodoviária passa pela resposta a comportamentos reais.

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  7. Perante uma petição assinada por tantos milhares de inconscientes - só pode ser - chega-se à conclusão de que devem pôr os radares na Rua Augusta, no Parque eduardo VII, na rua do Carmo e devem ser controladas as velocidades a que os peões circulam. Os que andarem a menos de 25 Km/h pagam pela medida grande.
    Ah, já me esquecia, acabem os transportes públicos que só empatam o trânsito.

    E que importa que morram 200 ou 500? Normalmente são uns empatas...Só arranjam problemas a quem trabalha. Bora aí! regras para quê?

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  8. Ao Sr Pedro Homem de Gouveia, Arq.

    Então se as passagens aéreas são um perigo (diz que há estudos a comprová-lo!), as que foram colocadas em Lisboa e mesmo fora devem ser retiradas. No estrangeiro estarão com certeza a fazer isso, uma vez que também estarão ao corrente do tal estudo, não é?!

    Presumo que também é contra as barreiras colocadas nesses locais para impedirem o atravessamento dos peões - Há-as em frente ao estádio do Benfica por exemplo. Devem por isso ser retiradas, pois não fazem sentido sem as travessias aéreas ou subterrâneas!

    Os políticos sabem muito bem o que são estatísticas, há-as para todos os gostos, basta a pergunta ser bem formulada. Não é por acaso que quando há um referendo existe sempre alguma polémica acerca da forma como é formulada a pergunta a referendar.

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  9. Caro anónimo das 9h57

    É claro que há locais onde a única solução para o atravessamento de peões é a criação de passagens específicas: por exemplo, sobre a segunda circular, a CRIL, etc.

    Entre as passagens aéreas e as passagens em túnel, parecem-me preferíveis as aéreas, but that's me.

    O que estão a fazer no estrangeiro ao nível das passagens aéreas para peões? Confesso que não acompanho de perto. Mas há muitos tipos de países estrangeiros, não é?

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  10. De Anónimo das 9h57 para Sr. Pedro Homem Gouveia, Arq.

    Com efeito, pelos vistos, nem todas as passagens aéreas são perigosas, pelo menos tão perigosas que sejam desaconselhadas pelo tal estudo que referiu.

    Pois as passagens aéreas (ou subterrâneas) que eu defendo são as nas vias com várias filas de trânsito para cada lado e nas Avenidas com grande volume de trânsito, ou seja exactamente onde foram colocados os radares. Nestes locais, para forçar a sua utilização, colocaria as tais barreiras a que me referiro e que impedem alguns peões de não as utilizarem. Exactamente como está em frente ao estádio do Benfica, método que já conhecia há dezenas de anos em Espanha.

    Quanto aos túneis, são mais cómodos, normalmente mais caros e podem ser perigosos quando têm poucos utilizadores. Os assaltantes sentem-se então mais escondidos para as suas práticas.

    É claro que não defendo uma passagem aérea para qualquer rua e ruela, apesar de as haver também em sítios que não justificariam: ou porque o trânsito é pouco ou porque lhes falta a tal vedação que falei.

    Quanto ao que os outros países fazem, sem prejuízo de podermos ser inovadores nalguma coisa, é natural que não me referia à Argélia, Burundi ou Etiópia.

    Zé da Burra o Alentejano

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  11. Meu caro Zé da Burra, aka anónimo das 9h57:

    1. No estádio do Benfica, eu punha rede a toda a volta: para não os deixar entrar ou (à escolha) para não os deixar sair.

    2. Não concordo que sejam colocadas nas avenidas com muitas faixas e trânsito intenso se se estiver a referir à Av. da Liberdade, da Av. de Ceuta, etc. Essas vias estão no centro da cidade, à superfície. Lamento muito, mas os carros que se amanhem.

    3. Burundi, Argélia, Etiópia - interessante escolha, de países tão diversos. Já reparou que não escolheu nenhum país asiático? nem sul-americano? Não conheço nenhum deles, mas gostava.

    Um abraço

    (ps - lamento a referência ao meu "título" de arquitecto, não é nenhuma presunção, é só que pus da primeira vez e agora não sei como se tira...!)

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  12. Caro Pedro Homem de Gouveia

    Estou cá desconfiado que o Sr. é do Sporting ou do Porto, mas não seja "mauzinho", o Benfica "também tem direito à vida". E depois: penso que ainda não poderá aspirar este ano ao título de campeão nacional; a não ser que algo corra muito mal aos dois principais adversários.

    Quanto aos outros assuntos, fico-me pelas opiniões que deixei.

    Cumprimentos de

    Zé da Burra o Alentejano

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  13. AS ESTRADAS E O TEMPO

    Quando tirei a carta de condução, há mais de trinta anos, os limites de velocidade para os automóveis ligeiros de passageiros eram de 60 km nas localidades, 80 km fora delas e sem limite nas auto-estradas.

    Fora das cidades, as estradas disponíveis eram em geral estreitas e sinuosas. As vias estavam em conformidade com o número de veículos que também eram poucos, por isso as “bichas” não eram menores que hoje: aos fins de semana era normal haver “bicha” desde a Costa da Caparica e o Casal do Marco até à ponte 25 de Abril (então chamada de Salazar). Já antes da existência da ponte eram conhecidas as “bichas” pró “cacilheiro” de um e de outro lados do rio; nos dias com mais movimento pró Algarve, formavam-se “bichas” com dezenas de Quilómetros para se atravessar a única ponte então sobre o Sado em Alcácer do Sal; A subida de Rio Maior para a Venda das Raparigas era também um local de “bichas” habituais. A passagem por Coimbra e daí até ao Porto era também um autêntico “inferno”, Enfim, os problemas não eram muito diferentes.

    Nas cidades havia muito menos Avenidas, não havia a CRIL (inacabada), nem a CREL, nem a via Norte/Sul. Havia apenas a 2.ª Circular que terminava em Benfica, onde é hoje a Fonte Nova. Grande parte das ruas eram ainda feitas em calçada de pedra (basalto).

    Os carros também eram muito menos seguros: não havia inspecções periódicas; os sistemas de travagem não incluíam ABS e poucos veículos podiam contar com o sistema de “servo-freio”; também não havia “air bags” nem “Cintos de Segurança”; sem se usavam cadeirinhas prós bébés, que por vezes iam à frente ao colo da mãe .

    Muito melhorou desde então: quer nos veículos, quer nas vias, por isso os limites de velocidade nalgumas vias deveriam ser repensados, porque são irrealistas para os nossos dias, por isso os mais pacatos automobilistas não os cumprem em geral, daí o número de multas em virtude da introdução dos radares em Lisboa e também os consequentes protestos que aqueles continuam a levantar. Nas auto-estradas o limite de 120 Km por hora (ou até menos) poderá justificar-se em troços com muito trânsito ou em condições de tempo adversas. Porém, numa auto-estrada com bom tempo e pouco trânsito 120 Km provoca sonolência e é uma velocidade muito reduzida, tendo em consideração as vias hoje disponíveis e a segurança dos veículos actuais. Todas as auto-estradas são hoje monitorizadas e têm “placards” onde podem ser afixadas as velocidades máximas, consoante o volume de trânsito e o tempo (tal como acontece na Ponte Vasco da Gama), por isso as velocidades poderiam muito bem passar a ser variáveis nalgumas vias. PORQUE É QUE PORTUGAL NÃO PODE SER INOVADOR?

    Zé da Burra o Alentejano

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