In Diário de Notícias (14/12/2009)
por FÁTIMA ALMEIDA
«A banca das rosas é em tudo semelhante aos estojos dos lápis das crianças: tem quase todas as cores possíveis para fazer um arco-íris. Brancas, amarelas, dois tons de cor-de-rosa, outras que entre o amarelo e o branco parecem esverdeadas e ainda as vermelhas de paixão. "São rosas produzidas em luta biológica. Não utilizamos produtos químicos, a menos que sejam casos extremos", por isso "têm uma fragrância natural e uma durabilidade maior", explicou Orlando Carrinho.
Ao Mercado da Flor, que regressou no dia 13 de Novembro ao Mercado da Ribeira, em Lisboa, chegam também as coroas imperiais, os safaris, as cravinas, as margaridas, os lírios, os crisântemos, as túlipas, entre outras flores, para todos os gostos, e algumas plantas que formam bancas coloridas. Desde o mês passado que durante três dias por semana: segunda e terça-feiras das 07.00 às 14.00 e às sextas-feiras das 16.00 às 20.00, um espaço com 300 metros quadrados recebe entre 16 produtores e comerciantes de flores, que não executam arte floral.
Para alguns foi o regresso à Ribeira, na Avenida 24 de Julho, perto do Cais do Sodré, mas para outros é o começar de uma nova experiência em venda de mercado. É o caso de Orlando Carrilho, da Merceana, em Alenquer, e Mário Guerreiro de Pegões, no Montijo.
"Não tínhamos experiência de mercado, vendíamos nas nossas estufas, e andávamos à procura de um novo canal de escoamento, e estou a gostar muito. É uma experiência diferente, mas cansativa", disse Orlando Carrilho, o produtor da Rosa da Cunca, na Merceana, depois de explicar que "a produção de flores em luta biológica é feita através de um ecossistema dentro da estufa onde há bichinhos maus e bons, em que os bons comem os maus. Esta prática obteve reconhecimento em 2006 com o Prémio Inovação e Tecnologia."
Ia para dez anos que esta tradição se perdera no mercado da 24 de Julho. Em 2000, por decisão da Câmara de Lisboa, todos os mercados abastecedores de Lisboa Central, Cais do Sodré e sectores grossistas do Mercado da Ribeira foram desactivados e transferidos para o Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), que naquele ano foi inaugurado.
O regresso do Mercado da Flor à 24 de Julho é uma medida que visa a revitalização do Mercado da Ribeira, disse ao DN Luísa Martinez da Câmara Municipal de Lisboa. A chefe da divisão de gestão de mercados e lojas, departamento de abastecimentos, acrescentou ainda que "o objectivo é proporcionar aos lisboetas e seus visitantes voltarem a usufruir do ambiente proporcionado pelas cores e aromas das flores".
O negócio destina-se sobretudo a floristas e distribuidores, mas também ao público em geral. Naquele espaço fala-se de negócio, mas, por entre contas e facturas, a magia das flores não é esquecida. O significado, cada flor tem o seu (por exemplo: rosas amarelas significam felicidade e amizade). No entanto, todas possuem um dom comum: transmitem alegria, garante Sílvia Pinto. Apaixonada por flores, abraça molhos de túlipas e muitas outras flores. A compra destinava-se para a sua loja de flores em Grândola. "São excelentes presentes. Na roupa não acertamos, no perfume também não, mas nas flores não se erra, devemos sempre oferecer flores enquanto estamos vivos." »
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O Mercado da Ribeira tem todas as condições e mais uma para ser o Covent Garden de Lisboa. Tal como está é ...nada. Seria interessante que a CML desenvolvesse, finalmente, um projecto de recuperação e reutilização profunda do Mercado da Ribeira. Alguma coisa que fosse perene, fosse feita com bom gosto e, sobretudo, que "elevasse a fasquia". Aceitam-se ideias!
Já por mero acaso passaream por lá?
ResponderEliminarAquilo é um espaço do Mercado da Ribeira absolutamente deserto nos dias (e às horas) em que não se vendem flores.
Nem um único cartaz comunica ao público que se realiza ali a tal venda (e a que horas).
Nos dias de venda de flores, não há bancadas, nem um mínimo de infra-estruturas, está tudo espalhado pelo chão, os vendedores circulam a pé pelo meio das flores (e das plantas), assim como os potenciais compradores.
Mais tramposo que aquilo é difícil, muito difícil.
E tanta publicidade àquela pobreza é inimaginável.