In Público (25/10/2010)
Por Cláudia Sobral
«Montagem dos enfeites luminosos já começou em Lisboa. Empresa responsável diz que apostaram em materiais mais leves e económicos
Juntas de freguesia têm posições diferentes
Praça de Luís de Camões. Há fumo e cheiro a castanhas vindos de um carrinho. António Moreira agita-as dentro do assador, despeja-as, vende-as de uma assentada. Volta a despejar outras tantas e os clientes não param de alongar a fila. É um cenário típico dos meses que antecedem o Natal. Não tarda muito, haverá gente a montar luzes e enfeites nesta praça da cidade, um dos perto de cinquenta locais contemplados pelo projecto de iluminação natalícia de Lisboa deste ano, que custará à câmara 846 mil euros. António não acha mal.
"As luzes de Natal ajudam um bocadinho o negócio", diz o vendedor de castanhas. "Muita gente vem à rua para ver as luzes. E o dinheiro tem de ser gasto nalgum lado."
Mais abaixo, na Casa Pereira, são da mesma opinião. António Lemos, sócio-gerente da casa de venda de cafés e chás, está lá ao fundo, atrás da caixa registadora. Cabelos brancos, estatura baixa, fato cinzento. "Essas coisas [iluminações de Natal] são sempre bem-vindas", afirma. "Já se faz há uma série de anos e se não se fizesse este ano seria um bocado prejudicial para o comércio, mas a câmara também fez bem ao cortar. As despesas têm de ser reduzidas e nós temos de aceitar. Também temos de gastar menos."
Na Assembleia Municipal de Lisboa, na semana passada, contudo, nem a redução dos custos das iluminações de Natal para 846 mil euros - no ano passado gastou-se um milhão e 77 mil euros - conseguiu gerar consenso entre todos os partidos. Apenas os votos do PS, dos independentes dos Cidadãos Por Lisboa e do BE foram favoráveis à adjudicação das iluminações de Natal às empresas JC Decaux e Castros Iluminações Festivas. O PSD e o CDS abstiveram-se. O PCP, o PEV e o MPT votaram contra.
O montante do contrato só será desembolsado pela câmara em 2011. "Houve um cuidado acrescido na elaboração do caderno de encargos, o que permitiu que, apesar de um aumento do número de ruas e, em nossa opinião, de um acréscimo da qualidade, o preço final viesse a ser inferior ao do projecto do ano passado", diz o vereador do Espaço Público, José Sá Fernandes.
Mais ruas com menos dinheiro e mais qualidade? A Castros Iluminações Festivas, empresa responsável pela montagem das iluminações, que já está a decorrer, explica como foi possível contornar o corte no orçamento sem, segundo diz, sacrificar a qualidade: "Conseguimos encontrar materiais novos mais leves, que exigem infra-estruturas mais aligeiradas e portanto uma redução nos tempos de execução de obra, com as consequentes reduções de custos na mão-de-obra."
Para além do projecto de iluminação da câmara, que se encarrega de iluminar cerca de 50 locais, entre ruas, avenidas, praças, largos ou jardins, cada junta de freguesia fará o seu próprio investimento na decoração das suas ruas (ver caixa).
Questionada pelo PÚBLICO, a Câmara de Lisboa não esclareceu se este ano comparticipará, como é habitual, nos custos das iluminações que resultem da iniciativa das diferentes juntas de freguesia. Em qualquer dos casos, os 846 mil euros já aprovados na câmara e na assembleia municipal serão, na sua totalidade, de acordo com os termos da proposta, canalizados para o projecto de iluminação adjudicado à JC Decaux e à Castros Iluminações Festivas. »
...
Na Baixa, pelo que me é dado ver naquilo que já está montado, acabaram-se as bolas "fruticolor" e fica tudo branco. A ver se se confirma.
Sem comentários:
Enviar um comentário