07/01/2013

Comentários às propostas de intervenção ZONA 30

Resposta do Vereador Nunes da Silva:

«Caros Membros do Fórum Cidadania Lx

Agradeço a vossa mensagem e sugestões, mesmo que não concorde com algumas delas, como passarei a explicar. De qualquer modo é com satisfação que registo o vosso apoio a esta iniciativa da CML através do seu pelouro da Mobilidade.

O custo das intervenções programadas para 16 bairros da cidade, a que se seguirão outras 13 em estudo, tiveram que sujeitar-se a alguns condicionamentos financeiros, sob pena de, face à situação de restrição que se vive na CML e no país, não ser possível abranger um tão grande número de bairros, tal como nos comprometemos no nosso programa eleitoral.

Dois dos cortes que tiveram de ser feitos prendem-se com a plantação de árvores e construção de novos espaços ajardinados – que depende de outro pelouro da CML, o qual alegou não ter capacidade financeira disponível para o realizar – e com o facto de reduzir ao mínimo indispensável o reperfilamento das ruas, dado que esse tipo de intervenção tem consequências no sistema de drenagem de águas pluviais, o que encarece substancialmente qualquer intervenção.

Assim, as intervenções nos passeios resumir-se-ão, normalmente, a assegurar a continuidade dos passeios nas entradas dos bairros ou junto a equipamentos colectivos neles existentes.

Desse modo, não se colocará o problema do raio de inserção do arruamento no bairro, dado que o acesso a este se fará por cima do passeio.

A concordância do passeio com o arruamento propriamente dito é sempre feita depois em ângulo recto.

No interior do bairro, sempre que o comprimento dos alinhamentos rectos o justifiquem ou na proximidade dos referidos equipamentos colectivos existentes, será criada uma passagem de peões sobreelevada, por forma a reduzir a velocidade de circulação, para além de se adoptar um pavimento antiderrapante e colorido nestes últimos casos, tal como hoje já acontece na aproximação a inúmeras escolas da cidade.

Quanto à “arte pública”, temos a referir o seguinte.

O que irá ser colocado nas entradas de cada bairro são os “totens” apresentados na exposição.

Essa sinalização é essencial porque a maioria dos automobilistas presta pouca atenção à sinalização de tráfego habitual. Trata-se por isso de mais uma chamada de atenção que, não substituindo a sinalização do Código da Estrada (que é obrigatório colocar), assinala com mais força que se está a entrar numa zona onde o automóvel deve circular com cuidado e onde a prioridade é do peão. É um sistema adoptado em muitos outros países, que nos parece plenamente justificável.

Quanto às outras peças de mobiliário urbano, elas só terão lugar em espaços onde seja possível desenvolver actividades de recreio e lazer por parte de crianças ou como apoio ao descanso de adultos (os “bancos”).

A preocupação foi aqui de distinguir este tipo de intervenção com uma marca identificadora das zonas 30, com o recurso a uma produção em séria de custo reduzido e com garantia de robustez e durabilidade, pois como todos sabemos, as dificuldades em assegurar uma manutenção eficiente são uma pecha da nossa administração.

Em relação à “má” qualidade estética e ao “gosto duvidoso” com que qualificam as peças propostas. Não estou de acordo com essa apreciação, embora aceite que, como é óbvio, possa haver opiniões diferentes nesta matéria.

No entanto, gostaria de os informar que as mesmas foram produzidas por um designer da CML (Rui Pereira) que tem curricula reconhecido internacionalmente e obteve recentemente um prémio pela sua actividade profissional, de que é registo um livro publicado há cerca de dois meses com a sua produção.

Com os melhores cumprimentos.
Fernando Nunes da Silva» ...

Exmo. Sr. Presidente da CML
Dr. António Costa,
Exmo. Sr. Vereador da Mobilidade
Eng. Fernando Nunes da Silva


Serve o presente para nos congratularmos com a iniciativa de V.Exas. em levarem por diante a implementação das chamadas "Zonas 30" (http://www.cm-lisboa.pt/viver/mobilidade/zonas-30), designadamente nos bairros residenciais da cidade; e por esta via icentivarmos a CML a prosseguir nessa demanda, custe o que custar.

Propomos, desde já, que para além da introdução das medidas correctivas já pensadas, como a colocação de lombas dissuasoras no asfalto, por ex., também seja feito:

- O reperfilamento atento dos passeios, de modo a que nas esquinas dos arruamentos - desde que nessas artérias não circulem veículos pesados para cargas e descargas - o ângulo seja de 90º. Esta medida será, a nosso ver, fortemente dissuasora de eventuais abusos ao limite de velocidade, e reforçará em muito a segurança dos peões;
- O alargamento dos passeios nas esquinas, de modo a limitar claramente o espaço para estacionamento em fila, dar maior visibilidade aos peões nos cruzamentos e reduzir a distância a percorrer no alcatrão pelos peões (exemplo correcto: http://goo.gl/maps/sQ342 exemplo errado: http://goo.gl/maps/8ecdO)

Contudo, não podemos deixar de criticar o que nos foi dado ver em exposição a decorrer acerca deste assunto e que, a nosso ver, será um embelezamento dispensável: a colocação de esculturas à entrada de cada "Zona 30", a fim de com elas se marcarem as "portas de entrada" (por que não uma "marcação" com... árvores, à semelhança da foto de Munique?)

Será realmente necessário colocarem-se esculturas à entrada das "Zonas 30"?

É que, a avaliar pelo estado da arte pública em Lisboa (a oficial, a cargo da CML, e a "oferecida" à cidade pelos mais variados cidadãos e organizações e que se vai acumulando um pouco por todo o lado de forma tantas vezes incoerente); cronicamente vandalizada com graffiti, sem manutenção regular e à espera de restauro, continuamos a não alcançar as razões pelas quais a CML pretende instalar esculturas à entrada das "Zonas 30".

Para além disso, as "obras de arte" propostas (a acreditar no que é dado a ver na exposição/discussão pública organizada pela CML - http://www.cm-lisboa.pt/eventos-agenda/detalhe/article/exposicao-zona-30-mobilidade-acontece) são de mau gosto e qualidade duvidosa, não nos parecendo serem capazes de se integrar na estética arquitectónica ou no ambiente urbano geral dos bairros onde as querem implementar. Terão, ainda, certamente, um custo de produção associado e outro tanto no que respeita à sua manutenção futura (e que a autarquia não consegue cumprir na outra arte pública...).

Solicitamos, por isso, que a CML abandone a ideia de colocar estas (ou outras) esculturas à entrada das "Zonas 30". Bastará a sinalização vertical para as mesmas sejam avistadas por todos.

Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Fernando Jorge, Bernardo Ferreira de Carvalho, Pedro Gomes, José Filipe Toga Soares, Júlio Amorim, Miguel Atanásio Carvalho, Carlos Leite de Sousa, Paulo Lopes, Gonçalo Maggessi

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