30/04/2008

Novo Museu dos Coches arranca em Janeiro de 2009

O contrato entre o arquitecto Paulo Mendes da Rocha e o Governo português para a elaboração do projecto do novo Museu Nacional dos Coches foi ontem assinado no Ministério da Economia, entre o conhecido projectista brasileiro e o ministro Manuel Pinho. As obras deverão começar em Janeiro de 2009 e espera-se que estejam prontas em Outubro de 2010.

"O novo museu vai fazer brilhar os coches e a atenção das pessoas estará centrada na importância daqueles artefactos maravilhosos", disse ao DN Mendes da Rocha, não querendo antecipar ainda muitos pormenores sobre trabalho que tem em mãos. "Ainda estamos a pensar", diz o arquitecto. E vai deixando escapar alguns detalhes. "Fachada?, Não sei se terá. Vai ser aberto por baixo...", gracejou.

O arquitecto que diz "não ver a criação do projectista como um objecto isolado", deverá entregar ao cliente - neste caso o Turismo de Portugal/Parque Expo/Sociedade Frente Tejo - dentro de 30 dias um estudo prévio com a solução adoptada para albergar o acervo do actual Museu do Nacional dos Coches , ainda a funcionar no Antigo Picadeiro Real do Palácio de Belém. O projecto para o novo museu deverá desenvolver-se próximo das instalações actuais, nos terrenos de antigas instalações do Exército existente no quarteirão em frente (Rua da Junqueira, Praça Afonso de Albuquerque e Avenida da Índia) e que terão de ser demolidas. Com uma área bruta de construção de 12.000 metros quadrados distribuídos entre área de exposição (7.500 metros quadrados) e áreas complementares (incluindo um auditório e oficinas de manutenção e conservação dos coches), o novo museu será "um espaço que se deve integrar em toda a bela zona de Belém e até na margem do rio", sublinha Paulo Mendes da Rocha, que diz que o importante são os visitantes e o conteúdo do museu.

O projecto prevê ainda a existência de 7.500 metros quadrados destinados a estacionamento e ainda uma área de espaços exteriores de 13.500 metros quadrados. Parte integrante da solução encontrada pelo arquitecto brasileiro é a passagem pedonal e ciclável sobre as avenidas da Índia e Brasil e a linha do caminho de ferro Lisboa-Cascais, estabelecendo a ligação do edifício com a frente ribeirinha e a estação ferroviária de Belém. O valor global da obra (ainda sem IVA) é de 27 milhões de euros, verba que será paga com as receitas provenientes do Casino de Lisboa. Para o ministro Manuel Pinho, o novo museu será "uma nova centralidade que vai trazer mais gente a esta zona de Lisboa. E ter Paulo Mendes da Rocha a projectá-lo é um privilégio".

in Diário de Noticias 30/4/2008

A Penitênciária das Almas Penadas




A Penitenciária das Almas Penadas

O Bairro Alto passa a ter a mais moderna e eficaz versão do Condomínio Fechado, o "Condomínio de Segurança Máxima", genial invenção de Hélder Carita, criador das gaiolas de protecção onde serão colocados predadores das mais temíveis espécies para protecção "full-safety" dos habitantes deste novo conceito de "Residência para a Eternidade".
Jibóias andarão enroladas às traves das gaiolas, quando não estiverem estiradas ao longo do muro - outrora de Mardel agora de Carita - para afugentar assaltantes e bandos de temíveis autores de graffitti, sendo o seu poder dissuasor reforçado pela presença, no interior das grades, de leões importados da Núbia.
Consta que o senhor acho que Comendador Amorim teria sugerido dragões, supõe-se que por causa do Futebol Clube do Porto, mas o seu biógrafo Hélder Carita logo lhe explicou, em inglês, que um dragão é uma "non existent entity".
A residência para a eternidade poupa às famílias que habitarem o condomínio de segurança máxima as inevitáveis despesas do funeral que todo o ser vivo tem no horizonte, visto ficarem já soterrados – sob uma placa ajardinada que lhes foi assegurado ser de origem e formosa e frondosa - todos aqueles que aí comprarem morada.
É caso para dizer, utilizando uma expressão de mau gosto que os leitores compreenderão e não deixarão de perdoar-nos, que ficarão soterrados para a vida.
Consta que a Associação dos Cangalheiros vai organizar manifestações de protesto contra o conceito, susceptível de vir a prejudicar, a curto prazo, o inestimável serviço que prestam à Comunidade.
Convenhamos que se trata de uma reivindicação e de um protesto até certo ponto
justos, não obstante saber-se que os futuros inquilinos ficarão enterrados vivos onde ainda não há muito tempo ficava o cemitério do antigo Convento dos Inglesinhos cujas ossadas se misturaram com as raízes de árvores centenárias e
de toneladas de terra viva que dali foram impiedosamente arrancadas e arrastadas para destino incerto , facto que retira aos reivindicadores uma parte substancial da razão que lhes assiste tendo em conta que havia ali um cemitério, lá isso havia...
Há já quem chame maldosamente a esta obra-prima da tendência minimaligradista da moderna arquitectura a "penitenciária das almas penadas".

Texto de J.F.C.

Inglesinhos: recordar é viver (8)


Agora e ...


Antes, ou, como o muro de Carita substituiu o muro de Carlos Mardel.

A Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M), em parceria com a Gare, a Câmara Municipal de Lisboa, a Top 25 e a Toyota, promove no dia 30 de Abril de 2008, a partir das 10h30m, no Terreiro do Paço, a acção de sensibilização Alcokart.
O Alcokart é um kart transformado que permite em tempo real simular a condução sob o efeito do álcool. O condutor do kart (idade mínima 13 anos) tem a oportunidade de experimentar, enquanto sóbrio, o que se sente quando se conduz bêbado.
O objectivo principal desta iniciativa é demonstrar aos jovens a importância de uma condução responsável, alertando para os perigos da condução sob o efeito do álcool, de forma a reduzir a sinistralidade rodoviária em Portugal

António Costa não conhece projectos para Alcântara

In Público (30/4/2008)

«O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa (PS), desconhece a versão final das intervenções anunciadas segunda-feira pelo Governo para Alcântara, nomeadamente o novo nó ferroviário, que terão "grandes impactos" na cidade. "Não creio que exista um desenho final ainda. A câmara não o conhece se existe", disse ontem o autarca na Assembleia Municipal de Lisboa, em resposta à intervenção do líder da bancada do PSD, Saldanha Serra, que classificou de "sinistra" a intervenção anunciada por Sócrates numa cerimónia em que António Costa não participou.
Em declarações à Lusa, Costa justificou a sua ausência na cerimónia com a assinatura do acordo entre a autarquia e os sindicatos para a constituição de um tribunal arbitral que vai decidir a integração dos trabalhadores precários do município. "Tínhamos a assinatura do acordo com os sindicatos", justificou.
A cerimónia em que o Governo anunciou um investimento de 407 milhões para Alcântara estava marcada para as 10h00, embora tenha começado cerca das 11h00, e a assinatura do acordo entre a câmara e os sindicatos estava marcada para as 12h00, tendo começado cerca das 12h20. António Costa esclareceu que teve acesso a uma "versão preliminar" das intervenções projectadas, sobre a qual a câmara fez sugestões, uma das quais, "a mais importante", frisou, foi tida em conta.
"A câmara sugeriu uma ligação desnivelada entre a Linha de Cascais e a Linha de Cintura porque grande parte dos passageiros da Linha de Cascais destinam-se às Avenidas Novas, que são servidas pela Linha de Cintura", afirmou. O autarca ainda não tomou, contudo, conhecimento formal da versão final dos projectos. "Estou à es-
pera que o ministério nos envie. Segundo a indicação do senhor ministro estará em trânsito entre o ministério e a câmara", disse.»

29/04/2008

Artigo de Opinião no Público

Artigo do jornal Público de 27/4/2008 - Pedro Magalhães

Valores de Esquerda

Há dias, foi apresentado o projecto de ampliação da Gare do Oriente para a alta velocidade. Santiago Calatrava vai receber mais de seis milhões de euros e promete aproveitar a ocasião para emendar algumas das - note-se o encantador eufemismo - "falhas" do projecto anterior. Abrilhantando ainda mais a ocasião, o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, avançou a proposta de encerrar a estação de Santa Apolónia à actividade ferroviária, transformando-a em terminal de cruzeiros. Quanto aos terrenos afectos, deveriam ser vendidos para - outro eufemismo - "projectos urbanísticos", com as receitas a ajudarem ao reequilíbrio financeiro da Refer.

Há várias coisas interessantes neste episódio. Já se conhecia a total incapacidade das inúmeras autoridades e jurisdições sobrepostas, cujas decisões têm impacto na vida dos lisboetas, para chegarem a um nível mínimo de coordenação e planeamento. Mas a situação parece ter chegado a extremos inéditos de diletantismo. No dia seguinte às declarações do presidente da câmara, a CP fez saber que discorda da ideia de António Costa, tendo em conta as consequências graves que ela teria para o congestionamento das linhas e para as operações de manutenção, logística e estacionamento de composições. O que impressiona aqui, claro, não é que duas entidades tenham visões contraditórias sobre o mesmo tema, mas sim que a "ideia" tenha sido avançada sem que, aparentemente, tenha havido a mínima consulta prévia sobre o assunto entre as partes interessadas. De resto, isto parece ser sintoma de uma síndrome ainda mais grave. Quando António Costa era candidato, muito se disse - ou insinuou - sobre as vantagens que decorreriam de ter na câmara um ex-membro do Governo com grande peso político no partido do poder. Mas, como as sucessivos obstáculos colocados às suas "ideias" pelo Tribunal de Contas, pelo Presidente da República, pela oposição camarária e, agora, até pela CP parecem demonstrar, uma das consequências de ser ter eleito António Costa parece ter sido a de colocar na presidência da câmara alguém que ainda não se deu devidamente conta de quão limitados são os seus reais poder, influência e capacidade de realização.

É até possível que o presidente da câmara acredite que é disto, destas "ideias", que se pode, afinal, fazer um bom lugar. No dia em foi eleito, António Costa prometeu, em frente às câmaras de televisão, algumas medidas imediatas, para as quais fixava prazos concretos: para além do simbolismo - que disso ainda não passa - de encerrar o Terreiro do Paço ao trânsito nos domingos, prometeu limpeza das ruas, pintura de passadeiras, ataque ao estacionamento em segunda fila e em cima dos passeios e recuperação dos espaços verdes. Na altura, foi muito criticado por propor medidas aparentemente comezinhas e pouco ambiciosas. Mas a ênfase era correctíssima: uma cidade que, no confronto com as restantes capitais europeias, se caracteriza antes de mais pelo elevado grau de decadência e degradação física do espaço público, precisa em primeiro lugar, e sempre, de manutenção e regulação. Contudo, duzentos e oitenta dias depois, não é preciso deambular muito pela cidade para perceber que, com excepção do simbolismo, estamos muito, muito longe da concretização de qualquer uma dessas "medidas imediatas". E, surpreendentemente, ao contrário da acérrima vigilância que cada vez mais - e bem - se faz da actividade do Governo central, são raríssimas as menções na comunicação social a este fracasso, tendo cabido quase exclusivamente a alguns cidadãos comuns, em vários blogues profusamente ilustrados, a sua diária demonstração. Como a sua presença na Quadratura do Círculo demonstra, os horizontes que António Costa tem para a sua carreira política vão muito para além da "mera" presidência da Câmara de Lisboa. E o risco é que, perante a passividade da comunicação social, a inépcia, falta de visibilidade ou cooptação da oposição camarária, o fascínio de muitos eleitores com as "grandes obras" e a sua habituação ao quotidiano desastroso do que é a vida em Lisboa, o presidente da câmara sinta que se pode dedicar ainda mais a este tipo de "ideias".

A verdade, de resto, é que a proposta de António Costa tem um honroso pedigree na vida da cidade. Inaugurada em 1988, a estação de metro das Laranjeiras tinha sido inicialmente concebida com o fim de servir os utentes do futuro Luna Park. Na ausência de semelhante coisa, a estação serviu para estimular variados "projectos urbanísticos", do T1 ao T6, também disponíveis em duplex. No mesmo dia, abriu a estação do Alto dos Moinhos, inicialmente concebida para servir a "cidade administrativa", onde seriam colocados todos os serviços governamentais hoje situados no Terreiro do Paço. Morta a ideia, vários outros "projectos urbanísticos" ocuparam o seu lugar. Sessenta e oito anos depois da inauguração do Aeroporto da Portela e 50 anos depois da inauguração do Metro de Lisboa, avançam agora as obras de ligação entre um e outro, que têm apenas a ligeira desvantagem de, entretanto, ter sido decidida a construção de um novo aeroporto noutro sítio. Mas há sempre "projectos urbanísticos" que podem suprir uma necessidade tornada subitamente inexistente. E se há novidade nesta proposta de António Costa, é o facto de propor eliminar a razão de ser da extensão da linha de metro para a recém-renovada Estação de Santa Apolónia com um custo por quilómetro que deverá ter sido um dos mais altos deste meio de transporte em todo o mundo já depois de a obra estar concluída. Assim, colocada em prática esta ideia, os habitantes da parte ocidental de Lisboa que precisem de fazer um percurso ferroviário de longo curso terão de atravessar toda a cidade até ao seu extremo oriental. Mas sempre que desejarem fazer um cruzeiro, dar um passo de dança à noite, comprar produtos gourmet ou fruir dos vários "projectos urbanísticos" que António Costa terá em mente para a zona, é um saltinho. Em suma, então, a "ideia": pegar em milhares de milhões de euros dos contribuintes que serviram para construir uma obra de alegado interesse público e transformá-los num serviço para uma minoria de cidadãos, fonte de lucro fácil para interesses imobiliários e fonte de receitas para compensar défices ruinosos em empresas públicas. Mas verdade seja dita, António Costa já tinha explicado, na Quadratura do Círculo, que "uma coisa são os valores (de esquerda), outra coisa é a sua aplicação no dia-a-dia." Ora nem mais.

Ainda a 'Nova Alcântara':

«Programa "Nova Alcântara" 2008-04-28 14:45

Governo anuncia investimento de 407 M€ em projecto ferroviário e portuário
O Governo anunciou hoje um investimento de 407 milhões de euros (M€) numa intervenção ferroviária, através da criação de um novo nó em Alcântara, e numa outra intervenção portuária, com um novo terminal de contentores, cujas obras arrancam agora e estarão concluídas em 2013.

Diário Económico Online

Segundo a agência Lusa, as intervenções de promoção da intermodalidade através da construção de uma ligação ferroviária desnivelada entre o terminal e a Linha de Cintura e a criação de uma zona de acostagem e operação de barcaças fazem parte do projecto.

"O investimento é de 407 milhões de euros, dos quais 227 são investidos pela Liscont e 180 milhões de euros pela Refer e Porto de Lisboa", afirmou o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, na cerimónia de apresentação do projecto "NovAlcântara".

Os trabalhos "vão começar já e todas essas obras estarão concluídas em 2013", adiantou ainda Mário Lino.

A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, explicou que a intervenção ferroviária inclui uma ligação da linha de Cascais à linha de Cintura, em túnel, permitindo a continuidade dos serviços urbanos de passageiros entre as duas linhas e a construção de uma nova estação subterrânea em Alcântara-Terra.

"Esta intervenção corresponde a um investimento estimado de 59 milhões de euros", disse Ana Paula Vitorino, estando previsto que a procura da linha de Cascais aumente 39% para os 41,8 milhões de passageiros em 2017, contra os actuais 30 milhões, o que corresponde a um acréscimo de 11,8 milhões de passageiros.

A secretária de Estado apontou como um dos "grandes benefícios" deste projecto, o conjunto de ligações directas de todo um corredor Cascais/Oeiras à zona ocidental da cidade e à linha de Cintura, "permitindo ganhos de tempo e acréscimos de conforto substanciais".

"As pessoas não têm que sair de um comboio e andar bastante a pé para apanhar outro comboio, porque vão ter ligações a qualquer estação de Metro que esteja ligada à linha de Cintura, vão poder chegar directamente à gare do Oriente e futuramente ao novo aeroporto de Lisboa e a Setúbal, também com prazos bastante razoáveis e com conforto", revelou ainda Ana Paula Vitorino.

Em termos de tempo de duração da viagem praticados hoje entre Cascais e Sete Rios, estima-se uma redução de cerca de 30 minutos, ou seja, uma hora por dia em deslocações pendulares, assim como será possível em 54 minutos ir de Cascais à Gare do Oriente no mesmo comboio.

A ligação desnivelada em Alcântara permitirá ter serviços urbanos sem transbordo entre a linha de Cascais e a Margem Sul, via Terceira Travessia do Tejo, e está articulada com o projecto de modernização da linha de Cascais.

Esta intervenção tem ainda benefícios a nível nacional e internacional, uma vez que os passageiros poderão utilizar os serviços de Alta Velocidade a partir da linha de Cascais e mudando de comboio apenas no Oriente, demorando apenas pouco mais de duas horas e três horas e meia para o Porto ou para Madrid, respectivamente.

Quanto à intervenção Portuária, o projecto consiste na ampliação, reorganização e reapetrechamento do terminal de contentores de Alcântara, com vista a atingir uma capacidade anual de um milhão de TEU'S (um TEU equivale a um contentor de 20 pés).

"Hoje temos uma movimentação de cerca de 270 mil TEU'S por ano, estamos a aumentar a capacidade para um milhão de TEU'S, o que permite quase quadruplicar a movimentação de carga no Porto de Lisboa", afirmou Ana Paula Vitorino.

A intervenção integra ainda o melhoramento das acessibilidades marítimas, a criação de uma zona de acostagem e operação de barcaças, a construção de uma ligação ferroviária desnivelada entre o terminal e a Linha de Cintura e um feixe de mercadorias (doca seca), rondando o investimento os 348,4 milhões de euros.

"Um grande benefício desta intervenção é a modernização e o aumento de competitividade, capacidade e eficiência do Porto de Lisboa e a melhoria da sua internacionalização", sublinhou a secretária de Estado.

Ana Paula Vitorino assegurou que não haverá mais impactos negativos ao nível do congestionamento e das emissões dos gases com efeito de estufa.

"Com a ferrovia e o transporte fluvial, vamos evitar o crescimento de cerca de mil camiões por dia nas nossas estradas e logo a diminuição dos impactes em termos de emissões de CO2", garantiu.

"Os investimentos que referi, apesar de serem realizados por diferentes entidades, encontram-se coordenados num programa global que garante termos uma Nova Alcântara em 2013", reforçou a secretária de Estado, acrescentando que o projecto é um marco de mobilidade sustentável e desenvolvimento económico.

A concretização do novo plano de investimentos para o novo Nó de Alcântara e Terminal de Contentores foi hoje formalizado através de um memorando de entendimento assinado entre o Estado, a Administração do Porto de Lisboa, a Refer, a concessionária Liscont e a Tertir.

"Resultou claramentre mais vantajoso para o país que a capacidade do TCA seja expandida, correndo o investimento por conta da concessionária, tendo como contrapartida a prorrogação do prazo de concessão por 27 anos e meio", sublinhou ainda Ana Paula Vitorino.

Notícias Relacionadas:

Investimento de 226 milhões de euros 2008-04-28 12:53

Mota-Engil acorda com o Estado plano de ampliação do Terminal de Contentores de Alcântara

A construtora Mota-Engil revelou hoje ter assinado com o Estado um Memorando de Entendimento que define os princípios da ampliação do Terminal de Contentores de Alcântara, que terá um investimento total de 226 milhões de euros.

Pedro Duarte

Segundo um comunicado hoje emitido pela Mota-Engil, o memorando define os princípios base de um aditamento ao Contrato de Concessão do Direito de Exploração, em Regime de Serviço Público do Terminal de Contentores de Alcântara, a contratualizar no prazo de máximo de 90 dias, ao abrigo do qual se irá implementar um ambicioso plano de ampliação desta infraestrutura, num montante total de investimento de 226 milhões de euros, estipulando também a prorrogação do respectivo prazo da concessão em 27,5 anos.

"A elaboração deste plano tem por base quer o grande crescimento da movimentação no terminal (mantendo-se as actuais taxas de crescimento a infraestrutura atingirá o ponto de saturação até 2012), quer as prospectivas taxas de crescimento do tráfego naquele que é o principal porto do país, servindo uma mancha populacional de 5 milhões de pessoas", adianta o documento.»

Nova Alcântara

O documento oficial, no site do próprio MOPTC: AQUI.

Ainda é possível proteger este prédio? (1)


Este é um magnífico edifício ao estilo francês, sito no Campo Grande, Nº 176-184, mas é também mais um dos legados de Gabriela Seara, que para aqui aprovou um loteamento (Proc. 27/URB/2005), depois de uma informação prévia ter sido homologada com parecer negativo (Inf. prévia Nº 1059/EDI/2003). Trata-se de mais um crime urbanístico, sobre o último dos prédios de valor arquitectónico que ainda restavam deste lado do Campo Grande.

Uma vez que o prédio não faz parte do Inventário Municipal, nem foi objecto de classificação fosse do que fosse, POR FAVOR, haverá alguma boa alma que queira apresentar um pedido de classificação ao IGESPAR?

O escândalo do Bar Xannax, na Rua do Século, Nº 138:

Bom dia
na 5ª fª passada ocorreu a mais intensa das noites de desvario junto ao bar Xannax, rua do século, 138:

1.. a partir da meia noite (hora a que se calhar o bar deveria encerrar), magotes de pessoas começaram a circular nas ruas estreitas e a impedirem o sossego dos moradores
2.. a música altíssima era audível no exterior
3.. um dos divertimentos novos dessa noite foi fazer skate nos contentores do lixo, descendo a inclinada calçado do tijolo; bué da giro, pá! grita um, para além de lixo no chão, resulta um som fantástico e grave, uma trovoada, mesmo o que a malta precisa para se divertir na madrugada; ao fim de umas experiências passa-se o caixote a ouro, depois fartam-se
4.. parar é morrer, a gritaria nunca pára, há sempre gritos, cantigas, o hino do sporting (quase todas as 5ª fª fªs lá estão eles, os nossos pequenos sportingistas)
5.. chamada a PSP, obtém-se a resposta nula do costume, não dei conta de qualquer intervenção (falta de contacto visual? falta de resultados práticos?)
6.. uma novidade: o tráfico de drogas começa a ser visível, numa rua mais escondida, um carro avia 3 raparigas, que sobem na direcção da rua da rosa
7.. o facto de muitos dos miúdos terem manifestamente menos de 16 anos e estarem alcoolizados, de copo na mão, frente ao bar, ainda não deu nas vistas de nenhuma autoridade policial (sim, a noite é escura.)
8.. depois das 04:00h le grand finale: toda uma multidão que grita em conjunto, eufórica, uns cantam, outros não, todos fazem barulho comportando-se como se fosse 16:00h num estádio de futebol, pequenas brigas, um miúdo trepa para cima de um carro (não há azar, não é o do dono do bar), ganda movimento pá
9.. às 04:45h, depois de uma passagem da PSP que responde a um apelo com mais de 15 min de demora, a coisa serena, os retardatários ainda perguntam de voz trémula, onde é qu´a malta vai agora, meu?
10.. a PSP vai-se e um vigia também
11.. no dia seguinte, é visível o o lixo ensacado pelo bar por recolher (ah! mas estamos certos que a CML multou o bar por ter depositado o lixo fora de horas, tão certos como não termos dormido nessa noite), as garrafas e copos fazem uma meia lua frente ao 138, tudo normal, tudo na boa, os moradores nem foram trabalhar nessa 6ª fª, era feriado (salvo algum infeliz que trabalhe por turnos., não tem importância) dura há 4 meses, ninguém sabe quando pára


bom dia aos leitores



nc

Inglesinhos: recordar é viver (7)








Eis algumas fotos do martírio porque passaram a Rua Nova do Loureiro e a Calçada do Cabra, com ocupação continuada da via pública, com total desprezo pelos peões, perante a indiferença da PM e da própria CML. E o descaramento do que fizeram ao muro de Mardel.

Fotos: FM

Carris vai alugar automóveis à hora a partir de Setembro

In Diário de Notícias (28/4/2008)
DANIEL LAM

«'Carsharing' poderá ser usado à hora mas não tem ainda tabela de preços
O aluguer de automóveis ligeiros sem motorista por curtos períodos de fracções mínimas de uma hora é a nova aposta da empresa transportadora Carris de Lisboa, que será lançada durante a Semana da Mobilidade, em Setembro. O objectivo é "melhorar a mobilidade em Lisboa e retirar trânsito do centro da cidade", explicou ao DN fonte da empresa.

Opinião contrária têm representantes da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) e da Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M). Consideram que "não diminuirá o número de viaturas" na capital e defendem que "a solução é dar prioridade ao transporte público".

O projecto da Carris, denominado carsharing e ainda sem tabela de preços, "permitirá usar um automóvel partilhado por múltiplos utilizadores sem ter de o adquirir e assenta na possibilidade de dispor, apenas quando necessário, de um veículo", revelou fonte da empresa, explicando que "o pagamento será feito em função do tempo e do espaço percorrido". Defende que "constitui uma excelente solução de mobilidade para visitantes, reduzindo o número de veículos em circulação". (...)»

Uma excelente ideia, importada, certamente, mas bem importada. Copiar o que de bom se faz lá fora, não envergonha. Venha mais 'copy paste', S.F.F.

Bar O Avião começou ontem a ser demolido por ordem da Câmara Municipal de Lisboa

In Público (29/4/2008)

«Um avião foi ontem desmantelado junto à Segunda Circular. A aeronave nada tinha a ver com o habitual movimento do Aeroporto da Portela, mas sim com o conhecido bar O Avião, que foi desmontado em cumprimento de uma determinação da Câmara Municipal de Lisboa, depois do seu proprietário, José Gonçalves, ter morrido em 2 de Dezembro de 2007, na sequência da explosão de uma bomba na sua viatura.
O desmantelamento daquele que era o único bar do país a funcionar dentro de um avião começou ontem de manhã e está a cargo da empresa Ecoproject - Gestão de Resíduos, de Setúbal, contratada pela filha de José Gonçalves. Durante o dia de hoje ainda poderão ser vistas no local as gruas encarregadas de demolir o famoso bar de alterne. Os apreciadores de aviação que pretenderem tentar a sua sorte e recolher partes do avião poderão fazê-lo dentro das próximas duas semanas, tempo estimado para a limpeza do local.
O nariz e o cockpit, as únicas zonas do avião que serão mantidas intactas, estão já reservadas para a TAP, que demonstrou interesse em expor no seu museu os restos daquele que con-
sidera ser um importante marco "para a presença da aviação em Portugal", segundo António Monteiro, porta-voz da transportadora aérea. José Pedro Domingues, director técnico da Ecoproject, disse que a Associação Portuguesa de Inspecção e Prevenção Ambiental está a acompanhar o processo para garantir que todos os materiais sejam reciclados. Um aterro no Pinhal Novo vai receber materiais como lã de vidro, alumínio, madeira, borrachas e plásticos.
Dois especialistas da PSP na inactivação de explosivos estiveram também no local. Fonte da PSP, citada pela Lusa, garantiu que a recolha de material "não tem nada a ver com as investigações da morte do empresário". O proprietário do bar morreu na madrugada de 2 de Dezembro de 2007, na sequência do rebentamento de uma carga explosiva colocada debaixo do lugar do condutor da sua viatura. José Gonçalves era testemunha de acusação no caso Passerelle, que ainda está a ser julgado no Tribunal de Leiria, e sócio de Jorge Chaves, um dos arguidos do processo, num bar de strip-tease na ilha de São Miguel, nos Açores.»

Alcântara recebe investimento de 407 milhões de euros até 2013

In Público (29/4/2008)
Luísa Pinto

«Governo promete que tráfego ferroviário, rodoviário e marítimo vão fluir melhor, mesmo com o quádruplo dos contentores

O projecto foi apresentado na ausência do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, mas com uma delegação de peso do Governo: primeiro-ministro, ministro das Obras Públicas e secretária de Estado dos Transportes estiveram ontem em Alcântara para anunciar o fim do "bloqueio" ao nível ferroviário, rodoviário e portuário que ali existe. Com o projecto Nova Alcântara, um investimento de 407 milhões de euros, a pagar por várias entidades, o Governo quer levar a cabo intervenções em várias frentes, no terreno e no leito do rio, até 2013.
No final das intervenções, Alcântara terá um terminal de contentores com quase o quádruplo da actual capacidade, uma linha ferroviária desnivelada, a construir em túnel, entre o terminal e a Linha de Cintura. Uma nova zona de acostagem e de operação de barcaças também fazem parte do projecto. Está ainda prevista uma ligação fluvial entre o terminal de contentores de Alcântara, concessionado à Liscont (ver caixa), e a plataforma logística de Castanheira do Ribatejo.
Dos 407 milhões de euros previstos para o investimento, a principal fatia será assegurada pela empresa privada que está a explorar a concessão do terminal de contentores: 227 milhões de euros. O restante investimento será assegurado pela Administração do Porto de Lisboa e pela Rede Ferroviária Nacional, que investirá cerca de 59 milhões de euros.
Ligação em túnel
A ligação ferroviária da Linha de Cascais à Linha de Cintura, em túnel, irá permitir, segundo a informação ontem disponibilizada, a continuidade dos serviços urbanos de passageiros entre as duas linhas e a construção de uma nova estação subterrânea em Alcântara-Terra. O Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações estima uma procura para a Linha de Cascais, com aumentos na ordem dos 39 por cento, de 41,8 milhões de passageiros, em 2017, contra os actuais 30 milhões (acréscimo de 11,5 milhões de passageiros).
Entre os benefícios que esta intervenção irá trazer, a nível nacional e internacional, será, segundo o Governo, um conjunto de ligações directas de todo o corredor Cascais--Oeiras à zona ocidental da cidade e à Linha de Cintura, "permitindo ganhos de tempo e acréscimos de conforto substanciais", como frisou a secretária de Estado, citada pela Lusa.
"As pessoas não têm que sair de um comboio e andar bastante a pé para apanhar outro comboio, porque vão ter ligações a qualquer estação de metro que esteja ligada à Linha de Cintura, vão poder chegar directamente à Gare do Oriente e futuramente ao novo aeroporto de Lisboa e a Setúbal, também com prazos bastante razoáveis e com conforto", revelou. Comparando os tempos hoje realizados entre Cascais e Sete Rios, por exemplo, estima-se uma redução do tempo de viagem em cerca de 30 minutos.»

«Carmona Rodrigues diz-se "chocado"

Ex-ministro das Obras Públicas, ex-presidente da Câmara de Lisboa e actualmente vereador independente, Carmona Rodrigues conhece bem as questões relacionadas com o porto de Lisboa e os seus projectos de expansão. E disse, ao PÚBLICO, estar "chocado" com a "forma inacreditável" como o Governo tem vindo a tomar "decisões estruturantes para a cidade" sem ouvir a autarquia.
A câmara lisboeta não esteve representada na cerimónia de apresentação do projecto Nova Alcântara e Carmona Rodrigues diz que soube do assunto pelos jornais. "Acho incrível que os órgãos da cidade não sejam auscultados, e é ainda mais incrível ver o presidente da câmara a dizer que "tem indicações de que não se trata de um novo terminal, mas sim de um rearranjo do mesmo"", notou o vereador, que questiona: "Mas o presidente da câmara não sabe o que se está a passar?"
E o que se está a passar? "O Governo está a decidir o Nó de Alcântara, como decidiu a terceira travessia [do Tejo], à margem da cidade", responde Carmona Rodrigues. "Mais valia a senhora secretária de Estado admitir que, afinal, as Autoridades Metropolitanas de Transportes não são precisas para nada, porque é isso que tem demonstrado", criticou o ex-ministro.
Tendo o próprio Carmona Rodrigues apresentado um projecto na câmara a que presidiu para o local, e depois de se ter manifestado publicamente contra a intenção do porto de Lisboa em ampliar as suas instalações de Alcântara para aumentar a sua capacidade, o actual vereador adivinha "alguma proximidade às propostas" que já foram feitas. E, se não tem dúvidas em considerar "interessante" as propostas de desnivelamento ferroviário, manifesta preocupação com a extensão da área que vai ser concessionada à Liscont, que pretendia ampliar o terminal de contentores até à doca de Santos. "Sempre defendi, enquanto ministro, que a operacionalidade do porto aumentaria com a desburocratização e com um melhor aproveitamento de espaços", lembrou, questionando, ainda, os aumentos de procura previstos para a Linha de Cascais, e o pesado investimento que terá de ser feito para substituir todo o material circulante daquela linha. L.P. »

Chocado estou eu com duas coisas:

1. A concidência de aparecer a Mota Engil.

2. A recondução da equipa da APL, depois do 'brilhante' serviço à pátria que constituem os edifícios das agências europeias, no Cais do Sodré, a proliferação de caixas e caixonas para bares e afins, em cima do rio; e, claro, coisas como o Hotel Altis do Bom Sucesso; a insistência, parva, no terminal de cruzeiros de Santa Apolónia, o projecto de ampliação da Estação Sul-Sudeste do Terreiro do Paço.

3. A 'substituição' da linha de comboio e do comboio como 'muro' às vistas e ao acesso ao rio, pela quadriplicação do terminal de contentores, criando um mega-muro ao longo do rio.

4. O autismo de quem de direito em explicar, tintim por tintim, porque razão não se remodela as gares Marítima de Alcântara e da Rocha Conde d'Óbidos de modo a poderem atracar os grandes paquetes com todas as comodidadas, e se persiste em reivindicar a hipótese de Santa Apolónia como factor de 'boom' turístico, Alfama adentro.

5. O ámen da CML em todo este processo.

28/04/2008

What goes up must come down

Leon Krier talks sustainable architecture

In Building Design, UK: http://www.bdonline.co.uk/

The Prince of Wales's architecture guru Leon Krier talks with Jules Lubbock about the environmental merits of traditional buildings

Jules Lubbock: An important question is the control of the skyline in modern cities and particularly what's been happening to London in recent years.
Leon Krier: The problem with metropolitan developments like London or New York is they are not a product of reason and voluntary decision, but are rather accidents. Like in London [with the Congestion Charge]. Of course this makes traffic lighter but it transforms the city into a privatised zone for a certain class of people. It is not an intended outcome but is an accident.
JL: What do you think of buildings like the Gherkin?
LK: It's just a fad. What used to be a subliminal form of frustrated sexuality now becomes an open, indecent demonstration of permanent erection. It's power madness.
JL: Do you think there are any merits in the design? Is it better than other tall buildings?
LK: It's vacuous. I was surprised actually that it's less aggressive than the other towers. When you see it from Fleet Street, it could almost be a classical cupola. When you are low enough, you think it's a cupola. It's less brutal. The others are so ugly.
JL: You've never been against tall buildings as such, and we've had arguments about this because I, 15 or 20 years ago, was in favour of rather rigid height controls, and you had your view that buildings should be limited to four storeys — but the storeys can be very, very tall storeys.
LK: St Paul's Cathedral is a one-storey high skyscraper, the Eiffel Tower a three-storey high skyscraper. [Modern] skyscrapers are clearly a form of dominance of the skyline. When you surround St Paul's with these kind of buildings, St Paul's becomes a minor event.
JL: The immediate surroundings of St Paul's, namely the new Paternoster Square, is actually a great success.
LK: It's certainly a lot better than it would have been had the Prince not intervened. I recommended neoclassical architect John Simpson. The first scheme was brilliant.
JL: Even the final scheme has its merits.
LK: What was built was clearly strongly influenced by that first scheme. It's certainly much less damaging than it would have been. I looked at [the original proposal] in detail, and just by comparing the figures of what was on offer from the architects and what the law allowed, they were 95% over the allowed density.
Then Richard Rogers was acclaimed as a genius because he had gained 7:1 plot ratio for Lloyd's of London, whereas the maximum was 5:1. I calculated that by adding three floors to the back of the existing building, which was two storeys high, you would have gained the same density you have now.
They demolished a beautiful neoclassical building. They are not interested in density.
"The motivation is not beauty. The motivation is prestige and money and power"
JL: It was financial, wasn't it?
LK: No, it's prestige and the fear, the anxiety of backwardness. They must prove that they are one part ahead of everybody else.
JL: There is an argument that with mobile communications, with your iPhone and BlackBerry, the need for the physical office is beginning to decline, that people can work in a nomadic fashion, on the move, from their homes, from cafés, so maybe something radical is going to happen to these highly congested commercial cities.
LK: That would mean there had been a need for these high densities. I'm absolutely convinced there never was. They developed because there were lifts and cars and mechanised transport but there was never an absolute need. One could have reorganised modern office building in such a way that you'd never need utilitarian high rise.
JL: That's an interesting theme between the rationality of these decisions and the irrationality of them.
LK: And also the complete ignorance that when you have a historic network of streets of a city, which was an extremely refined network of streets and railways, it's beautiful. When you look at 19th century planning, it was a rich pattern, which was planned for two or three storeys, sometimes four. And then in the late 19th century, [the developers] started packing really dense, becoming more specialised and moving residents out because of the pressure on land.
One of Le Corbusier's great analytic schemes, Ville Radieuse, had a famous stella diagram which shows how as you get into a city there is density of traffic. Yet the contrary is true when you look at the street pattern: we have big streets outside and very thin, tiny alleys in the centre. How do you get this density into those streets? It's absurd. And therefore Corbusier's response was to blow it to smithereens and rebuild.
The other way was to say this is a pattern which is highly intelligent, works extremely well. Clean out the things which don't work and build the modern city, the really dense, highly mechanised city elsewhere.
JL: That's to some extent what the French did with La Défense.
LK: Which was in a way more intelligent.
JL: It's still pretty ghastly, isn't it?
LK: It's absolutely dreadful. It's just like everywhere else, because the motivation is not beauty, the motivation is prestige and money and power. They are erections in the most sexual, non-sublimated and totally crude way.
JL: So are you saying that even though the new technology of doing business and interacting with one another through mobile communications may point to reducing this congestion, nonetheless the desire of people who run corporations and so on will remain to have these triumphal monuments?
LK: Right now — in Bogota, Kiev, Moscow, China — a whole family of skyscrapers is mushrooming. It's completely nonsensical.
"This monopoly of modernism over architectural education still strikes me as quite monstrous"
JL: Are you being a little pessimistic?
LK: I am a happy person. I'm not bitter about it. I just cannot see why intelligent people can't see it. Because the logic of New York is that every building block becomes a skyscraper. Let's say there wasn't an energy crisis, that oil would be $10 a barrel for another 300 years. If you pack the whole damn thing so full that there's not a single site left without a skyscraper, it is totally unsustainable proposition. I use this term "unsustainable" very rarely.
JL: Does it also have to do with leading architects — we won't name them — as sort of drug dealers, feeding property developers with the drug of building the tallest building?
LK: It's like a drug, and like a really strong drug, it's suicidal. I remember Stirling, Rogers and Foster wrote this letter to the Times, they wanted to revive Mies van der Rohe's project for Mansion House Square. This was a project which had been dead for several years, Mies was dead anyway. I knew him from the war fairly well and this was not even a decent Mies. Why would they want to revive this project? My argument was of course you revive it because you want jobs there, because you have no theory which would tell you why not to do something like that.

JL: When the Prince was making the Vision of Britain film in the mid-1980s, there was nowhere to study traditional architecture. Now, in the US there are about four places for the whole of the western world. This monopoly of modernism over architectural education still strikes me as quite monstrous.
LK: Particularly because traditional architecture is not a matter of ideology but of technique: how to deal with natural materials when you build, what forms come out of putting materials together. And yet it's treated on the modernist side as something that is not technological but historical. It's seen as something we can't do now because things have changed.
The only thing which changed is that through the dominant use of synthetic materials, you can do things which before you couldn't do. Modernism would not be possible without the use of synthetic materials.
Any idiot can cast a piece of concrete that stands up, despite its illogical form and nonsensical expression. Now when we look at what these materials cost environmentally, we see that concrete is a material which has colossal carbon footprint.

JL: Brick uses four times the amount of embedded energy to wood; concrete five times; steel perhaps 10 times; aluminium is the highest of all, and glass, of course.
LK: Now we are overtaken by environmental problems that are going to wipe out modernism like it was never dreamed of. If you see it purely as a style, you can be charmed by it because they are very nice things.
I calculated that the volume of kerosene I burned flying across the world to design the Miami University building was larger than the volume of the building itself. It is clearly unsustainable. The way we live is absurd. We are in a situation of extremes because of the imperial centrality of Europe and the US for more than 200 years. The architecture of the past 200 years is the architecture of excess, which is largely to do with drawing energies from other countries.
JL: The reason we [in the West] are able to be relatively clean is that we've exported our dirty industries to the Far East. So how do you control their urban development—it's not in our hands?
LK: The Charter of New Urbanism is missing a few things, but it's definitely in the right direction. Politicians have to take decisions and they don't know what they're doing. A man like John Prescott, pretends he is an ecologist, but virtually everything he decided was in the wrong direction.

O idiota luminoso

Eis aqui o idiota luminoso. O idiota luminoso é, por via de regra, um promitente governante. Central ou local.
Eis aqui a ideia luminosa. A ideia luminosa é a sua arma. Com ela irá esgrimir para ser eleito, para governar, para ficar na história. Para ser reeleito.
Eis aqui como ele abre caminho rumo à glória e/ou ao proveito. Convoca a comunicação social para a hora nobre, coloca-se em pose e saca da primeira ideia luminosa. Brande-a perante as câmaras. Num ápice, das suas mãos nuas surge um túnel, chave na mão, já com luz ao fundo e tudo. Rodopia sobre os calcanhares e apresenta uma dose de torres que vai espetando à beira mar. Afasta-se lentamente, e, de repente, num gesto brusco mas firme, lança uma nova ponte para o futuro. E finalmente, senhoras e senhores, meninos e meninas, para espanto de todos, o must, o clímax, o máximo, a cereja sobre o bolo. Eis a mais formidável de todas as ideias luminosas: a maior qualquer coisa do mundo! Nesse momento ele tem a eleição ganha.
Uma vez eleito, o idiota luminoso tem duas vias. Ou rapidamente esquece as promessas que fez porque, segundo diz, não dispõe de verbas para as concretizar e lá vai arrastando numa gestão medíocre e órfã. Dele não rezará a história. Ou, caso que nos interessa, porque de sucesso, derrete o orçamento e endivida a instituição a pôr de pé a sua ideia luminosa. Cuja será necessariamente excepcional. Porque dele sempre se esperam coisas excepcionais, nunca coisas banais; obras difíceis, nunca obras fáceis; sempre trabalhos caros, nunca quinquilharia da loja do chinês. A sua mente, demasiado ocupada em produzir a luz, não pode preocupar-se com as coisas mesquinhas, do dia a dia. Com as minudências, que são apenas ruído de fundo, que só atrapalha. Com uma espécie de trabalho doméstico, de mulher a dias. Tudo coisas indignas de um verdadeiro governante. Central ou local.
Mas como não há bela sem senão, existe um ponto fraco neste comportamento: os cidadãos estão cada vez mais exigentes. Não para reivindicarem coisas do outro mundo, mas apenas para que cumpra as obrigações para as quais foi eleito. Como fornecer e manter na cidade, uma boa qualidade de vida, na habitação, na educação, na saúde, nos transportes e mobilidade, no lazer. Que não haja mais buracos nas ruas, mais carros mal estacionados, que os jardins sejam tratados, que os espaços públicos cumpram as funções para os quais foram concebidos, que não haja mais espaços abandonados, que a sinalização seja correcta e fiável, que os peões estejam seguros nas passadeiras e nos passeios, que os transportes públicos sejam suficientes e a horas, que haja segurança, que o lixo seja recolhido, que os empreiteiros não sejam os donos do espaço público, que os estaleiros de obras sejam contidos e as obras terminadas, que não haja políticos e agentes e funcionários venais, que não haja especulação com os terrenos, que não haja corrupção, que haja sempre e atempadamente, planos urbanísticos e outros, amplamente debatidos e aprovados, que contemplem o futuro, sem dar lugar a aventureiros e charlatães. Nem mais idiotas luminosos...
Em suma, uma boa gestão corrente. Tudo assuntos para os quais não é necessário um miligrama de genialidade. Apenas interesse, seriedade, competência e, decerto, alguma imaginação. Qualidades que, diga-se em abono da verdade, vão rareando, face ao oficializado e idiota nivelamento por baixo.
Anseio pelo dia em que veja eleito o meu autarca preferido. Aquele que apenas tenha uma ideia luminosa: a de praticar uma boa gestão corrente.
Guilherme Alves Coelho

Inglesinhos: recordar é viver (6)



Três nomes possíveis para o condomínio dos Inglesinhos (*):

'Prisão Penitenciária Helder Carita';

'Condomínio Gradeado do Bairro Alto';

'Condomínio dos Engaiolados e Soterrados do Bairro Alto'.

(*) Sugerido por email

Planos de Pormenor de Alcântara e da Baixa:

Aviso n.º 13036/2008, D.R. n.º 82, Série II de 2008-04-28
Câmara Municipal de Lisboa
Plano de Pormenor da Baixa Pombalina

Aviso n.º 13037/2008, D.R. n.º 82, Série II de 2008-04-28
Câmara Municipal de Lisboa
Plano de Urbanização de Alcântara

Podem (e devem) participar quaisquer cidadãos interessados!

Em breve, o começo do fim para o Saldanha?


(Praça Dq. de Saldanha, Nº 4-8)


(Praça Dq. de Saldanha, Nº 9-10)

Que se saiba, o Plano de Alinhamento e Cérceas da Avenida da República está parado.

Que se saiba, o Plano de Alinhamento Cérceas/Plano de Pormenor (do quê? quando já só há 2 vivendas - ambas em estado de semi-abandono, aliás - e 2 prédios a preservar?) para o Saldanha não está terminado, nem perto disso.

Que se saiba, as aberrações cometidas no Saldanha (a demolição do Monumental; o prédio actualmente em investigação) deviam ter servido de lição, e motivo de conservação, a todo o custo, dos exemplares de valor que ainda lá restam, mas não serviram. Muito menos a montra de mau gosto que tem transformado paulatinamente a Avenida da República numa coisa inenarrável.

Não sendo os dois casos em apreço de valor arquitectónico por aí além, se bem que o exemplar que torneja com a Av.Casal Ribeiro é bonito e merece ser preservado, a verdade é que toda a praça está irremediavelmente descaracterizada, mas isso não pode significar que o deva ser na totalidade.


Coisas como esta que a CML vai votar na próxima 4ª F, seriam objecto do maior dos repúdios, ainda para mais sabendo-se da completa contradição jurídica, e sabendo-se, como sabe qualquer pessoa que por ali passe, o proprietário dos prédios tem mantido ambos completamente abandonados anos a fio, sem que nada nem ninguém o obrigasse a fazer obras de conservação. Mais uma vergonha que importaria punir, ou não?

Ligação pedonal Baixa-Carmo e esplanada sobre Lisboa estarão prontas em 2009

In Público (25/4/2008)
Catarina Prelhaz

«Primeiro projecto-chave para a revitalização da Baixa custa 2,5 milhões de euros, mas a câmara terá ainda de pagar a reconstrução de edifícios demolidos da GNR

Lisboa vai ganhar um percurso pedonal para facilitar a ligação entre a Baixa e o Largo do Carmo, onde verá também nascer um novo miradouro nos terraços do quartel da GNR. O primeiro projecto estruturante para a revitalização da Baixa deverá estar pronto em Setembro de 2009 e custará à autarquia 2,5 milhões de euros.
O plano prevê ligar a Rua Garrett às ruínas do Convento do Carmo (e elevador de Santa Justa) através de um passadiço com origem no Pátio B (espaço existente nas traseiras da Rua do Carmo). O percurso terminará nos terraços do Quartel do Carmo, onde três edifícios da GNR serão demolidos para darem lugar a uma esplanada ajardinada através da qual se poderá aceder ao futuro museu da Guarda Nacional Republicana.
Os anexos que vão ser demolidos acolhem actualmente a tipografia e camaratas da GNR, pelo que a Câmara terá de reconstrui-los noutro local. O montante necessário, a acrescentar aos 2,5 milhões de euros da dupla intervenção que deverão ser pagos com as contrapartidas do Casino de Lisboa, terá de ser assegurada pela autarquia, que se escusa para já a precisar o valor da compensação. "Estamos ainda a negociar esse montante com a GNR, mas o acordo prevê que, uma vez que demolimos os três edifícios, teremos de construí-los noutro local", justificou ontem o presidente da câmara, António Costa, após a assinatura do protocolo que permitirá o arranque do projecto.
A ligação pedonal da autoria do arquitecto Siza Vieira, já estava prevista há cerca de 17 anos no plano de pormenor para a reabilitação do Chiado na sequência do incêndio que atingiu aquela zona histórica da cidade.
Com a construção do acesso vertical entre o vale da Baixa e o castelo através do mercado de Chão do Loureiro, ficarão assim ligadas duas das vertentes históricas de Lisboa. Para esta segunda intervenção estruturante ainda não há datas, mas António Costa conta que as obras arranquem antes do final do actual mandato do executivo municipal. "Temos de apostar em libertar espaços que podem e devem ser devolvidos à fruição pública", sublinhou o presidente da autarquia.
Quanto ao elevador do edifício Leonel, construído para ligar a Rua do Carmo ao elevador de Santa Justa, António Costa admitiu que continuará parado até que o imóvel (já concluído) seja devidamente licenciado pelos serviços camarários.
Para além dos planos de acesso do vale da Baixa ao Carmo e ao castelo, a Câmara tenciona avançar com outros dois projectos estruturantes para a revitalização da Baixa até ao final do mandato, em 2009: a criação do Museu do Design e da Moda na antiga sede do BNU (Rua Augusta) e a instalação do museu do Banco de Portugal na antiga Igreja de S. Julião (actualmente utilizada como garagem daquela instituição bancária), junto aos Paços do Concelho, um projecto do arquitecto Gonçalo Byrne que, segundo António Costa, "já está na câmara para apreciação".
"Finalmente vamos poder passar à prática um plano de revitalização pensado ao longo do mandato anterior e que é necessário para dar outra vida à Baixa-Chiado", enfatizou António Costa.»

Dos barracões da GNR, que nunca deviam ter sido construídos, porque ilegais (e, portanto, ter que se suspender o PDM para poder demoli-los é ridículo); e da construção do acesso pedonal desde a Rua Garrett (por via do pátio interior ao antigo edifício do José Alexandre), atrasada 21 anos (!), é de referir o seguinte: mais vale tarde que nunca. Agora, é arrancar JÁ!

Câmara autoriza demolição do piso das galerias do Hotel Ritz

In Público (25/4/2008)
Ana Henriques

«Só os comunistas se opuseram à transformação da unidade hoteleira, alegando que esta irá "desfigurar o edifício na sua traça original"

10
andares tem o Hotel Ritz Four Seasons, com entrada pela Rodrigo da Fonseca, e 282 quartos com vista privilegiada
A Câmara de Lisboa aprovou esta quarta-feira a sentença final de morte das galerias do Hotel Ritz e a sua substituição por um novo edifício com mais dez metros de altura, destinado a comércio e serviços.
Os comunistas foram a única força partidária que se opôs à transformação do conjunto arquitectónico, que o actual bastonário dos arquitectos, João Rodeia, considerou em 2005 ocupar "um lugar central e paradigmático na história da arquitectura portuguesa e da cidade de Lisboa". Mesmo a sua antecessora na Ordem, a agora vereadora, Helena Roseta, conformou-se com a irreversibilidade de decisões camarárias anteriores à de ontem, tendo-se abstido quando chegou a altura de votar o licenciamento da demolição.
"Perante essas decisões tínhamos que ter um argumento legal qualquer para chumbar [o novo projecto]", explica a autarca, que admite ter tido muitas dúvidas na posição a tomar. "O problema é que o Instituto Português do Património Arquitectónico [Ippar], actual Igespar, o tinha aprovado."
Acontece que o principal argumento do Ippar para viabilizar as intenções dos proprietários do Ritz se relaciona precisamente com as autorizações camarárias que já existiam, quando lhe foi pedido parecer sobre o assunto: um pedido de informação prévia e um projecto de arquitectura aprovados respectivamente em 2002 e 2004, pela então vereadora do Urbanismo, a social-democrata Eduarda Napoleão, que terão dado direitos aos proprietários do hotel.
"O que foi aprovado desfigura o edifício na sua traça original", lamenta o vereador do PCP Ruben de Carvalho, sublinhando o facto de o Ritz se encontrar em vias de classificação patrimonial. As restantes forças políticas não foram sensíveis ao argumento, tendo votado a favor da demolição.
A transformação do gaveto onde se situam as galerias - no cruzamento entre a Av. Joaquim António de Aguiar com a Rua Castilho - "desfaz duas das premissas mais importantes" do desenho original, refere o técnico do Ippar que analisou em 2005 o novo projecto, feito pelo gabinete de arquitectura RRJ Arquitectos.
"O novo corpo em altura vai tapar parcialmente uma das perspectivas mais importantes do conjunto [nomeadamente para quem sobe a Rua Castilho e a Joaquim António de Aguiar], precisamente aquela que permite entender a relação do imponente bloco dos quartos com a plataforma de apoio, através dos imponentes pilares de sustentação".
Classificação chegou tarde
Apresentado como um dos exemplos mais marcantes da arquitectura do modernismo em Portugal, pertence a Porfírio Pardal Monteiro o desenho original do Ritz, que é dos anos 50 do século passado.
O projecto não contemplava as galerias, que correspondem a uma ampliação feita por um colaborador seu, o arquitecto Leonardo Castro Freire, uma década mais tarde, após a morte de Pardal Monteiro. Amplicação essa que, no entender do Ippar, não retira valor a esta parte do conjunto, "que beneficiou com a sua introdução".
Apesar do elevado valor que reconhece à obra - "constitui um bem comum vivo -, foi o actual bastonário dos arquitectos quem, como responsável máximo do Ippar, emitiu há dois anos e meio parecer favorável à demolição integral das galerias, que nos últimos anos foram vítimas de abandono. O processo de classificação patrimonial surgiu demasiado tarde para impedir o seu desaparecimento.
O PÚBLICO tentou, sem sucesso, obter esclarecimentos sobre a nova obra prevista junto da sociedade proprietária do Hotel Ritz, a Sodim, mas tal revelou-se impossível.
10
andares tem o Hotel Ritz Four Seasons, com entrada pela Rodrigo da Fonseca, e 282 quartos com vista privilegiada»

Lisboa abandonada, Lisboa caluniada

In Público (28/4/2008)
António Sérgio Rosa de Carvalho

«1 - Lisboa abandonada
Antes das eleições, ilustrei através de um texto no PÚBLICO, "A Baixa e os ciclos políticos", a dicotomia crescente entre a cidade de Lisboa com todo o seu valor e potencial e um mecanismo de ciclos políticos, saturante e impotente.
O projecto para a Baixa, nascido do comissariado, devia ter atingido uma autonomia operacional e desenvolvido um prestígio e uma autoridade cultural que transcendesse os ciclos políticos e assegurasse a sua execução em continuidade, sendo associado à ideia de uma candidatura a Património Mundial e cumprido assim a sua vocação de projecto de interesse nacional.
O que fez António Costa até agora?
Além de umas pinturas em faixas de peões, de uma promessa não cumprida de tolerância zero para as infracções de estacionamento, de uma tímida, desenquadrada e pindérica tentativa de "animação" numa das grandes "Places Royales" da Europa, afirmou-se apenas como guarda-livros queixoso.
Quando visitamos cidades europeias com centros históricos perfeitamente restaurados com grande atenção para detalhes de tipologias e materiais, cheias de vida e cosmopolitismo, pulsantes de vida cultural e empresarial, cidades como Amsterdão, perguntamo-nos o que torna isso possível.
A cidade de Amsterdão, depois da recuperação impecável do seu centro histórico, completamente habitado e utilizado, lançou-se agora num novo objectivo: a limpeza do seu Red Light District, símbolo de Amsterdão como cidade de sexo e drogas, imagem que o seu burgemeester (presidente da câmara) quer destruir, além de recuperar para o quotidiano a zona mais antiga e de alto valor patrimonial da cidade.
Até agora, a um bom ritmo, conseguiu-se a recuperação de 30 por cento da área.
Mas como funciona a democrática Amsterdão?
Cidade protestante, liberal, democrática e mercantilista Amsterdão é ciosa da sua imagem exterior e da importância da eficácia da sua gestão. Assim, as eleições autárquicas elegem o seu corpo representativo de vereadores, representantes através dos partidos políticos da vontade dos cidadãos, mas não elegem o presidente da câmara.
O burgemeester é nomeado pela Coroa por um período que pode abranger vários ciclos políticos, e ele é o guardião dos grandes temas, para a cidade que não podem estar dependentes desses ciclos. Ele representa precisamente a garantia de continuidade da cidade e é altamente respeitado pelos intervenientes na sua posição de au-dessus de la mêlée.
Quanto à Baixa, embora se compreenda a intenção de Manuel Salgado de centralizar as capacidades de decisão e experiência acumulada nas unidades de projecto, acabando com as arbitrariedades e clientelismos das sociedades de reabilitação urbana (SRU) e similares, não é apenas com projectos-âncora pontuados e dispersos que a coisa vai lá.
Usando a metáfora da couture e do design tão na moda, a reabilitação urbana vive mais do "corte e costura" e da "cerzideira" do que da grande tesoura do couturier. E absolutamente necessário eleger uma área estratégica de intervenção, uma "fatia" da Baixa, a fim de desenvolver um projecto-piloto total, onde todas os aspectos de vida na cidade possam ser desenvolvidos: habitar o centro histórico restaurado; viver o espaço público; fazer compras num local que seja simultaneamente "City" e bairro.
Já tinha sugerido o local ideal para desenvolver tal projecto-piloto: o Largo de São Paulo.
Com a sua autenticidade, arquétipo do pombalino. O seu carácter de conjunto, com praça, igreja, monumento central. A sua proximidade do Mercado da Ribeira. Aqui temos a fórmula praça-mercado comparável a Convent Garden em Londres.

2 - Lisboa caluniada
A plataforma-jardim-miradouro de S. Pedro de Alcântara foi inaugurada com circunstância. No entanto, como ela se encontra na fronteira do Bairro Alto, zona de guerra dos graffiti, tem que ser guardada em permanência. Isto, enquanto outro ex-líbris da cidade, o Miradouro de Santa Luzia, se encontra num estado deplorável.
E que tal demonstrar coragem política e enfrentar o manto entorpecedor do "politicamente correcto", avançando com uma ofensiva contra os graffiti no Bairro Alto? Já nem é preciso falar do caso Giuliani de Nova Iorque. Pode ser que com uns filmes no You Tube a coisa vá lá.
Por falar de filmes. O intrépido e confuso paladino agora vereador, mais conhecido por Zé, resolveu também participar num documentário para a famosa e largamente divulgada Al-Jazira.
Críticos somos todos. Há muita coisa a criticar, mas "entre nous". Cá dentro, criticamos abertamente, mas e o sentimento assim impõe, lá fora é "sempre a puxar para cima"!
E não é só uma questão do sentir, é também uma questão de estratégia de imagem e de investimentos. O destemido, agora eleito vereador e portanto ligado às responsabilidades da imagem exterior da cidade, conseguiu uma nova façanha. Com uma só acção, num ápice, conseguiu anular todo o investimento de campanhas como a do West Coast of Europe e outros esforços similares. Aliás nunca tamanha proeza foi alcançada.
Conseguir a custo zero uma campanha de promoção política e pessoal e alcançar um prejuízo de milhares e milhares de euros, se contabilizarmos os custos de todas as campanhas de promoção de imagem do país e da cidade. É obra!
Senhor presidente da Câmara Municipal de Lisboa, será que o Zé ainda faz falta?
Historiador de Arquitectura
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24/04/2008

Estará a CML a investir em energia hidráulica?



O penúltimo episódio desta novela da conduta de água da Av.E.U. tinha sido outro dia. Agora rebentou tudo. E há este magnífico tanque, talvez, quiçá, a ser objecto de ampliação com vista ao treino dos nadadores de natação sincronizada para as próximas Olimpíadas.

Foi chumbado o projecto megalómano para a R.Visc.Cais de Santarém!


A CML portou-se bem! E este projecto megalómano foi chumbado. Lisboa agradece!...

Tínhamos feito este pedido:

«Exmo. Sr. Presidente da Câmara,
Exmo. Sr. Vereador do Urbanismo,


Foi agendado por V.Exas, para aprovação em reunião de CML da próxima 4ªF o projecto 33/URB2006, que diz respeito ao loteamento/emparcelamento/demolição/ ampliação e construção do denominado 'Hotel do Cais de Santarém', no antigo Palácio dos Condes de Coculim, abrangendo 5 edifícios localizados, entre outras, na Rua do Cais de Santarém, Nº 40-66, Rua do Arco de Jesus, Nº 2-10 e Rua de São João da Praça, Nº 23-29 e 59-63.

Nada temos a opor quanto à ideia de transformar aquele imenso quarteirão em hotel de 5*****, que poderá ser uma mais valia em termos de revitalização da zona e reabilitação do edificado, apenas consideramos que o projecto em causa é, do ponto de vista urbanístico, uma aberração em termos de volumetria (quadriplica a volumetria quando, em termos de PDM, só se permite naquela zona uma duplicação dos índices) e estética (quebrando-se, de forma radical, o equilíbrio estético e urbanístico daquela zona histórica de Lisboa, onde, por sinal, a CML afirma ter preocupações renovadas, vide SRU-Baixa-Chiado etc. ).

Assim, ao que conhecemos, o projecto em causa consiste em construir uma estrutura moderna, tipo 'bunker', com 4 pisos, em cima dos antigos armazéns e do que resta do palácio dos Condes de Coculim, alterando profundamente as vistas de quem está por detrás, ou seja, desde São João da Praça, Sé, etc., mas também desde a Rua do Cais de Santarém e do rio. Visualmente, é um mono. Também nas traseiras, na Rua de São João da Praça, se procede à alteração completa da esquina da rua, junto à igreja de S.João da Praça, zona calma, de baixa volumetria e também fazendo parte do conjunto Sé-Alfama, destruindo mais uma vez o equilíbrio urbanístico local, sendo que não será de somenos o impacte a nível do tráfego automóvel referente ao futuro abastecimento do hotel.

Por isso, apelamos a V.Exas. que recusem este projecto tal como está, devolvendo-o ao promotor a fim de o redimensionar, salvaguardando o equilíbrio urbanístico daquela zona sensível de Lisboa, e as características estéticas da mesma, e respeitando, obviamente o PDM em vigor.

Na expectativa, subscrevemo-nos com os melhores cumprimentos


Bernardo Ferreira de Carvalho, Diogo Moura, Carlos Leite de Sousa, João Chambers, Júlio Amorim, Miguel Atanásio Carvalho, Nuno Caiado, Paulo Ferrero e Virgílio Marques




Centro de Investigação Champalimaud


"O arquitecto Charles Correa vai apresentar [hoje] o projecto do Centro de Investigação da Fundação Champalimaud, no âmbito do ciclo organizado pela Ordem dos Arquitectos - Secção Regional Sul intitulado 'Participar - Passar à Prática'. A apresentação do projecto inicia-se pelas 18h30, no auditório da Sede Nacional da OA (Tv. do Carvalho, 23, ao Cais do Sodré).

Charles Correa foi convidado a desenvolver o projecto do Centro de Investigação, num terreno de 60 mil metros quadrados na frente ribeirinha de Pedrouços, que terá três edifícios: o edifício A vai ter, nos pisos inferiores, as áreas de diagnóstico e de tratamento e, nos superiores, os laboratórios de investigação básica e os serviços administrativos.

O edifício B inclui um auditório, uma área de exibições e uma área de restauração no piso de entrada. No piso superior estão os escritórios da Fundação. O edifício C é um anfiteatro ao ar livre com vista para o rio.

De acordo com a Fundação Champalimaud, a disposição dos edifícios origina 'uma via pedonal de 125 metros que atravessa diagonalmente o terreno em direcção ao mar. Este caminho tem uma suave rampa ascendente em direcção ao rio de tal maneira que na sua subida se vê unicamente o céu. No final da rampa encontram-se duas grandes esculturas monolíticas em pedra. Ao ser atingido o ponto mais alto, ver-se-á uma grande massa de água que, aparentemente sem qualquer tipo de corte visual, liga com o oceano'."

Fonte: Ordem dos Arquitectos

Autarquia e GNR reabilitam Quartel do Carmo

In Sol Online (24/4/2008)

«A Câmara de Lisboa e a GNR assinam hoje um protocolo de colaboração que dará inicio ao projecto da ligação pedonal entre o Pátio B até aos terraços do Quartel do Carmo

Estarão presentes o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, o tenente-general, Carlos Manuel Nunes e o arquitecto Siza Vieira.

O protocolo visa a conclusão da ponte pedonal entre o pátio B, o Largo do Carmo e os terraços do Quartel do Carmo.

Fazem parte das requalificações o museu que a GNR pretende instalar no Quartel do Carmo e ainda a demolição dos anexos junto ao Quartel do Carmo para criar um espaço público de lazer, permitindo a ligação às Ruínas do Carmo e ao futuro Museu da GNR.

Lusa / SOL»

Uma excelente notícia, pelo que ela representa de oportunidade para, FINALMENTE (quase 20 anos após o incêndio) se concretize o projecto de Siza Vieira de acesso mecânico ao Carmo, desde o pátio interior por detrás do prédio da antiga José Alexandre, e que é um instrumento importante para que a mobilidade pedonal seja facilitada.

Infelizmente, porém, já se sabe que os protocolos, sozinhos não chegam. Veja-se o protocolo CML-Carris para reabertura do Eléctrico Nº 24, desde o Cais do Sodré às Amoreiras, com extensão ao Carmo, que já foi assinado há 10 ANOS!

Lisboa adere ao Plano Nacional de Leitura e recupera muro do Palácio das Galveias

In Público (24/4/2008)
Catarina Prelhaz

«O objectivo é que os alunos tenham um livro "à distância de um braço". A Câmara Municipal de Lisboa aderiu ontem ao Plano Nacional de Leitura, afectando às escolas do concelho 125 mil euros para que estas recheiem as suas bibliotecas e salas de aula.
Para além daquele investimento, o protocolo assinado pela vereadora da Educação e Cultura da Câmara, Rosalia Vargas, prevê ainda a criação de um grupo de trabalho que trace um plano de fomento da leitura no município, promovendo acções de divulgação e de formação junto de professores e alunos. Segundo a vereadora, a equipa da autarquia até já foi escolhida e está operacional.
"Os livros devem estar à distância dos braços e dos olhos das crianças na sala de aula. Não é pelo facto de algumas escolas não terem ainda bibliotecas que vão deixar de ter livros: a biblioteca é onde quisermos que ela seja", assegurou Rosalia Vargas durante a cerimónia de assinatura do acordo com a Comissão do Plano Nacional de Leitura, realizada no Palácio das Galveias, em Lisboa.
De acordo com a comissária do Plano Nacional de Leitura, a professora e escritora Isabel Alçada, o objectivo do protocolo é que as escolas possam adquirir cerca de 12 exemplares de cada livro para que a leitura seja um exercício a fazer na sala de aula por cada um dos alunos. E mais: as próprias escolas podem e devem partilhar os seus livros entre si. "Partilhar os livros e fazê-lo com gosto é também educar para a cidadania", sublinhou Isabel Alçada.
Mas não foram só as escolas que ficaram a ganhar no Dia Mundial do Livro: o muro do Palácio das Galveias, onde funciona a Biblioteca Municipal Central, vai ser recuperado pela autarquia. A intervenção deverá estar concluída até ao final de Julho e permitirá a reabertura da Rua Barbosa du Bocage, quase dois anos depois de ter sido encerrada como medida de precaução face ao avançado estado de degradação do muro do palácio.
"É uma situação inadmissível que o muro esteja a cair para a via pública há quase dois anos. A obra vai ser adjudicada nos próximos dias e até ao final de Julho o muro estará de pé e a rua novamente aberta", garantiu Rosalia Vargas perante uma plateia de cerca de cem pessoas.
125
mil euros é o montante que a câmara vai dar às escolas do concelho para comprarem livros para os seus alunos»

Vamos lá mas é a recuperar o muro, que aquilo que ali está é uma vergonha:



Fruição livre ou não

In Público (24/4/2008)
Catarina Prelhaz

«Recomendação de "Os Verdes" foi aprovada por unanimidade, mas a livre fruição do jardim divide assembleia municipal

Se o estudo de impacte ambiental reuniu o apoio de todos os partidos, o mesmo não aconteceu relativamente à fruição livre do Botânico. Com a abstenção do PS e do BE, a assembleia aprovou a recomendação de "Os Verdes" para que a câmara "não permita a abertura desmesurada do Botânico ao público" como prevêem alguns projectos apresentados no concurso de ideias para o Parque Mayer, museus e zona envolvente.

a "Os Verdes" recomendaram e a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou por unanimidade: o Jardim Botânico só pode ser reabilitado com um estudo de impacte ambiental. Para as forças políticas com assento na assembleia (PSD, PCP, Bloco de Esquerda, CDS-PP e Partido Ecológico "Os Verdes"), o executivo camarário encabeçado por António Costa (PS) deve exigir uma avaliação das consequências que uma intervenção poderá ter para aquele espaço, considerado juntamente com os Museus da Politécnica o "pólo histórico-científico mais importante da cidade".
De acordo com a recomendação aprovada terça-feira, para além de um estudo de impacte ambiental, a câmara deverá simultaneamente proceder a "um levantamento de todas as potencialidades do jardim e dos pontos fracos do que ainda falta fazer, para que o Jardim Botânico possa ser um jardim de futuro em termos de investigação, educação para a cidadania e protecção do espólio existente".

Palacete Ribeiro da Cunha

Paredes meias com o Jardim Botânico, o palacete neomourisco Ribeiro da Cunha, adquirido pela empresa norte-americana Eastbanc para ser transformado em hotel, continua a ser motivo de preocupação. Para o movimento cívico Fórum Cidadania Lisboa, os investidores têm de apostar na preservação do logradouro daquele edifício do Príncipe Real, sob pena de Lisboa ver desaparecer o seu "último conjunto neo-romântico "casa-jardim" intacto" e uma peça-chave de dois conjuntos patrimoniais em vias de classificação como monumento nacional: o Jardim Botânico e a Mãe de Água/Príncipe Real.
O projecto da Eastbanc de fazer do Príncipe Real uma zona hoteleira de excepção "é uma boa ideia", mas há outras soluções para a rentabilidade dopalacete que poderão manter intacto "o seu imenso e valioso logradouro", como torná-lo numa zona de recepções e de suites de luxo, em apoio a imóveis vizinhos, defende o Fórum Cidadania Lisboa. "Dado o número considerável de prédios e palacetes que tem adquirido na zona, não será difícil encontrar forma de fazer o hotel do Palacete Ribeiro da Cunha como uma e apenas uma das componentes do conjunto hoteleiro".
Segundo a Eastbanc, o palacete só é rentável se for transformado em hotel, admitindo recorrer ao jardim daquele imóvel e logradouros vizinhos para instalar cerca de 42 quartos (para preservar o património, o edifício do palacete apenas poderá albergar oito quartos) em piso térreo, de forma a minimizar o seu impacto visual. Contudo, o projecto da Eastbanc para o palacete apenas avançará depois de aprovado o plano de pormenor para o Parque Mayer e zona envolvente.»

23/04/2008

CONVENTO DOS INGLESINHOS - Reabilitando e Preservando a História - " para quem ama Lisboa"



Afinal temos andado aqui a enganar as pessoas. Devemo-nos penitenciar. As obras nos Inglesinhos fizeram-se "REABILITANDO E PRESERVANDO A HISTÓRIA" e apenas "para quem ama Lisboa". Talvez por não amarmos Lisboa tenhamos andado para aqui a dizer que destruiram o nosso património. Mentira! Foi tudo Mentira! Perdão meus senhores!
Obrigado. Facam o mesmo nos Jerónimos que aquilo é espaço a mais sem ninguém a viver por lá.Força!

Para que servem os passeios de Lisboa?



Aqui ao lado, no Carmo e Trindade, Carlos Medina Ribeiro oferece-nos uma foto exemplar do estado caótico do estacionamento na cidade de Lisboa.

Projecto de luxo do Príncipe Real toma 20 edifícios com 50 milhões


In Público (23/4/2008)
Catarina Prelhaz

«Empresa norte-americana já tem metade dos 80 mil m2 que pretende adquirir. Palacete Ribeiro da Cunha deverá mesmo ser um hotel


Enquanto se discute o futuro da Politécnica, Jardim Botânico e Parque Mayer, o investimento da empresa norte-americana Eastbanc no Príncipe Real, em Lisboa, soma e segue: entre negócios fechados e contratos-promessa já arrecadou cerca de 20 edifícios e está a negociar a compra de outros cinco, um investimento que apenas nesta fase já ascende a 50 milhões de euros. Ao todo, estão garantidos 40 mil m2, metade do objectivo que pretende atingir. Entre os imóveis negociados pela Eastbanc contam-se vários palacetes: o Ribeiro da Cunha, o edifício do Banco de Portugal (ambos já adquiridos) e o que acolhe a Liga dos Amigos dos Hospitais (em contrato-promessa).
Enquanto decorre o concurso de ideias lançado pela câmara para recuperar os Museus da Politécnica, o Jardim Botânico e o Parque Mayer, a Eastbanc (patrocinadora da exposição das propostas) faz o balanço dos planos para o Príncipe Real. "Tomara eu saber em que estado está o projecto", lança Catarina Lopes, a representante da Eastbanc em Portugal.
Em Outubro, esta sociedade, responsável pela reabilitação de Georgetown, uma zona antiga de Washington, submeteu a aprovação camarária um pedido de informação prévia (procedimento que pode anteceder o licenciamento de obras) relativo a três edifícios - o Palácio dos Condes do Restelo, onde a Eastbanc está sediada, o vizinho 36 da Rua da Escola Politécnica e o Palacete Anjos, que pertencia ao Banco de Portugal. "Gostaria muito de ter uma licença de construção antes de passarem dois anos, caso contrário temos problemas sérios com os investidores", explica Catarina Lopes.
Este primeiro projecto, da autoria do arquitecto Souto Moura, inclui a preservação das fachadas dos palacetes (do Anjos fica apenas a fachada e as colunas que o suportam) e, garante a Eastbanc, "o crescimento em altura é coisa que não interessa".
O plano prevê comércio nos pisos térreos e cerca de 20 apartamentos de luxo com uma média de 200 m2 de área, de tipologias T1 e T2. Para comprar um deles, haverá que desembolsar mais de um 1,2 milhões de euros ("espero vendê-los a mais de seis mil euros por m2", diz Catarina Lopes). "O nosso produto é, por assim dizer, de alta costura, obra de arte, e contratámos um arquitecto que é um verdadeiro escultor e a arte é cara", justifica a Eastbanc.
Dentro de dois anos e meio deverão começar também as obras no Palacete Faria, que alberga a Liga de Amigos dos Hospitais. Mas para isso a Eastbanc comprometeu-se a procurar e construir um novo lar, e só depois poderá intervir no edifício.
Mais atrasados estão os planos para o Ribeiro da Cunha (a Casa de Macau não está sob a mira da empresa por ser "muito cara"). A Eastbanc congratula-se com o facto de o plano de pormenor para aquele imóvel ter sido chumbado pela assembleia municipal. "Era um projecto muito volumoso e isso não fazia sentido", admite Catarina Lopes. "O problema é que por si só aquele imóvel não tem viabilidade: dá para fazer um restaurante ou um clube, mas não aguenta mais do que oito quartos e nós pagámos por ele para ser um hotel."
Assim, adianta, o que a Eastbanc propõe é "algo mais leve do que os 2500 m2 do edifício, mais 4000 de anexos". "Estamos dispostos a distribuir a construção pelo resto dos logradouros - que já adquirimos na totalidade até ao Palácio dos Condes do Restelo -, podendo até ficar circunscrita a um piso térreo sem qualquer impacto visual." O projecto inicial vai ser totalmente reformulado, mas só depois de aprovado o plano de pormenor para o Parque Mayer, Politécnica, Jardim Botânico e zona envolvente. Ainda assim, a Eastbanc conta ter um hotel de cerca de 50 quartos e não valoriza as cavalariças ou o pombal. "Está tudo destruído e não faz sentido recuperar essas infra-estruturas. Para já, o que vamos fazer é mandar limpar a mata para estacionamento privado, sem cortar as árvores, e combater as infiltrações que estão a destruir o património do palacete. Temos entre 200 e 300 mil euros só para isso."»


Sobre o Palacete Ribeiro da Cunha, ainda irá correr muita tinta, claro, mas convém não esquecer o seguinte:

É bom que as coisas se terem esclarecido. Lembro que até há bem pouco tempo, o proprietário do Palacete Ribeiro da Cunha, a família Lopo de Carvalho, escusava-se a dizer que o Sr. Anthony Lanier estaria a querer comprar o palacete. Inclusive, jurou 'a pés juntos', na sessão/debate promovida pela CML que o projecto (dos Arq. Emauz) era seu. É bom, repito, que as coisas se tenham esclarecido.

Graças ao Fórum Cidadania Lx, à Quercus, à Associação Lisboa Verde, e, essencialmente, à Assembleia Municipal de Lisboa (e à sua Presidente, que estas coisas são mesmo assim!), o anterior e horroroso projecto - dito por Carmona Rodrigues/Gabriela Seara como sendo 'Plano de Pormenor' (e que foi aprovado em reunião de CML, é preciso não esquecer) - foi chumbado e devolvido à procedência.

A nossa postura é simples: defendemos, tal como consta das nossas propostas (http://cidadanialx.tripod.com/preal.html) , o seguinte:

- O Palacete Ribeiro da Cunha é o último conjunto intacto neo-romântico 'casa-jardim' de Lisboa (o outro, a Quinta do Relógio, é em Sintra) neo-mourisco, por sinal;
- O Palacete Ribeiro da Cunha é conjunto em Vias de Classificação no IGEAPAR, mediante pedido de classificação submetido àquela instituição pela Prof. Regina Anacleto, grande especialista naquele período histórico-cultural;
- O Palacete Ribeiro da Cunha consta de dois perímetros de Monumentos Nacionais (‘Em Vias de’ o serem e, portanto, usufruindo de todas as regalias como se o fossem já): Jardim Botânico e Mãe de Água/Príncipe Real;
- O Palacete Ribeiro da Cunha tem um importantíssimo e centenário logradouro que confina com o Jardim Botânico, sendo aquele peça vital na designada 'Cumeada da Cotovia', elemento estruturante do corredor verde daquele lado da Avenida da Liberdade (a outra é a Cumeada do Torel).

Tudo isto tem que ser ponderado pelos investidores e tudo isto será objecto da nossa luta.

Já apelámos, oportunamente, ao Sr. Anthony Lanier, para não destruir o logradouro do Palacete Ribeiro da Cunha. Aliás, o projecto de 'zona hoteleira de excepção' que parece ser o seu lema para o Príncipe Real, é uma boa ideia, e dado o número considerável de prédios e palacetes que tem adquirido na zona, não será difícil encontrar forma de fazer o hotel do Palacete Ribeiro da Cunha como uma e apenas uma das componentes do conunto hoteleiro (porque não como a zona de recepções e suites de luxo?), sendo para isso desnecessário destruir o seu imenso e valioso logradouro.

Como isto já vai longo, acabo com uma dúvida: o que dirá agora a Srª Vice-Reitora e directora do JB, e respectivos técnicos, na altura, ferozes defensores do defunto projecto para o Palacete Ribeiro da Cunha?