Realmente a pequenez do nosso país não comporta a grandeza e majestade do exemplar a abater.
A propósito, e para reflexão, gostaria de deixar aqui expresso o poema de Luís Filipe Maçarico,
REQUIEM POR UM CHOUPO
Era uma cidade com aromas de viagem,
aquela onde um dia fui criança.
Esta noite estrangularam outra árvore habituada
a ver-me passar,
e ninguém se importou com o assunto.
E eu que varri muitas folhas derramadas
dessa farta cabeleira num Outono já distante
estremeci
com o ruído seco do velho choupo ao morrer.
Aconselharam-me a ficar calado: “Não há tempo
para escutar canções de melros entre ramagens”.
Mas sou teimoso ! Ridículo é aceitar
que o alcatrão vença
e os anestesiados se dirijam
cada vez mais velozes
para a sua verdade infeliz !
Então peguei no meu caderno de emoções
e escrevi com uma lágrima de raiva :
quando a cidade não ama as suas árvores, que medalha
deverá um Poeta pôr ao peito
dos que a governam ?
Luís Filipe Maçarico
“A Essência” (1993)
Que pena haver tão poucos poetas em Portugal ....... !
Choupo no Logradouro nas traseiras da Avenida de Madrid, Freguesia do Areeiro, condenado à morte com mais 19 companheiros de infortúnio, a quase totalidade sem razão aparente. Oxalá possam os moradores do local, em tempo, alterar uma decisão precipitada.
Pinto Soares
6 comentários:
que tristeza, realmente...não entendo esta política camarária de abate de árvores ou de podas assassinas...falta de compaixão e de visão brutais!
Uma cidade cada vez mais árida!
Que triteza profunda sinto quando vejo a abater uma arvore. Tambem na R. Camilo Castelo Branco estao a abater arvores sim ABATER ARVORES elas que mao se podem defender nem gritar. Os servicos camararios deveriam ser punidos por este abate irrssponsavel. Sera que nao hesiste lei que os faca parar com o abate inglorio as arvores ? Que visao negra destes governantes. Temos nos lisboetas que as defender e proteger dos abutres.
Grato pela lembrança deste poema, infelizmente tão actual. Abraço.
A criminilização dos maus tratos a animais de companhia (esperemos que seja aplicada como deve ser) mostra o caminho que se tem de fazer para a defesa destes seres vivos completamente indefesos que são as nossas árvores de 'companhia'.
Existe legislação para a defesa dos animais e das plantas. A dificuldade surge quando se tenta a sua aplicação na prática, em casos concretos. Há sempre uma alínea que os torna inoperantes.
Pinto Soares
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