01/04/2009

Precisa-se de ideias novas para resolver imbróglios em Lisboa e no Entroncamento

In Público (1/4/2009)
Ana Henriques

«Concurso com prémio de 12 mil euros e compromisso de encomenda de projecto tem como desafios ligar Alta de Lisboa à cidade e transformar bairro ferroviário do Entroncamento


Resolver imbróglios urbanísticos em Lisboa e no Entroncamento, e requalificar uma área de Cascais, é o desafio posto aos jovens arquitectos europeus no âmbito da décima edição do concurso Europan. Os organizadores do concurso escolheram estas três localidades para se juntar a seis dezenas de outras congéneres suas do continente, onde também é preciso solucionar problemas causados pela expansão da urbe e pela degradação do espaço urbano.
Para cada local haverá uma proposta premiada. Além de um prémio pecuniário de 12 mil euros, os concorrentes - com idade inferior a 40 anos - terão direito à encomenda de um projecto por parte da entidade que quer ver o problema urbanístico solucionado. O que não é garantia de que aquilo que foi idealizado e premiado irá, de facto, por diante: segundo o responsável pelo Europan em Portugal, o arquitecto Pedro Brandão, por razões várias a taxa de execução destas propostas não costuma ir além dos 60 por cento, quer em Portugal, quer no resto da Europa.
Melhorar as ligações rodoviárias da nova urbanização da Alta de Lisboa ao resto da cidade é o desafio posto a concurso para a capital. Para isso, a Câmara de Lisboa quer estender até ao Lumiar o eixo Av. da Liberdade-Av. da República-Campo Grande. Como? Fazendo passar uma estrada por cima da Segunda Circular? Por baixo? "É uma operação difícil", reconhece Pedro Brandão, recordando que os planos para dar continuidade ao eixo rodoviário central da cidade datam de há mais de três décadas.
Do projecto faz parte a construção de um corredor de transportes colectivos que inclua uma linha de metro de superfície, bem como a melhoria das condições de deslocação dos peões e dos velocípedes. Prevista está também a criação de um novo parque verde à entrada da Alta de Lisboa, na zona de Calvanas. Já em Cascais a câmara pretende levar a cabo várias intervenções na freguesia de Alcabideche (ver outro texto).
Cidade ferroviária
No Entroncamento a ideia que preside à transformação do espaço urbano é outra. Aqui, é preciso reconverter todo um bairro habitacional e uma área industrial desde sempre ligados ao mundo ferroviário num novo naco de cidade "capaz de se constituir como um foco de atractividade que vá além da população que aí venha a residir". Há que criar "espaços públicos e zonas de estar, espaços de habitar, trabalhar ou de mero passeio e encontro entre as pessoas". Fácil? Nem por isso, avisa Pedro Brandão: o bairro habitacional desemboca num muro alto de um quartel, o que pode não ser das coisas mais agradáveis do mundo para quem venha a habitar o local onde hoje existem velhas casas desocupadas.
Por outro lado, é preciso melhorar as ligações entre os dois lados da linha férrea, o que "também constitui um problema complexo". O caso do Entroncamento é inovador ao nível da participação nacional no Europan: pela primeira vez não é uma câmara, mas uma empresa de capitais públicos ligada à Rede Ferroviária Nacional, a procurar uma solução no âmbito deste concurso.
Os jovens arquitectos têm até Junho para mostrar o que valem. Além dos primeiros prémios, haverá menções honrosas no valor de seis mil euros. Outros profissionais também são bem-vindos: são igualmente admitidos a concurso urbanistas, arquitectos paisagistas e engenheiros, associados ou não a jovens profissionais de outras disciplinas. Sempre organizados em equipas. Os resultados do concurso só serão conhecidos em Janeiro de 2010, depois de uma avaliação exaustiva das propostas dos concorrentes.
Pedro Brandão era ontem um arquitecto satisfeito: na cerimónia de apresentação do Europan português deste ano o secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, João Ferrão, garantiu que Portugal continuará a participar no concurso - apesar dos custos envolvidos. É que cabe ao Estado português pagar não só os prémios aos vencedores nacionais como uma quota anual de 40 mil euros, destinada à organização do evento.»

É pá, muita coisa vai concorrer ao Europan!

1 comentário:

Anónimo disse...

Euro...pá!