31/12/2012

Câmara abre excepção para táxis antigos continuarem a circular no centro de Lisboa.



Ainda em 31 de Dezembro de 2012 ... uma ilustração de verdadeiro "Fogo de Artifício" ... que demonstra e ilustra como este País é uma total anedota ... Pois é ... Vereador Nunes da Silva ... "infelizmente"...
António Sérgio Rosa de Carvalho


Câmara abre excepção para táxis antigos continuarem a circular no centro de Lisboa
Por Lusa
31/12/2012 - 16:40

Deliberação responde aos atrasos nos procedimentos técnicos e administrativos para adaptar os veículos anteriores a 1996.


Os táxis sem as adaptações necessárias vão poder continuar a circular nas zonas de emissão reduzida, segundo deliberação da Câmara Municipal de Lisboa.

 A decisão surge porque o Instituto de Mobilidade e Transportes Terrestres ainda não homologou a tabela de equivalência de emissão de partículas, que permite aos proprietários dos táxis colocarem dispositivos ou avaliarem se os que têm estão conforme as normas europeias.

Segundo um despacho camarário desta segunda-feira, a que a agência Lusa teve acesso, a excepção temporária para táxis que terminava na terça-feira irá prolongar-se até decisão em contrário.

A autarquia deliberou em Maio de 2011 que as áreas da Avenida da Liberdade e da Baixa seriam a primeira Zona de Emissões Reduzidas (ZER), impondo restrições à circulação de veículos com 20 anos (norma EURO 1).

Um ano depois, a CML alargou a ZER ao eixo composto pela Avenida de Ceuta, Sete Rios, Entrecampos, Avenida dos EUA, Avenida Marechal Spínola e Avenida Infante D. Henrique, aumentando as restrições a viaturas matriculadas desde 1996 (norma EURO 2).

Face aos atrasos nos procedimentos técnicos e administrativos para adaptar os veículos anteriores a 1996 (pré-norma EURO 2), da responsabilidade do IMTT, a CML abriu uma excepção temporária para táxis que respeitassem a norma EURO 1 (em geral construídos depois de Julho de 1992).

“Infelizmente, até à presente data, o IMTT não homologou a tabela de equivalências, que permite fazer corresponder a uma norma “EURO” de emissões de partículas, os veículos que fossem dotados de filtros de partículas ou catalisador, a partir dos testes efectuados nos Centros de Inspecções de Veículos”, lê-se no despacho assinado pelo vereador Nunes da Silva.

Depois de uma reunião com representantes das associações dos taxistas com a câmara foi pedida uma reunião com “carácter de urgência” ao secretário de Estado dos Transportes e ao IMTT. A decisão de prolongar o regime de excepção foi já comunicada pela autarquia às associações de taxistas.

Mais classificados!



A Casa da Moeda e mais um punhado de outros belos edifícios, acabado de classificar hoje como Monumentos de Interesse Público (http://dre.pt/sug/2s/getpartes.asp?s=dia&p=c&dr=252.2012S02).

Obrigado!

Para todos....

foto: Estúdio Horácio Novais

..um MELHOR ANO NOVO !

29/12/2012

O Comércio de Proximidade


Estudo diagnóstico elaborado pela CIP - Confederação Empresarial de Portugal, no âmbito da iniciativa Regeneração Urbana. Analisa a evolução histórica do comércio de proximidade em Portugal, a sua caracterização e distribuição geográfica, passando também por uma caracterização do comércio na União Europeia.

De destacar os 10 princípios apresentados com vista à “regeneração” do comércio de proximidade, onde se estabelecem os princípios que poderão viabilizar o comércio de proximidade, como “formato” comercial, mas também, e essencialmente, como ferramenta fulcral num processo mais integrado de regeneração urbana do centro das urbes, e os exemplos de experiências em curso apresentados - EUA, Inglaterra e Portugal (Bragança, Porto, Figueira da Foz, Lisboa, Coimbra, Portalegre e Viana do Castelo).

Em ano de eleições autárquicas e relativamente à cidade de Lisboa, que nos últimos anos tão fustigada e mal tratada tem sido pelo actual executivo municipal, é tempo de parar de experimentalismos e de com humildade olhar para este e outros trabalhos que apresentam propostas e apontam caminhos para uma cidade mais sustentável, em vez de se andar a querer "inventar" propostas eleitorais.

Consultar aqui o estudo diagnóstico.

Relativamente à iniciativa Regeneração Urbana, podem ser consultados no seu site, diversos estudos, propostas e documentos, que merecem uma leitura atenta, de onde destaco as Propostas que a CIP apresenta ao País, orientadas para FAZER ACONTECER A REGENERAÇÃO URBANA, face à actual situação da economia portuguesa, do mercado da construção e do imobiliário e tendo presente a degradação dos edifícios que constituem o património das cidades.

"Época de saldos começa em clima de pessimismo"....




"Num ano em que as vendas no período do Natal baixaram,em comparação com 2011, a época de saldos pode representar para muitos lojistas uma última possibilidade de se manterem abertos ou, pura e simplesmente, de liquidarem 'stocks', considera o presidente da Confederação do Comércio Português.
Começou hoje a época de saldos, num ano em que os lojistas dizem que as vendas no período do Natal baixaram, relativamente a 2011, e garantem que conhecem muitas lojas que já fecharam.
Na Praça do Rossio, em plena baixa lisboeta, entre o corre-corre de portugueses e turistas, as montras das lojas tentam cativar clientes: letras grandes a anunciar grandes saldos de 80 e até de 90%.
"Na Rua dos Fanqueiros, só este ano, fecharam 37 lojas", garante Gil, lojista no Rossio, em declarações à agência Lusa, acrescentando que "as coisas têm sido bastante difíceis, notando-se a falta dos subsídios".
"Hoje em dia, somos obrigados a estar em promoções todo o ano. Antes havia uma euforia nas pessoas quando iam aos saldos, agora não. Nota-se mesmo que há dificuldade, as pessoas entram só para ver", continua. Este lojista vaticina ainda que as lojas que não estejam nas zonas mais visitadas pelos turistas irão enfrentar maiores dificuldades. "Para as lojas que não estão bem situadas, que não possam equilibrar a situação com os estrangeiros, vai ser muito pior, pois somos suportados por eles e se eles nos falham vai ser muito mau", afirma. "As vendas no período do Natal baixaram, relativamente a 2011, até porque este ano as pessoas não receberam subsídio de Natal, cortaram nas prendas, compram mais para elas do que em prendas para oferecer, refere a lojista Paula Lourenço. Madalena Monteiro e Gonçalo têm em comum terem escolhido o primeiro dia da época de saldos para fazerem as suas compras. Madalena Monteiro afirma que ficou à espera que os preços baixassem e Gonçalo diz que "vale a pena aproveitar os bons descontos nesta altura do ano" e acrescenta que vai "mesmo comprar mais do que no ano passado", porque devido à crise tudo o que necessita vai ser comprado nos saldos, cuja época termina a 28 de fevereiro. Manuela Santos desceu a Rua do Carmo, viu as montras e disse que os preços "são muito aliciantes, mas ao mesmo tempo é triste porque saldos tão altos anteveem o fecho de muitas lojas". "Temos de pensar duas vezes antes de comprar. Há coisas que são necessárias, outras que não são e lá por ser saldo temos de pensar no futuro", defende. Em declarações à agência Lusa na quinta-feira, o presidente da Confederação do Comércio de Portugal (CCP) advogou que, em muitos casos, esta não será época de saldos, mas de liquidação de 'stocks'. "A nossa expectativa é que, face às perspetivas de negócio, vai haver bastantes unidades, quer no comércio, quer nos serviços, que vão aproveitar o encerramento das contas do ano para encerrar a atividade", afirmou João Vieira Lopes. Prevendo que os casos de liquidação "surjam em maior quantidade do que em anos anteriores", Vieira Lopes destaca o cada vez maior número de "estabelecimentos encerrados para arrendar" que já hoje se veem por todo o país."

por Lusa, in DN, 2012-12-29

27/12/2012

Provedor de Justiça defende que Lisboa pode impôr restrições ao trânsito por motivos ambientais


In Público Online (27/12/2012)

«O provedor de Justiça concluiu que a Câmara Municipal de Lisboa pode impor restrições à circulação automóvel através da criação da Zona de Emissões Reduzidas (ZER), depois de ter apreciado uma queixa.

De acordo com a nota da Provedoria de Justiça, a queixa apresentada contra a criação da ZER sustentava que a autarquia lisboeta não pode impor restrições à circulação de veículos automóveis.

No entanto, depois de apreciada a queixa, o provedor de Justiça chegou à conclusão que a criação da ZER foi feita de forma regular, “não se encontrando motivo de ordem jurídica para, a este respeito, ser formulado reparo à Câmara Municipal de Lisboa, independentemente da conveniência e oportunidade da medida, cuja apreciação só pode concretizar-se através de um juízo político”...»

Alto de Santa Catarina alvo de requalificação urbana


In Site da CML

«O vice-presidente da autarquia, Manuel Salgado, apresentou no dia 20 de dezembro, na Junta de Freguesia de Santa Catarina, a proposta de requalificação urbana que prevê a regularização do trânsito e estacionamento na zona do Alto de Santa Catarina, bem como a requalificação do Jardim do Adamastor e a criação de uma praça na confluência entre a R. de Santa Catarina e a R. Marechal Saldanha.

A proposta prevê a manutenção do arvoredo da R. de Santa Catarina e o reforço da estrutura verde com a introdução de novas árvores. Haverá um incremento dos lugares de parqueamento, de 23 para 33, num acordo estabelecido entre a CML e a Associação Nacional de Farmácias.

As zonas de circulação pedonal e automóvel serão alvo de redefinição e a área onde convergem a R. de Santa Catarina e a R. Marechal Saldanha será liberta de veículos e convertida numa verdadeira Praça. O piso será alterado para blocos longitudinais de granito, quer na nova Praça, quer no Jardim e Miradouro do Adamastor, onde será introduzido novo mobiliário urbano, com as infraestruturas de drenagem e de iluminação pública a serem igualmente alvo de renovação.»

...

À primeira vista é uma boa notícia mas fica-se logo de pé atrás com coisas como "...iluminação pública a serem igualmente alvo de renovação". Espero que a CML publicite o que quer fazer no miradouro e, sobretudo, ausculte as pessoas.

(Foto: Objectiva 3)

... TEXTO EDITADO...

É isto, http://www.souzaoliveira.pt/projectos.php?s=486&p=120&rp=312, é? Alguém pode "ispilicar"? Mto. obrigado.

26/12/2012

Classificados!


Mais uma bela prenda de Natal:

A Penitenciária de Lisboa e mais uma dúzia de outros foram classificados em 24 Dez. como Monumentos e Conjuntos de Interesse Público (http://dre.pt/pdfgratis2s/2012/12/2S248A0000S01.pdf).

Obrigado!

Entre os quais a Voz do Operário, o Liceu Camões, 2 edifícios na Avenida da República (95 e 97), o nº 193 da Avenida da Liberdade, a Torre do Tombo, o Hotel Ritz, o Forte do Alto do Duque (Monsanto), o Chafariz d'El-Rei ... e a Baixa Pombalina, mas esta devia ser MN e não CIP, dado que sendo apenas de Interesse Público, isso inviabilizará de vez qualquer candidatura à UNESCO.

É que um lisboeta de 40 anos de idade....nunca viu outra coisa na sua cidade !


Marquês de Pombal, 1976, foto de Álvaro Campeão, roubada no Bic Laranja



Luz, 2012 

Obviamente que para muitos....isto é só normal.

25/12/2012

Obras de reabilitação. Estufa Fria de Lisboa reabre ao público no final de Janeiro.




Obras de reabilitação. Estufa Fria de Lisboa reabre ao público no final de Janeiro
Por Márcia Oliveira, publicado em 25 Dez 2012 in (Jornal) i online

Requalificação implicou um investimento de cerca de um milhão de euros

Quase um ano após ter encerrado para a segunda fase dos trabalhos de revitalização, a Estufa Fria de Lisboa vai reabrir ao público no “fim de Janeiro”. A informação foi avançada ao i pelo vereador dos Espaços Verdes da câmara municipal, José Sá Fernandes.

Segundo o autarca, as vedações laterais da estufa, necessárias para repor as características climáticas favoráveis ao desenvolvimento das plantas, “já estão prontas” e agora só falta colocar as “linhas de vida na cobertura”, dotando-a de condições de acesso e segurança em operações de limpeza e manutenção.

Ainda de acordo com o vereador, haverá uma terceira fase de requalificação para arranjar a nave – um edifício, semi- enterrado, em betão armado, composto por dez abóbadas, onde ao longo dos últimos anos têm sido organizados eventos como concertos, exposições, congressos ou acções publicitárias. O projecto levado a concurso público já tem um vencedor, que ficará encarregado da requalificação do espaço.

Em três anos, a Estufa Fria de Lisboa, localizada no Parque Eduardo VII, foi encerrada duas vezes. Em Maio de 2009, os estudos técnicos pedidos por José Sá Fernandes demonstraram que aquele espaço verde necessitava de uma nova estrutura, já que a que se encontrava na altura estava em “colapso técnico”. Ainda segundo os mesmos estudos pedidos pelo autarca, também a Estufa Doce e a Estufa Quente precisavam de obras.

Em Abril de 2011, a Estufa Fria voltou a abrir ao público. Mais luminosa e ampla, em resultado da substituição e consequente elevação da cobertura em vários metros, o espaço sofreu uma intervenção profunda, devido ao risco de colapso das vigas metálicas de sustentação da cobertura, tendo sido substituídos os pilares e restaurado o ripado de madeira.

O trabalho de substituição custou cerca de 1,8 milhões de euros. No dia da reabertura, José Sá Fernandes anunciou logo novas intervenções e, menos de dez meses depois, em Fevereiro de 2012, a Estufa Fria volta a fechar para obras de revitalização. Na altura a autarquia estimou que os trabalhos iriam demorar apenas três meses. As obras, no entanto, duraram mais oito que o previsto, adiando a sua inauguração até Janeiro de 2013. Segundo o vereador José Sá Fernandes, esta segunda fase dos trabalhos de revitalização da Estufa Fria custou “cerca de um milhão de euros”.

Inaugurada em 1933 e projectada pelo arquitecto e pintor Raul Carapinha, a Estufa Fria de Lisboa conta na sua colecção com espécies botânicas de diversos países ou regiões como a China, a Austrália, o México, o Peru, o Brasil, as Antilhas ou a península da Coreia. Em 1975 foram abertas ao público a Estufa Quente e a Estufa Doce, destinadas à exposição permanente de plantas tropicais e equatoriais. Segundo a autarquia, a Estufa Fria recebe uma média anual de 60 mil visitantes.

Márcia Oliveira

23/12/2012

Para todos....e especialmente !

foto: Ottavio Sartori


..para os que atravessam dificuldades....os maiores desejos de UM FELIZ NATAL !

22/12/2012

100 anos dos nossos interiores no MUDE



Ora aqui temos FINALMENTE algo de verdadeiramente interessante e relevante ...
Será que algo está realmente e muito lentamente a mudar ...?
O meu apoio total e incondicional para o Tema desta Exposição ...
 Será que António Costa e Manuel Salgado irão visitar e comparar a sua acção / Reabilitação com as palavras do Comissário Geral da Exposição ?
António Sérgio Rosa de Carvalho

Os interiores são efémeros e vulneráveis, constata o comissário-geral Pedro Gadanho, por desinteresse ou "fachadismo, uma tendência dos últimos 20/30 anos que é destruir integralmente os miolos de edifícios e manter só a fachada, como se ela fosse a única coisa que significava o peso ou a importância histórica do edifício".


( ...) "A exposição é só um princípio, um chamar de atenção, é o lançar de um debate para investigar mais profundamente esta área", diz o arquitecto - e Interiores vai resultar também num livro editado pelo Turismo de Portugal em 2013 com análise crítica sobre a temática.
Isto numa altura em que não só pela crise, mas também pela reflexão académica de arquitectos, urbanistas e designers, "já chegámos a um ponto de saturação da construção nas nossas cidades". Quando as construtoras "se começam a virar para a remodelação, talvez precisem de mudar de atitude: em vez de arrasar - como vemos muito em Lisboa, a maior parte das recuperações de edifícios pombalinos é desrespeitadora do interior e suas qualidades -, aproveitar o que é possível, adicionar o que é preciso", diz Gadanho. 




Exposição

100 anos dos nossos interiores
Por Joana Amaral Cardoso in Público

Pedro Gadanho e Rui Afonso Santos põem-nos a espreitar pelo buraco da fechadura para ver cem anos de arquitectura de interiores. Obras totais e efémeras que motivam um manifesto


Há peças assim, que pedem que o olhar se demore - uma arca com as laterais côncavas a desenhar losangos, um fecho de bronze opulento, pés gravados. Vem do Hotel Ritz, em Lisboa, foi desenhada pelo histórico designer, arquitecto e artista António Sena da Silva e prova como um edifício, o seu interior e as peças que o recheiam podem constituir obras totais. É um dos "tesouros" da exposição Interiores, 100 Anos de Arquitectura em Portugal, para o seu comissário científico, Rui Afonso Santos - "é um dos melhores móveis de arte que já vi na vida".
Em Interiores, no Museu do Design e da Moda (Mude) há uma vida portuguesa para conhecer e pensar, de dentro para fora: dos bancos das escolas (as cadeiras Sena) ao mobiliário dos escritórios (a linha Cortez), passando pelos jantares na Bica do Sapato, em Lisboa, ou pela loja Valentim Carvalho de Cascais, muito sixties, desenhada por Tomás Taveira. Até, claro, à casa portuguesa de Raul Lino ou à pureza das casas de Ofir (1956-8), de Fernando Távora, ou Alves Costa (1964), de Álvaro Siza.
Coleccionadores privados e instituições como a Fundação Gulbenkian ou a Casa de Serralves emprestaram peças ou esquissos. O Mude acabou por adquirir as cadeiras e secretárias Sena para a sua colecção; o mesmo aconteceu com um quarto de Francisco George e peças de Eduardo Anahory. Mas no trabalho para esta exposição, Rui Afonso Santos confrontou-se mesmo com a própria vida: "É a nossa vida, a vida de Portugal, mas também algo universal. O ambiente em que vivemos é também o que somos, e vice-versa."
Nesta visão seleccionada de um século de arquitectura de interiores, que nos leva ao sonho art déco da Casa de Serralves (1941), no Porto, ou aos apartamentos da Torralta em Tróia (1969-72) por Daciano Costa, Sena ou Taveira, está implícito um convite a descobrir os espaços resistentes. E um apelo para mudar consciências e aumentar o número de sobreviventes, porque aqui também há um Portugal desaparecido. Em Interiores, há peças resgatadas do oblívio e outras evocadas ou reconstituídas após a sua destruição. Os interiores são efémeros e vulneráveis, constata o comissário-geral Pedro Gadanho, por desinteresse ou "fachadismo, uma tendência dos últimos 20/30 anos que é destruir integralmente os miolos de edifícios e manter só a fachada, como se ela fosse a única coisa que significava o peso ou a importância histórica do edifício".
Esta exposição fala, entre paredes, à política - e em particular à política do património. A sua vizinha Nacional e Ultramarino, sobre o edifício do antigo BNU que agora é o Mude - comissariada por Bárbara Coutinho, directora do museu, e por Conceição Amaral, do Museu das Artes Decorativas da Fundação Ricardo Espírito Santo da Silva (FRESS) -, ainda afina mais o foco com a epígrafe A arquitectura do poder.
Os poderes e o seu gosto notam-se por estes dias no Mude. No impulso do Estado Novo ao modernismo nos anos 1930, para depois acontecer uma "involução moderna" no final dessa década, quando o regime assume a sua pulsão nacional e ruralista e vinga o "rústico estilizado", como conta Rui Afonso Santos na apresentação de Interiores. No muito Nacional e Ultramarino gabinete do governador do antigo BNU, zona agora aberta ao público que a maioria dos funcionários do banco (eram 1200 no edifício) nunca conheceu, o gosto do poder (e do dinheiro) pediu à FRESS as lanças e os leões do estilo império para receber e se mostrar. "Retrato social de um país" em 1964, diz Coutinho, funcional e moderno de um lado, ostentatório do outro.

O café loja chinesa

A política do gosto fez com que parte do que se vê no Mude seja uma repescagem de interiores extintos, mas Pedro Gadanho, curador de Arquitectura Contemporânea no Departamento de Arquitectura e Design do Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova Iorque, reitera ao PÚBLICO que quer também alertar para o que permanece. E que pode estar em todo o lado. Gadanho cita o filósofo da Escola de Frankfurt Siegfried Kracauer "que dizia que quando queremos perceber o espírito de uma época temos que ir para os interiores banais, operações do dia-a-dia, e não para as grandes expressões ideológicas".
Veja-se o caso do desaparecido Café Portugal (1938) no Rossio lisboeta, com o seu vitral art déco ("o melhor que se fez em Portugal", diz Rui Afonso Santos) evocado em Interiores, sintoma de uma década em que "a modernidade chega a todo o lado, em que a pequena burguesia podia ir aos Armazéns Grandella comprar um móvel moderno", como explica o comissário científico. Hoje, aquele trabalho de Cristino da Silva, "que era radical, moderno, tinha cromados, e onde ele desenhou tudo, as cadeiras, os talheres, a máquina do café, os pratos, as mesas", desapareceu. "É uma loja dos chineses, desfigurado."
Por estes casos, entre outros mais recentes, é que Pedro Gadanho anui quando o PÚBLICO lhe pergunta se Interiores, que estabelece uma perspectiva histórica da evolução do design e da arquitectura dos espaços interiores entre 1990 e 1999, é também um manifesto. "A exposição é só um princípio, um chamar de atenção, é o lançar de um debate para investigar mais profundamente esta área", diz o arquitecto - e Interiores vai resultar também num livro editado pelo Turismo de Portugal em 2013 com análise crítica sobre a temática.
Isto numa altura em que não só pela crise, mas também pela reflexão académica de arquitectos, urbanistas e designers, "já chegámos a um ponto de saturação da construção nas nossas cidades". Quando as construtoras "se começam a virar para a remodelação, talvez precisem de mudar de atitude: em vez de arrasar - como vemos muito em Lisboa, a maior parte das recuperações de edifícios pombalinos é desrespeitadora do interior e suas qualidades -, aproveitar o que é possível, adicionar o que é preciso", diz Gadanho.
Pensar, no fundo, "como é que o gesto de modernização concorre e vive com o gesto de preservação", resume Bárbara Coutinho. Estas cidades, estes espaços, casas particulares ou locais públicos, iriam ganhar "uma qualidade à partida: a atmosfera, feita de pequenos pormenores, de um somatório de elementos que se acumulam ao longo do tempo", defende Pedro Gadanho.

Almada Negreiros no cabaret

Estamos no reino de ganhos e perdas, portanto, ao longo de cem anos de produção - o século em que emerge a actividade do design intrinsecamente ligada à dos arquitectos. Interiores, no museu até 28 de Abril de 2013, faz-se de dez núcleos, um por década, com diferentes nichos, num enorme paralelepípedo de madeira projectado pelos jovens arquitectos Marcelo Dantas e Olga Sanina, onde se tenta traçar uma história sobre "o desenho total, a obra de arte total", nas palavras de Gadanho.
Quando alguém, como o arquitecto Carlos Ramos, convoca para o antigo cabaret lisboeta Bristol Club (1925-26) obras de Almada Negreiros ou Canto da Maya para juntar ao seu interior art déco. Quando Álvaro Siza desenha a Casa Alves Costa por dentro e por fora. Quando Fernando Távora interpreta a rusticidade e o "nacional" com erudição. Quando Raul Lino, "o primeiro a ter um conceito muito mais vasto do que a arquitectura, a ter uma consciência plena do design", segundo Rui Afonso Santos, desenha tudo na Casa do Cipreste - "desde o pano de mesa, passando pelo candeeiro, ao mobiliário", montada no Mude com as colchas e cortinas com os tecidos de Alcobaça originais. Quando, na sua última obra, o arquitecto Cristino da Silva planeia a sua "obra total", o BNU, o edifício do próprio Mude, com projectos e desenhos "que vão desde a maçaneta da porta à luminária", como remata a directora do museu, corroborada por Rui Afonso Santos. Quando a arquitectura de interiores se liga à arquitectura, ao design, a um conceito.
A exposição vai do neo-renascentismo ao minimalismo, com peças, planos e desenhos nunca mostrados e encenações do que era e do que ainda pode ser visto, como o trabalho de Manuel Graça Dias e Egas José Vieira na loja de Ana Salazar no Chiado (1988). Ou em lugares escondidos como a Casa Veva de Lima (ou Palácio Ulrich), espaço onírico de uma milionária excêntrica que se passeava com uma chita pela trela pelas ruas de Lisboa, hoje propriedade da câmara e que tem "o único interior intacto dos anos 1920 que se conserva em Portugal", frisa Rui Afonso Santos. Lojas como a Valentim de Carvalho de Cascais, fachada de Sá Nogueira, poesia de Herberto Helder, linguagem de Taveira a avançar para a pop que mostra "como essas ideias começavam a chegar a Portugal, como esses estilos estavam a ser apropriados", diz Pedro Gadanho, sintoma do que é a identidade deste interiorismo português - "uma espécie de pingue-pongue entre a necessidade de acolher tendências que vêm de fora e a manutenção ou reendereçar de uma identidade nacional".

A morte das padarias....


..algures nas Avenidas Novas

 Por toda Lisboa vamos assistindo ao último suspiro destes estabelecimentos. Os hábitos vão mudando....e cada vez somos mais consumidores anónimos nas bichas dos supermercados. A próxima (e maior) machadada no comércio de Lisboa, será quando uma geração de comerciantes envelhecidos....fechar as suas portas para sempre.

21/12/2012

Et-voilà, a Fonte Luminosa está de volta!


Espero que seja desta que a fonte fica arranjada, pois na década passada já tinha sido dada como arranjada por 2 vezes. A ver se é desta... De qualquer forma:

Uma grande prenda, esta! Obrigado, CML; Zé, incluído!

Foto: Dica Lx

Padaria histórica em risco de destruição


In Sol Online (20/12/2012)
Por Margarida Davim

«As novas regras de Segurança Alimentar estão a pôr a perigo uma padaria Art Déco, que existe na Rua de Angola, em Lisboa, desde 1933. O balcão em pedra lioz e mármore pode ter de ser destruído por não ser refrigerado. [..]»

Começaram as obras na Estufa das Necessidades!


Uma belíssima notícia, esta, anunciada aqui pelo Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades. É realmente uma prenda de Natal para a cidade. A estufa da Tapada das Necessidades é uma maravilha! Obrigado, CML, com José Sá Fernandes à cabeça, claro!

"Recordando" ... As Necessidades ... da Tapada ... por António Sérgio Rosa de Carvalho

"A curto prazo", refere o assessor do vereador dos Espaços Verdes, a autarquia vai lançar outros concursos públicos, para a conservação e restauro do edifício da Estufa Circular, do muro da alameda e da Casa do Fresco, bem como do Largo Circular. Enquanto isso não acontece, foi já concretizada a primeira fase da recuperação dos caminhos e da rede de drenagem. E estão também a ser feitos estudos para a recuperação do antigo moinho e dos edifícios encostados à Rua do Borja.
João Pinto Soares, do Grupo dos Amigos da Tapada das Necessidades, reconhece que há melhorias visíveis no espaço e diz que ultimamente há "muito mais gente" a calcorrear o jardim. O próprio grupo e a Junta de Freguesia dos Prazeres têm dinamizado uma série de actividades, como visitas guiadas no primeiro domingo do mês, comemorações dos dias da criança e da árvore, piqueniques e aulas de tai chi chuan para crianças.
Ao fim da manhã de quinta-feira, uma família preparava-se para almoçar no espaço e por lá também passeavam um casal de idosos e dois jovens espanhóis. Pinto Soares garante que as visitas guiadas têm estado cheias e que ao fim-de-semana "a miudagem" enche o grande relvado existente. "E há festas e tudo", diz, feliz por ver que há cada vez mais gente a render-se aos encantos da Tapada das Necessidades."
Ines Boaventura in Publico, 30 de Julho de 2011







"Esta semana a câmara lançou um concurso público para a exploração de um restaurante na Tapada das Necessidades, um jardim com dez hectares ao qual se acede através do largo com o mesmo nome ou do recém-aberto portão na Rua do Borja. O estabelecimento, que a autarquia pretende que tenha um "nível de exigência superior", irá funcionar num conjunto de edifícios onde chegou a haver um jardim zoológico.
Aí, em seis torreões rodeados por gradeamentos de ferro, eram albergados animais, como aves raras e macacos, "mandados vir de diversos lugares propositadamente para este local por D. Fernando II, para desenvolvimento dos conhecimentos sobre fauna dos príncipes D. Pedro e D. Luís". A explicação é de uma nota camarária, que sublinha a "enorme importância histórica" de que este conjunto, erguido entre 1848 e 1856, se reveste.
Cinco desses torreões, e um edifício construído mais recentemente no meio deles, vão ser concessionados a um privado, que terá de realizar os trabalhos de reabilitação e reconversão. E uma visita à Tapada das Necessidades é suficiente para perceber a dimensão da empreitada: a degradação do património edificado é evidente e o recinto do antigo zoológico está repleto de ervas daninhas e de entulho.
A câmara, que assumiu a gestão deste jardim há menos de três anos (no âmbito de um protocolo com o Ministério da Agricultura), ficará com o sexto torreão, para instalar "um espaço de exposição permanente dedicado à Tapada das Necessidades e à sua história e/ou para prestação de informações sobre assuntos relacionados com agricultura".
Ines Boaventura in Publico, 30 de Julho de 2011









"Em Maio de 2005, a Direcção-Geral do Património afectou a Casa do Regalo à Secretaria-Geral da Presidência da República para nela se vir a instalar o gabinete do ex-Presidente da República Dr. Jorge Sampaio, tendo-se solicitado à DGEMN um estudo e projecto de reabilitação da Casa do Regalo, dada a necessidade de se proceder a obras de conservação e restauro do edifício (as últimas tinham sido feitas em finais da década de ’60 e em 1991-93).

Com base nesse estudo, e no projecto elaborado pelo Arquitecto Pedro Vaz da DGEMN, foi adjudicada, em Junho de 2005, a empreitada respectiva, mediante prévio concurso público, tendo as obras de intervenção sido concluídas em finais de Maio/Junho de 2006.

A partir dessa data instalou-se o gabinete do ex-Presidente da República Dr. Jorge Sampaio que vem exercendo as funções de Alto Representante da ONU para a Aliança das Civilizações e de Enviado Especial do Secretário-geral da ONU para a Luta Contra a Tuberculose."


"(...)tendo-se solicitado à DGEMN um estudo e projecto de reabilitação da Casa do Regalo, dada a necessidade de se proceder a obras de conservação e restauro do edifício (as últimas tinham sido feitas em finais da década de ’60 e em 1991-93)."

Conservação e Restauro ?!? … Primeiro que tudo … Aquilo que é denominado como “Casa do Regalo”… constitui um conjunto de um “Pavillon de Plaisance”, com uma importância perfeitamente reconhecivel em parâmetros Internacionais, e a respectiva envolvente, parte indivísivel do Projecto original da Casa Real.
Ou melhor dito … constituía … pois olhando para a imagem que se segue , vemos o resultado da intervenção da DGEMN e respectivo arquitecto no edificio e a sua unidade …
Aquele chocante volume não é um contentor … não … é um novo “Pavilhão-Acrescento” Monolítico , bem ilustrativo de como as Instituições Estatais e responsáveis pela Defesa do Património intervêm e procedem à “Conservação e Restauro” …
Agora que a DGEMN ja foi extinta … para quando a extinção definitiva da Farsa do IGESPAR? … Pseudo Instituição, onde todos os válidos “pareceres”de alguma gente que lá anda e que ainda se tenta “atravessar”… são imediatamente neutralizados pelas Chefias nomeadas pelos Ciclos Políticos … Quem defende o Património de Portugal ? Para que serve o IGESPAR?
Termino com um Concurso de Adivinhas … bem ilustrativo …(e ilustrado na imagem Google) de como quase toda uma Geração de Arquitectos se relaciona de forma Criativa, Interveniente e Interpretativa … com o Património … Quem construiu este conjunto na Calçada dos Barbadinhos ? … Quem foi …?
António Sérgio Rosa de Carvalho













Ainda uma última observação sobre estes caixotes de Ar Condicionado instalados em plena fachada do Jardim do Palácio das Necessidades … e deste conjunto originalmente Vernáculo na interessante área envolvente do Palácio … “Reabilitado”de forma completamente Hirta, Híbrida , Betonizada e Esmagadora … retirando-lhe tudo o que é profundidade Patrimonial e contraste Orgânico e Chiaroescuro …
As fachadas do nosso vernáculo - estilo “chão -” são já de si extremamente sóbrias … e vivem de um Chiaroescuro dependente dos constrates subtis dos seus materiais e dos perfis das suas janelas …
Se “isto”… é “aquilo” que todas as Empresas de Construção pretendem fazer … quando desenvolvem o apelo desesperado para a “fatia”da “Reablitação Urbana” (?!?)



Comentário em 8/9/2011
 A Lisboa que temos disse...
em primeiro lugar parabéns por toda a exposição que acabei de ler, avisado por intermédio de um amigo também frequentador e defensor de uma Tapada das Necessidades para a população.
Apenas algumas notas.
A C.M.L. pretende neste momento ter lucro com tudo aquilo que acha possível, deixou de estar ao serviço dos cidadãos, para servir interesses privados especulativos e como tal pretende num local onde a Junta de Freguesia dos Prazeres tinha proposto a instalação de um equipamento social, nomeadamente biblioteca, museu e ateliers para crianças, idosos e frequentadores da Tapada em geral, colocar um restaurante de "alta qualidade" como por diversas vezes refere no concurso público, aumentado o volume do edifício central do antigo jardim zoológico em 3 vezes e utilizando os torreões como armazéns e permitindo um funcionamento ao fim de semana até às 2 da manhã, no meio de uma Tapada, um Jardim Histórico, obrigando a movimentações de viaturas e a uma fase de construção completamente agressiva para um espaço que acabou de ser classificado de interesse público pela Autoridade Florestal Nacional.
Aquilo a que nas visitas que guio pela Tapada, em colaboração com a Junta de Freg dos Prazeres e o GATN, eu chamo de bunker é uma aberração de arquitectura feita de olhos fechados nada foi respeitado.
Por último um edifício na Rua das Necessidades que infelizmente conheço bem pois situa-se ao lado daquele onde vivo e que sofreu imenso com a construção do novo só demonstra quem manda na C.M.L. e que não sabe cuidar da cidade, fenómeno infelizmente já antigo.

10:45 a.m.