27/01/2022

Pedido de reprovação a projecto de destruição edifício finais séc XVIII R. Escola Politécnica

Exmo. Sr. Presidente da CML
Eng. Carlos Moedas,
Exma. Sra. Vereadora do Urbanismo
Eng. Joana Almeida


C.C. AML e JF, e media

Confrontados com a recente submissão à CML de um projecto de demolição completa de interiores, com ampliação em 2 pisos, do edifício setecentista da Rua da Escola Politécnica, nº89-99, vimos apelar a V. Exas. para que a CML chumbe liminarmente tal projecto (EDI/2022/57, fotos 1 e 2)!

É confrangedor assistirmos a promotores e arquitectos, na circunstância a Eastbanc e o atelier Sérgio Rebelo, a proporem-se destruir totalmente um edifício histórico (data de final do século XVIII, uma vez que o edifício consta das plantas da cidade de 1807) em pleno século XXI, em perfeitas condições de habitabilidade até há pouco tempo e chegando-se ao ponto de propor no referido projecto a recolocação no átrio do novo edifício, do mobiliário fantástico da antiga célebre loja de chás de 1860, célebre enquanto raríssimo exemplo de chinoiserie e ainda existente no espaço da antiga loja, depois antiquário e fechada há cerca de 15 anos, altura em que faleceu o seu proprietário.

Trata-se de um projecto que, a ser aprovado, constituiria um grave precedente em termos da salvaguarda de uma artéria nobre da cidade de Lisboa, que há muito deveria estar classificada de Interesse Municipal, promovendo de forma inaceitável o alinhamento das cérceas e descaracterizando profundamente a leitura do quarteirão. Uma rua de extrema importância, recorde-se, peça fundamental da chamada "sétima colina" estudada por José-Augusto França aquando da Lisboa' 94, Capital Europeia da Cultura.

Mais grave, a nosso ver, violando inclusivamente a área de protecção do Museu de História Natural, Monumento de Interesse Público (foto 3), e a zona de protecção do Aqueduto das Águas Livres, Monumento Nacional (foto 4)

Esta Associação, nos termos dos seus estatutos, designadamente, os artigos 2º (Objecto) e 3º (Actividades), tudo fará no sentido de defender este património.

Pelo exposto, apelamos à reprovação do presente projecto, e à exigência ao promotor para que recupere este edifício histórico, restaurando também, e mantendo in situ, o magnífico mobiliário da antiga casa de chás, completamente único na cidade (fotos de Maria José Gaivão, de Novembro de 2021, in Facebook).

Com os melhores cumprimentos

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Miguel de Sepúlveda Velloso, Nuno Caiado, Pedro Jordão, Fernando Jorge, Miguel Atanásio Carvalho, Inês Beleza Barreiros, Rui Martins, Teresa Silva Carvalho, Carlos Boavida, Virgílio Marques, Gonçalo Cornélio da Silva, Sofia de Vasconcelos Casimiro, Helena Espvall, Eurico de Barros, José Maria Amador, Leonor Areal, Ricardo Mendes Ferreira, Fátima Castanheira, António Araújo, Pedro Cassiano Neves, Filipe e Bárbara Lopes, Guilherme Pereira, Martim Galamba

8 comentários:

paradoxo disse...

Subscrevo o presente pedido. Totalmente inaceitavel o pedido que descaracterizará irremediavelmente um imovel do sec. xviii.
clementina paiva

LuisY disse...

Ainda bem que o Fórum Cidadania de Lisboa existe e está alerta, pois andamos todos tão distraídos com a pandemia.

um bem haja

Rosa Almeida disse...

Força contra esta barbaridade!
Rosa Almeida

Teresa Lomelino disse...

Subscrevo.

Anónimo disse...

Nunca deixa de espantar a barbaridade de certos promotores...

Anónimo disse...

De facto o que está lá atualmente a cair de podre é que está bem...remodelar para se tornar habitável e ao mesmo tempo dando oportunidade de trabalho a quem está envolvido na obra, não, isso não - Portugal é um país rico que se pode dar ao luxo de esperar mais duas décadas para que aquilo algum dia seja reabilitado e habitado.
Enfim,espero mesmo que a obra vá em frente.

Miguel de Sepúlveda Velloso disse...

Respondendo ao anónimo das 12.06, não Portugal não é um país rico, mas reabilitar, destruindo o nosso património prolongar a pobreza, neste caso cultural, mais difícil de medir, mas inexoravelmente mais inimiga da cidade.

Por essa ordem de ideias, deite-se abaixo tudo o que é património. Aliás, o que tem sido feito em larga escala em Lisboa, sem que se vejam as famigeradas mais-valias de emprego, riqueza gerada e outras patranhas semelhantes.

Noutras paragens a defesa do património traz riqueza, só cá é que se acha o contrário. Típico de quem pensa com palas no cérebro.


Cumprimentos

Anónimo disse...

Já chega de mandar prédios abaixo que são património dos portugueses