03/02/2021

S.O.S. Convento de São José de Ribamar (Algés) - Oeiras Capital Europeia da Cultura 2027

Exmo. Senhor Presidente
Dr. Isaltino Morais


CC.AMO, DGPC, SOS Azulejo e media

Como é do conhecimento de V. Exa. o antigo Convento de São José de Ribamar, em Algés, também conhecido por Palácio Foz, é seguramente um dos edifícios históricos mais antigos do concelho de Oeiras, datando a sua reconstrução do século XVII, apesar da sua fundação ser anterior e nos remeter ao ano de 1559, pertença inicial dos frades Franciscanos Arrábidos!

Como também é do conhecimento de V. Exa., a Câmara Municipal de Oeiras (CMO) aprovou em Novembro de 2009 um projecto de alterações com ampliação, projecto polémico da autoria do arq. Gonçalo Byrne, tendo como promotor o grupo RAR, e que previa a reconversão de todo o complexo em condomínio, maioritariamente construído com traço contemporâneo no terreno outrora agrícola anexo aos edifícios, mais estacionamento subterrâneo com vários pisos, transformação então anunciada como sendo uma mais-valia para o concelho e a única forma encontrada para se reabilitar aquele conjunto monumental, uma vez que, segundo declarações de V. Exa., a CMO não possuiria na altura verba capaz para a sua aquisição e recuperação.

Contudo, passados 11 anos sobre essa aprovação, verifica-se que todo o conjunto continua abandonado e entregue às intempéries e aos “amigos do alheio”, em especial a sua fabulosa colecção de azulejos. Trata-se, portanto, de um caso em que houve má-fé de quem se comprometeu a levar por diante esse projecto e não o fez, tudo não passando de mais um caso de especulação imobiliária, que em nada dignifica o concelho nem todos quantos se interessam pelo Património deste país.

Acresce que estamos perante um notável complexo arquitectónico-histórico (https://www.youtube.com/watch?v=iuttS0-FM9Y) que, já por si, merecia há muito ser classificado de Interesse Público, o que demonstra a total incapacidade e incultura das entidades oficiais. Por outro lado, verifica-se que neste caso o Regulamento do Plano de Salvaguarda do Património Construído e Ambiental do Concelho de Oeiras, de 2004, é "letra morta".

Assim, e no seguimento do anúncio feito recentemente pela CMO de que pretende ser Capital Europeia da Cultura em 2027, e de que terá já uma estratégia montada para o efeito e 400 milhões de euros disponíveis para o programa respectivo, e constituindo “Oeiras, Capital das Heranças Culturais” e a reabilitação de Património uma das prioridades do ambicioso programa da CMO,

Apelamos a V. Exa. e ao Executivo da CMO para desenvolverem, quanto antes, em vez de privilegiarem mais construção nova de equipamentos culturais e científicos (centros culturais, hubs criativos, etc.) como anunciaram, os procedimentos necessários à expropriação do antigo Convento de São José de Ribamar, seguida da urgente recuperação do conjunto de edifícios históricos, bem como da antiga área agrícola, para os desígnios culturais e científicos anunciados pela CMO, e, mais importante, garantindo o usufruto público desse património, incluindo o usufruto das vistas deslumbrantes que se alcançam desde os seus mirantes.

Na certeza de que tal expropriação constituirá uma mais-valia significativa para o Concelho e para as gerações vindouras, e terá um forte impacto positivo na candidatura de Oeiras a Capital Europeia da Cultura 2027, enquanto reforço assinalável do propositura em termos recuperação de Património de relevância (factor vital nesse tipo de candidaturas), e manifestando o nosso total empenho em contribuir, dentro do que nos é possível, para o sucesso desse desiderato, apresentamos os nossos melhores cumprimentos.

Paulo Ferrero, Bernardo Ferreira de Carvalho, Ana Celeste Glória, Fernando Jorge, Júlio Amorim, Miguel de Sepúlveda Velloso, Maria Ramalho, Rui Pedro Barbosa, Pedro Jorão, Maria do Rosário Reiche, Helena Espvall, Jorge Pinto, Beatriz Empis, Cátia Mourão, José Amador, Pedro de Souza, António Araújo, Nuno Caiado, Maria João Pinto, Eurico de Barros, Inês Beleza Barreiros, Paulo Trancoso, Gustavo da Cunha, Rui Martins, Nuno Vasco Franco, Pedro Henrique Aparício, Fátima Castanheira, Marta Saraiva

Fotos: GG Photography, in Facebook

14 comentários:

Rui Henriques disse...

É incrível o estado de degradação a que o Convento chegou....a poucos metros da minha residência.

Obrigado pela vossa iniciativa. Quando a Assembleia Municipal de Oeiras voltar ao activo, irei falar desta situação que deveria envergonhar os Oeirenses.
o convento e os terreões de Algés são um dos símbolos da nossa freguesia.
Abraço,
Rui Henriques

alma disse...

Urge elevar a voz, para um projecto, que todos devem aderir.
Como algesina, faço votos para elevar de novo este monumento.

Carlos aguiar Gomes disse...

Apoio à vossa posição. Como português com memoria tenho vergonha do estado miserável a que deixaram chegar um monumento como este

Unknown disse...

Há um abaixo assinada?

Unknown disse...

Por favor façam um abaixo assinado, mais fácil dessa maneira

Anónimo disse...

Gostava de perceber onde se cumpre a parte do 'discutir positivamente propostas'. O que aqui vejo é uma política de bota abaixo gratuita sem conhecer a realidade dos projetos.

Anónimo disse...

O bota cima do último comentário pode sempre dizer para que camara ou ateliê trabalha.

Anónimo disse...

Qual Câmara?
A de Estocolmo?
Quem quer casar a carochinha?
A Graça ou a DGPC, ou a UNESCO, quem quer escrever a eles?
Nós já escrevemos, mas não respondem. Podem escrever de novo?
Em Oeiras todos têm receio da Monarquia.
Mas dizem alguns que na Suécia o património não estaria assim.

Anónimo disse...

Podem fazer num destes 2 sites:
https://www.change.org/start-a-petition?source_location=header
https://peticaopublica.com/pcreate.aspx#

Realcem apenas pf que Algés não tem nenhum miradouro público ou parques verdes para usufruto da população, como é visível noutras localidades do concelho de Oeiras e de Lisboa.

Eu posso criar, mas como não sou a autora do texto não acho correto ser eu a fazê-lo.
Obrigada.

Frasquilho disse...

Fazer uma petição pública.

mch disse...

Na sacristia da Igreja de S. José de Ribamar está sepultado um dos maiores escritores portugueses de sempre, Francisco Manuel de Melo, além de mais figuras grandes da nossa história. O Convento foi vendido após a extinção das Ordens Religiosas em 1834, e passou depois para os herdeiros do Conde de Cabral. Ainda se vê o claustro mas o exterior e interior da Igreja, com exceção do altar-mór, nada tem de antigo. As paredes de dentro estão cobertas de estuque e pintadas, e nem na Igreja nem na sacristia - que mais parece um corredor - subsistem vestígios de sepulturas, porque o chão foi revestido de tábuas de madeira. A preferencia de Francisco Manuel de Melo pelo Convento de S. José de Ribamar como lugar de sepultura explica-se pela amizade que nutria para com os frades Arrábidos numa época em que o convento tinha apenas uma pobre pousada.

Viriato disse...

Fotos belíssimas. Há dignidade e beleza na ruína, mas é claro que não é solução deixar ao abandono e degradação.
É de facto muito preocupante a situação desta antiga casa religiosa, mas nada que espante neste país à beira mar plantado.
Mas o que me fez chegar aqui foi mesmo a memória do Luís de Vasconcelos e Sousa, 3.º conde de Castelo Melhor e o protótipo do marquês do Pombal. Li que foi terá sido na igreja de S. José de Ribamar que ele se mandou sepultar, mas a minha fonte não diz qual a localidade, que creio ser Algés.
Alguém confirma?

O meu obrigado desde já,
Nuno V. Cruz

Fred B disse...

Bravo pela iniciativa e vigilância sobre o nosso património.
Pergunta: houve algum desenvolvimento no tema ou resposta da CMO? Como fazer para dar seguimento e ter respostas ou soluções? Obrigado

CIDADANIA LX disse...

Zero, Fred B.